Depressão pós-parto



Hermione estava terminando de arrumar as suas coisas dentro de uma pequena mala. Ainda não acreditava que estava indo, finalmente, para casa. Aqueles três dias no hospital tinham sido os mais longos de sua vida.


E sorriu ao se lembrar do melhor amigo. Harry tinha sido totalmente atencioso todos esses dias e não tinha saído do seu lado por nem um minuto. Ele saiu de lá somente naquela manhã só para ter certeza de que estava tudo certo em casa e já deveria estar de volta a qualquer minuto.


- Acho que já está tudo aqui! - comentou enquanto fechava a mala.


Foi nesse momento que a porta se abriu e o moreno entrou trazendo uma caixa de bombons.


- Oi Mione! - disse assim que chegou ao seu lado – Trouxe uma caixa de bombons para você comemorar a sua volta para casa.


- Por favor, Harry, tira isso de perto de mim – reclamou – Está querendo que eu engorde mais ainda?


- Para mim você está ótima – explicou – E lembrem-se que você agora está amamentando e precisa se alimentar direito.


- Eu preciso mesmo me alimentar direito, mas comidas saudáveis, não besteiras – lembrou – Não posso ficar enchendo a cara de chocolate.


Harry abriu a caixa e pegou um chocolate e ofereceu a amiga. Ela ficou um pouco relutante, mas acabou pegando um também.


- Ainda bem que estou indo embora para casa – comentou, por mim – Não agüento mais essa comida de hospital, é horrível. Em casa eu mesma vou fazer a minha comida.


- Depois eu que estou te fazendo falar de comida – revirou os olhos – Foi você que começou a falar disso agora.


- Foi você quem começou a me lembrar disso – deu de ombros.


- Se isso te faz sentir melhor – comentou – Eu vou preparar uma comida para você assim que chegarmos na sua casa.


- Vou adorar isso! - deu um sorriso rápido e o abraçou.


Alguns minutos depois a enfermeira chegou trazendo a pequena Melanie, que dormia tranqüilamente totalmente indiferente do mundo ao seu redor.


- Deixa que eu seguro ela – o moreno retirou o bebê dos braços da mulher – Hora de ir para casa Mel. Tenho certeza de que você vai adorar o seu quarto. Arrumamos tudo com muito carinho para você.


Hermione ficou olhando aquela cena. Era impossível não se emocionar com tudo aquilo.


- Sabe Mione! – o homem virou-se para ela – Você acha que ela consegue entender o que estamos falando.


- É claro que os bebês entendem Harry – respondeu – Eu, pelo menos, sempre acreditei nisso.


- Bom, acho melhor irmos embora – falou – Tenho certeza de que você está louca para chegar em casa.


- E você está totalmente certo! – concordou sorrindo.


Foram para o elevador que os levou até o térreo do hospital. Assim que chegaram ao lado de fora, Harry entregou Melanie para a amiga.


- Espera aqui - avisou – Eu vou buscar o carro. Não faz bem que você vá andando até o carro.


- Não precisa se preocupar com isso Harry – garantiu – Estou me sentindo muito bem hoje.


- Mesmo assim acho melhor não arriscar – colocou a mão no ombro dela – Espera aqui. Eu não vou demorar muito.


Ela concordou com a cabeça antes de ver o moreno caminhar em direção ao estacionamento.


Não demorou para o carro para bem na frente de Hermione. Ela ajudou o amigo a colocar a filha na cadeirinha do banco de trás e se sentou no banco do passageiro.


- Já ia me esquecendo – Harry retirou uma folha de pergaminho de dentro do bolso – Quando cheguei na sua casa, tinha essa carta lá de Hogwarts.


Ela pegou o papel e abriu para começar a lê-lo.


 


Mamãe,


Vovó Weasley mandou uma carta dizendo que a minha irmãzinha tinha nascido e tive que correr para te escrever uma carta em resposta. Tentei chamar o Hugo para me ajudar a escrever, mas ele disse que tinha algumas coisas para fazer.


Estou mesmo muito feliz em saber que agora eu tenho uma irmãzinha (e também adorei o nome que escolheu para ela, Melanie) e estou doida para te ajudar a cuidar dela quando for para casa no verão. Alvo mandou dizer que também está muito feliz e que considera a Melanie como sua irmã.


Então é só isso. Queria ir ai fazer uma vista, mas as provas estão chegando e tenho muita coisa para estudar.


Com carinho,


Rose.


