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21o capítulo – Noivos

A viagem para a Dinamarca começou bem cedo, seis da manhã. Passamos de novo por Hilversum, depois seguimos caminho. Passando por Amersfoort, Apeldom, Deventer, Raatte, Zwolle, Meppel, Hoogeveen e Emmen. A última cidade holandesa. Para chegar na Dinamarca faríamos um caminho diferente, então logo depois de Emmen caímos na Alemanha de novo.
A primeiro cidade foi Oldenburg. Depois vieram Bremen, Bremerhaven, Hamburgo, Lubeck, Kiel e Flensburg. Nessa última, arrumamos um hotel e comemoramos nosso nonagésimo quinto dia de viagem. Era só começo de madrugada, mas seria um longo dia.


-Eu estou morrendo de frio – Star falou para Gina enquanto as duas arrumavam as camas em que iriam dormir – É por isso que gosto de cidades menos famosas, os hotéis são melhores e mais baratos.

-É mesmo – Gina olhou ao redor. O quarto ficava no terceiro andar, tinha quatro camas enormes e um banheiro com tamanho razoável – A Alemanha já não parece tão interessante. Não é?

-Com certeza – Star tirou o casado e colocou uma confortável blusa de lã que tinha comprado em Kiel – É melhor nos trocarmos logo, porque daqui a pouco eles vão começar a reclamar – ela deu uma olhada na direção do banheiro.

-Não sei porque – Gina deu de ombros – Nós passamos vinte minutos no banheiro só para que eles se trocassem. Eles podem nos esperar por meia hora.

-Eu posso ouvir você Foguinho! – Draco gritou de dentro do banheiro.

-Que bom! – Gina retrucou, gritando também – Significa que pelo menos surdo você não é.

-Vocês implicam tanto um com o outro – Star revirou os olhos – Vou ver se a janela está fechada direito.

Gina bateu na porta do banheiro e avisou que os dois poderiam sair. Draco estava com uma camisa preta de frio, junto com a calça preta que usava para dormir. Gina o encarou irritada. Porque ele tinha que reclamar de tudo?
Ela estava com um gorro azul escuro, um blusão de frio cinza que tinha zíper, mas que não estava fechado e uma calça de tecido mole.

-Porque não jogamos? – Blaise sugeriu, puxando Star para um beijo – Eu não estou com muito sono.

-Então somos dois – Star sorriu – Também não estou com muito sono Blaisinho. O que vamos apostar?

-Já sei – Draco disse sorrindo – Serviços braçais. Arrumar malas, dobrar roupas, sair para comprar comida.

-Se prepare FDB – Gina disse, empurrando-o e pegando o baralho da mochila de Star – Porque você vai perder feio.

-Ah Foguinho, não começa a achar que é gente porque você não é.

***

Gina puxou as cobertas até o queixo e encarou o teto. O dia tinha sido absolutamente relaxante. Tudo porque estava frio demais e não tinha nada de divertido para se ver na cidade. Pelo menos nada que Gina pudesse querer ver. Eles tinham se concentrado em comer no restaurante e passar o resto do tempo no quarto.

-Será que eles já receberam as nossas cartas? – Star perguntou, encostando a cabeça no ombro de Blaise. Os dois estavam dividindo uma cama e a cama de Star estava cheia de malas em cima.

-Provavelmente – Gina sorriu divertida – O que será que vão dizer se perceberem que mandamos a mesma carta?

-É, isso não foi nada criativo – Draco riu levemente – Mas pelo menos eles não vão ter idéia nenhuma de onde estamos.

-Parece que estamos perto deles – Blaise murmurou, abraçando Star – Mas ao mesmo tempo é a forma mais segura de viajarmos.

-Alguém quer água? – Gina perguntou enquanto saia da cama. Draco olhou para a roupa dela, gostando do que via. Ela usava meia calça preta, uma saia jeans e o blusão cinza, fechado agora.

Ela ficava bem com as pernas torneadas e...Ele balançou a cabeça. Mas que pensamentos idiotas. Draco encarou a janela, vendo várias folhas dançarem no vento forte. O frio estava de matar.

