Antes de Partir



52º capítulo – Antes de Partir


 


-Perdemos tanta coisa – Luna suspirou, acomodando-se na cama de Star – Olha só! Meses!


 


-Acho que conseguimos nos atualizar, apesar de tudo – Blaise sorriu.


 


 Star e Colin estavam na escrivaninha, checando a internet e terminando todas as tarefas que o “chefe Draco” tinha passado.


 


-Vocês não vêm ajudar não? – Colin se virou e perguntou.


 


-Não! – Blaise e Luna falaram juntos, rindo.


 


-Esquece eles – Star cutucou Colin.


 


-Votação seriados – Luna começou – Vampire Diaries. Adoro o Damon... Ele é tão mau. E o Stefan é um pouco chato. Glee é demais... Gossip Girl está cada dia melhor. Quero a Jenny de volta logo. True Blood eu já disse, sou Eric eternamente. House é sem comentários... Muito bom! Dr. Chase para sempre. Ah, e 90210 é chato.


 


-Luna é até triste isso – Blaise suspirou – Sou muito mais a Kat do que a Elena. Os dois Salvatore são chatos. Glee é horrível, gente eles só cantam! Gossip Girl me deixa triste – ele abaixou a voz e começou a sussurrar – A Star compra tanto quanto aquelas meninas loucas. True Blood só dá o Bill, bem melhor que o rouba namoradas Eric. E House é bom demais, mas o Chase é meio mongo. E sim, 90210 é chato.


 


-Bones é bom também hein? – Luna sorriu – As histórias são sempre tão interessantes.


 


-Tem pouco sangue, mas eu gosto – Blaise deu de ombros – É isso então, os seriados mais importantes já assistimos. Eu tenho as temporadas dos outros, como Big Bang Theory.


 


-E agora os livros! Morganville é muuito bom. Já li até o nove, que saiu semana passada. Vampire Diaries também é muito bom. House of Night, sou total time Stark. Sookie Stackhouse é bom como o seriado. Irmandade da Adaga Negra é incrível! E Midnight Breed também, apesar de achar Irmandade melhor.


 


-Tá, eu li esses e li também Evernight, que eu só gostei do primeiro livro. Senhores do Submundo é bom também... Crepúsculo é um lixo.


 


-Não é nada! – Luna olhou ofendida para ele – Também li esses que você falou. E li Cassandra Clare. MUITO BOM!


 


-Eu concordo – Blaise sorriu – Os três livros. Muito bom!


 


 Colin e Star reviraram os olhos para os dois.


 


-E agora – Luna continuou – Temos que ler os livros de anjos. Você sabe que eles estão na moda agora.


 


-É isso baby – Blaise piscou divertido para Luna – Os anjos estão derrubando os vampiros.


 


 ***


 


Setembro


 


-A casa ficou incrível Molly – Narcissa sorriu – Eu definitivamente vou reformar a minha agora. Quantos quartos?


 


-Doze – Molly riu – Arthur fez questão, e você sabe como nossa família é imensa. Foi tudo muito rápido, um mês mais ou menos. Nada como construir com magia.


 


-Adorei a Mansão Weasley – Grysh Zabini sorriu – Sabe, às vezes ficou pensando... Foi essa maldita viagem que nos juntou.


 


-Com certeza – Florence, a mãe de Star, sorriu – E vocês, Grysh e Narcissa, quando é que vão nos apresentar os namorados?


 


-Você não conhece nossos meninos – Narcissa suspirou – Tenho certeza de que Draco e Blaise vão surtar.


 


-Homens são tão parecidos – Molly suspirou.


 


 ***


 


-Ok, sua casa ficou imensa – Luna arregalou os olhos.


 


-E muuito dinheiro sobrou ainda – Gina sorriu – Sério, todos os dias o dinheiro no banco cresce um pouco. O mundo trouxa é tão melhor que o nosso.


 


-Nem me fala – Star riu – Eu sinto saudade da comida, dos carros, das televisões.


 


-Falando em TV – Gina levantou-se de sua cama – Hermione e Violet voltam amanhã. Vão começar a se preparar para a turnê. Elas me pediram uma coisa – Gina sorriu enquanto ela e as amigas saiam do quarto – Pra guiá-las durante a turnê.


 


-O que é? – Luna ergueu uma sobrancelha. O delineador púrpura com glitter brilhando contra seus olhos azul claro.


