Tulipas de Amsterdã



20o capítulo – Tulipas de Amsterdã

Demoramos para atravessar a fronteira. Cruzando cidades como Leuven, Aarschot, Mechelen, Geel, Amberes e por fim Turnhout. Chegamos na Holanda no septuagésimo nono dia de viagem. Havia uma cidade belga depois da divisa, Baarte-Hertog, e nós passamos a noite lá. No octogésimo dia começamos a travessia pela Holanda.
Passamos por Tilburg, Waalwijk, Dordrecht, Rotterdam, Gouda, Zeist e Hilversum. No octogésimo quinto dia, oito da manhã, chegamos em Amsterdã. Ou cidade do pecado, como Draco insistia em chamar.


-A cidade do pecado – Blaise disse satisfeito enquanto cruzava as ruas movimentadas da pequena Amsterdã. Star estava do seu lado, mexendo sem parar no rádio e tentando achar uma estação descente.

-Nós precisamos de cd – ela observou, olhando o namorado e Gina e Draco.

-Olha que gracinha as casas – Gina suspirou baixinho – Elas são tão coloridas e lindinhas...E todos os canais.

-Sabia que chamam Amsterdã de Veneza do Norte? – Draco perguntou para ela enquanto mexia em sua mochila – Cadê meu caderno?

-Bolso da frente – Gina disse distraidamente – Você estava esquecendo no último hotel em que ficamos, então eu coloquei aí. Não olhei nada – ela assegurou – Por mais que não fosse achar nada de bom, com toda a certeza.

-Ta bom Foguinho – ele revirou os olhos – Eu vivo me esquecendo que você é um ser superior, ou pelo menos acredita ser.

-Tão sensível – ela zombou.

-Precisamos de um hotel Gina – Blaise avisou.

-Um segundo – ela sorriu, pegando o caderninho de anotações e abrindo na página quarenta e cinco. Toda dedicada à Amsterdã.

***

Como em Amsterdã o melhor é andar a pé, ficamos em um hotel com estacionamento. Saímos as dez da manhã do hotel. As mochilas já estavam arrumadas e nós já estávamos com tênis e prontos para andar e andar. É uma cidade agradável, onde bicicleta é mais comum que carro e tão arrumadinha que parece de mentira. Uma cidade abaixo do nível do mar e onde é muito fácil chegar em qualquer lugar.

***

-Os tamancos de madeira são famosos e as pessoas realmente os usam na rua – Gina explicou enquanto os quatro entravam em uma das fábricas de tamancos em Amsterdã – E nós podemos comprar umas miniaturas. Só lembrança.

-Eu não vou tirar foto nisso! – Draco protestou quando Star apontou os tamancos absolutamente gigantes na frente da fábrica. Cinco minutos depois Gina tinham uma foto de Draco com os pés no que pareciam duas pequenas canoas de madeira.

-Vou vender – ela avisou enquanto ela saía de dentro dos tamancos – Vou fazer fortuna com isso FDB.

-Eu te mato antes Foguinho – ele avisou.

***

Eles visitaram quatro museus antes do almoço. Rijksmuseum, com obras de Rembrandt, Vermeer, Frans Haals e Jan Steen. Depois foram para o Museu de Van Gogh, o Stedelijk Museum e Museu de História de Amsterdam. A caminho de um restaurante viram os realejos gigantes, onde artesões mostravam bonequinhos com roupas típicas e musiquinhas bonitinhas.
A primeira coisa que fizeram depois do almoço foi ir ver as empresas de lapidação de diamantes, tão famosas na cidade.

-Olha isso – Gina disse sem fôlego, os olhos vidrados no diamante azul mais lindo que ela já vira na vida – Star eu quero ele.

-Ah Gina – ela fechou os olhos, balançando a cabeça – Olha esse anel. Acho que vou morrer agora.

-Nossa e a pulseira – Gina arregalou os olhos – Quantas pedras?