-Gina lembra que passamos o último natal juntas? – Star perguntou, vendo Gina voltar para a cama com uma garrafinha de água – Fomos lá para a sua casa, e depois para a minha.

-Acha que a Luna está muito brava? – Gina perguntou séria – Eu não consigo parar de pensar nisso.

-Nós já conversamos Gi – Star suspirou – Ela vai entender.

Gina fechou os olhos e suspirou profundamente. Estava cansada, mesmo tendo dormido por horas. Segundos depois já estava adormecida.

***

Rony, Hermione e Harry pegaram a carta que Gina mandara. Ou o primo de Zabini. Não importava. Molly foi a primeira a ler, mas agora estava chorando no quarto. Foi Hermione quem pegou a carta, relutante. Leu pausadamente, tentou achar entrelinhas, tentando entender.
Como era previsível, não achou nada além do que estava escrito.

Mãe,

Eu sei que não deveria ter arrumado as malas e partido. Mas você não deixaria de qualquer forma. Não se preocupe com nada, a viagem está sendo perfeitamente segura e eu estou me divertindo mais do que me divertiria em anos.
Pode parecer egoísmo, mas estou pensando só em mim enquanto vou conhecendo todos esses países. Sei que, quando chegar, você vai gostar de ver as milhares de fotos que estou tirando. Um pedacinho de cada país, para que eu possa levar até aí.

Estou com saudades.


-Só isso? – Rony perguntou chocado – Só isso e minha mãe está chorando desse jeito? Como se alguém tivesse morrido?

-Sua mãe é sensível Rony – Hermione olhou feio para ele – Mas não é isso que me preocupa. Não mesmo – ela encarou os dois amigos – O que vocês poderiam me dizer só de olhar essa carta?

-Que eles mandaram para o primo do Zabini do Egito – Rony deu de ombros – Pelo menos foi isso que me falaram.

-Que ela está com saudades? – Harry arriscou.

-Não – Hermione balançou a cabeça levemente – Vocês não percebem? A carta não tem nomes, detalhes pessoais...Eu aposto que eles mandaram a mesma carta para as mães. Isso é ruim.

-Porque ruim? – Harry encarou a namorada – Eles só não queriam dar pistas.

-Não Harry – ela suspirou – Quer dizer que eles estão ficando amigos...Que os laços estão sendo criados.

-Até parece que a minha irmã vai ser amiga do Malfoy – Rony revirou os olhos – Não viaja Hermione. Isso não vai acontecer nunca.

-Ela vai ser amiga dele sim – Hermione insistiu.

-Talvez durante a viagem – Harry falou, pegando a carta e lendo-a mais uma vez – Mas quando a viagem acabar tudo volta ao normal.

-Eu acho que eles vão ser amigos para o resto da vida – Hermione suspirou – Eu tenho certeza disso. Nada mais vai ser como antes, mesmo quando ela voltar da viagem. Tudo vai mudar.

***

Gina enrolou o cachecol firmemente no pescoço e atravessou a rua. Os folgados estavam no quarto e ela estava indo para o mercado. Tudo isso porque perdera uma das rodadas na noite anterior. Acabou ficando com as compras de comida e água para viagem.
Uma hora depois saiu do mercado com duas sacolas. O céu estava escuro. Já passava das sete e meia da noite. Uma rajada de vento atingiu Gina, levando embora o chapéu bonitinho que ela tinha comprado na França.

-Droga! – Gina reclamou baixinho, virando-se para ver o chapéu.

Um garoto estava com ele nas mãos, sorrindo enquanto a encarava do outro lado da rua. Gina não o reconheceu de primeira, mas quando ele se aproximou ela pode ver quem era.

-O que está fazendo aqui? – Gina encarou Draco – Você não ficou me enchendo para vir comprar comida logo?

-Blaise e Star meio que me expulsaram do quarto – ele deu de ombros, colocando o chapéu de volta na cabeça de Gina – Acho que eu não estou pronto para ver o que os dois estão fazendo no quarto.

-Ah que horror – Gina suspirou – Vamos enrolar por aqui.