 


-O roteiro – Star adivinhou, rindo animada – Cara esse roteiro ainda vai ficar muito famoso.


 


-Acho que ele já é – Gina deu de ombros. Elas riram juntas e voltaram para a festa.


 


 ***


 


-Ei Potter controla a raiva aí! – Draco reclamou.


 


-Deixa de ser um bebê Malfoy – Harry revirou os olhos.


 


-As meninas vão ficar tão bravas quando souberem que não estamos no jardim – Blaise falou para Colin – A minha Estrelinha vai ficar muito brava.


 


-Ele é sempre assim? – Rony perguntou para Draco.


 


-O tempo todo.


 


-Irritante! – Colin e Harry falaram ao mesmo tempo.


 


 Draco riu vitorioso quando ultrapassou Harry em uma curva fechada. Harry olhou feio para ele e continuou concentrado no jogo.


 


-Vocês dois – Blaise chamou – Acabem logo com esse jogo, Rony e eu vamos jogar futebol.


 


-E quem perder depois vai me deixar entrar – Colin lembrou.


 


-Nós também queremos jogar – os gêmeos falaram ao mesmo tempo, entrando tempestuosamente no quarto.


 


 ***


 


 Gina andou pela propriedade da família na manhã seguinte. Era cedo o suficiente para que ninguém estivesse acordado ainda. A casa ocupava muito espaço, mas eles tiveram espaço suficiente para uma piscina, uma oficina para o pai, um salão de festas e aproveitaram a área perto do lago. Dezenas de árvores estavam por todos os lugares. Era uma mansão agradável, feita para uma família grande, e cheia de novidades trouxas. Gina se sentia satisfeita, sabendo que tinha dado para os pais algo que eles nunca poderiam ter comprado.


 No entanto, algo ainda faltava. E ela sabia exatamente o que. Naquela mesma tarde chegaram todas as centenas de foto que ela mandara revelar. Todos se juntaram em sua casa para vê-las. Draco não foi.


 


-Fiz cópias de todas para nós quatro – Gina explicou para Blaise e Star – Mandei entregar na casa de vocês. E para Colin e Luna foram cópias da época em que se juntaram a nós.


 


-Você mandou para o Draco? – Star perguntou.


 


-Mandei sim – Gina suspirou – Ele não veio né?


 


-Ele não vem – Luna confirmou e segurou as mãos dela – Vocês deviam conversar, você devia dar uma chance a ele.


 


 Gina desviou os olhos da amiga e bateu os olhos em uma foto. Ela e Draco se beijando em Veneza. Seu coração se apertou. E tinham mais, tantas e tantas fotos. Eles passaram horas vendo-as. Draco usando aqueles imensos tamancos de madeira em Amsterdã. Gina e a foto da Pequena Sereia (que Draco fizera questão de tirar porque as duas eram ruivas), os quatro dançando em La Rochelle. Jogando em Mônaco. Draco e Blaise apanhando na Espanha. Fotos perdidas. Gina e Draco brigando em frente ao Coliseu, os dois correndo em uma calçada de Viena. Os dois se agarrando na Ucrânia. Eles em Luxemburgo, fotos que tiraram no trenzinho que subia a colina que tinham descido. Tantas fotos da Polônia. Eles em Praga, jantando. Fotos em dezenas de quartos de hotel, pousadas, pensões.


 Fotos deles na Bulgária, na Romênia. Todos em frente e um trem na Sérvia. Gina em cima das costas de Draco em Atenas. Todos assistindo a um show de uma banda grega. Os quatro tostando em Agria trias (a empregada tinha tirado muitas fotos). Gina dirigindo a lancha para comprar roupas em Atenas. As três garotas surtando nas compras. Eram fotos demais, lembrança demais.


 Quando já era bem tarde, e todos tinham ido embora, Gina deitou e chorou.


 


 ***


 


Monte Carlo – Mônaco (Agosto)


 


-Próximo casal! – a louca organizadora do casamento empurrou Gina para o lado de Draco. Ela respirou fundo e não o encarou, apenas segurando o braço dele como havia sido instruída, e então caminhando atentamente.


 


 Ele usava um terno de caimento perfeito, feito sob medida, e ela usava um vestido azul acinzentado com pequenos cristais em todo o corpete. Bonito, delicado... Muito Ginevra. Pelo menos a nova Ginevra, aquela com dinheiro suficiente para usar um Valentino.