Draco e Blaise reviraram os olhos, nem um pouco impressionados. Homens dificilmente se sentem tão atraídos por jóias como as mulheres. Mas Draco bem que ficou de olho em um anel de diamante azul, o mesmo que Gina tinha visto. Ele era realmente incrível.

***

Tiramos fotos nos moinhos, tão importante para o país. Antes de chegar em Amsterdã tínhamos tirado fotos e mais fotos nos imensos diques, que estavam ali apenas para proteger o país do mar. Mas os moinhos eram muito mais bonitos que diques. Passamos o resto da tarde por lá, tirando fotos e andando.

***

-Os queijos daqui são ótimos – Blaise falou enquanto eles procuravam um banco vazio na praça em que estavam – Como é o nome Gina?

-Gouda – ela explicou com um sorriso, dando uma mordida no queijo Edam que tinha no prato – Muito bom mesmo.

-Alguém quer vinho? – Draco ofereceu a garrafa que segurava. A tarde caía rapidamente e ele podia ver um canal logo a frente. Talvez pudessem dar uma volta de barco em um canal depois.

-Eu quero – Star esticou o copinho que tinha e Draco o encheu.

Eles sorriram satisfeitos, comendo e bebendo em silêncio. Tinham comprado os queijos num supermercado atrás da praça Leidseplein, a mesmo praça em que estavam no momento. A cidade do pecado já não parecia tão interessante. Nenhum deles se lembrava dos outros passeios mais obscuros da cidade.

-Essa praça é mesmo agradável – Draco observou, encarando o pôr do sol.

Gina o encarou e sorriu. O cabelo dela esvoaçando no vento gelado do fim de tarde. Draco a olhou silenciosamente, absorvendo toda a cena.

***

Eles viram as principais áreas da cidade, todos ao longo das ruas Nieuwendijk, Kalverstraat e Leidse Straat. Já estava escuro quando foram para a torre Montelbaanstoren.

-Hora de ir para o hotel – Draco falou quando seu relógio marcou sete e meia – Isso é, se nós formos sair a noite.

-Claro que vamos – Gina disse animada, andando na frente dele – Mas nada que possa ser ilícito na Inglaterra – ela advertiu, sorrindo para Star enquanto dizia.

***

Eles saíram do hotel onze e meia da noite, e mesmo indo para o mesmo clube, só Star e Blaise ficaram juntos. Gina ficou amiga de uns americanos e subiu para o camarote. Draco saiu com uma loira que tinha ficado grudada nele o tempo todo.
Star e Blaise foram embora pouco antes das quatro, morrendo de vontade de ter um quarto de hotel só para eles. Gina riu, bebeu e dançou como não fazia há tempos. Mas foi quando um dos americanos começou a querer agarrá-la que ela viu que era hora de ir embora. Estava seriamente desorientada e precisava encontrar alguém. Blaise não estava com sua amiga em canto nenhum, por isso, meia hora depois, Gina saiu do clube. As ruas estavam movimentadas e geladas.
Ela andou a esmo, indo parar em uma praça deserta. Sem se preocupar com um assalto ou como chegar em casa, ela relaxou. Pelo menos estava sentada.

-Weasley? – Draco olhou chocado para ela, levantando do banco em que estava e indo se sentar do lado dela – O que você está fazendo aqui?

-O mesmo eu pergunto – ela o encarou.

-É só que... – ele respirou fundo – Eu pensei que fosse querer me...divertir com aquela garota. Mas foi estranho, eu prefiro passar a viagem com vocês.

-Me sinto da mesma forma – ela suspirou, fechando os botões do sobretudo preto que usava. Os lábios dela e as bochechas estavam vermelhos por causa do frio – Será que eu ainda vou gostar de você depois dessa viagem?

-Provavelmente não – ele riu – Agora vamos embora.