Antes que ela pudesse perceber Draco já estava com as sacolas nas mãos. Os dois andaram em silêncio até o hotel. Draco deixou as sacolas na recepção e ele e Gina voltaram para a rua.

-Eu mataria por um jantar incrível – ela suspirou – Um bom restaurante, sem ficar olhando os preços. Deve ser bom ficar assim.

-Tudo bem – ele olhou resignado para ela – Eu meio que tenho uma idéia. Você vai rir, mas é o melhor que posso conseguir.

-Fala – ela sorriu, os olhos brilhando – Qual sua idéia?

-Você ainda está usando aquele anel que imita diamante? – ele perguntou sério.

***

Gina retocou o batom e esperou Draco voltar de dentro do restaurante. Ela tinha tirado o chapéu e arrumado o cachecol. Estava bem apresentável para um restaurante caro. Mais que apresentável.
Ela observou Draco atravessar a rua até ela. Ele estava com o suéter azul macio que ela achava lindo. Ele parecia tão alemão com aquele jeitinho metido esnobe até a morte. Isso a irritava no começo, mas ela não conseguia mais imaginá-lo de outra forma.

-E então? – ela perguntou.

-Escuta só – ele riu, tão espontâneo que Gina se surpreendeu – Falei para o recepcionista que ia te pedir em casamento hoje, disse que nós perdemos o passaporte e fomos roubados...Enfim, ele vai nos dar champanhe e desconto.

-Se você não fosse tão chato – ela disse brincando – Eu até poderia gostar de você depois dessa FDB.

-Muito engraçada – ele revirou os olhos – Agora converse comigo só em francês e aja como uma namorada apaixonada.

-Pode deixar, meu amor – ela piscou para ele.

Draco riu e segurou a mão dela, causando pequenos arrepios em Gina. E eles pareciam tão certo juntos, tão perfeitos...Que ninguém disse que não eram um casal. Ou que não estavam apaixonados. Levaram os dois para uma mesa linda, num lugar reservado. Draco pediu a comida. Gina pediu a bebida.

-Eu ando gostando muito de vodka ultimamente – ela disse para ele, virando o restante da vodka em seu copo – Eu odiava qualquer bebida até os dezesseis anos. Odiava mesmo. Só o cheiro me fazia passar mal.

-Meu primeiro porre foi aos quinze – Draco falou – Com o Blaise. Nós estávamos em uma festa nas férias...Acho até que foi a festa da Pansy. Até hoje não sei como chegamos em casa.

-Eu também odiava dançar. Acho que eu era bem chata na verdade – Gina suspirou – Daniel me deixava chata.

-Você agia como uma princesinha intocável – Draco falou rindo, mas não era uma risada maldosa. Ele estava rindo mesmo era da expressão dela – A pequena Gina não pode correr ou vai se machucar. Ninguém pode magoá-la, ou fazer coisa alguma.

-Era assim mesmo, não é? – ela o encarou – Harry e Rony me perturbaram o quanto puderam. Pelo menos meu último ano foi diferente.

-Então você bebeu e dançou? – ele perguntou sorrindo.

-Como nunca – ela sorriu para ele – Mas acho que todo mundo muda no último ano. É aquela sensação incrível de liberdade...Com o medo da liberdade.

-Foi isso que fez você querer viajar? – ele perguntou – Você não se sentia preparada para a vida pós formatura?

-Exatamente – ela pediu outra bebida para o garçom. Uma para ela e uma para Draco – Tantas opções e tanta pressão. Eu só queria passar algum tempo sozinha, pensando em mim entende?

-Eu devia ter feito isso – Draco desviou os olhos dela – Devia ter tirado esse ano de férias. Foram meses horríveis.

-Mas você passou por tudo Malfoy – ela disse sincera – Eu não conseguiria fazer metade das coisas que você fez. É sério, você cuida da sua mãe e de todas as suas coisas. Acho que eu me perderia na primeira semana.

-A pior parte foi minha mãe, ajudá-la a se recuperar. Levou um tempo, mas ela está bem melhor agora – ele virou o copo todo de uma vez.

Gina e Draco se encararam e o momento se instalou de novo. E Draco já estava pronto para beijá-la quando três garçons apareceram com o que ele tinha preparado para Gina. Ela ia morrer de vergonha.