 


-Você não vai nem mesmo conversar comigo – ele murmurou enquanto atravessavam o salão. Todos estavam em pé, sorrindo e fotografando. Parecia um grande circo para Draco.


 


-Apenas sorria – ela o cortou, mal movendo os lábios.


 


 Ele desistiu. Pelo menos durante a cerimônia.


 


 ***


 


 Eu queria ter a receita perfeita para uma partida sem mágoas. Transformar um adeus em um até logo, e não uma despedida. A vida é cheia de chegadas e partidas, encontros e desencontros. Nós a vivemos assim mesmo. Mas o que fazer, como agir, antes de partir...


 


  ***


 


-UCRÂNIA LÁ LÁ LÁ, UCRÂNIA VAMOS LÁ, UCRÂNIA TRÁ LÁ LÁ – Blaise e Colin entoaram juntos enquanto rodavam pela imensa pista de dança do salão de festas do hotel. Pelo menos cada um girava sozinho, e não juntos como namorados, o que beirava o cômico. Não era um hotelzinho qualquer, era o hotel para quem quisesse casar. E, logicamente, a escolha de Corinne para sua festa de casamento.


 


 Gina podia ver Star e Luna falando com antigos colegas de escola. Já ela estava tentando ficar um pouco fora do radar, principalmente porque desde q grande escapada pela Europa, Gina era a popularidade em pessoa. Todos queriam falar com ela, fazer perguntas e falar sobre Draco Malfoy.


 


-Você precisa de uma dança – Draco a puxou pela mão, rápido o suficiente para que ela não pudesse protestar.


 


Angel of Mercy


How did you find me?


Where did you read my story?


Pulled from the papers


Desperate and hardened


seeking a momentary fix


 


-Eu não gosto das lentas – ela reclamou enquanto ele a conduzia pelo salão. Blaise e Colin estavam agora cercados por suas namoradas, e a gritaria tinha acabado. Ninguém chegou a perceber.


 


 Todos estavam altamente bêbados, até o próprio casal, que no momento dançava perto dali. Corinne estava linda e tão feliz que era difícil olhar. Ela e Pietro não tiravam os olhos um do outro, como se não pudessem acreditar na sorte que tinham por terem se encontrado.


 E essa era mesmo a verdade. As almas gêmeas existem, fato, nem todos a encontram, fato. Gina não sabia se Draco era a sua alma gêmea, ela tinha certeza.


 


Angel of Mercy


How did you find me?


How did you pick me up again?


Angel of Mercy


How did you move me?


Why am I on my feet again?


And I see you


 


-Não me diga adeus – ele pediu, baixinho em seu ouvido – Não ainda.


 


 Gina deixou que ele a abraçasse enquanto fechava os olhos. Tudo era um grande borrão, todas as cores do salão e os tantos convidados.


 


-Não torne as coisas tão difíceis – ela pediu – Por favor.


 


-Eu sei que você vai embora Ginevra, eu a conheço – os dois continuavam abraçados e mesmo sem olhá-lo, Gina sabia que Draco estava com o coração partido. Ela também estava.


 


 Opostos se atraem, era o que diziam, só estavam se esquecendo do resto. E conseqüentemente se odeiam por suas diferenças.


 


-Sim, eu vou – ela não tentou negar – Só não ainda.


 


All I wanted to say


All I wanted to do


Is fall apart now


All I wanted to feel


I wanted to love


Its all my fault now


A Tragedy for sure


(Mercy – OneRepublic)


 


-Isso é um erro – ele a abraçou com mais força ainda.


 


-Nós somos um erro – ela murmurou, tão consciente dos dedos dele em suas costas, e os lábios descendo por seu pescoço.


 


 A música mudou, ela se afastou. Ginevra saiu sem olhar para trás, deixando um Draco de coração partido no meio da pista. As mãos no bolso, se sentindo um idiota enquanto via a mulher de sua vida partir.


 


 ***


 


 Nós gostamos de viver sempre no limite, explorando tudo ao máximo. Eu gostava de ser assim, acho que ainda gosto. Eu só me queimei demais. Uma ultra exposição solar, mas o dano só pode ser visto em meu coração. Pensando bem, acho que antes de partir nós devemos nos desapegar. Nos desapaixonar. Se é que isso existe. É… Acho que não!


