Kurt Andreiev



Draco não respondeu a Snape, sabia que era um tipo de provocação e decidiu não dar trela. Harry, porém, se impôs como dono da casa.

- Snape, não sei se lhe foi ensinado, mas ouvir conversa dos outros sem ser convidado é falta de educação.
- Aposto que você sabe tudo sobre ser bem educado, não é Potter. – Snape encarou Harry.

Harry respirou fundo, mas a necessidade de desabafo falou mais alto, era como se criasse coragem naquele momento de jogar na cara de Snape que ele teve grande participação em toda desgraça ocorrida na vida.

- Ah, vejamos: Eu cresci achando que era um garoto normal, porém esquisito, numa família que me fazia dormir no armário debaixo na escada. Aí, aos 11 anos a casa foi invadida por centenas de cartas enviadas por corujas e descobri que era bruxo e meus pais não tinham morrido em um acidente de carro, mas um tal de “Lord das Trevas” os tinha matado, por que um idiota qualquer ouviu uma profecia POR TRÁS DE UMA PORTA – Harry fez questão de frisar bem essa frase - e correu para contar pro mestre dele em troca de um pouco de status e reconhecimento, também, que se dane, que morram o nojento do Tiago e a sangue-ruim da Lílian, e o filho deles... Aff...Menos um moleque insuportável no mundo. Mas, tipo, eu não morri e não fui criado por meus pais, nem por ninguém que me ensinasse bons modos...– Harry encenava cara de pensativo – Não, Snape, acho que não sou um exemplo de boa educação, só que eu sei muito mais que você, pois tudo o que eu sei aprendi por que eu tenho bom senso, coisa que te falta.

Snape fitou Harry com uma raiva anormal, fechava os punhos em sinal de profunda irritação. Draco, por sua vez, ria baixinho e de cabeça baixa. Harry encarava Snape à mesma altura e Sirius chegou bem na hora, conferindo a expressão de ira de ambos, resolveu quebrar o clima pesado.

- Está tudo bem aqui ou vamos precisar de calmantes?

- Seu moleque atrevido – Snape falava entre os dentes – Eu não vou tolerar desaforos seus, não depois de tudo o que eu já fiz!
- Tudo o que você já fez? – Harry arregalou os olhos
- Sevinho, esquece o Harry... – Sirius olhava nervoso para Snape – Não perca seu foco, você é um homem centrado, lembra? Você veio falar com o Draco...
- Comigo? – Draco levantou a cabeça e parou de rir imediatamente – é sobre meus pais, aconteceu alguma coisa? Ou me localizaram aqui?
- Nada disso – Sirius ainda estava olhando para Snape como se ele pudesse a qualquer momento puxar sua varinha e atacar Harry. – É sobre a escola... Conta para ele, Severo!

Harry ainda encarava Snape e teve a impressão de que ele lia cada pensamento seu. Por um momento delirante, Harry sentiu que Snape tinha os olhos úmidos, como se fosse abraçar Sirius abrindo o berreiro. Mas isso, claro, não aconteceu. Snape desviou o olhar de Harry e olhou para Draco.

- Sim, temos um plano para você não perder seu último ano em Hogwarts.
- Eu não posso voltar para Hogwarts! – Draco ficou vermelho.
- EU DISSE QUE TEMOS UM PLANO! – Snape aumentou o volume de sua voz. – não disse?

- Draco, escute, é sensacional!- Sirius piscou para o menino em sinal de conforto.
- Está bem... – Draco ficou sem graça – Pode contar.

Snape encarou novamente Harry, entrando no quarto logo em seguida. Sirius o acompanhou e olhou Harry com olhar de súplica, como quem dizia “Cala sua boca, não provoca ele, por Merlin!”.

Severo tinha em suas mão um pacote. O deixou em cima da cama, mas permaneceu de pé, ao passo que Sirius sentou ao lado de Harry. Draco fitava Snape, não como costumava fazer nas aulas de poções, quando se gabava sempre, mas com um olhar de medo. Harry ficou imaginando como Draco encarava Voldermort, pois ele não parecia ser um bom exemplo de pessoa corajosa.

