Aulas com Dumbledore?

Aulas com Dumbledore?



Na manhã seguinte, Hermione e Sophie encontraram com Rony e Harry no salão comunal para irem juntos tomar café. Tão logo se acomodaram à mesa da Grifinória, uma coruja parda pousou diante de Sophie, trazendo um pequeno envelope preso à pata. Sophie retirou o envelope da pata da coruja, que saiu voando logo em seguida, e abriu-o.
- É do Fred. – disse ela a Hermione, sorrindo.
“Bom primeiro dia de aula.
Já estou com saudade.
Amo você.
Fred.”

Ainda sorrindo, ela colocou o bilhete de volta dentro do envelope e guardou-o. Eles então começaram a se servir.
- O sexto ano é demais! – dizia Rony – Vamos ter vários períodos livres durante a semana.
- Não se anima muito, Rony. – ponderou Sophie – Nós vamos precisar desses períodos livres pra estudar. O sexto ano não é moleza.
- É, e na verdade, eu não vou ter assim tantos períodos livres. – lembrou Hermione – Nem você, né, Soph?
- É.
Eles tomaram café da manhã, ainda discutindo sobre as aulas que teriam, e depois continuaram à mesa, esperando pela professora Minerva, que viria acertar seus horários para aquele ano letivo
- Muito bem, Srta. Granger, aqui está. – disse a professora, entregando a Hermione o formulário com os horários dela – Melhor se apressar. Sua aula de Aritmancia começa em quinze minutos.
Despedindo-se apressadamente dos amigos, Hermione deixou o Grande Salão, rumo à sua aula de Aritmancia, enquanto a professora passava aos horários de Sophie.
- Excelentes notas, Srta. D’Argento. – cumprimentou Minerva, satisfeita – Black. – corrigiu-se ela – Ah, por Merlin! – Sophie riu – Está liberada para todas as disciplinas em que se matriculou.
Ela entregou a Sophie o formulário com os horários da garota, e então passou ao formulário de Harry.
- Transfiguração, Defesa Contra as Artes das Trevas, Herbologia... ok. – disse a professora, fazendo as marcações – Vejo que não se matriculou em Poções, Potter. – comentou ela – Pensei que desejasse ser um auror.
- E eu quero. – respondeu Harry – Mas pensei que precisasse de um “Ótimo” no N.O.M. para continuar em Poções.
- Precisava. – confirmou McGonagall – Quando o professor Snape ministrava Poções. O professor Slughorn se satisfará com o seu “Excede Expectativas”. – disse ela – Quer continuar em Poções?
- Quero, claro! – respondeu Harry.
Com um toque de varinha, o formulário de Harry foi preenchido, e o garoto o apanhou, satisfeito, das mãos da professora. Em poucos minutos, Rony foi liberado para cursar as mesmas disciplinas que Harry, e junto com Sophie, que também tinha aquele período livre, os dois voltaram para o salão comunal da Grifinória.
- Tenho que falar com Madame Hooch sobre o time. – dizia Harry, que, com a saída de Angelina da escola, fora nomeado capitão do time da Grifinória – Pegar com ela a lista dos inscritos e marcar os testes.
- É.
- Você vai me ajudar, não vai, Soph? – perguntou Harry – Como fazia com o Fred e o Jorge?
- Claro, Harry. – confirmou a garota.
Mais tarde os três deixaram a torre, encontrando com Hermione no meio do caminho para a primeira aula de DCAT com Snape. A sala de aula estava mais sombria e assustadora do que nunca, a cara de Snape, que aguardava os alunos de pé, diante de sua mesa. Quando todos já haviam chegado, ele fechou a porta, começando a falar enquanto andava pela sala de aula.
- Vocês tiveram cinco... professores nesta disciplina nos últimos cinco anos. – disse ele – É surpreendente que tantos de vocês tenham conseguido chegar até aqui. – ele fitava Neville ao dizer isto – As artes das trevas são inconstantes, imprevisíveis... como um inimigo de muitas faces. Então... como combater algo assim?
Por experiência, ninguém falou. Todos continuaram mudos, esperando que Snape continuasse sua explanação.
- Suas defesas devem ser exatamente iguais. – continuou Snape – Inventivas, mutáveis, de forma a serem eficazes contra qualquer tipo de ataque. – ele parou por um momento, encarando os alunos – Acredito que nunca tenham trabalhado com feitiços não-verbais. Algum de vocês saberia me dizer qual é a vantagem de um feitiço não verbal?
Como sempre, a mão de Hermione foi a primeira a subir. Snape correu os olhos pela sala de aula, em busca de outra pessoa para responder, mas ninguém mais erguera o braço.
- Srta. D’Argento? – chamou ele.
- Dão uma breve vantagem sobre o seu inimigo, pois ele não sabe qual feitiço será usado. – respondeu Sophie.
- Correto. – disse Snape – Mas por que não ergueu o braço, se sabia a resposta?
- Hermione já havia levantado, e eu tenho certeza que ela sabia a resposta também. – respondeu a garota, simplesmente.
Snape estreitou os olhos, fitando a garota. Sophie sustentou o olhar do professor, sem se intimidar, mas então estremeceu, e desviou o olhar com uma expressão ao mesmo tempo nervosa e assustada. Snape franziu o cenho, intrigado com a atitude da garota.
- Dividam-se em pares. – ordenou ele – Um dos dois deve tentar enfeitiçar o outro, sem pronunciar o feitiço, e o outro deve tentar repelir o feitiço, também sem falar. Depois, alternem as funções. Comecem.
Por toda a sala, os alunos passaram a tentar enfeitiçar uns aos outros sem falar. A maioria mantinha os lábios bem apertados, para não cair na tentação de pronunciar o feitiço. Sophie conseguiu azarar Harry sem pronunciar o feitiço logo na segunda tentativa, e Hermione fez o mesmo com Rony após algum tempo. Harry conseguiu algum progresso quase no fim da aula, com a azaração das Pernas Bambas, quando conseguiu fazer com que as pernas de Sophie tremessem levemente, mas sem perceber que ela não estava tentando repelir o feitiço naquele momento.
Na saída da aula de DCAT um segundanista da Grifinória entregou a Harry um pedaço de pergaminho enrolado. Depois de agradecer o garoto, Harry rompeu o lacre de cera, com o símbolo da escola, e desenrolou o pergaminho, reconhecendo imediatamente a letra de Dumbledore.