 


 ***


 


 Os dias eram intermináveis e estúpidos. Draco mexeu no cabelo, frustrado. Semanas depois... Semanas... Ela não tinha mudado de idéia. E agora o tratava com tanta frieza que fazia seu peito doer. Ele respirou fundo, tentando se acalmar. Não precisava ficar ansioso. Em pouco tempo tudo daria certo...


 


-Hei Malfoy! – Colin deu um soquinho no ombro dele – O que você está fazendo aqui no centro?


 


-Comprando umas coisas – Draco o observou – E você? Matando trabalho?


 


-Que nada, hora do almoço – Colin sorriu – Compras na Londres trouxa?


 


-É só que a parte bruxa parece tão limitada – ele deu de ombros – Sério cara, pensa nisso... Estamos em uma cidade imensa e fazemos compras sempre no Beco. Claro que algumas coisas só serão achadas no Beco Diagonal... Mas o resto... – ele abriu os braços, quase sorrindo agora.


 


-É, o mundo trouxa é mais divertido – Colin piscou rapidamente por causa do sol forte – Um ano já né? A viagem e tal.


 


-É, um ano – Draco murmurou – Então, eu preciso comprar umas coisas. Me ajuda e depois nós almoçamos.


 


-Claro – Colin o acompanhou.


 


 ***


 


 Quando você está prestes a partir, ir embora, para sempre ou não, por muito ou pouco tempo, deve lembra-se de desamarrar todos os nós. Apague as lembranças ruins, criando algumas novas, peça desculpas, perdoe.


 


 ***


 


 Star e Luna andaram por Londres toda a tarde, comprando as coisas que iam precisar. Gina ainda estava em casa, cuidando de Avril e se sentindo miserável. As duas não sabiam o que fazer com ela.


 


-Hei meninas! – Hermione acenou. Ela e Violet estavam rodeadas de sacolas e mais sacolas – Estamos comprando muito pela primeira vez na vida.


 


-Eu adoro ser famosa – Violet suspirou e depois riu – E vocês?


 


-Algumas coisinhas – Luna desconversou – E os shows?


 


-Tudo prontíssimo para semana que vem. Estamos só deixando tudo certo em Londres, vocês sabem... Antes de partir.


 


-Nós sabemos – Star e Luna responderam juntas, rindo.


 


 ***


 


 É claro que cada um encara uma partida de uma forma. Blaise acredita que devemos nos assegurar que o dinheiro vai dar. Star acha que devemos nos despedir corretamente. Luna acha que o certo é ir no impulso, esquecer, ir embora. Colin diz que antes de partir todos devem ter um bom roteiro, e boa companhia. Draco acha que antes de partir nós devemos levar quem amamos… Eu, Ginevra, acho que todos estão certos. Você deve ter dinheiro (isso pode ser reparado ao longo do caminho), se despedir de todos os que são importantes, ou até quem não é tão importante, agir um pouco por impulso (não irresponsável, só seguindo sua intuição), você tem que ter um bom e programado roteiro e companhia (lembrando que uma companhia ruim pode se transformar em uma excelente companhia). Você não leva necessariamente quem ama, e quando isso não acontece, pode acabar amando quem levou.


 


 ***


 


 Gina continuou deitada em sua cama a manhã toda, desanimada e desmotivada. Fechou os olhos e tentou se concentrar... Precisava de um plano. Talvez Escócia... Ou Irlanda. Puxou uma caixa debaixo de sua cama e abriu seu caderninho. A última página era de Agria trias, a maravilhosa ilha grega.


 O som estéreo ecoava Árcade Fire, sua nova banda queridinha. Tirando sua música, a casa estava no mais completo silêncio. Todos estavam almoçando na nova casa de seu irmão Percy. Com um mapa e um lápis, Gina fez um novo trajeto. E então o riscou. O mesmo processo ocorreu mais dez vezes. Todas as linhas pareciam erradas, diferentes. Um ano depois de sua primeira viagem e aqui estava ela, organizando mais uma.


 Seu celular tocou. Uma mensagem de texto.


 


Abra a sua janela.  


 


 Com o coração agitado ao ver que Draco eram quem mandara a mensagem, Gina se levantou. Lá fora o sol começava a ficar mais e mais baixo, já no enorme terreno embaixo de sua janela, Gina viu algo que fez seus olhos se encherem de lágrimas em segundos.


