Um Beijo para Recordar



Harry e Sophie se beijavam, era um beijo longo e cheio de sentimentos, embora eles tivessem se conhecido há tão pouco tempo. Draco e Gina vinham rindo de um canto da sala, e se depararam com aquela cena do beijo.

- Draco, me belisca! Aquele ali é o Harry Potter? – Gina cochichava boquiaberta – Não é possível!
- Por que não é possível, Gina? – Draco fechou a cara em sinal de ciúmes.
- Porque o Harry não é um bom exemplo de garoto com iniciativa! Aposto que Sophie teve que dar o primeiro passo.Eles se conheceram hoje! Caramba! Harry está mudando...
- E você está apreciando a mudança do Potter? – Draco cruzou os braços.
- Não, eu estou apreciando a mudança do meu loirinho fofo aqui, que está se mordendo de ciúmes porque me ama!

Gina se jogou em cima de Draco e os dois acabaram caindo no chão, causando um enorme estrondo, que assustou Sophie e Harry. Os dois estavam rindo no chão e pediram desculpas para o casalzinho que foi interrompido. Harry riu ao vê-los no chão, Gina fazia cócegas em Draco, que tentava se defender pedindo para parar e rindo muito, mas Sophie tinha lágrimas nos olhos e estava nitidamente nervosa. Harry reparou a expressão preocupada de Sophie e desfez o sorriso.

- O que foi, So...
- Harry... Desculpa, isso foi um erro, me perdoa... – Sophie interrompeu Harry, começando a chorar e procurando sua bolsa – Eu não devia... Me desculpe...
- Sophie, está tudo bem, calma... – Harry estava confuso – O que foi?
- Eu não posso, Harry... – Sophie achou sua bolsa e a pegou decidida – Eu vou embora, eu não posso...
- Não, Sophie! – Gina se levantou apressada – Não vai não! Você prometeu ficar comigo e Hermione, minha mãe me mata se você for embora!

Sophie abraçou Gina e chorava copiosamente. Gina olhou para Draco e Harry com os olhos arregalados e viu os meninos com a mesma expressão confusa no rosto. Tentava acalmar Sophie, ao passo que Harry se perguntava se beijava tão mal assim para fazer a garota chorar.

- Amiga! Que foi? – Gina passava a mão pelos cabelos de Sophie – Você estava tão feliz...
- Gina, eu não posso! – Sophie soluçava.
- Quer conversar, amiga? Vem comigo, vamos achar Hermione e conversar entre meninas – Gina frisou bem a parte do “entre meninas” para Draco e Harry entendessem que se tratava de assuntos particulares.
- Não, Gina, eu preciso ir embora! – Sophie estava desesperada – Sua mãe não precisa saber que eu não fiquei aqui...

Sophie largou Gina e saiu em disparada para a porta, mas foi impedida de prosseguir por Harry, que a agarrou pelo braço e a encarou.
- Sophie por favor! Pensei que você quisesse o beijo, se eu te ofendi, desculpa! Eu não fiz por mal, eu gostei de você de verdade!
- Por isso, Harry! Eu não posso! – Sophie olhava para Harry como se implorasse desculpas – Desculpe, eu não posso enganar você!
- Você tem namorado em Beauxbatons? É isso? – Harry ainda encarava a menina e falava friamente.
- Não, eu... – Sophie suspirou tentando se acalmar –É... É isso, Harry, eu amo alguém, e não posso te enganar, me perdoe... Adeus...

Sophie largou seu braço de Harry e saiu correndo pela porta, esbarrando em Daniel e Sirius que entravam distraidamente. Daniel amparou a menina e a olhou profundamente. Sophie virou o rosto, desconcertada e seguiu seu caminho.

- O que aconteceu? – Sirius entrou olhando para Harry, Draco e Gina, todos com cara de culpados.
- Sirius, eu vou atrás dela, não é seguro que ande sozinha... – Daniel saiu correndo atrás de Sophie.
- Perfeito, Dan – Sirius não deixou de encarar os três meninos – Podem explicar? O que houve com Sophie!
- Eu que pergunto, Sirius! – Harry mudou de assunto – Onde você esteve? Estava preocupado com você! Droga! Sabe que não pode...
- Que isso? O poste fazendo pipi no cachorro? – Sirius fez sinal para Harry parar de falar – Quem pergunta aqui sou eu, rapazinho! O que aconteceu com a menina? Por que ela estava desesperada daquele jeito? Anda! Fala!