“Caro Harry.
Espero que esteja apreciando seu primeiro dia de aulas.
Gostaria de pedir que viesse ao meu escritório amanhã, às oito e meia da noite, para conversarmos sobre algumas “aulas” que terá comigo ao longo deste ano.
Atenciosamente,
Professor Dumbledore.

P.S.: espero que goste de varinhas de alcaçuz.”


- Como é? – perguntou Rony, depois que Harry leu o conteúdo do pergaminho para os amigos – Vai ter aulas com Dumbledore?
- É o que parece. – disse Harry.
- Mas aulas do quê? – perguntou Hermione.
- Sei lá. – disse Harry, dando de ombros – Ele só deve dizer amanhã à noite, eu acho.
- Talvez magia defensiva avançada. – sugeriu Rony – Contrafeitiços e contramaldições poderosas...
- É possível... – concordou Hermione – O que você acha, Soph? Soph?! – chamou ela, quando a amiga não respondeu – Sophie!
- Hã? – fez Sophie, sacudindo a cabeça – Desculpa, Mione, falou comigo?
- Onde é que você tava, Soph?
- Eu... – começou Sophie, de cenho franzido – me distraí. – completou ela, de forma não muito convincente.
- Tem certeza que tá tudo bem, Soph? – perguntou Harry.
- Tá. – confirmou a garota – Tudo bem.
O restante do primeiro dia de aulas se passou tranqüilamente, bem como a manhã e a tarde do dia seguinte. Às oito e meia em ponto, depois de passar pela gárgula de pedra da entrada, usando a senha discretamente informada no bilhete recebido na véspera, Harry estava diante da porta do gabinete de Dumbledore, como o diretor havia solicitado.
- Pode entrar, Harry. – disse Dumbledore, no interior do gabinete, quando o garoto ergueu a mão para bater à porta.
Harry abriu a porta e entrou no gabinete. Tudo estava exatamente no mesmo lugar da última vez em que estivera ali; Fawkes, em seu poleiro, parecia dormir, e nos quadros das paredes, os antigos diretores de Hogwarts conversavam entre si. Dumbledore estava sentado à escrivaninha, e fitava Harry com um leve sorriso.
- O senhor pediu que eu viesse, Professor... – disse Harry, meio sem jeito. Na última vez em que estivera ali, sua atitude não havia sido muito digna de cumprimentos.
- Sim, Harry. – confirmou Dumbledore – Sente-se, por favor.
Harry acomodou-se em uma das cadeiras diante da escrivaninha. Dumbledore o fitava com uma expressão indecifrável.
- Por ocasião do incidente ocorrido no Ministério, eu contei a você o que havia levado Lorde Voldemort a tentar matá-lo quinze anos trás. – disse o diretor, e Harry assentiu com a cabeça – Eu lhe falei sobre a profecia, e nós a ouvimos, aqui mesmo, nesta sala, e também sobre tudo o que aconteceu depois que ela foi realizada e Voldemort descobriu seu conteúdo.
Harry voltou a assentir com a cabeça. Havia um bolo em sua garganta; sim ele lembrava de tudo aquilo. Ela doloroso demais para ser esquecido.
- Acredito estar certo em afirmar que não contou a ninguém sobre o conteúdo do orbe de vidro que se quebrou no Ministério naquela noite. – disse Dumbledore, fitando-o.
- Sim. – confirmou o garoto – Eu não contei. Não queria que todos ficassem ainda mais preocupados comigo. Mas eu tenho certeza que a Soph deve saber alguma coisa a respeito. Ela sempre sabe.
