Capítulo 29



Capítulo 29


Música: Love Gives, Love Takes – The Corrs

Just when I thought I was safe
You found me in my hiding place
I'd promised never again


O sol brilhava alto naquela tarde de sábado, onde vários alunos de Hogwarts, do terceiro ano pra cima, estavam caminhando, rindo, conversando e comprando animadamente no povoado de Hogsmead.
Os pássaros voavam animados, piando incessantemente, pousando vez ou outra sobre o parapeito de alguma casa ou pequeno prédio.
O clima de felicidade era quase papável no ar, contagiando a todos os moradores da pequena vila, onde faziam questão de colocar suas melhores roupas de fim de semana para dar uma volta pelas ruas pequenas e tortas do vilarejo, juntando-se aos alunos, algumas vezes, em conversas animadas sobre como estavam sendo as últimas semanas de aulas e, principalmente, como fora àquela última semana, onde houvera os últimos testes do ano.
O Três Vassouras nunca parecera tão animado e lotado quanto naquela tarde ensolarada de verão, o qual prometia ser um dos mais quentes dos últimos anos.
A mesa ao fundo, no canto do bar, era a que produzia mais gargalhadas e vozes se elevando em empolgação, enquanto algum de seus ocupantes contava alguma piada ou fato engraçado.
-E o que isso tem a ver com o quê, Brian? – Melissa perguntou, quando finalmente conseguiu se recuperar do ataque de risos; Brian poderia ter umas piadas ou comentários cretinos quando queria, mas que não deixavam de ser engraçados.
O moreno deu de ombros, enquanto bebia um longo gole de sua cerveja amanteigada.
-Não faço a mínima, mas eles gostaram. – respondeu, indicando Harry, Gina, Rony, Hermione, Joe e Hillary.
-Brian, ás vezes você é a pessoa mais estranha que eu já conheci. – Gina resmungou, enxugando as lágrimas de risos que escorriam por seu rosto.
Harry, que estava ao seu lado, inclinou-se levemente, apoiando seu peso sobre o braço que descansava sobre o encosto da cadeira da ruiva, aproximando os lábios do ouvido dela e murmurou, num tom onde somente a ruiva poderia ouvir:
-Não tão estranho quanto o seu amigo aqui. – Gina não pôde deixar de sentir um arrepio subir por sua espinha, ao sentir o hálito febril do moreno tocar levemente a pele á baixo da sua orelha, como numa caricia.
Sorrindo de canto, encostou-se melhor no espaldar da cadeira e cruzou os braços sobre o peito, virando o rosto, de modo que fez com que sua boca ficasse separada da de Harry por milímetros.
-Que você é estranho eu sei, Har. – sorriu ao ver a careta que o Menino Que Sobreviveu fez perante o mais novo apelido que a ruiva havia lhe dado. – Mas, convenhamos, o Brian é diferente.
Harry franziu o cenho, segurando-se para não beijá-la ali mesmo; ansiando por lhe experimentar os lábios vermelhos e macios mais uma vez.
-Posso saber por quê? – ele perguntou e Gina sorriu, antes de se inclinar, de maneira que seus lábios roçaram o lóbulo da orelha de Harry.
-Porque eu nunca vi o Brian como um garoto. – riu provocante, o que fez com que um arrepio de excitação subisse pela coluna de Harry. – Ou, melhor ainda, nunca sequer pensei em beijar o Brian, como estou cogitando te beijar agora.
Harry sentiu a boca ficar seca e o coração bater descompassado; as mãos formigando, num pedido de tocá-la mais intimamente do que estava fazendo; a palma quente pousada no antebraço macio.
-Se você ver bem... – respondeu, a voz saindo mais rouca que o normal. – Não há nada que te impeça de me beijar agora. – sorriu de canto, antes de mordiscar levemente o lóbulo da orelha dela. Nenhum dos outros parecia notar essa troca de provocações entre os amigos. – Eu mesmo adoraria ter a honra de te beijar novamente.