- Não é justo que você deixe de concluir seus estudos, Draco – Snape começou solenemente seu discurso e Harry se afundou na poltrona esperando um sermão – E sabemos que não é pertinente que volte para Hogwarts. Pensamos em te mandar para Durmstrang, aliás, o próprio Igor deu a idéia, mas não achamos interessante que você e Narcisa estivessem no mesmo lugar, não depois de tanto transtorno com a ida dela para lá. Por isso, tivemos uma idéia melhor. Você será um aluno de intercâmbio, selecionado, vindo de Durmstrang a convite de Dumbledore para concluir seus estudos em Hogwarts.

- Como assim? – Draco arregalou os olhos.

- Você pode esperar que eu termine de explicar? - Snape olhou Draco com olhar de reprovação – Você será Kurt Andreiev, aluno do 6º ano de Durmstrang, da casa Haus Land. Estará em Hogwarts como aluno de intercâmbio, assim como Sophie LaCroix, que veio de Beauxbatons, está morando na Inglaterra por motivos quase iguais aos seus, porém menos graves. Dessa forma, os alunos de Hogwarts pensarão que você está lá para interagir culturalmente com alunos ingleses. Por tanto, trate de treinar seu sotaque.

Draco olhava Snape incrédulo e nem se atreveu a dizer uma só palavra mais. Olhava de Snape para Sirius, e depois para Harry, como se implorasse pelo amor de Merlin para que alguém explicasse a situação para ele.

- Severo, eu acho que Draco está curioso para saber como não vai ser reconhecido me Hogwarts – Sirius sorriu para Draco, que o retribui balbuciando “obrigado”.

- Ah, claro, o principal – Snape tirou de um dos bolsos um frasco – Isso, claro que você sabe, é poção polissuco. Essa pessoa pela qual você se passará não existe de fato, e você terá a aparência de um rapaz trouxa com a mesma idade sua, que mora em uma comunidade trouxa aos redores de Godric’s Hollow. A poção terá que ser tomada de uma em uma hora exatamente, pois... Como eu tenho certeza que o professor de poções ensinou... O efeito dessa poção dura exatamente uma hora.

- Eu vou virar escravo da poção, em outras palavras? – Draco cruzou os braços.
- Temos a opção de você não terminar a escola – Snape revidou – fica ao seu critério.

- Draco, não pensa nisso! – Harry se antecipou – Pensa que é o único jeito de você se formar!
- E como explicar toda hora tomar uma poção? – Draco permanecia com braços cruzados.
- Fácil, diremos que você é um viciado, que tal? – Snape opinou cinicamente.
- Diga que tem uma necessidade médica, para controle de alguma enfermidade. Draco! Ninguém vai ligar se você tomar a poção toda hora, há muitas pessoas que precisam disso. – Sirius olhou para Snape sério.
- Tipo os loucos do St. Mungus. Vou falar que sofro de distúrbio do bruxo louco, imagino. – Draco comentou chateado e Harry abafou um risinho.

- Não se preocupe com os professores, estão todos sob aviso e são de confiança, a grande maioria, inclusive, é membro da Ordem, e sabem do seu pacto conosco – Snape pegou o pacote que havia trago e entregou a Draco – Esse é seu uniforme de Hogwarts, você não usará o de Durmstrang, uma vez que terá se transferido para o término dos estudos.
- Mas eu já tenho uniforme de Hogwarts, para que eu quero mais um?
- Não esse... – Snape fez sinal para que abrisse o pacote.

Draco abriu o pacote e se deparou com uma gravata vermelha e dourada e com o emblema da Grifinória estampado na capa. Arregalou os olhos e Harry se aproximou para ver o que o causara espanto.

- Grifinória? – Disseram Draco e Harry juntos.

- Bom, podemos te mandar ficar na Sonserina e, se por ventura, você esquecer de tomar a poção, antecipar sua morte. – Snape falou secamente.
- Na Grifinória, Draco, você terá Harry por perto e os amigos dele. – Sirius comentou – Logo não ficará sozinho e tenho certeza que eles o ajudarão mesmo os que não saibam quem é você. Aliás, Somente sabem disso Harry, Gina, Rony e Hermione.

- Rony e Hermione também sabem? – Harry se interessou.
- Exigência de Dumbledore. – Sirius deu uma piscada para Harry.

- Ótimo... – Draco se levantou sorrindo – Ao menos vou poder contar com alguém. E vou ficar no mesmo salão comunal que Gina. Eu só não sei se estou preparado para encarar Dumbledore depois de tudo o que eu fiz...

- E quem disse que você o encarará? – Snape falou – Dumbledore não é mais o diretor de Hogwarts.

