Epílogo: A história de Isabell

Epílogo: A história de Isabell



- Eu havia colocado você no berço, em seu quarto – começou Isabelle. Seus olhos estavam muito vermelhos e inchados; ela havia chorado muito, ouvindo as histórias de Sirius e Sophie, e agora começava a contar a eles a sua própria –; lembro que você esteve inquieta o dia todo, mas achei que fosse porque seu pai estava fora, você sempre teve uma ligação muito forte com ele.


Sophie e Sirius trocaram um olhar, e então Isabelle prosseguiu.


- Estava organizando as roupas de Sirius, sentada em nossa cama, quando ouvi um barulho na sala, então fechei a porta que ligava seu quarto ao nosso, apanhei a varinha e fui ver o que era. – contou ela – Desci a escada devagar, sem fazer barulho, e rumei para a sala. Havia um Comensal lá. Eu o desarmei, mas logo em seguida, a varinha voou da minha mão. Era uma armadilha; o Comensal era só uma isca, Bellatrix estava escondida, e, além deles, mais dois Comensais estavam lá, Rabastan e uma mulher cuja voz não reconheci.


Sophie viu Sirius retesar-se na poltrona, à menção do nome da prima, os punhos cerrados com força.


- Eu sabia o que eles queriam, e o que aconteceria comigo quando não conseguissem a informação que haviam vindo buscar, porque eu jamais contaria a eles onde Lily e Tiago estavam. Valia a pena sacrificar a minha vida para salvá-los, especialmente sabendo que Harry era a esperança contra o Lor... – ela se interrompeu – Voldemort. Mas eu tinha você, Nini, e precisava pensar em você primeiro. Foi desse pensamento que tirei coragem para correr de volta ao andar de cima. Usei as técnicas de defesa que você havia me ensinado, Sirius – ela deu um meio sorriso –, chutei Rabastan na parte mais sensível – foi a vez de Sirius sorrir –, e corri para fora da sala, e de volta ao andar de cima, com Bellatrix e a outra mulher logo atrás de mim. Não consegui alcançar seu quarto; Bellatrix me estuporou, e eu caí, no meio do corredor. Eu não conseguiria mais salvar a mim mesma, mas ainda podia salvar você.


- Mãe... – murmurou Sophie, chocada.


- Quando a caçada aos Potter começou, sabíamos que também éramos alvos, por nossa proximidade a eles. – contou Isabelle – Então, seu pai e eu lançamos uma série de feitiços de proteção na casa, e o cômodo onde ficava nosso bem mais precioso recebeu uma proteção ainda mais forte.


- O cômodo era... – começou Sophie.


- O seu quarto. – completou Isabelle, com um leve sorriso – Os feitiços foram lançados de forma que uma única palavra ativaria a todos de uma só vez, e o seu quarto ficasse totalmente protegido. Furiosa como estava, Bellatrix não lembrou imediatamente de procurar você, e então, enquanto Bellatrix me arrastava de volta para o andar de baixo, eu me concentrei o máximo que pude, e disse a palavra. Você estava salva.


Ela parou por um instante, tomando fôlego para continuar. Sophie apenas a encarava, sem conseguir dizer uma palavra sequer; o mesmo acontecia com Sirius.


- Bellatrix e a mulher me levaram de volta para a sala, e me prenderam lá, para me interrogar. Apesar de todos os feitiços que usaram, para me causar dor, tentando me forçar a falar, eu não disse uma palavra. Amava Lily como se fosse minha irmã, a irmã que nunca tive. Harry era meu afilhado... e Tiago... meu cunhado, por Lily e por você. – disse Isabelle, olhando para Sirius. – Eu jamais os entregaria. Bellatrix então mandou Rabastan buscar você, para tentar me fazer falar. Lembro de ter rido na cara dela. – ela riu – Nenhum deles pôde encontrá-la. Para eles, o seu quarto não existia, a sua porta era um trecho de parede lisa. Bellatrix ficou furiosa, ela teria me matado ali mesmo, se Rabastan não tivesse interferido. Segundo ele, Voldemort dera ordens para me manter viva, ainda que eu não falasse. Ela então respondeu que ele sabia o que fazer, e então me enfeitiçou para que eu não pudesse gritar. – ela suspirou – Rabastan matou a outra Comensal – Sophie arregalou os olhos –, ali, no meio da nossa sala, como se ela não fosse mais do que um inseto, e eu os assisti transfigurando a mulher em mim, sem sequer poder emitir qualquer som. Foi Rabastan quem se lembrou de tirar a gargantilha do meu pescoço e colocar no da morta, antes que eu fosse estuporada novamente. Eu desmaiei, e quando acordei, estava em outro lugar.