Ela riu novamente ao pé do ouvido dele, de uma maneira que o estava deixando doido.
-Vai sonhando, Har. – ajeitou-se e depositou um beijo no espaço entre a boca e a bochecha dele. – Não vai ser tão cedo que a gente vai se beijar novamente. – ele suspirou e fez uma cara de coitado. – Talvez depois que eu virar umas três taças de Martini e estiver completamente bêbada. – e piscou um olho para ele, que riu.
-Aceita que eu te pague algumas bebidas, madame? – perguntou e Gina gargalhou, o que finalmente atraiu a atenção dos amigos, que pararam de rir para prestar atenção no flerte dos dois.
-Harry, você é cara mais pervertido que eu já vi! – fora a vez dele de gargalhar; ambos pareciam não perceber que tinham uma pequena platéia.
-Ei, não me condene por querer agradar uma linda garota. – ela sorriu, irônica.
-Então, me mantenha sóbria, por que te beijar não vai me agradar. – pequenos ‘ui’ e ‘ai’ soaram na mesa, vindo dos garotos, enquanto as meninas soltavam risadinhas.
Harry riu e abaixou a cabeça, pensando, mesmo que um sorriso brincasse em seus lábios.
Quando ergueu a cabeça, Gina engoliu em seco ao ver o brilho maroto nas íris incrivelmente verdes.
-Talvez, então, você queria um ‘algo mais’. – Rony fingiu que não era com sua irmã mais nova, enquanto Hillary e Melissa trocavam olhares maliciosos. Os outros somente riram. Gina parou de sorrir, dando lugar a uma expressão totalmente maliciosa.
-Sabe, Harry... – descruzou os braços e virou-se sobre a cadeira, de modo que ficasse de frente para o moreno; seus joelhos roçavam no dele. Pousou uma das mãos na coxa forte, um pouco á cima da metade desta. Harry não pôde conter o arrepio que percorreu seu corpo e Gina notou isso.
-Sim? – Gina completou sua expressão com um sorriso maldoso.
-Seria realmente muito bom ver se o que quase todas as garotas da escola falam sobre você, é verdade. Mas... – apertou levemente a perna dele, que se empertigou, o que arrancou risadas maliciosas das garotas e risadas zombeteiras do meninos. Gina molhou os lábios com a pontinha da língua, gesto o qual o moreno seguiu com os olhos. – Seu Junior aí é pequeno demais para mim.
O moreno piscou os olhos algumas vezes, absorvendo a informação. Risadas soavam ao arredor de ambos, que pareceram notar finalmente que tinham a atenção dos amigos; Harry engoliu o comentário maldoso que tinha na ponta da língua e deu de ombros.
-Vou guardar meu comentário pessoal para mim mesmo. – ele respondeu simplesmente, lançando um breve olhar significativo para a ruiva, indicando o que queria dizer. E ela entendeu; mas se aquele filho da mãe se atrevesse a falar qualquer coisa sobre aquela noite, ela jurava que aí, então, o amiguinho dele ia ficar pequeno demais.
Suspirou pesadamente.
-Acho muito bom. – resmungou, antes de se ajeitar sobre a cadeira e, sorrindo, olhou para Joe. – Ei, loiro aguado, paga uma rodada para gente? – ele franziu o cenho.
-Por que eu? – Gina deu de ombros.
-Porque você é o riquinho da turma. – o loiro bufou, enquanto ajeitava o braço ao arredor dos ombros de Hillary, que sorria divertida.
-E o que eu ganho em troca? – Gina sorriu, maliciosa.
-Aí já não é mais meu departamento. – e olhou para a amiga morena, que corou. Joe riu e, suspirando pesadamente, se levantou, indo até o balcão.
Hillary cruzou os braços sobre a superfície da mesa e inclinou o corpo para frente, encarando a ruiva com um ar sério.
-O que, diabos, você quis dizer com isso? – perguntou, erguendo uma sobrancelha em confusão.