 Em segundos estavam saindo do quarto, descendo as escadas correndo, atravessando os cômodos até a porta dos fundos. Correu pela piscina e perto do salão, até o ponto exato que ficava embaixo de sua janela. Se antes toda a área era só grama muito bem aparada, agora era um jardim repleto de tulipas vermelhas. Como as tulipas de Amsterdã. Não, eram as tulipas de Amsterdã. Eles tinham comprado sementes, muitas delas... Ginevra só se esquecera de pegá-las com Star.


 


-Eu tive que usar magia – a voz de Draco a pegou de surpresa. Ela continuou parada no meio do jardim, no meio das flores, sem se virar – Para que elas crescessem mais rápido. Avril me ajudou o tempo todo.


 


-Por que tudo isso? – sua voz soou quebrada, partida.


 


-É mais fácil perguntar porque eu não faria isso – ele deu de ombros, puro costume – Eu estava em casa, depois daqueles dias em Londres... E vi todas aquelas sementes de tulipas que nós compramos em Amsterdã, Star tinha deixado lá em casa, então eu percebi que eu só precisava cultivar direito e... Talvez, só talvez, provar que a amo.


 


-Fazendo discursos Draco? – ela se virou para encará-lo. Draco estava parado alguns metros a frente, bem no começo das flores.


 


-Por você... – ele sorriu, seu sorriso indescritível. Aquele mesmo, infalível. O sorriso Draco Malfoy... O mesmo que ele só sabia direcionar a Ginevra Weasley – Você não pode desistir de nós Gina, esquecer as coisas. Sei que está com medo, e me acha o maior babaca do planeta, eu sou às vezes... Mas eu também amo você como ninguém jamais amará. E isso significa alguma coisa, tem que significar.


 


-Você nos vê juntos Draco? – ela suspirou, triste – De verdade? Você acha que as pessoas nos vêem juntos?


 


-Eu estou me lixando pras pessoas Ginevra... – ele começou a caminhar devagar até ela – Eu estou me lixando para todos os seus mil irmãos e para os jornais. Seus amigos, os meus amigos, minha mãe, seus pais... Por que eu iria me importar com eles? Eu me importo com você.


 


-Eu não sei Draco. Eu amo você, é só que... Não vejo um futuro. Nossas vidas são tão diferentes e...


 


-Nós iremos então modificar nossas vidas – ele respondeu em tom óbvio – Vamos alterar nossas rotinas e itinerários. Vamos fazer o que você quiser, e depois o que eu quiser. Quem sabe não damos a sorte de querer as mesmas coisas? Se isso não acontecer eu posso ceder.


 


 Agora ele estava na frente dela. Seus lábios um palmo de distância.


 


-Não pense no que pode dar errado, pense em tudo o que dá certo – Draco ergueu o braço e deslizou sua mão pelo rosto de Gina, acompanhando a trilha das lágrimas que ele ainda chorava – Pense em quanto eu a amo, em quanto fomos felizes. E nós podemos ser tão felizes ainda.


 


 Gina colocou sua mão sobre a de Draco, sentindo a pele quente dele. Os dois se olharam, sorrindo.


 


-Eu amo você – ela murmurou.


 


-Eu quero casar com você – Draco tateou o bolso da calça jeans até encontrar a pequena caixinha de veludo – Corri até a Holanda quando ainda estávamos na Grécia. Fui impulsivo, mas eu já sabia Ginevra. Eu sempre soube. Você também, só tem medo das coisas.


 


 Gina prendeu a respiração quando ele abriu a caixinha. Um belíssimo solitário, uma enorme pedra de diamante azul. O anel que ela tanto gostara.


 


-Você o achou – ela o encarou, como se só o visse naquele momento – O anel.


 


-Não foi difícil – Draco sorriu levemente – Muito caro para ser comprado rapidamente. Você tem gostos caros, e excelentes.


 


-Draco eu...


 


-Não fala nada ainda tá? – ele se apressou em dizer – Eu volto antes do sol nascer. Eu gostaria de dizer que vou desistir definitivamente se você quiser, mas duvido que eu seja capaz.


 


-Espera! – Gina chamou quando ele se afastou rapidamente.


 


 Draco não virou. Um pouco mais tarde, enquanto ele dirigia para fora da propriedade dos Weasley, pensou se não deveria ter beijado-a. Não, concluiu, era melhor assim. Tudo a seu tempo.