-Champanhe por conta da casa – um deles falou e colocou o balde de cristal com a champanhe na mesa. Depois entregou a taça de Gina já enchida.

Eles estavam longe da maioria das pessoas, mas todo o restaurante estava de olho no casal. Gina quase engasgou quando viu seu anel ali no fundo do copo. Ele realmente parecia um anel de noivado. Ela pegou o anel e ficou tão vermelha quanto seu cabelo.
Draco se levantou e ajoelhou-se na frente dela.

-Quer se casar comigo? – ele perguntou e as palmas foram tão altas que ninguém percebeu que ela não tinha dito absolutamente nada.

Com uma risada maldosa Draco pegou o anel e colocou no dedo de Gina. E antes mesmo que ela pudesse se dar conta do que ele estava fazendo, os lábios de Draco foram até os seus. E não foi um beijo vulgar e rápido, ele foi lento e profundo. Ela não esperava por isso.

-Você me paga – ela murmurou, ainda sem chão.

-Tudo bem – ele riu baixinho, sentando-se de novo.

-Eu estou morrendo de vergonha – ela sussurrou, bebendo a champanhe – Você não precisava dessa cena toda.

-Sorria – ele provocou – Nós vamos casar. E o restaurante deu o champanhe.

-Bem – ela considerou – Então foi uma ótima idéia FDB. Porque isso daqui é mais caro que a nossa hospedagem.

-O melhor – ele ergueu sua taça – É simplesmente o melhor – Gina bateu sua taça contra a dele e sorriu.

O coração dela, inegavelmente, estava agitado. E ela não quis pensar naquilo, entender o que significava. Não importava, não mesmo.

***

-Sabe Malfoy – Gina falou rindo – Voce quase não fica tão insuportável quando é gentil. Quer dizer, você arrumou sorvete de limão no meio do nada.

-Eu tenho esse poder sobre as pessoas – ele disse rindo. Uma piada vinda de Draco Malfoy? Quantas mudanças.

-Sério, você precisa relaxar mais Malfoy. A vida não pode ser tão estressante se nós nos distrairmos – Gina olhou o céu – Veja só quantas estrelas.

-Olha só – ele se virou para Gina.

Eles se olharam profundamente, rostos pertos e lábios ansiosos. O potinho de sorvete de limão escorregou dos dedos de Gina, indo parar direto na calçada gelada de uma rua qualquer na Alemanha.
Eles poderiam ser qualquer pessoa. Poderiam ser você, sua amiga...E Gina ainda estava pensando e pensando nisso quando ele finalmente a beijou. E foi um beijo tão profundo e rápido e lento que ela não conseguiu evitar um suspiro.
Porque seu mundo estava finalmente encontrando um eixo, porque ela estava descobrindo que as coisas não precisavam ser impossíveis. Que ela ainda ia ser feliz, e como ia ser feliz. Draco a abraçou enquanto a beijava, sentindo as mãos dela percorrendo suas costas até o pescoço. Mas um barulho os despertou, e a magia foi quebrada de novo.
Gina olhou para o lado e arregalou os olhos. O que ele estava fazendo ali? Draco não entendeu direito porque ela olhava tão abismada para aquele garoto, mas então lembrou-se de onde o conhecia.

-O que você faz aqui? – Gina gaguejou, afastando-se de Draco rapidamente.

-Vim buscar você – ele sorriu – Resgatar você Gina Weasley.

E Draco quase o socou nesse hora. Porque Daniel não deveria estar ali, menos ainda falando que ia resgatar a garota que ele havia beijado segundos atrás.


N/A - Gente, terminei Like I Like hoje e postei a Apple. O link é:

Desculpa a demora, mas agora a coisa vai andar. Queria agradecer os email com as informações. Ajudou muuuito mesmo. O próximo cap só com muitos comentários. Espero que vocês gostem. Agora só começa a ficar melhor. Muito obrigada por todos os coments. Eu amooo muito.

Ps - Leitora pede, autora atende: Esse cap foi dedicado a Thaty Seemann

beijinhussssssssssssssssssssssss e comentem muuitoo

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