-Exatamente o que essa sua mente pervertida está pensando. – Brian respondeu pela ruiva, antes de virar o resto de sua bebida de um gole só.
-Eu não vou dar nada para o Joe. – Hillary respondeu, mal humorada, fazendo um sorrisinho malicioso surgir no canto dos lábios de Gina.
-Tudo bem, então, coração, mas não venha se fazer de vitima pra cima de mim quando eu retribuir o favor para o Joe. – provocou, onde arrancou uma bufada da morena, que se recostou na cadeira bruscamente, cruzando os braços em frente ao peito, enquanto fuzilava Gina com os olhos.
-Cara, por que eu ainda sou tua amiga? – perguntou simplesmente, fazendo todos rirem.
-Mas me digam... – Brian começou, aproximando-se de Melissa com um sorriso curioso no canto dos lábios. – Como foi gastar o MEU dinheiro com MAIS UM vestido? – Melissa, Gina e Hillary riram.
-Foi ótimo. – Gina respondeu, cruzando as pernas num gesto gracioso. Sorriu. – Nunca comprei tantas coisas caras.
-Dessa vez, eu sou obrigada a concordar. – Melissa disse, balançando a cabeça de cima para baixo, dando mais certeza ao que dizia. – Nunca que eu vi a Gina se aproveitando tanto da sua herança, Brian.
-Folgada. – o moreno resmungou, mostrando a língua para a Caçula dos Weasley’s, que riu.
-Você sabe muito bem, Brian, que quando eu me formar e tiver meus rios de dinheiro, eu vou te mimar até que o valor que eu te devo, seja este qual for, esteja pago. – o moreno riu.
-Eu sou mais fã da idéia de você me dar o dinheiro vivo e eu aplicá-lo como preferir. – Gina fez um bico, enquanto Melissa ria.
-Merlin, eu estou namorando um mercenário. – ela resmungou entre uma risada e outra. O moreno deu de ombros, enquanto brincava com seu copo vazio.
-Exatamente o mercenário que vai impedir que você fique pedindo dinheiro pro seu pai toda vez que for demitida de um emprego por botar fogo na bunda de meia dúzia de neguinho. – todos gargalharam.
-Sua sinceridade é comovente! – Rony conseguiu exclamar entre uma risada e outra. Brian ergueu o copo vazio, como em um brinde.
-São certas convivências. – ele respondeu, sorrindo irônico na direção de Gina, que fez uma cara de fingida surpresa.
-Agora eu tou passada! – ela exclamou, ajeitando-se e colocando a mão no colo; a expressão surpresa somente aumentando a cada segundo. - Desde quando EUZINHA aqui sou sincera a ponto de ser comovente?
-Tem razão. – Hillary resmungou, fazendo um gesto displicente com a mão, com fingido desaforo. – Você é mais falsa do que a Chang. – Gina bufou e deixou os ombros caírem.
-Agora eu me ofendi de verdade. – ela resmungou simplesmente, fingindo que enxugava uma lágrima no canto dos olhos, antes de se ajeitar de modo que pôde esconder o rosto no ombro de Harry; o homem mais próximo, ela pensou, tentando ignorar o coração disparado e o cheiro inebriante do perfume dele. Fingiu um soluço, mas não pôde fingir que não sentiu vários arrepios subirem por sua coluna quando a mão de Harry pousou ao lado de seu corpo e os lábios dele se aproximaram de seu ouvido.
-Você pode ser tão falsa quanto a Chang, Gin... – ele começou num tom de voz mais rouco que o normal, que fez o som das risadas e conversas ao arredor, simplesmente sumir para a ruiva. – Mas você tem uma coisa que ela não tem.
Gina ergueu a cabeça; os lábios entreabertos em curiosidade, mas que Harry considerou como um convite silencioso para prová-los. Os olhos estavam brilhando em pura surpresa, pois não esperava que o moreno fizesse algo que não fosse rir.