 


 ***


 


-Narcissa o que você está fazendo? – Grysh arregalou os olhos enquanto entrava na Mansão Malfoy. Ela ainda não tinha idéia do que o filho estava aprontando, mas algo lhe dizia que não era coisa boa – Eu ando tão preocupada com o Blaise. Draco também está estranho?


 


-Ele não está ficando em casa – Narcissa atirou a revista que lia no chão e pegou outra – Sente-se aqui Grysh, estou procurando os móveis para o quarto dos meus netos.


 


-Netos? Que netos? – Grysh perguntou histérica – Ginevra está grávida?


 


-Não ainda – Narcissa respondeu calmamente – Eu consultei aquela vidente e já tenho tudo o que preciso saber. Quatro netos – Narcissa sorriu – Um casal de gêmeos loiros e uma menina e um menino ruivo.


 


-Ah que adorável – Grysh começou a folhear outra revista – Também quero consultá-la, já me preparar para os filhos de Star e Blaise. Eles serão umas pestes, tenho certeza. Você lembra como Blaise me enlouquecia?


 


 As duas mulheres riram.


 


-Para meus netos ruivos cores pálidas nos lençóis, nas roupas... – Narcissa explicou – Já estou imaginando todo o enxoval. Para os loiros cores alegres. Turquesa, lavanda.


 


 ***


 


 Gina passou horas debruçada nas fotos, perdendo muito tempo naquelas em que aparecia com Draco. E eram tantas. Tantas fotos de beijos, sorrisos e risadas. Tanta diversão e amor, escritos em seus rostos... Doía um pouco imaginar quão errado tudo tinha dado. Ela olhou o anel em seu dedo.


 As coisas, no entanto, não precisavam dar errado. Ela colocou no rádio o cd que Luna lhe dera. Uma música boa e… De repente ela soube! Tudo daria certo.


 


Maybe this time, I'll be lucky
Maybe this time, he'll stay
Maybe this time,
For the first time,
Love won't hurry away.
(Maybe This Time – Glee)


 ***


 


 Rony e Harry assistiram, embevecidos, Violet e Hermione gravando no estúdio. Sean, o empresário, não parava de sorrir ao telefone. A turnê estava programada, os ingressos esgotados e no dia seguinte as duas fotografariam para a Rolling Stones. No outro dia estaria na W e depois na Vogue.


 


 ***


 


 Exatamente quatro e meia da manhã Draco escalou a janela de Gina. Um trabalho malditamente difícil, a propósito. Para sua surpresa, ela estava muito acordada encostada na cabeceira da imensa cama. Os olhos verdes neon brilhando na fraca luz do quarto.


 Draco entrou pela janela aberta.


 


-Eu não consegui dormir – Gina sorriu e se levantou – Fiquei vendo todas essas fotos. Percebi uma coisa.


 


-E o que é? – ele sorriu também.


 


-Eu tirei muita foto.


 


 Os dois riram juntos, divertidos.


 


-Brincadeira – Gina se aproximou – Eu acho que devemos tentar.


 


-Que bom...


 


 Draco segurou o rosto dela em suas mãos antes de beijá-la. Seu coração se derretendo, depois virando pó e então fumaça. Ele beijou o rosto dela, os lábios de novo, e então o pescoço. Ele não podia ter o suficiente dela. Gina se agarrou a ele com força, as mãos passeando em seus braços musculosos e ainda bronzeados pelo tempo na Grécia. Ele a agarrou pela cintura enquanto Gina rodeava o corpo dele com suas pernas esguias. Os dois caíram na cama, beijando-se tão intensamente... E ao mesmo tempo com tanta familiaridade, que era como se Draco nunca tivesse partido.


 


-Eu amo tanto você... – ele murmurou e ela tremeu. De verdade.


 


-Eu também amo você – ela o beijou profundamente, e tremeu de novo – Credo, eu pareço aquelas protagonistas dos livros da Luna.


 


 E ainda assim Gina tremeu de novo quando Draco tirou sua roupa inteira, e mais ainda quando os dois fizeram amor. Duas vezes.


 


-Tenho uma proposta Ginevra Weasley – Draco sorriu para ela enquanto se trocava – Já que você aceitou meu pedido...


 


-Ainda que não agora – ela lembrou – Casamento só em alguns anos.


 


-Claro, claro – ele balançou a cabeça – Bem... Eu vim aqui por outro motivo também. Vim te dar isso.