 


- Só mesmo a Rose para se preocupar com as provas finais mais de um mês antes de acontecerem – riu e balançou a cabeça negativamente enquanto dobrava, novamente, a carta.


- Ela teve a quem puxar – o moreno comentou – Ainda me lembro que você fazia a mesma coisa quando estávamos em Hogwarts.


- Não era tanto assim! – o reclamou.


- Era sim! – balançou a cabeça afirmativamente – E você devia ficar feliz pela Rose ter herdado a sua inteligência.


- E eu estou feliz – admitiu – Lembro que o Rony chamava a Rose de mini-Hermione. E eu sempre brigava com ele por causa disso. Mas agora acho que ele tinha razão.


- Você acha que a Mel também vai herdar a sua inteligência? – resolveu perguntar por fim.


- Quem sabe! – deu de ombros antes de se virar para olhar a menina, que ainda estava dormindo – Ela ainda é muito pequena. Não vamos criar grandes expectativas.


Logo chegaram em casa e entraram na sala. Hermione viu que o local estava exatamente da mesma maneira que quando saiu de casa há quatro dias.


- Acho que vou levá-la lá para cima – avisou.


- Tudo bem! – o homem concordou – Enquanto isso, eu vou para cozinha procurar alguma coisa para preparar para o almoço.


- Ainda está um pouco cedo para almoçarmos! – lembrou – Acho que só faz uma hora que eu tomei café da manhã.


- Mas eu só vou ver o que tem na cozinha – explicou – Para ver se preciso passar no mercado para comprar alguma coisa.


- Tudo bem então! – ela concordou – Qualquer coisa, sabe aonde me encontrar.


- Digo o mesmo para você! – completou antes de vê-la subir as escadas em direção ao segundo andar da casa.


O quarto que tinham arrumado para Melanie era totalmente rosa. Hermione caminhou até o berço, que ficava do lado oposto da janela, e colocou a bebê lá dentro. A menina se mexeu um pouco, mais não acordou.


- Nós tivemos um dia muito cheio hoje, é melhor você descansar – ficou falando enquanto passava a mão pela cabecinha de Melanie – Por enquanto está tudo muito tranqüilo, mas espere até os seus irmãos virem para as férias de verão.


Ela ainda ficou algum tempo apenas vendo a filha dormir, não sabia por que, mas não conseguia parar de olhá-la.


Harry entrou no quarto e ficou apenas observando aquela cena. Apesar de todos os problemas que aconteceram nos últimos meses, estava feliz por ter acabado tudo bem.


- Oi Harry! – a mulher se virou e viu o moreno parado na porta – Nem vi quando você chegou aqui.


- Só vim para saber se estava tudo bem com você! – avisou – Estava tudo tão silencioso.


- Ela ainda está dormindo – avisou, sorrindo – Já estava indo lá para a cozinha saber se você precisa de ajuda com o almoço.


- Eu não preciso de ajuda com o almoço! – respondeu – Mas vou adorar ter a sua companhia lá embaixo.


- Vamos então! – disse.


Harry colocou a água do macarrão para ferver e pegou dois tomates para começar a cortar. Para isso, se sentou em frente a mesa, aonde já estava a morena.


- Tem certeza de que não precisa de ajuda? – ela perguntou, mas uma vez – Sei que a minha comida nunca foi das melhores, mas eu sei cortar tomate.


- Pode deixar que eu faço isso sozinho! – garantiu – Vou terminar isso bem rápido.


Durante alguns minutos o único barulho que se ouvia dentro da cozinha era o da faca batendo na tábua de madeira.


- Sabe Harry! – Hermione começou a falar de repente – Nesses últimos dias eu não pude deixar de pensar uma coisa.


- O que é? – quis saber, sem retirar os olhos do tomate.


- Eu me lembro que quando James nasceu, Gina te fez largar as missões do ministério da magia – começou a falar – Não foi isso mesmo.


- Exatamente! – concordou com a cabeça – Ela disse que agora tínhamos um bebê e eu não podia mais arriscar a minha vida nessas missões.


- Eu lembro que não falei nada com o Rony, na época, sobre isso – ficou encarando o tampo da mesa – Mas eu fiquei aliviada por ele também ter abandonado as missões junto com você.


Harry sentiu um nó se formando na garganta. Quando se separou de Gina, decidiu voltar a participar das missões do ministério da magia e acabou convencendo o amigo a fazer a mesma coisa.


- Sei muito bem como essas missões são perigosas, ainda mais para o cara que derrotou Voldemort – parecia um pouco incerta, mais continuou a falar – Não suportaria perder você também. Queria que você largasse as missões de novo, por mim e pela Mel.