Nenhum dos dois percebeu o quão próximo suas bocas estavam.
-E o que seria? – conseguiu balbuciar, ofegante, sentindo a mão do moreno fazer um leve carinho na lateral do seu corpo, deixando um rastro de fogo por onde passava.
Inferno! Por que esse idiota tinha que ser tão perfeito? Mesmo que já tivesse experimentado o toque dele uma vez, não podia deixar de se perder no meio dos novos carinhos que ele fazia, como se fosse a primeira vez que sentia todas aquelas sensações maravilhosas nos braços dele. Como se ainda fosse a idiota que não fazia a mínima idéia do que estava perdendo por querer despachá-lo.
Mas agora ela sabia exatamente o quê estava perdendo; pior, sabia que somente nos braços dele teria aquela sensação. A sensação de estar sendo tocada pela primeira vez por ele, quando já era a segunda. Como se Harry ainda tivesse muito que lhe oferecer.
Era como se ele soubesse que toda vez que eles ficavam próximos daquela maneira, ela pensava fixamente no fato de que teria que ia embora para Los Angeles logo após o baile e que teria que evitar se envolver de qualquer maneira com ele, desde que não fosse amizade. Mas era como se ele lesse sua mente e soubesse desses pensamentos, pois ele parecia disposto a tentar uma reaproximação amorosa com ela, onde a fazia sentir-se cada vez mais insegura em relação ao fato de dar brechas para ele, mesmo que brincando. Ou ainda, para o fato de que na maior parte do tempo estava á sós com ele.
Diabos, ele fazia parecer que sabia que ela ia embora e que queria dar um jeito de fazê-la ficar.
A resposta para sua pergunta fora completamente esquecida; íris verdes estavam presas nas amêndoas; os lábios ansiavam por se tocarem uma última vez, antes que pudesse ser tarde demais.
Aproximou-se levemente dele, onde fez com que as bocas se roçassem.
-Da próxima vez eu pago e você pega a bebida, Gina! – a voz de Joe veio de algum lugar muito distante no cérebro da ruiva, mas fora o suficiente para que ela se lembrasse de quem estava ao seu arredor e onde ela estava. O mesmo pareceu acontecer com Harry, uma vez que ambos se afastaram, assustados.
Gina ajeitou-se, a tempo de ver Melissa fuzilando Joe com os olhos, enquanto o loiro parecia finalmente se tocar da besteira que fizera.
-Eu... – Harry começou, ofegante, enquanto sua mente trabalhava ansiosa, a procura de alguma desculpa plausível para que pudesse sair. – Eu... Acabei de lembrar que esqueci de comprar um negócio. – pigarreou. – Vejo vocês em Hogwarts.
E antes mesmo que alguém pudesse falar qualquer coisa, o moreno já saia pela porta do bar.

I wouldn't give my heart but then
Closer, closer I moved near you
The way I want you makes me fear you


-Eu não acredito que meu namorado seja tão burro a ponto de não perceber a idiotice antes de fazê-la. – Hillary resmungou, baixinho, para Melissa, que pintava as unhas com um aceno de varinha, tentando decidir-se pela cor, enquanto Gina estava no banho.
A loira suspirou.
-Joe é meio completamente desligado, Lary. – respondeu, decidindo-se finalmente da cor das unhas. Bufou. – Tudo bem que ele poderia ter tentado ter um pouquinho mais de atenção quando se trata de Harry e Gina, com um pouco de álcool nas veias, mais alegres que o normal e, pior, um do lado do outro. Tenha certeza de que se eles estivesse sozinhos, eu não duvidaria se rolasse muito mais que meros beijinhos.
Hillary riu, enquanto arrumava algumas mechas de seu cabelo, parada na frente do espelho, com as mãos.
-Não sei... Por um momento pensei que a Gina iria beijar o Harry como um tipo de despedida, sabe? Como se ela quisesse ter uma outra lembrança dele, antes de ir embora. Aliás, quando ela vai partir? – Melissa ergueu-se e caminhou até o lado da morena, começando a arrumar seus cabelos.