 


 Gina terminou de abotoar sua calça jeans e segurou o caderno que Draco lhe estendia. Era o caderninho dele, aquele que ele nunca largava. Ela o abriu, ansiosa. Lá dentro um itinerário. Escócia, País de Gales, Austrália, Nova Zelândia e América. Tudo anotado, informações e detalhes.


 


-O que você está dizendo? – ela sorriu, e mesmo sem se olhar no espelho, sabia que seu sorriso estava ficando maior e maior a cada segundo.


 


-Eu estou te convidando para a viagem da sua vida – Draco se aproximou dela sorrateiramente – São tantos continentes inexplorados, tanto a se ver... E fotografar.


 


-Mas meus pais e... – Gina balançou a cabeça. Agora seus olhos pareciam ter vida própria. Verdes ofuscantes.


 


-Pense bem, você já cuidou de tudo. Ajudou seus pais, seus irmãos... Não deixou nada a ser feito. A vida segue seu curso sabe, as coisas vão se ajeitando – ele deu de ombros – Nós temos que vivê-la. Fuja comigo Ginevra Weasley. Fuja para que possamos conhecer o mundo. De modo trouxa, é claro.


 


-Sim, sim, sim! – ela correu e pulou no colo dele – Só me dê um segundo para as malas.


 


 ***


 


 Esqueçam os planos, esqueçam a dor. Antes de partir você deve... Não acho uma resposta leitores, então é provável que não haja uma resposta. Dura verdade, para todos que acompanharam essa louca maratona de países e altos e baixos. Corações partidos e almas gêmeas, sorrisos e lágrimas.


 


 ***


 


-Vou sentir saudades deles – Luna suspirou, deitando a cabeça no ombro de Colin – Vou mesmo.


 


-Assim que tivermos umas férias viajamos até onde eles estiverem – Colin lembrou – O importante é que tudo o que tinha que ser feito foi feito e a viagem deles será perfeita.


 


-Sabe Colin, eu realmente gosto da idéia de morarmos juntos.


 


-Sério? – ele sorriu – De verdade mesmo? Sem esconder do seu pai?


 


-Sim – ela se levantou, apoiando-se em um cotovelo – Uma jornalista e um fotógrafo de sucesso. Somos uma dupla muito boa.


 


-Definitivamente... – ele murmurou enquanto se movia para cima dela e a beijava com força. Lá fora o sol começava a nascer.


 


 Mais um dia. Quase um dia comum... Quase... Seria comum se eles não fossem Luna Lovegood e Colin Creevey. Mentira, não existem dias comuns, apenas pessoas que não enxergam todas as maravilhas.


 


 ***


 


 Avril estava muito acordada quando sua tia Gina e o moço dos jornais desceram as escadas silenciosamente, e com duas malas, e saíram da casa. No dia seguinte, no café da manhã, ela contou o que viu. Arthur balançou a cabeça, Molly sorriu, Fred e Jorge deram de ombros, Carlinhos e Gui fecharam a cara, Percy comemorou o namoro da irmãzinha. Fleur sorriu com a sogra. Harry ficou inconformado. Hermione e Violet não esconderam o contentamento com o desenrolar da história. Já Rony... Bem, ele foi mais difícil. Teve um ataque e saiu tempestuosamente da mesa.


 


-Vovó – Avril chamou, sua voz soando alta agora que todos estavam em silêncio – Por que o tio Rony grita como uma menininha?


 


 Todos riram por quase uma hora. Os apelidos não demoraram a chegar e anos depois ele ainda era chamado de “menininha” pelos irmãos.


 


 ***


 


 Gina e Draco correram de mãos dadas pelo gramado. Correram sem olhar para trás, sem amarras. Juntos agora, juntos para sempre. Estava definido, escrito, decidido. Enquanto corriam o sol começava a subir graciosamente, mas ainda era possível ver a lua. Sol e lua dividindo o mesmo espaço.


 O cabelo ruivo balançava vigorosamente, agora mais comprido, o cabelo loiro de Draco caiu nos olhos. Loiro e ruivo. No céu era como se a escuridão pudesse tocar os raios de sol, eles pareciam se abraçar.  Sol e lua.


 


-Olha isso – Gina parou de correr e olhou o céu – Dá pra acreditar nessa imagem?


 


 Draco encarou o céu brilhante. Ainda podiam ver algumas estrelas brincando entre os raios de sol. Ele beijou Gina com fome, e paixão. O amor deles não era uma hipótese, não era patético. Era como uma agradável super onda de choque. Era ter todas as partículas do corpo preenchidas com aquilo... Era um amor para a vida inteira. Eles sabiam.