- Mione! – foi tudo que ele conseguiu falar naquele momento.


- Você é o chefe do departamento e não precisa consultar o ministro para ir ou não e uma missão – esperou que o moreno falasse alguma coisa, mas ele permaneceu em silêncio – Mas esquece, isso foi besteira minha, você não é obrigado a nada. Não sou sua esposa e Mel também não é sua filha de verdade.


O homem ficou algum tempo pensando no que ia falar. Fazia pouco tempo que Rony tinha morrido e sabia que a amiga ainda estava muito abalada, além disso, Melanie ainda era muito pequena e não poderia perder seu outro “pai”.


- Você está certa Mione, eu já devia ter largado essas missões há muito tempo – concordou com a cabeça – Para falar a verdade. Só estava lá para poder ocupar a minha cabeça depois que me separei de Gina - essa foi a primeira vez que tinha contado isso para alguém e se sentia bem mais aliviado com isso.


- Quer dizer que você vai largar as missões? – ele respondeu balançando a cabeça afirmativamente e correu para abraçá-lo – Muito obrigada Harry, não sabe o quando isso significa para mim.


- Eu sei sim Mione! – completou dando um beijo no topo da cabeça dela.


Nesse momento, ouviram um choro de bebê vindo do andar de cima da casa. Melanie tinha acabado de acordar.


- Acho melhor eu ir até lá! – Hermione disse indo em direção a porta – Não vou demorar muito.


- Tudo bem! – concordo com a cabeça – Enquanto isso, vou terminar de preparar o nosso almoço.


- O moreno foi em direção ao fogão enquanto a mulher caminhava em direção as escadas.


Harry decidiu dormir no quarto de hospedes naquela noite, para o caso da amiga precisar de sua ajuda com o bebê. Tinha levado as suas coisas para lá, pois iria trabalhar bem cedo no dia seguinte.


Naquela manhã, Hermione acordou muito bem disposta. Foi até o quarto da filha ver se estava tudo bem e encontrou o amigo lá com o bebê no colo.


- Passei por aqui e ela estava começando a chorar – explicou – Acho que é fralda dela.


- Pode deixar que eu resolvo isso rapidinho Harry! - esticou os braços para pegar o bebê, mas o moreno não deixou – Pode ir lá para baixo que eu já vou descer.


- Estou aqui para te ajudar com tudo que precisar – lembrou enquanto ia em direção ao trocador – Pode deixar que troco a fralda dela


- Tem certeza de que você consegue fazer isso? - ficou um pouco incerta – Quero dizer, eu não duvido que você tenha trocado a fralda dos seus filhos quando eles eram pequenos, mas isso já fazer muito tempo.


- Trocar fralda é que nem voar na vassoura, você nunca esquece – começou a desabotoar o macacão de Mel – Pode confiar em mim, Mione, eu não vou fazer nenhuma besteria.


- Eu confio em você Harry! - suspirou pesadamente – Mas é que eu tenho um pouco de trauma, por causa do Rony.


Harry sorriu e balançou a cabeça negativamente, isso era bem tipico do amigo. Rony era capaz de lutar com milhares de bruxos das trevas nas missões do ministério , mas não era capaz de trocar a fralda dos filhos.


- Quando o James nasceu Gina tinha um pouco de nojo de trocar as fraldas dele, então eu tinha que fazer isso – explicou enquanto pegava uma fralda limpa dentro da gaveta – A senhora Weasley me ensinou o básico e, quando Alvo e Lilian nasceram, já era um verdadeiro profissional.


- Gina é uma mulher de sorte – a morena sorriu – Digamos que no pequeno espaço de dois anos entre a Rose largar as fraldas e Hugo nascer, o Rony esqueceu, completamente de como trocar fraldas.


- Então é melhor você aproveitar, minha pequena – Harry se virou para a filha – Sua fralda vai ser trocada por um profissional.


- Então, acho que vou deixar o profissional sozinho! - ela caminhou em direção a porta – Quer alguma coisa especial para o café da manhã.


- Você não precisa preparar nada para o café da manhã! - garantiu – Posso comer alguma coisa na padaria que tem perto do ministério antes de ir trabalhar.


- De jeito nenhum! - respondeu com bastante convicção – Você tem feito muito por mim nesses últimos meses, é o mínimo que posso fazer.


- Está bem então! - concordou por fim – Eu só vou terminar aqui e já estou indo para a cozinha.


- Tudo bem! - deu um pequeno sorriso antes de sair do quarto e fechar a porta delicadamente.