-Não faço idéia. – ela resmungou, visivelmente mal-humorada com esse assunto. – Por mim, eu fazia essa ruiva ficar por aqui e ter uma longa e sincera conversa com Harry.
-Conversa a qual já aconteceu e saiu simplesmente amizade. – a voz do assunto da conversa chegou ao ouvido das duas amigas, que tiveram um sobressalto, antes de virar-se para olhar para a amiga, parada na porta do banheiro, com uma toalha felpuda ao arredor do corpo. – Não quero nem pensar as barbaridades que vocês falam de mim quando eu estou do outro lado do castelo. – completou, com um sorrisinho, mostrando que não ficara chateada com o fato das amigas estarem falando dela.
-Não falamos tantas coisas ruins assim. – Melissa respondeu, dando os últimos retoques nos cachos loiros. – Somente divagamos como você pode ser tão falsa, mesquinha, chata, nojenta...
-Ta, ta, já entendi. – Gina resmungou, caminhando até seu malão e pegando suas peças intimas. – Saquei: vocês me odeiam.
-Não te odiamos. - Hillary respondeu, com um quê de brincadeira na voz. – Somente não conseguimos te suportar por muito tempo.
-Claro, da mesma maneira que não me suportaram no Três Vassouras hoje cedo. – a ruiva revidou, enquanto enrolava um roupão ao arredor do corpo seminu, antes de se levantar e ir até a frente do espelho, começando a juntar os cachos rubros, tentando decidir-se por qual penteado usar. – Até ofendida eu fui! – exclamou, indignada, olhando para Hillary pelo espelho. – Chang! Hunf!
Hillary riu, enquanto Melissa somente balançava a cabeça, divertida.
-Ei, não tenho culpa que você é tão falsa quanto ela. – Gina arregalou os olhos e soltou os cabelos de entre os dedos, antes de girar sobre os calcanhares, encarando a amiga, boquiaberta.
-Cara, tu é muito exagerada! – exclamou, bufando. – Eu sou falsa, admito, mas não é para tanto, coração. – Hillary deu de ombros, desdenhosa.
-Acabou de ser. – as três riram.
-Mas nos conte, Gininha... – Melissa começou, enquanto separava as jóias que usaria, olhando das peças para o vestido, esticado sobre sua cama, combinando-as. – Por que você não terminou de agarrar o Potter, mesmo depois que o Joe chegou?
Gina suspirou, enquanto caminhava até sua cama, tirava seu vestido de dentro da sacola e o esticava sobre sua cama, olhando-o atentamente, pensando em que penteado usaria e, ao mesmo tempo, pensando no que responder.
-Porque não era para nos agarrarmos ali e ponto. – respondeu, por fim, voltando para frente do espelho, levando consigo uma caixinha, onde continha as coisas que ia precisar para fazer maquiagem.
-E isso significa que vocês vão se agarrar no baile? – Hillary perguntou, pintando e acertando as unhas com um aceno de varinha.
Gina bufou, enquanto passava blush.
-Não, Lary! Isso significa que nunca mais vamos ter qualquer coisa que saia dos padrões normais de melhores amigos. E isso inclui hoje no Três Vassouras, daqui a pouco no baile ou seja o que for. Nunca mais vamos ter qualquer coisa que não seja amizade. – completou, sentindo o peito se apertar diante a última frase.
-Boba. – Melissa e Hillary resmungaram juntas, enquanto davam os últimos toques nas próprias aparências.
Gina suspirou pesadamente.
-Não sou boba. – resmungou, baixinho. – Somente não quero acordar amanhã e saber que tive o melhor baile da minha vida e que poderia continuar tendo tudo o que Harry tem a me oferecer por mais alguns meses e tudo o que fiz com isso foi jogar fora. – puxou o ar com força para conter as lágrimas, que começavam a encher seus olhos. – Simplesmente me recuso a sofrer por ele.