 


-Vamos – eles voltaram a correr.


 


 Em uma daquelas imagens perfeitas que ficam memorizadas para sempre. Eles correram por liberdade, não rebeldia, eles corriam em sintonia, não desarmonia, eles estavam apaixonados. Já era possível ver o portão da propriedade.


 Do lado de fora um conversível preto os aguardava. Star e Blaise nos bancos da frente.


 


 ***


 


-Eles estão vindo – Blaise segurou a mão da namorada – Draco disse que era rápido. Eles demoraram mais de uma hora.


 


-Não seja implicante Chambinho – ela sorriu, mexendo no rádio e procurando uma estação boa – Olha como estão lindos juntos.


 


-Eu realmente gostei desse carro. Conversível para os dias de calor e confortável – Blaise segurou a direção – Não podemos esquecer das cartas de explicação.


 


-Mandamos elas quando chegarmos na Escócia – Star sorriu, imaginando o que ainda estava por vir. O que ainda iam ver.


 


-Amiga! – Gina gritou. Star desceu do carro e elas se abraçaram.


 


-Vamos Girinho, não queremos ter sua família nos caçando – Blaise sorriu – Uma viagem nos espera.


 


-A viagem das nossas vidas! – Gina e Star falaram juntas.


 


 Star voltou para o banco do passageiro e Gina e Draco pularam no banco de trás. Como se estivessem em sincronia, os quatro colocaram seus óculos de sol ao mesmo tempo. Blaise ligou o carro e o motor rugiu alegremente. Star colocou um cd no rádio. Foi uma imagem e tanto, mais uma vez.


 


-Primeira parada – Gina agitou o caderninho nas mãos – Escócia!


 


-E depois disso... – Blaise sorriu enquanto guiava o carro rumo a estrada que os levaria até a fronteira.


 


-O MUNDO! – eles gritaram em uníssimo. Quatro vozes contra o vento da manhã. Quatro almas... Quatro corações. Era só o começo.


 


 No rádio, uma música começou. Era como uma afirmação, a última certeza. A letra daquela música era aquele momento... Era a sensação de felicidade plena, era a certeza de que estavam no caminho certo. Porque, devo acrescentar, o caminho para a felicidade geralmente segue por estradas sinuosas, mas, em alguns casos, percorre belíssimos caminhos.


 Cabe a você descobri-los. E percorrê-los. Não garanto a vocês uma viagem perfeita, mas o ponto final é, sem dúvida nenhuma, tudo aquilo que esperam.


 Um vento suave lançava seus cabelos ao vento, e o sol começava a brilhar como um imperador no céu. As árvores iam passando, caminhos percorridos, tudo estava sendo deixado para trás.


 


-Forget your troubles – Star cantarolou, sua voz sendo levada com o tempo.


 


-Happy days... – Gina completou enquanto segurava com força a mão de Draco.


 


Forget your troubles; happy days
C'mon get happy; are here again
You better chase all your cares away
The skies above are clear again
Shout hallelujah; so let's sing a song
Get ready for the judgment day
Happy days are here again

The sun is shining, come on get happy
Shout it now there's no one
The lord is wait to take you're hand
Shout hallelujah; so let's tell the world
And just get happy; about it now
We're going to the promise land
Happy days are here again
(Happy Days Are Here Again – Glee)


 Eu não descobri todas as mil respostas perdidas pelo universo, mas consegui as minhas respostas. Antes de partir você deve se deixar levar pelo seu belíssimo noivo em um conversível pelas estradas do Reino Unido, sempre na companhia de grandes e únicos amigos. Então você pega um avião e viaja para outros continentes e vê mais e mais coisas e fica feliz a ponto de imaginar se não está sonhando. Então percebe que a realidade é bem melhor que sonhos, porque a realidade te dá beijos e diz que te ama. E você sorri, tão feliz que chega a doer, e sente saudades de casa. Mas sabe que ainda vai voltar, não agora, mas vai voltar. Então sorri mais uma vez, sorri ao mundo. Feliz, tão feliz que é difícil explicar. E percebe que sorrir é uma maneira de explicar, a mais bela, só não tão bela quanto ouvir Draco Malfoy dizer que você é a mulher da vida dele. E acreditar nele, porque é verdade.

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