- O quê? – Dessa vez o coro contou com Sirius também.
- Como não? – Sirius estava perplexo – Desde quando?
- Aconteceu algo com Dumbledore? – Draco perguntou nervoso.
- Onde está Dumbledore! – Harry se levantou irado – Ele está bem? Quem é o diretor de Hogwarts?

- Não há necessidade de tanta cena – Snape falou tranqüilo – Dumbledore achou por bem se manter longe de Hogwarts e não colocar os alunos em perigo. Está trabalhando em algo que sinceramente não sei do que se trata, mas sei que é importante. A Minerva o substituirá na direção. E como já era de se esperar, eu também não voltarei a lecionar.
- Não? – Harry internamente queria rir, mas segurou a onda.
- Não, mas não se alegre, pois nossas aulas de oclumência continuarão.
- Mas, como? – Harry sentiu vontade de gritar de raiva – Eu estarei em Hogwarts e...
- Sala precisa te diz alguma coisa? – Snape deu um sorriso cínico – Acho que você a conhece muito bem. Ah, se aquelas paredes falassem, não é, Potter?

- Mas você terá que entrar em Hogwarts de qualquer jeito! – Harry não quis revidar para não entrar no assunto e temeu que Snape soubesse do caso de Rony – Não é?
- Não pela entrada habitual, a sala nos pode dar uma passagem direta para fora de Hogwarts. É só você tomar cuidado para não ser seguido por Hogwarts e estaremos anônimos – Snape falava com propriedade – Eu gostaria que nas aulas Draco o acompanhasse.

- Eu? – Draco se assustou – Mas por que eu?
- Porque você é descendente Black, tem hereditariamente certa habilidade para oclumência. Poderemos aprimorar suas habilidades e você poderá auxiliar o Potter, já que ele é uma negação em legilimência e oclumência.

- Os Black têm habilidades em oclumência – Harry olhou intrigado para Sirius.
- Esse não é o tipo de coisa que eu gosto de espalhar por aí, se você me entende. – Sirius sorriu sem graça.

- Então, Draco, ao regressar para Hogwarts lembre-se de tomar a poção com antecedência – Snape advertiu – você não irá pelo expresso de Hogwarts com os demais alunos, será levado por Remo, juntamente com a Srta. LaCroix, ele os apresentará aos alunos no 1º dia letivo.

- Lupin será professor? Dará aulas de novo? – Harry sorriu.
- Ele é o novo diretor da Grifinória, convidado por Minerva. – Snape falou com descaso.
- Puxa, que legal! E quem é essa Sophie? – Harry perguntou curioso – Já era a segunda vez que ouvia esse nome e não tinha idéia de quem se tratava.

- Eu não a conheço pessoalmente e não sei muito sobre ela, na verdade, ninguém sabe. Só sabemos que ela é prima de Fleur e está morando com ela e Gui Weasley.É filha de uma Inglesa com um Francês e seu pai foi morto por comensais da morte. Ela pediu pessoalmente a Dumbledore transferência para Hogwarts, pois ao que parece, não era muito feliz na França, e Dumbledore a aceitou, tendo a idéia do intercâmbio, que nos levou a criar esse aluno de Durmstrang que Draco será. – Snape falava sem a menor vontade e continuou ironicamente – Mais alguma informação que deseje?

- Não, só essas, obrigado... – Harry respondeu no mesmo tom irônico.
- Snape, só mais uma coisa: e quando a poção acabar? – Draco olhava o frasco em sua mão. – O que eu faço?

- Deixaremos um estoque de urgência, quando você precisar, sempre estará disponível, Remo o dará a quantidade suficiente e eu sempre renovarei esse estoque. Se não eu, Remo o fará. Essa poção é de muito demorada confecção, portanto, há que ter uma reserva sempre. Mas não se preocupe com isso, estamos no controle.

Draco sorriu, mas no fundo estava nervoso e intrigado. Harry, por sua vez, ainda pensava por que Snape ficara tão nervoso ao falar de seus pais. Seria arrependimento? Talvez Snape sentiu naquela época o que Draco sentia agora, que havia um caminho melhor, e não foi seguido por estarem cegos pela grandiosidade de Voldermort, e ambos tentavam mudar o rumo de suas vidas agora. Harry sentiu uma pontada de orgulho por ambos, mas pensou em nunca comentar isso com quem quer que fosse.

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