Melissa suspirou e caminhou até a ruiva, parando atrás dela e pousando as mãos sobre os ombros da amiga, massageando-os.
-Você já está sofrendo por ele, Gina. – respondeu, antes de abraçar a amiga por trás e pousa o queixo no ombro dela. – Você goste ou não, está sofrendo por saber que o simples fato de ir até ele e dar qualquer sinal, pode fazê-lo te fazer um pedido de namoro ou qualquer coisa do tipo e que tudo o que vai fazer é dispensar. Está sofrendo por saber que essa pode ser sua última chance. Sofrendo por saber que o que você está preste a fazer, ir embora para Los Angeles novamente, vai feri-lo e do jeito que ele é orgulhoso é capaz de tentar te esquecer. E você tem medo de que ele consiga te esquecer, mas tudo o que você consiga é amá-lo cada vez mais, mesmo estando morando do outro lado do oceano.
Uma lágrima escorreu solitária pelo rosto da ruiva, que simplesmente abaixou a cabeça, pensativa.
-Droga, Mel. – resmungou, virando-se de frente para a amiga e a abraçando. – Eu simplesmente não consigo ir até ele, desistir dos planos que passei o ano todo arquitetando e dizer a ele o quanto o amo ou o quanto preciso de somente um sorriso dele direcionado a mim todos os dias. Simplesmente não consigo deixar de amá-lo, mas também não consigo esquecer tudo o que ele já me fez sofrer. E, sabe, ele nunca sequer me pediu uma desculpa, nem indiretamente. – agora, as lágrimas corriam livremente por seu rosto. – Eu não consigo fazer meu amor por ele, superar a magoa de anos. – soluçou. – Me conformei em ter que ter somente a amizade dele pelo resto da minha vida. Talvez, meu destino não seja ser feliz ao lado do Harry.
-E vai ser ao lado de quem? – a loira perguntou, acariciando os cachos ruivos. – Você já não conta mais com o Joe á sua disposição como antes; assim como não tem mais qualquer disposição para tentar achar outro garoto que lhe agrade no momento, pelo mero motivo de que ninguém vai conseguir te fazer rir como o Harry faz; ninguém vai conseguir fazer seu coração disparar somente por entrar no mesmo cômodo que você, como o Harry; ninguém vai conseguir te fazer sorrir tão verdadeiramente como o Harry; ninguém mais, além do Harry, tem o poder de te fazer feliz, Gin, e de te completar com tanta perfeição, que chega á dar inveja em outras garotas. Gina... – afastou-se um pouco da amiga, de modo que pôde olhá-la nos olhos. – Você não está sendo feliz ao lado de Harry Potter, somente por que não quer tentar. Por que está com medo de sair mais machucada do que já está. – suspirou e sorriu levemente para a amiga. – Mas pense, querida: imagine você, solteirona, com noventa anos, sentada na sua cadeira de balanço, imaginando como teria sido a sua vida se tivesse dado uma oportunidade ao Harry de te provar que te ama tanto, a ponto de poder se esquecer das outras garotas e começar a ser fiel a uma só. Você quer morrer, quando estiver velhinha, sabendo que jogou toda a sua felicidade ralo á baixo, somente por que teve medo?
-Você fala isso por que tem o Brian. – foi tudo o que a ruiva conseguiu falar entre as lágrimas, fazendo Melissa sorrir.
-E você acha que eu nunca senti medo de perdê-lo, antes mesmo de tê-lo? Ou que eu não temi nunca mais poder beijá-lo e tocá-lo quando brigamos naquela vez, por causa da sonserina idiota? – riu. - Gin, é normal sentir medo de algo que não está ali, na sua frente, escrito, comprovado. É normal sentir medo de confiar nos sentimentos dos outros, por que não o está sentindo junto com a pessoa. Mas qual a graça da vida, se não tiver sofrimentos de vez em quando? Qual a graça da vida se não houver alguns riscos? Algumas lágrimas?