- Ah, a Srta. D'Argento. – disse Dumbledore, com um sorriso – Ou Black?
- Ela atende pelos dois. – informou Harry.
- Ah! – fez Dumbledore, sorrindo novamente – Bem, ela com certeza sabe algo sobre isto. – concordou ele – Mas o que eu realmente desejava dizer a respeito disto, é que acredito que não seja muito justo deixar seus amigos sem saber da verdade. E creio que os senhores Weasley, Granger e D'Argento concordarão comigo. – acrescentou, fitando Harry por cima dos oclinhos de meia-lua – Eles já demonstraram sua lealdade inúmeras vezes.
- Sim, eu sei.
- Bem, deve estar curioso com o motivo de ter sido chamado até aqui, não? – perguntou o diretor.
- Na verdade sim, senhor. – admitiu Harry – No bilhete o senhor escreveu que eu teria aulas com o senhor este ano...
- Sim. – confirmou Dumbledore – Na falta de uma palavra melhor para definir o que iremos fazer, creio que “aulas” seja uma classificação boa o suficiente.
- Mas... o que iremos fazer, senhor? – perguntou Harry, incapaz de se conter – Tem a ver com a profecia? Com Voldemort? É algo que me ajudará a sobreviver?
- Sim, está relacionado com a profecia, e com Lorde Voldemort, com certeza. – respondeu Dumbledore – E eu sinceramente acredito, e espero, que o ajude a sobreviver.
Harry acenou mais uma vez com a cabeça, respirando fundo. Dumbledore então voltou a falar.
- Por bastante tempo, Harry, eu tentei coletar o máximo de informações possível sobre Voldemort. – contou ele – Obtive alguns relatos muito importantes, soube de histórias, desde antes do nascimento de Tom Riddle, que era, como você sabe, o nome de Voldemort antes de ele assumir a identidade que agora utiliza.
Harry não disse nada. Dumbledore então levantou-se de sua cadeira e contornou a escrivaninha, indo até um armário perto da porta. Harry viu o diretor retirar do armário um objeto já seu velho conhecido, uma bacia de pedra, com símbolos rúnicos – que sempre o faziam lembrar de Hermione – gravados nas bordas. Dumbledore depositou a Penseira sobre a escrivaninha, e retirou do meio das vestes um pequeno frasquinho de cristal, cujo conteúdo despejou dentro da bacia. A substância despejada na Penseira não era líquida, nem gasosa, e tinha uma cor branco-perolada; uma lembrança.
- Neste ano, Harry, dividirei com você tudo o que descobri. – disse Dumbledore – Você saberá tudo o que eu sei sobre Voldemort, e então, mais tarde, veremos se isto será ou não de valia para ajudá-lo. Então, se não se importa em ir primeiro... – disse ele, indicando a Penseira.
Harry se inclinou, e, respirando fundo, mergulhou o rosto no conteúdo da bacia. Sentiu seus pés deixando o chão do escritório de Dumbledore, e depois, como se estivesse em um leve redemoinho. Quando voltou a abrir os olhos, estava em uma estradinha de terra, à luz do dia, com o diretor ao seu lado.
- Bem, vamos à nossa primeira lição. – disse Dumbledore, começando a andar.

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