- Eu não sei! – Harry estava nervoso – Sophie estava muito bem, mas começou a dizer que não podia, não podia... E saiu assim, desesperada!
- Foi isso mesmo, Sirius – Gina o fitou sério – Sophie estava toda feliz, mas do nada ficou assim!
- Ela disse que não podia... Não podia o quê? – Sirius falou olhando para Harry – Que pediram para ela fazer?
- Nada! Ela não quis dizer o que era! Só falou que não podia e foi embora!

- Gente, o que está acontecendo? – Rony descia as escadas correndo, seguido por Hermione, e ambos estavam com expressões preocupadas. Hermione estava com os olhos inchados, inclusive, como se estivesse chorando até há pouco tempo atrás.

- Sophie! Sophie saiu correndo! – Harry estava decepcionado – Eu pensei que ela e eu... Mas que droga! Estava bom demais para ser verdade! Tudo é mais difícil para Harry Potter!
- Saiu correndo? Sozinha? – Hermione ficou nervosa – Gente! Alguém tem que ir atrás dela! Está tarde, não é seguro que ande sozinha!
- Daniel já foi! – Harry se jogou em uma poltrona remanescente ali – Agora, pode me dizer onde você e Daniel estavam, Sirius? Estava preocupado! Todos agindo feito loucos hoje!

- Eu fui atrás de Severo, como eu havia dito, mas ele não me deu a mínima. – Sirius falou se sentando também – Daí, eu encontrei Daniel, ele ia se encontrar com uma amiga e eu o acompanhei, como cachorro, é claro. Incrível como o mundo é pequeno... A amiga do Daniel estudou em Hogwarts na mesma época que eu,Tiago e Remo. Só não éramos amigos, pois ela era da Sonserina. Severo deve se lembrar dela...
- Sonserina? – Harry se ajeitou na poltrona e olhou para Rony e Hermione – Quem é ela, Sirius?

- Amanda Stonebreaker – Sirius fitou Harry curioso – Por que o interesse?
- Como ela é? É loira, morena?
- Loira...
- Ela é comensal? – Harry olhava angustiado para Rony e Hermione.
- Não, eu não disse que era amiga do Daniel? Ela é Auror! É incrível, eu sempre pensei que ela era do mal, mas ela é Auror registrada pelo Ministério da Magia, morava nos Estados Unidos até ano passado, conheceu Dan lá.

- MERLIN! – Harry levantou num pulo e Rony e Hermione se aproximaram – SIRIUS! É ELA!
- Ela o quê, Harry? Sobre a sua visão, é isso? – Sirius estava começando a entender.
- Isso! A mulher da minha visão! Era ela! – Harry andava de um lado para o outro – Ela não é Auror, Sirius! Ela está do lado do Vol...
- NÃO! – Draco fez sinal para Harry não completar o nome – Segura a onda...

- Não é possível ser a mesma, Harry, ela pediu ajuda à Ordem, está sendo perseguida... – Sirius parecia tentar se convencer que não era verdade.
- Então! Faz sentido, Sirius! – Hermione se pronunciou – Harry frisou bem, ela se fazia passar por Auror, quando na verdade estava ao lado de você-sabe-quem.
- Mas não pode ser outra pessoa? Afinal, Harry não viu a Mandy...
- Sirius, qual o seu problema? – Harry se irritou – Mandy? Você é amigo dela? Não tente protegê-la, Sirius, ela está contra nós!
- Não é isso, Harry, é que... – Sirius balançou a cabeça negativamente – Deixa pra lá. Me dêem licença, estou exausto e vou me retirar.

Harry acompanhou o padrinho com os olhos. Sirius estava com a expressão de derrota e saiu sem dizer mais nenhuma palavra. Sumiu escada acima e ouviram a porta de seu quarto bater num estrondo ensurdecedor. Harry, Rony, Hermione, Gina e Draco se entreolhavam confusos. Ninguém entendeu a reação de Sirius.