Gina suspirou pesadamente, antes de se separar da amiga e secar as lágrimas com as costas da mão.
Balançou a cabeça de um lado para o outro.
-Eu não sei, Mel. – sorriu tristemente. – Só sei que, por enquanto, continuo com a mesma opinião que tinha antes, de que vou embora. – Melissa a repreendeu com os olhos. – A não ser que Harry me dê algum motivo para ficar. – e virou-se novamente para o espelho, arrumando-se.

Loves breaks and love divides
Love laughs and love can make you cry
I can't believe the way


A cada minuto que passava, mais vazio ficava o Salão Comunal de Grifinória, onde fazia cada um daqueles quatro jovens crerem que seriam os últimos á chegar ao Salão Principal naquela noite, para o baile.
Por quê, diabos, as mulheres demoravam tanto para se arrumarem?, era a pergunta que rondava a cabeça de Harry, Rony, Joe e Brian, sentados lado-a-lado no confortável sofá vermelho-sangue, onde ficava de frente para a lareira.
A brisa morna de verão entrava pelas janelas abertas, mas em pouco ajudava no quesito refrescar o ambiente.
Viam mais e mais garotas aparecerem pelo arco que levava para os dormitórios femininos, uma mais bela que a outra, o que fazia com que os quatro rapazes rezassem á todas as santidades que conheciam para que, pelo menos, aquela espera significassem que seus pares seriam as garotas mais belas de Hogwarts naquela noite estrelada e de poucas nuvens, do final de Junho.
-Mais cinco minutos e eu vou para o baile sem a Hermione. – Rony resmungou, após olhar para o relógio em seu pulso, gesto que confirmava sua teoria de que já estava esperando há duas horas.
-Que falta de cortesia a sua, Ron. – Joe resmungou, ajeitando-se, de modo que pudesse apoiar os cotovelos nos joelhos e cruzas as mãos em frente as pernas. – Além do que, foi idéia sua ficar pronto quatro horas antes.
Rony bufou, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa em defesa própria, a voz de Hermione chegou ao ouvidos de todos, juntamente com um quê divertido.
-Vá ao baile sozinho se isso o faz feliz. – sorriu de canto, enquanto terminava de descer os últimos degraus, satisfeita pela reação que causara no namorado. – Somente não reclame se me ver dançando com algum outro garoto mais bonito que você.
Rony levantou-se. Não podia negar que a morena estava incrivelmente bela com aquele vestido negro de alcinhas, onde lhe caia até os tornozelos, com uma fenda lateral, que deixava á mostra uma das pernas bem torneadas. Os cachos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo alto, com algumas mechas soltas, caindo-lhe sobre a face corada e com uma leve camada de maquiagem.
Pigarreando, Rony colocou as mãos nos bolsos e se refez.
-Bem, já que você chegou antes dos cinco minutos acabarem, creio que ainda vou com você. – a outra ergueu uma sobrancelha em sarcasmo, enquanto terminava de caminhar a distancia entre si e o namorado.
-Para mim isso é somente uma desculpa para não ter que arranjar um par de última hora. – suspirou, dramaticamente. – A propósito, Rony, obrigada, não precisa me elogiar. – e, mandando uma piscadela divertida para o ruivo, caminhou para fora do Salão Comunal.
-Merlin, se você quiser, aquele vestido amanhece jogado no chão de alguma sala. – ele resmungou, idiotamente, parecendo não se dar conta da careta que os outros três faziam, enquanto o ruivo saia do Salão, apressado, atrás da namorada.
-Eu podia dormir sem ouvir esse comentário. – Harry resmungou, encostando-se melhor no espaldar do sofá. – Cara, a Gina é lerda.
Joe riu.
-Acostume-se, Har. – respondeu, imitando o tom de voz que Gina dava para aquele apelido. – A Gina é a mais demorada. Não se esqueça disso.
Harry deu de ombros, mas não escondeu a irritação perante o apelido.