Hermione chegou a cozinha e pegou uma frigideira dentro do armário. Fritou dois ovos, um pouco de bacon e pegou uma caixa de suco de laranja e colocou o conteúdo em dois copos.


Ela sabia muito bem que poderia ter preparado tudo com um simples aceno na sua varinha, mas sempre gostou de cozinha da maneira trouxa e procura ensinar isso também para os seus filhos. Até por que, moravam em um bairro trouxa de Londres e não queria correr o risco dos vizinhos verem alguma coisa voando pela janela.


Não demorou muito para o homem chegar ao local e sentir um cheiro muito bom.


- Isso tudo parece estar com uma cara ótima Mione! - falou antes de se sentar ao lado da amiga.


- Ainda tinha um pouco de suco de laranja dentro da geladeira então eu peguei para gente – explicou – Mas, se você preferir um café, posso preparar rapidinho.


- Não precisa Mione! - segurou o braço dela – O suco de laranja está ótimo, muito obrigado.


Ouviram um apito vindo da direção da pia.


- As torradas já estão prontas – avisou enquanto se levantava – Deixa eu ir alí pegar.


- Acho que não precisava disso tudo! - falou antes dela voltar para a mesa – Tem certeza de que vamos conseguir comer tudo isso?


- É claro que sim, e não tem coisa demais – comentou – Você precisa se alimentar antes de ir para o ministério. Você é o chefe do quartel general dos aurores, não pode ficar com fome.


Eles terminaram de tomar café em silêncio. Depois, Harry foi terminar de arrumar antes de sair para o ministério da magia, por sorte tinha deixado algumas coisas suas na casa da amiga. Quando já estava arrumado, voltou para a sala aonde a morena estava.


- Eu já estou indo! - passou a mão pelo cabelo da mulher – Tem certeza de que vocês duas vão ficar bem aqui sozinhas?


- É claro que sim Harry! - revirou os olhos.


- Só perguntei por precaução – avisou – Afinal, essa é a primeira vez que você vai ficar sozinha com a Mel.


- Caso você tenha se esquecido, eu tenho outros dois filhos – riu levemente, a preocupação do amigo com ela era muito fofa – Sei perfeitamente como cuidar de uma criança.


- Esta bem então! - concordou – Vou dar uma passada assim que sair do trabalho antes de noite. E qualquer problema que você tiver durante o dia, não exite em me mandar uma coruja.


- Pode deixar! - suspirou pesadamente – Vou preparar alguma coisa para jantarmos quando você vier aqui mais tarde. Assim você não precisa cozinhar quando chegar em casa.


- Você sabe que não precisa ter esse trabalho Mione – lembrou – Você precisa descansar, acabou de ter um bebê.


- Mas você sabe que eu não consigo ficar parada muito tempo em casa sem fazer nada – reclamou – Assim eu me sinto um pouco mais útil.


- Tudo bem! - acabou se convencendo – Mas nada muito elaborado. Prepare uma coisa bem simples.


- Claro! - revirou os olhos – Qualquer coisa para você não querer me amarrar dentro do meu quarto com uma camisa de forças para me obrigar a ficar parada.


- Não tinha pensando em uma coisa dessas! - colocou a mão no queixo, pensativo – Mas até que você me deu uma boa idéia.


Hermione foi com o amigo até a porta e ficou observando ele entrar no carro e acenar para ela. Depois disso o observou sair da garagem e ir até a curva da esquina, onde desapareceu.


Voltou para a sala e começou a folhear uma revista, então decidiu assistir um pouco de televisão. Passou mais de uma hora e Mel ainda não tinha se manifestado. Parece que a filha seria tão tranqüila quanto a irmã mais velha, diferente de Hugo que chorava por qualquer motivo.


Estava no meio de um filme muito interessante quando Hermione começou a ouvir um choro de bebê vindo do andar de cima. Ela se levantou e foi para o quartinho rosa que ficava ao lado do seu.


Inclinou-se em direção ao berço para pegar a menina, mas parou por alguns segundos, simplesmente não conseguia fazer.


O rosto de Melanie já estava rosa de tanto que tinha chorado e ficou balançando as mãozinhas fechadas. Era de cortar o coração de qualquer um que visse essa cena, mas, por alguma razão, não o de sua mãe.


- Eu sinto muito! - disse, com algumas lágrimas se formando no canto do olhos – Não vou conseguir fazer isso.