- Eu estou dizendo... – Harry apontou para o andar de cima logo que a porta bateu – Estão loucos! Ele, Remo, Severo! Todos estão loucos! E agora também desconfio que Sophie não está com o juízo perfeito!

- Harry, posso lhe falar em particular? – Rony encarou o amigo.
- É alguma bomba?
- Não... Não exatamente, depende do ponto de vista. – Rony riu sem graça.
- Está bem... – Harry se levantou sem real vontade e seguiu com Rony para o quarto.

. – Ah, Draco! Se quiser dormir, pode bater à porta, a gente muda de lugar...
- OK, eu não estou com sono agora – Draco sorriu e olhou para Gina.
Rony olhou feio para Draco e Gina, mas continuou subindo as escadas com Harry. Ao chegarem no quarto, Harry se jogou na cama. Estava cansado demais. Contudo, Rony não se sentou. Fitava Harry apertando as mãos.

- Manda, Rony, encrava mais uma estaca nesse peito sofredor! – Harry fazia drama, com as mãos pressionando a testa.

Rony não falou nada.

- Que é, Rony! Fala!

Harry olhou para Rony e o amigo estava vermelho e chorando em silêncio.

- Rony! – Harry se levantou num pulo – O que foi?

Rony abraçou Harry e chorou mais ainda. Soluçava e era difícil para Harry entender o que o amigo falava.

- Her-Hermione! – Rony tremia a voz – Ha-Harry, e-ela na-não me quer!

- Como? – o queixo de Harry caiu ao ouvir Rony.
- Ela! Ela não quer ser minha namorada! – Rony estava muito vermelho – Eu a pedi em namoro, Harry, e ela me esnobou! Ela disse que somos muito diferentes, que nós não daríamos certo juntos... Ela me acha um burro, é isso!
- Merlin... – Harry não esperava por isso – Mas, Rony, eu achei que ela gostasse de você também.

- Ela disse que me ama, Harry! – Rony chorava e chorava – Mas que não podemos ficar juntos! Como isso? Como não podemos, Harry! Ela tem vergonha de mim! Ela é muito inteligente e eu sou um estúpido! É isso!
- Não! Hermione não é assim, Rony! – Harry tentava consolar Rony.
- É sim! Eu sempre faço tudo errado! Eu sou um idiota! Hermione sempre sabe o que fazer, o que dizer, como agir... E eu sempre faço tudo errado!

- Oh, Rony... – Harry sentiu vontade de chorar também, pois não sabia o que falar – Você ama a Hermione?

- Se eu amo? – Rony se ofendeu – Eu amo a Hermione desde que a conheci! Hermione é a garota mais incrível do mundo! Ela é linda, inteligente, amiga, leal... Mas ela nunca me deu confiança! Ela era apenas a amiga que me irritava, só isso! Mas... Eu não agüentei e me declarei!

"Eu disse tudo o que eu sentia, e ela me disse que sentia o mesmo, mas que não podíamos ficar juntos! Harry, eu larguei a Lilá por ela!"

Harry sentiu vontade de rir quando Rony se referiu a Lilá. Sabia que o amigo não estava com Lilá por gostar, e sim por conveniência. Mas imaginou que esse comentário não ajudaria Rony naquele momento difícil.

- Rony, talvez Hermione esteja confusa... – Harry arriscou – Deve ser tudo novo para ela, ela está preocupada, só isso... Você vai ver, vocês vão ficar juntos ainda!
- Não Harry... – Rony balançava a cabeça, ressentido – Ela merece alguém tão especial quando ela... Eu tenho que tratar de esquecê-la... Vai ser difícil, mas eu vou conseguir... Eu vou me interessar por outra garota e esquecer Hermione Granger.
- Isso é atitude de um perdedor, Rony! E você não é um perdedor!

- Eu não sou perdedor, Harry? – Rony estava nervoso e tremia – Eu não me chamo Harry Potter! Eu sou Rony Weasley, o amigo idiota de Harry Potter e o garoto burro ao lado de Hermione Granger! Eu não sirvo para nada! Eu sou perdedor desde o dia que eu nasci!