Isabelle fez uma nova pausa, para respirar um pouco, e conjurou água no copo que estava sobre a mesinha. Tomou um gole, e então continuou.


Fui submetida a mais um interrogatório, mas outra vez, não conseguiram me fazer falar. No dia seguinte, Voldemort veio até a sala em que eu estava presa, para conseguir, ele mesmo, a informação que queria. Diferentemente dos Comensais, ele não usou a varinha, uma vez sequer, seu método era diferente. Ele tentou entrar em minha mente, inúmeras vezes, tentou enfraquecê-la e depois investir contra ela, mas eu estava usando todas as minhas forças para impedi-lo. Não tinha mais nada a perder, sabia que não sairia viva dali, e não daria a ele a chance de encontrar os Potter. Mas acho que todo aquele esforço foi demais para mim. Foi então que tudo se perdeu. De certa forma, eu morri naquele dia. Toda e qualquer lembrança de minha vida como Isabelle Charmant fora varrida de minha mente, por completo. O início de minha vida como Annabella é confuso e nebuloso para mim. Não lembro direito o que me foi dito sobre quem eu era... só lembro que em algum momento, fui mandada à França, com ordens de permanecer lá. De alguma forma, fui trabalhar no Ministério da Magia francês, e repassava valiosas informações a Voldemort. Então ele atacou os Potter, e desapareceu, e eu pensei que estivesse morto, e continuei minha vida, em Paris. Até que, ano passado, Rabastan foi ao meu encontro, com ordens de me trazer à Inglaterra. Fui enviada para a casa de Narcissa, onde a vigiava e era vigiada por ela. Fiquei encarregada da produção de poções, Polissuco, Veritasserum, e ela me ajudava com isso. Mas desde que cheguei a Londres, comecei a sonhar com você, Sirius, e com Zoe, quando ela era bebê. Eu sonhava com vocês, e os desenhava obsessivamente, mas não sabia quem eram, ou porquê estavam em minha mente o tempo todo. – ela parecia angustiada – Então você invadiu a mansão, e eu o vi, mas ainda assim, não o reconheci. Tentei fazer Narcissa falar, mas ela teve medo. Fui forçada a esperar. E, no ataque a Hogwarts, nos encontramos novamente, e você me reconheceu. A partir dali, cada vez mais flashes de memória começaram a surgir em minha mente, até que hoje, esses flashes me guiaram até aqui.


- Eu estava em casa, com Jael, quando senti... – disse Sophie – mais forte do que qualquer outra sensação que já tive antes, que precisava vir até aqui...


- Quando entrei na casa, e percorri os cômodos, e toquei os móveis... eu lembrei. Tudo voltou, como um turbilhão, de uma só vez, me deixando atordoada, desesperada. Então eu vim para cá... e então Zoe chegou. Eu a reconheci no mesmo instante... ela se parece tanto comigo... mas são os seus olhos, esses olhos que eu amei tanto, que eu amo tanto... e que eu esqueci...


Ela recomeçou a chorar, e Sirius e Sophie levantaram de seus lugares no mesmo instante, Sirius indo abraçá-la, e Sophie ajoelhou-se diante dela, segurando sua mão.


- Acabou. – disse Sirius, rouco – Tudo isso acabou. Você está conosco agora.


- E nunca mais vamos nos separar. – disse Sophie.


- Nunca mais. – disse Sirius.


N/A: e era isso, galera. Cabou. Queria agradecer muitão a todo mundo que leu, mesmo que não tenham comentado, e espero sinceramente que tenham gostado. Até a próxima!!

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