Voltou para a sala para poder continuar a assistir ao filme e menina continuava a chorar dentro do seu quarto. Passou cerca de uma hora, Hermione já estava começando a ficar nervosa com a filha, que já estava, totalmente escandalosa. Decidiu ver se conseguiria fazer alguma coisa agora.


- Eu não vou conseguir! - se afastou do berço mais uma vez quando não conseguiu pegar Melanie no colo – Mas não se preocupe, eu vou dar um jeito nisso.


Foi até o seu quarto e pegou um pedaço de pergaminho, uma pena e um tinteiro e começou a rabiscar um bilhete. Depois foi até o quintal aonde Pichi voava alegremente.


- Aqui está! - amarrou a capa na perna da ave, que parecia muito feliz, fazia meses que não entregava uma correspondência – Entre isso Harry, você sabe aonde encontrá-lo


Observou a pequena coruja sair voando. Esperava que o amigo não demorasse a chegar.


Enquanto isso, o moreno estava lendo um relatório que estava em cima da sua mesa. Alguns aurores estavam em uma pequena missão no norte da Escócia e mandavam noticias diárias que como estavam indo as investigações. Para sorte de Harry, já estavam quase acabando, provavelmente voltariam a Londres em dois ou três dias.


Estava um pouco distraído quando ouviu algumas batidas na sua porta.


- Pode entrar! - respondeu, sem retirar os olhos do pergaminho que estava segurando.


- Com licença senhor Potter! - era sua secretária – Só queria lembrá-lo que a sua reunião com o ministro da magia vai começar dentro de meia hora.


- Claro! - tinha, realmente, esquecido da reunião com o ministro que teria hoje – Muito obrigado por lembrar Jamie.


Jamie era uma jovem de, aproximadamente, dezoito anos e sempre era muito calada, provavelmente por ser tímida. Tudo que Harry sabia dela era que tinha acabado de terminar os seus estudos na escola de Hogwarts e estava estudando para ser Medi-bruxa e resolveu arranjar um emprego no ministério para poder juntar um pouco de dinheiro enquanto não começa a trabalhar no St Mungus.


- Se precisar de alguma coisa é só falar! - avisou antes de sair da sala.


Voltou ao trabalho, até que foi interrompido pela segunda vez, dessa vez por uma pequena coruja entrando pela sua janela. Reconheceu, imediatamente, como sendo Pichi, a coruja de Rony, que agora estava sob os cuidados de Hermione. Retirou a carta imediatamente, sabia que a amiga devia estar precisando dele.


Desembrulhou a folha e começou a ler. Percebeu que ela escreveu aquilo com muita pressa.


 


Harry,


Você precisa vir urgentemente aqui para a minha casa. Você tinha toda razão, não consigo fazer isso sozinha.


Por favor, venha me ajudar.


Mione.


 


Não estava entendendo muito bem o que ela estava querendo dizer com aquilo, mas não pensou duas vezes antes de atender o pedido. Levantou e vestiu o paletó que estava pendurado atrás da cadeira e foi falar com sua secretária.


- Jamie, cancele a minha reunião com o ministro – pediu – Eu preciso ir embora, agora.


- Mas o que eu digo se ele perguntar o motivo do cancelamento? - ficou ligeiramente apavorada com a missão que lhe foi dada.


- Apenas diga que tive um problema em casa em precisei sair – disse isso rápido demais – Eu explico os detalhes para ele depois.


Não conseguiu pensar em mais nada, apenas saiu correndo até o hall do elevadores e foi até o átrio.


Dirigiu no limite de velocidade que a via permitia para poder chegar logo a casa de Hermione. Esperava que não tivesse sido nada grave e que pudesse chegar lá a tempo.


Harry tinha a copia da chave, por isso não precisava tocar a campainha. Ainda na porta podia ouvir o choro incontrolável da filha, quando entrou, encontrou a amiga deitada no sofá e, também chorando


- O que houve Mione? - perguntou preocupado e caminhando até ela.


- Eu não consigo Harry! - as lágrimas escorriam sem parar do rosto dela – Eu olho para ela, mas não consigo.


- Do que você está falando Mione? - estava ficando muito preocupado, tinha deixado a amiga muito bem há poucas horas e agora ela estava desse jeito – O que você não consegue?


- A Mel – respondeu – Tudo que eu consigo pensar quando eu a olho é em como ela se parece com o Rony e não consigo pegá-la no colo.


Passou a mão pelo cabelo da morena e deu um beijo no topo da sua cabeça.


- Eu vou resolver isso! - avisou indo em direção as escadas – Aonde ela está?