- Não fala besteira, Rony! – Harry estava intrigado – Você é a pessoa mais importante para a gente! Para mim e para Mione! Nós somos um trio, lembra? Sem vocês Harry Potter é só o menino que sobreviveu por sorte! Eu te disse isso! Se você não fosse importante para mim, eu não faria questão de pedir desculpas!

- Tem razão, Harry... – Rony secou as lágrimas – Eu não sou um perdedor... Por isso, se Hermione não me quer, eu não a quero!

- Posso te contar uma história? – Harry deu um risinho que irritou Rony, como ele poderia rir nesse momento?
- Conta... – Disse sem real interesse, cruzando os braços.

- Minha mãe odiava meu pai.
- Como?
- Sério! Minha mãe achava meu pai um estúpido, ignorante e arrogante. – Harry riu – E olha que coisa, se casaram e tiveram filho.
- Como foi isso? – Rony parou de chorar e fitou Harry curioso.
- Meu pai sempre gostou da minha mãe, e não desistiu até convencê-la que ele era o homem da vida dela!

- Nossa, seu pai fez um ótimo trabalho! – Rony deu um sorriso.
- Ele era uma pessoa que não desistia facilmente, Rony. Ele amava minha mãe, e lutou pelo amor dela. Entende? Se você ama Hermione, não entregue de bandeja assim. Mostre a ela que você é bom, que você vale a pena, como meu pai fez.
- Eu vou lembrar disso, Harry! – Rony sorriu para Harry, que o abraçou amigavelmente.

Ouviram alguém bater à porta. Harry gritou para entrar, esperando ver Draco com cara de sono entrar porta adentro querendo um lugar para dormir. Mas, quem abriu a porta na verdade foi Daniel, com ar grave no rosto.

- Harry, desculpe incomodar, mas eu não posso deixar para amanhã. Preciso lhe falar.

- Claro, Dan, entre. – Harry fez sinal para Rony permanecer no quarto – Seja o tiver para falar, Rony pode ouvir, não temos segredos.
- Não tem problema, acho que Hermione deve ouvir também... – Daniel entrou seguido por Hermione que estava ao seu lado.

Hermione não olhou para o lado de Rony, que por sua vez olhava atento para a garota. Ela desviou rapidamente o olhar para seu lado, mas ao perceber que a olhava, disfarçou. Harry olhou de um para o outro e imaginou que seria um problema sério conviver com esse clima de “tem algo errado” no ar.

- Então, Harry. Acho que Sirius te contou da Amanda, não foi? – Daniel se sentou na poltrona.
- Contou, e eu tenho quase certeza que...
- Ela é a mulher que você viu na visão que teve – Daniel completou a frase.
- Como você sabe da visão? Eu não lembro de contado a você...
- Eu o contei, Harry. – Hermione estava acuada em um canto – Daniel precisava saber. Logo que vocês subiram ele chegou. Eu perguntei de Sophie e acabamos conversando sobre essa tal Amanda, e eu contei da nossa suspeita.

- Harry, escute... – Daniel se inclinou na poltrona encarando Harry – Eu estou aqui para ajudar à Ordem. Amanda é realmente alguém de quem nunca desconfiei, pois trabalhamos juntos no Ministério da Magia Norte-Americano. Mas se ela é agente dupla, eu serei o primeiro a colocar a situação em pratos limpos.

- Entendo Dan – Harry o encarava também – A visão foi muito clara, Vol..Cê-sabe quem – Harry revirou os olhos. Sentia-se um idiota por não poder dizer Voldemort – estava torturando essa mulher, dizendo que ela nunca foi Auror, e que era um fraca por não assumir sua real identidade de comensal da morte.

Daniel ouvia atentamente cada palavra de Harry. Olhou para Rony, de Rony para Hermione, e voltou a encarar Harry.

- Como você consegue ter essas visões, Harry?
- Eu não sei, Dan... – Harry mentiu, sabia que era devido à parte da alma de Tom Riddle que estava nele, o tornando uma das sete horcruxes de Voldemort – Acho que tem alguma coisa a ver com o feitiço que não me matou e me deu essa belezinha aqui – Harry afastou o cabelo da testa, deixando sua cicatriz aparecer para Daniel.