-Eu não lembro o caminho – ela deu de ombros – Vai amanhecer em pouco tempo. Como é que vamos fazer?

-Eu tenho uma idéia – ele levantou, ajudando Gina a levantar-se também. Os dois andaram por dois quarteirões, chegando finalmente em um dos canais da cidade – Vamos de barco – ele disse para ela – Tenho certeza de que vamos achar o caminho.

-Certo – ela o olhou desconfiada – Vamos.

Draco acertou o preço e entrou no barco coberto. O teto dele era de vidro e as estrelas brilhavam para os dois. Gina se acomodou no banco de veludo vermelho e olhou o céu através do vidro.

-Isso é tão lindo – ela disse baixinho, ficando deitada no banco.

-O céu é melhor que o de Londres – Draco observou enquanto deitava-se do lado dela – Acho que dá para ver umas mil estrelas a mais.

Ele observou os lábios dela se movimentarem lentamente enquanto ela ia dizendo o nome das constelações. E antes mesmo que ela pudesse terminar uma frase, os lábios dele estavam sobre os dela. Num beijo profundamente perturbador, inesquecível. Draco tocou o pescoço de Gina levemente, sentindo as mãos dela em seu braço.
Os dois se esqueceram da realidade, ou da razão de tudo aquilo. A viagem parecia induzi-los, ou talvez eles só quisessem muito. O céu, o barco...O canal em Amsterdã.
Quando o quarto beijo terminou Gina se sentou. Ela estava mais corada ainda, mas não parecia com raiva ou com vontade de discutir o que tinha acontecido. Os dois começaram a conversar como se nada tivesse acontecido. O barco foi seguindo pelos canais...Acima deles o sol começou a nascer.
Meia hora depois avistaram o hotel. Quando finalmente fecharam os olhos em suas camas o sol já estava alto no céu.

***

-E você e a loira? – Blaise perguntou para Draco enquanto os dois se sentavam em uma das mesas do restaurante do hotel – Você sumiu.

-Foi interessante – ele murmurou.

Não ia contar que depois de dormir com a loira a primeira coisa que fez foi ir embora. Ele não conseguia deixar de imaginar que todos estariam se divertindo sem ele e sentiu falta das discussões com Gina. Ou das bebedeiras. A viagem decididamente os tornara um grupo e seria difícil dissolvê-lo, pelo menos enquanto estivessem cruzando a Europa.

-Ainda bem que você e Gina demoraram – Blaise lançou um sorrisinho malicioso – Eu e Star também nos arranjamos bem por aqui.

Draco revirou os olhos.

-Do que vocês estão falando? – Gina perguntou animada, sentando-se de frente para Draco. Mesmo tendo dormido só três horas, ela mal podia agüentar sua empolgação – Adivinha só FBD, hoje vamos alugar um barco e fazer um passeio pela cidade toda.

-Vai ser tão lindo! – Star completou, dando um beijinho em Blaise.

Draco e Gina reviraram os olhos enquanto olhavam o casal.

***

Eles passaram quatro horas nos canais de Amsterdã. Dessa vez Draco e Gina não se beijaram, mas havia a sensação no ar. Ela era palpável...Assustadora. Quanto mais viam mais gostavam da cidade. Toda a droga e a liberdade sexual que fazia Amsterdã tão famosa não chegou até eles.
Almoçaram quase quatro da tarde, em um restaurante bonitinho na estação de trem. A Central Station, como era chamada, parecia um grande centro de lojas, restaurantes e até hotéis. Tão agitada quanto a estação de Londres, eles se lembraram da cidade e de como sentiam falta dos amigos.

-Luna deve nos odiar – Gina suspirou, olhando Star – Nós nem nos despedimos.

-Claro que não – Star disse segura – Luna com certeza está se divertindo com Rony. Os dois devem estar namorando em casa uma hora dessas.

-A Di-Lua e o Weasley? – Draco zombou – Que casal do inferno.