- Dentro do berço! - falou – Ela não para de chorar, por favor, faz alguma coisa.


- Eu vou fazer isso! - deu um leve sorriso – Não preocupe com isso, eu estou aqui agora.


Meu se não soubesse aonde fica o quarto de Melanie era só ir seguindo os choros, que ficavam ainda maior a medida que se aproximava do local.


Aproximou-se do berço aonde estava a filha. A menina tinha o rosto vermelho de tanto chorar e algumas pequenas lágrimas escapavam pelos seus olhos, além disso, mexia os bracinhos e as perninhas sem parar.


- Não se preocupe minha pequena – segurou meu no colo e a trouxe para mais junto de si – O papai está aqui agora com você.


Decidiu dar um banho nela e colocar uma roupa limpinha na filha, depois, a colocou novamente no berço e foi até a cozinha preparar uma mamadeira, voltando cinco minutos depois.


- Você tem que dar um tempo para a sua mãe – falou para a menina, que agora mamava feliz no seu colo – Ela anda muito cansada, passou por muita coisa nesse último ano.


Melanie tomou todo e conteúdo da mamadeira e agora parecia bem alimentada. O moreno caculou que ela não iria mamar novamente pelas próximas horas.


- Agora eu preciso resolver algumas coisas – falou colocando a menina no berço – Acho que você vai ficar bem aqui enquanto isso.


Ficou alguns segundos olhando o bebê dentro do berço. E se ela começasse a chorar novamente? Certamente Hermione não iria fazer nada e isso ainda poderia deixá-la mais nervosa ainda.


- Pensando bem! - a pegou no colo novamente – É melhor eu te levar junto comigo.


Quando chegou ao andar debaixo, viu a amiga ainda estava no mesmo lugar. Pelo menos ela já tinha parado de chorar.


- Mione, eu preciso dar uma saída e vou levar a Mel comigo – avisou enquanto pegava a cadeirinha de colocar no carro – Mas daqui a pouco eu estou aqui.


- Tudo bem! - ela balançou a cabeça afirmativamente.


- Se precisar de alguma coisa é só ligar para o meu celular – já estava com a mão na porta. Esperou a mulher responder alguma coisa, mas ela continuou em silêncio.


Prendeu a cadeirinha no banco traseiro do carro e colocou Mel lá dentro. Em seguida, sentou-se no banco do motorista e deu partida.


Quando já estava na avenida principal ligou para o médico que fez o parto de Hermione que tinha dado o número do seu celular para qualquer emergência. Esperou cinco toques até que o homem atendeu. (N/A: Gente, segundo o código brasileiro de transito é proibido dirigir falando no celular e, provavelmente, na Inglaterra também é assim. Por favor, não sigam o exemplo errado o Harry)


- Alô! - o medico disse.


- Bom dia doutor, aqui é Harry Potter! - disse, parecendo bastante apressado – O senhor fez o parto da minha amiga, Hermione Weasley, na última sexta-feira e deu alta para ela ontem de manhã.


- Claro que eu me lembro! - respondeu – Em que posso ajudá-lo? Está tudo bem com a senhora Weasley? E com o bebê?


- Fisicamente está tudo bem! - explicou – Mas a Hermione, de uma hora para outra, a Hermione começou a rejeitar a filha e não consegue pegá-la no colo de jeito nenhum.


- Quadros de depressão pós-parto são mais comuns do que imagina – disse depois de pensar por cerca de um minuto – Ainda na situação em que a senhora Weasley se encontra. Ela perdeu o marido há pouco tempo e agora tem um bebê para criar, sozinha.


- Ela não está sozinha! - Harry lembrou – Eu estive aqui o tempo todo e vou continuar aqui. E ela sabe muito bem disso.


- De qualquer maneira ela sofreu muito nesses últimos nove meses – continuou – E isso acabou piorando agora.


- E o que eu posso fazer para ajudá-la – quis saber na mesma hora.


- Não pode sair de perto dela – respondeu – E a ajude a cuidar do bebê até que consiga fazer isso sozinha, é claro.


- Está bem! - concordou com a cabeça, mesmo sabendo que o médico não estava vendo – E quanto tempo ela pode ficar desse jeito, não querendo pegar a filha?


-Os quadros de depressão pós-parto não costumam ultrapassar um mês – falou calmamente – Já tive uma paciente que ficou dessa maneira por três meses, mas acho que esse não é o caso.


- Mesmo que dure anos eu vou continuar do lado dela – estava com um tom bastante convicto na voz – E tenho certeza de que a família dela também irá ajudá-la.