- Mas... – Daniel não se deu por convencido e Harry odiou que ele fosse tão esperto – Não entendo ainda assim... Enfim, isso não vem ao caso. O que eu queria te dizer é que essa ligação pode ser danosa, Harry. Já pensou que ele também pode ter acesso aos seus pensamentos?
- Vivo pensando nisso – Harry deu um guincho de raiva – Mas é algo que não posso controlar! Snape tem me dado aulas de oclumência, mas não consigo ainda assim!
- Pois se esforce Harry, pelo seu próprio bem... – Dan olhou sério para Harry – E lembrem-se: estou aqui para ajudar no que for preciso, confiem em mim, OK?
- Certo... Só uma pergunta Dan... – Harry viu Daniel se levantar e antes que pudesse ir o questionou – Você conseguiu encontrar Sophie? Ela estava bem?

- Ah, sim... – Daniel virou e voltou a mirar Harry – Eu a encontrei e aparatei com ela para a casa de Fleur e Gui Weasley. Fiquem tranqüilos, ela está bem.
- Que bom... – Harry tentou sorrir.

Após a saída de Daniel, Hermione saiu do quarto dando “boa noite” superficialmente, nitidamente evitando Rony. Harry olhou para o amigo, que olhava a garota sumir com um olhar triste e distante.

Como já era maior de idade, Harry mesmo se encarregou de colocar mais duas camas em seu amplo quarto. As posicionou uma ao lado da outra, dando espaço apenas para que pudessem se movimentar entre elas. Tomou um demorado banho, enquanto Rony não se mexia, deitado e agarrado com um travesseiro. Harry sentiu pena de Rony e de Hermione também. Não tivera a chance de conversar com a amiga, mas imaginava o quanto era difícil para ela também essa situação.

Saiu do banho enxugando os cabelos e viu que Rony tinha pegado no sono, com a mesma roupa que estivera, inclusive com os tênis nos pés. Harry não quis o acordar. Deitou –se na cama ao lado e murmurou “boa noite” para o amigo, que, óbvio, não o respondeu. Rony, como Fred e Jorge sempre brincavam, era muito bom de cama, era ótimo para dormir e péssimo de acordar. Harry fechou os olhos mais não conseguia dormir. Só pensava no beijo que deu em Sophie. Só pensava em Sophie.

Sophie...

Por quê? Harry se perguntava o tinha feito de errado. Sophie parecia tão envolvida, e de uma hora para outra, se arrependeu e saiu correndo. Harry não entendia. Só lembrava daquele beijo, dos lábios quentes de Sophie, daquele perfume que vinha dela, dos cabelos macios pelos quais ele deslizou as mãos... Pensou se era verdade que Sophie tivesse um namorado em Beauxbatons. Não era algo inimaginável, visto que era uma garota perfeita, tanto em sua beleza, quanto em sua conduta. Mas ele reparou que ela vacilou ao responder que tinha alguém. Isso era o de menos, a Harry só importava aquele sentimento que estava o consumando por dentro. Não conseguia esquecer Sophie. Devido ao seu cansaço, acabou pegando no sono, e sonhou...

Ele e Sophie, juntos, como se dançassem em um lindo jardim. Sophie como sempre, linda e alegre. Harry estava tão feliz que parecia não caber em si. Trocavam juras de amor e se beijaram como naquela dança. O sonho foi interrompido pela chegada de Draco ao quarto, Harry deu um pulo na cama devido ao susto.

- Desculpe... Não quis te acordar – Murmurou o garoto.
- Tudo bem, eu só estava cochilando mesmo. – Harry falou sem olhar para Draco.
- Boa noite, Harry.
- Boa noite, Draco. – Harry se virou para olhar Draco.

Draco se deitou lentamente na cama. Estava de banho tomado e trajava um pijama de linho finíssimo. Olhou para Rony dormindo encolhido e abraçado com o travesseiro, sem ter trocado a roupa, mas não riu, ao contrário, deu um suspiro que Harry entendeu como de pena ou desconsolo. Pensou que Draco já soubesse da situação dele e de Hermione. Novamente, Harry tentou dormir, mas só lembrava do sonho, do beijo, de Sophie... E ele teve certeza que mesmo que não mais visse ou ficasse com Sophie, aquele era um beijo para se recordar por toda sua vida. Cedendo ao cansaço, dormiu.