-Chato ele – Gina disse para Blaise e Star, ignorando Draco completamente.

-Porque não mandamos umas cartas? – Blaise perguntou – Podemos escrever e pedir pro Pietro enviar. Ele não vai reclamar...Já sei, vamos falar que estamos no Egito.

-É uma boa idéia? – Gina olhou para ele com dúvida.

-Claro que sim – Star sorriu – Vamos escrever isso e enviar.

Os quatro levantaram da mesa que dividiam no restaurante e voltaram a caminhar pela Central Station. As lojas de lembrancinhas eram caras e eles queriam economizar para gastar a noite. Gina começou a decidir que roupa usar, Draco só ficou imaginando como a mãe estaria no momento.

***

-Mais! – Gina gritou para Star e encheu sua taça – Isso é realmente muito bom.

-É vodka – Star gritou para ela, tentando se fazer ouvir no meio da boate – Vou levar a garrafa vazia para a mesa.

Gina voltou a dançar quando Star saiu. Ela usava um vestido preto e leve, nem um pouco quente e que a mataria de pneumonia assim que eles colocassem os pés para fora da boate. Star, Blaise e Draco apareceram na pista. Todos levemente bêbados e incrivelmente felizes.

-Vem Little – Blaise puxou Star pela mão, os dois dançando freneticamente.

-Quer dançar? – Draco perguntou para ela, irresistível em sua calça jeans escura e a camisa azul marinho e cinza.

-Claro – ela sorriu levemente para ele. Um novo dj entrou e a música ficou mais agitada ainda. Eletrônica agora. Não era muito o estilo de nenhum dos quatro, mas para dançar naquele momento não havia nada melhor.

Eles dançaram desajeitadamente, lançando olhares curiosos um para o outro. Meia hora depois, e uma garrafa e meia depois, já estavam rindo e pulando tão freneticamente quando Blaise e Star.
A música ensurdecedora e a pista abarrotada de gente. Nenhum deles se importou com isso, nem com as filas nem com os empurrões. Draco puxou Gina pela mão e a girou, os dois rindo enquanto as luzes brancas pareciam deixar em coisas em câmera lenta.

***

Depois de uma viagem de táxi de dez minutos os quatro chegaram em uma enorme plantação de tulipas. A Holanda era conhecida mundialmente pelas flores, mas principalmente pelas tulipas. A plantação parecia maior que o terreno de Hogwarts e as flores eram de todas as cores.

-Estão vendo aquele poste? – Blaise perguntou – Lá no fim da plantação?

-O que tem? – Gina o encarou desconfiada.

-Os dois últimos lavam a roupa quando precisar – ele propôs – O que vocês acham?

-Eu aceito – Star disse rapidamente. Draco só deu de ombros.

-Quando eu falar já – Blaise avisou, segurando a mão de Star – Um, dois, três e...Já!

Eles dispararam, entrando no meio das flores, altas o suficiente para que eles não pudesse ver o caminho ou enxergar os pés enquanto corriam. Gina era a última e quanto mais corria mais perto de Draco conseguia ficar. Blaise e Star estavam na frente, correndo de mãos dadas.

-Me espera! – ela chamou Draco – Eu não quero lavar roupa! Estou de ressaca ainda.

-Nem eu quero lavar roupa – Draco gritou de volta, cometendo o erro de se virar para olhá-la – Aí! – ele gemeu de dor quando os dois trombaram e caíram no chão.

Gina nunca saberia dizer se os dois caíram porque ela trombou nos pés e foi para cima dele ou se porque Draco olhou para trás e desacelerou um pouco. O que importava é que mais uma vez eles estavam caídos enquanto Blaise e Star comemoravam uma vitória.

-Parece que vamos lavar roupa – Draco falou casualmente, olhando Gina nos olhos.

-É... – ela respirou fundo, nervosa com a aproximação. Draco estava em cima dela, os olhos tão claros que nem pareciam mais azuis...Parecia água – De novo... – ela murmurou.