- Ela vai precisar muito da sua ajuda – garantiu – Mas tenho certeza de que ela vai sair dessa.


- Muito obrigado doutor! - completou.


- De nada! - respondeu – Qualquer outro problema, já sabe aonde me encontrar.


Harry desligou o telefone quando estava chegando ao ministério da magia. Estacionou próximo a entrada dos funcionários e foi para dentro do prédio.


Todos que passavam por ele acharam estranho que estivesse carregando um bebê recém-nascido, mas ninguém parou para perguntar o que estava acontecendo.


Chegou ao andar em que ficava o gabinete do ministro e foi diretamente aonde estava sentada a secretária.


- Eu preciso falar com o ministro agora – disse enquanto colocava a cadeirinha de Melanie em cima da mesa de mulher – É urgente!


- Vou ver se ele pode atendê-lo! - avisou enquanto se levantava.


Foi até a sala do ministro e fechou a porta, demorou cerca de dois minutos lá dentro.


- Senhor Potter! - o chamou – O ministro irá recebê-lo agora mesmo.


- Obrigado! - pegou a filha e caminhou em direção a mulher.


Encontrou o ministro sentado em sua mesa. Foi até ele e se sentou em frente ao homem.


- Que alegria tê-lo aqui Harry Potter – deu um enorme sorriso para o recém-chegado – Confesso que fiquei preocupado quando sua secretária avisou que você estava cancelado a nossa reunião.


- Eu tive um pequeno problema – apontou para Melanie, que agora estava totalmente acordada brincando de segurar o seu próprio pé – Como o senhor mesmo pode comprovar.


- É, eu estou vendo – concordou com a cabeça sorrindo para a bebê – E quem é essa adorável senhorita? Não sabia que você tinha tido outro filho.


- Na realidade, ela não é minha filha – explicou calmamente – É a filha da Hermione, do departamento de Regulamentação da Leis Mágicas.


- Entendo! - ficou bem sério nesse momento – Então essa é a filha caçula do Ronald Weasley.


- Exatamente! - sua voz falhou por um momento.


- Mas, em que posso ajudá-lo, senhor Potter? - resolveu mudar de assunto – Imagino que o senhor não veio para a nossa reunião.


- E o senhor está certo! - respondeu – Vim até aqui pedir para tirar um mês de férias.


- Deixe-me ver nos seus arquivos há quanto tempo foram as suas últimas férias – com um aceno da varinha, fez com que uma pasta voasse do armário do outro lado da sala.


- Acontece que Hermione está com um quadro de depressão pós-parto – decidiu explicar o que estava acontecendo – Eu tenho que ajudá-la em tudo que ela precisar e, por isso, achei melhor ficar em casa durante um mês para qualquer coisa e também para ajudar com o bebê.


- Eu entendo! - balançou a cabeça enquanto lia a folha de pergaminho – Aqui diz que as suas últimas férias foram no ano passado depois da sua missão em Paris – colocou a mão no queixo, pensativo – Você pode tirar as suas férias.


- Muito obrigado ministro! - apertou a mão do homem antes de se levantar – Eu já estou indo, então.


- Está bem Harry! - respondeu – Se precisar de mim pode me mandar uma coruja.


Foi caminhando em direção a porta do gabinete do ministro. Já estava com a mão na maçaneta quando o homem o chamou novamente.


- Só mais uma coisa! - falou – Você me pediu um mês de férias, mas pode tirar dois meses de férias.


- Dois meses! - virou-se, totalmente surpreso – O senhor tem certeza disso? Dois meses é muito tempo.


- O senhor tem dedicado grande parte do seu tempo para esse ministério por mais de 20 anos – lembrou – É melhor chefe do departamento de Aurores que já tivemos.


- Se o senhor diz! - deu de ombros e saiu do local.


Logo estava do lado de fora do prédio.


- Agora nós vamos até a casa do papai! - deu um pequeno sorriso para Melanie antes de colocá-la no carro – Preciso pegar algumas roupas.


O apartamento do moreno não ficava muito longe do ministério e, como o transito estava bom naquele dia, chegou o local em menos de dez minutos.


Parou o carro na garagem do prédio e foi em direção ao elevador. Quando entrou, já tinha uma senhora lá dentro.


- Olá Harry! - ela disse assim que o viu – Está sumido. Já não te vejo por ai há semanas.


- Olá senhor Stracy! - a cumprimentou – Estou com muito trabalho para fazer. Às vezes não tenho tempo para respirar.