Hermione e Gina entraram no quarto ao lado, no qual Draco antes dormia. Hermione tinha os olhos inchados e a face ainda úmida. Gina procurava algumas blusas largas nas roupas de Draco para que ela e Hermione pudessem trocar de roupa.

- Nossa... Essa blusa de Draco deve valer o mesmo que minha vassoura! – Gina comentou ao pegar uma blusa de linho preta com fios prateados, uma peça que a menina sinceramente nunca tinha visto igual.

Contudo, Hermione estava encolhida no alto da cama, abraçada com seus próprios joelhos. Não riu ou sequer prestou atenção no que a amiga falava.

- Mione, foi para isso que você deu um fora no Roniquito? – Gina se aborreceu ao olhar a cena patética de Hermione.

- Não, Gina! Você sabe porque eu fiz isso! – Hermione voltou a chorar – Está doendo em mim! Estou em cacos, se você quer saber!
- Eu sei seus motivos, mas eu não concordo! – Gina escolheu duas blusas e jogou uma para a amiga – Eu acho que agora você é muito mais vulnerável do que se estivessem juntos!

- Não Gina! – Hermione chorava – Não! Eu e Rony não podemos! Temos uma missão com Harry, somos uma equipe, não temos tempo para namoricos! Lembra que Harry não queria se envolver com você pelo mesmo motivo?

- É, só que Harry se convenceu que era melhor ao meu lado! – Gina tirava a roupa rapidamente, entrando no banheiro do quarto – Ele entendeu que se tivesse amor dentro de si, ele seria melhor! Você tem que pensar assim também Mione! Agora, você e Rony estão sofrendo! Isso é bom? Me diga? Isso é bom?

Hermione não respondeu. Não queria falar de Rony. Doía nela, ninguém entenderia seus motivos. Não podia se envolver desse jeito com Rony. O amava, era certo, e por isso não estava disposta a arriscar tudo assim. Rony era seu ponto fraco. O simples pensamento de perder Rony ou o ver sendo torturado era algo comparado à perda de sua própria alma. Suspirou. Pensou no que Gina disse e realmente fazia sentido. Mas não quis ceder a essa hipótese. Estava muito bem sendo apenas amigos, e amigos seriam.

- Mudando de assunto... – Gina voltara ao quarto de banho tomado e apenas com um blusão de Draco bem comprido. – Obrigada por me acobertar na hora da festa! Alguém perguntou por Draco e por mim?

- Só Harry e Rony, mas logo em seguida Draco apareceu e eles esqueceram isso – Hermione se levantou relutante com a blusa que Gina a dera nas mãos. – Por falar nisso, onde vocês estavam?
- Ah... – Gina sorriu maliciosamente, deitando-se na cama que Hermione havia colocado ali ao lado por magia – Fomos para a minha casa!
- Como vocês conseguiram? – Hermione arregalou os olhos para Gina, adiando momentaneamente sua entrada no banheiro.

- Rede de Flu, claro... – Gina ria, deitada de bruços na cama com os pés para cima – Tem uma lareira no quarto em que Daniel está, ele mesmo nos disse. Nós subimos e fomos!
- Vocês são loucos, Gina! – Hermione estava perplexa – E se seus pais ou irmãos chegassem lá e vissem vocês?

- Ai, você acha que eu sou burra, não é mesmo? – Gina ria – Eu pensei em tudo, perguntei antes o horário que minha mãe pensava em ir embora, e se um dos meninos chegassem lá, eu ia mentir... Sou ótima nisso e eles sempre acreditam em mim... – Gina fez uma cara de anjo. – Quem não acreditaria...

- E aí?
- E aí o quê? – Gina perguntou sonsamente.

- Por que vocês foram para lá? O que rolou? – Hermione estava curiosa.

- Ah... Tipo... – Gina estava vermelha – Acho que você não vai querer saber... É pura demais para essas coisas... – A garota caiu na gargalhada.

- GINA! Eu não acredito! – Hermione deu um gritinho e entrou rindo no banheiro, enquanto Gina ria abraçando uma almofada.

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