Quando ele se aproximou e encerrou a distância com um beijo, Gina sentiu o coração martelar dentro do peito. Ali, no meio de milhares de tulipas, ela estava beijando Draco Malfoy. O coração de gelo número um da Sonserina, a pessoa que ela mais odiara a vida inteira.
Mas por mais ridículo e irônico que fosse...As coisas pareciam certas. Ela não poderia sair dali sem um beijo, não com toda a cena, mas talvez os outros beijos não fossem tão necessários. Ela passou os braços na nuca dele, pela primeira vez realmente aproveitando o beijo dele. Tão melhor que o de qualquer outra namorado que tivera.

***

-Vocês caíram feio – Blaise observou quando os quatro se encontraram no poste – E eu e Star ganhamos.

-Gina suas costas estão cheias de terra – Star disse horrorizada – Ainda bem que é você e Draco que vão cuidar da lavanderia na próxima vez.

-Minha blusa branca ficou um horror – Gina suspirou, puxando o cabelo para cima e o prendendo em um coque. Até o cabelo estava cheio de terra. Draco não estava tão sujo, mas isso era porque ele tinha ficado por cima – Acho que vou lavar hoje mesmo.

-Parece uma boa idéia – Draco observou maldosamente. Gina corou de raiva – Olha, a Foguinho ficou mais vermelha ainda.

-Babaca – Gina suspirou – Vamos tirar umas fotos? – perguntou, subitamente animada – Esse lugar é muito lindo.

-Fotos – Star abriu a bolsa e pegou a câmera – Vamos achar alguém para bater as fotos.

***

Pietro pegou na caixinha do correio o enorme pacote de Blaise. Era estranho receber correspondência trouxa, ainda mais vinda do primo bruxo. Tânia dormia profundamente no andar de cima, enrolada nas cobertas de seda que ele tinha encomendado na França.
Na caixa achou algumas lembrancinhas da Holanda. Sua casa já estava cheia de coisas deles. Alemanha, Suíça...Os países só estavam aumentando. Mas ele estava gostando de ajudar o primo com a viagem. Pietro só precisaria de um endereço para onde mandar todas aquelas coisas. Ou talvez pudesse levar pessoalmente, quando a viagem chegasse ao fim.
Pegou os cinco rolos de filme usados e jogou em uma caixa onde umas duas dezenas de rolos estavam. Ele riu. Será que Gina não se cansava de tirar fotos? Por fim viu as quatro cartas e o bilhete, explicando que ele deveria dizer que recebeu as cartas, sem fazem nenhum contato com eles, e que as estava repassando. Pietro decidiu que mandaria as cartas naquele instante. Depois voltaria para junto de Tânia, sua namorada irresistível do momento.

***

Depois de saírem da plantação, eles pegaram outro táxi. Pararam na Central Station, mais cheia que de costume. Gina pegou uma blusa de frio de Draco para esconder as costas sujas. Eles compraram sementinhas de tulipas de todas as cores em um dos mercados de flores que enchiam a cidade.
Depois andaram pelo centro, curtindo o último dia em Amsterdã.

-Vamos jantar? – Draco perguntou a Gina quando eles voltaram para a Central Station – Já anoiteceu faz tempo.

-Claro – ela sorriu – Só precisamos achar um bom restaurante. E barato.

-Esse lugar é grande mesmo – Blaise falou abismado – A maior estação de trem do...

-Não exagera – Star o cortou, rindo – Espera só até chegarmos na Dinamarca.


N/A - Postado. Desculpa a demora. Sei que muita gente reclamou porque as actions estavam demorando para acontecer. Mas agora as coisas vão começar. Nao vai ser tão Like I Like That, mas vcs vão gostar. Espero que gostem do cap. E nao se esqueçam de comentar.

beijinhussssssssssssssssssss

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