- Eu entendo! - concordou com a cabeça – E essa menina linda, é a sua filha?


- Pode se dizer que sim! - deu um sorriso para Melanie, que agora dormia profundamente alheia o mundo a sua volta – O meu andar chegou, adeus senhora Stracy.


- Adeus Harry! - acenou para o homem – Até breve.


Quando Harry se divorciou de Gina, resolveu comprar um apartamento bem simples, pois agora seria somente ele e só estaria em casa a noite e durante os fins de semana. A única exigência era que tivesse dois quartos para quando os filhos fosse visitá-lo.


Colocou a filha no sofá da sala e foi até o seu quarto. Pegou somente algumas roupas e colocou em uma pequena mala, se precisasse de mais alguma coisa, era só ir pegar mais.


Meia hora depois , ele já estava de volta à casa de Hermione. Agora a morena estava assistindo um filme na televisão.


- Nós já chegamos! - avisou fechando a porta. Ela apenas virou a cabeça a voltou a assistir ao programa – Vou colocar a Mel no berço e já venho conversar com você.


- Para que essa mala? - perguntou por fim, sua voz estava ligeiramente rouca.


Achei melhor passar alguns dias aqui com você, para ajudar – explicou – Espero que você não se importe.


- Você sabe que é mais que bem vindo – deu de ombros – Afinal, eu te convidei para morar aqui quando eu ainda estava grávida.


- Foi mesmo! - lembrou-se.


Colocou Melanie de volta no berço e a menina não moveu nem um centímetro, continuou a dormir profundamente. Depois foi até o quarto de hospedes, deixou sua mala lá, então voltou para sala e se sentou ao lado da amiga.


- Conversei com o seu médico pelo telefone! - explicou para ela, calmamente – E ele disse que você está com depressão pós -parto.


- Depressão pós-parto – ela repetiu – Eu já tivesse dois filhos antes e isso nunca tinha acontecido. Por que agora.


O moreno então contou toda a conversa que teve com o médico e que ela precisaria de muita ajuda para superar isso.


- Foi por isso que eu decidi tirar férias do ministério e ficar um tempo aqui na sua casa – completou – Não vou abandonar você e a Mel, principalmente nesse momento.


- Mas e se eu nunca melhorar? - ficou, de repente, preocupada – Nem assim você vai desistir de mim?


- Já disse que eu nunca vou te abandonar! - a puxou para perto de si e deu um beijo no topo da sua cabeça – Você é minha melhor amiga desde que tínhamos 11 anos.


- Eu adoro você Harry! - ela deu um sorriso tímido para ele – Adoro mesmo.


- Eu também adoro você – deu um beijo no topo do nariz da amiga – Agora, tudo que você precisa fazer é ficar boa. Tenho certeza de que logo você vai estar ai cuidando muito bem da sua filhinha.


Hermione suspirou pesadamente, se afastou do moreno e se encostou no braço do sofá.


- Eu devo ser a pior mãe do mundo! - viu uma lágrima rolar pelos olhos dela – Nem consigo cuidar da minha filha.


- Você não é uma mãe ruim, só está passando por um momento difícil – passou a mão pelo cabelo castanho da mulher – Logo tudo vai estar como antes. Da mesma maneira que foi quando Rose e Hugo nasceram.


- Foi exatamente o que eu quis dizer – continuou – Consegui cuidar de dois filhos perfeitamente bem e agora acontece isso.


- Rose e Hugo são perfeitamente saudáveis e foram criados muito bem – lembrou – Tenho certeza de que eles não te acham uma péssima mãe.


- Só espero que a Mel também pense assim daqui há alguns anos – revirou os olhos.


- Tenho certeza de que ela vai pensar assim também! - garantiu – Acredite em mim Mione, você tem três filho maravilhosos. Você é a melhor mãe do mundo.


- Você está dizendo isso só para me deixar envergonhada! - as bochechas da mulher ficaram extremamente vermelhas.


Começaram a ouvir um choro de bebê vindo do andar de cima. Harry se levantou imediatamente e a morena tapou os ouvidos.


- Vai começar de novo! - ela estava se sentindo me incomodada agora.


- Eu já estou indo lá Mione! - avisou indo em direção as escadas – Pode ficar tranqüila.


- Era sobre isso que eu estava falando! - reclamou – Eu quem deveria estar correndo para lá, não você.


- Você vai fazer isso Mione! Avisou – Em breve!


Ele foi em direção ao quarto da filha enquanto Hermione voltou a assistir ao filme que estava na televisão.

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