-E não me chame de Har. – resmungou, jogando a cabeça para trás, de modo que pôde observar o teto.
-Tudo bem, Har. – Joe e Brian gargalharam diante a injuria que Harry resmungara.
-Simplesmente ridículo esse apelido que a Gina deu para o Harry. – dessa vez, era a voz de Melissa que chegara ao ouvido deles. A loira apareceu no arco com uma expressão mal-humorada no rosto. – Diabo, eu tinha que ter comprado um vestido escuro? Eu tou virando uma salsicha aqui dentro.
Brian segurou-se para não dizer que a loira lhe parecia a salsicha mais sensual e linda que ele já tinha visto. A veela usava um vestido de cor azul-petróleo, onde possuía um único ombro e lhe caia ao longo do corpo, marcando suas curvas bem torneadas, enquanto uma fenda lateral na perna esquerda, deixava a mostra a coxa levemente bronzeada. Os cachos loiros estavam entrelaçados em uma trança elegante.
-Você é a salsicha mais estranha que eu já vi. – Joe resmungou, divertido. Melissa bufou ao constatar que o irmão se divertia á suas custas.
-Ao menos não sou eu que vou morrer pelas mãos da minha namorada terrivelmente estressada por causa da TPM e pelo fato de que não acha a droga de uma sandália que lhe sirva. – suspirou. – Sério, Joe, cuidado com a Lary. Ela já experimentou todas as minhas sandálias, que não são poucas e agora ta vendo as da Gina, que...
-São, pelo menos, o triplo das suas. – ela concordou com um aceno de cabeça.
Brian sorriu, antes de ir até a loira; aproximou os lábios da orelha dela.
-Para o seu irmão você pode ser uma salsicha estranha, mas... – riu de leve, fazendo um arrepio subir pela espinha da loira; mordiscou-lhe o lóbulo. – Para mim, você ta fantástica.
-Olha lá o que você está falando para a minha irmãzinha. – Joe resmungou, tentando escutar o que Brian murmurava para a loira.
Ajeitando-se, Brian sorriu e, enlaçando seus dedos nos de Melissa, saiu do Salão, não sem antes deixa uma frase no ar:
-Até agora a pouco, ela não passava da salsicha mais estranha que você já viu. – a risada de Melissa pareceu ecoar nos ouvidos de Joe pelos próximos cinco minutos.
Harry somente sorria, divertido.
-Vai, vamos ás costumeiras apostas ridículas, que nós fazemos quando estamos entediados e esperando nossos pares. – o moreno resmungou, escorrendo no sofá, de modo que suas pernas pudessem ficar esticadas a frente do móvel, enquanto ele estava praticamente deitado.
-Qual aposta? – o loiro perguntou, colocando as pernas em cima do acento do sofá e se recostando no braço deste, de modo que pudesse olhá-lo de frente.
-Se a Gina descer primeiro, na próxima vez que nos encontrarmos por aí, você paga uma rodada de Cerveja Amanteigada. – deu de ombros. – Se a Hillary descer primeiro, eu pago.
O loiro deu de ombros.
-Pode ser... – mas não pôde continuar, uma vez que a voz da própria Hillary soou, animada, pelo salão comunal, fazendo Harry praguejar.
-Vamos ter Cerveja Amanteigada de graça, Joe. Que sorte que você tem de EU ser sua namorada agora. – exclamou, mas o som da voz da namorada parecia ecoar de um ponto muito, mas muito distante na mente de Joe, que teve que se segurar para não babar.
Hillary estava simplesmente... Maravilhosa! Usava um vestido pérola, onde tinham alças finas e lhe caiam pelo corpo, até a altura dos joelhos; os cachos castanhos estavam presos em um alto coque, embora algumas mechas lhe caíssem no rosto, moldando-o. Os lábios vermelhos tinham um brilho a mais, no que Joe considerara um convite silencioso para prová-los.
As tiras prateadas subiam pela sua canela, formando um gracioso laço embaixo dos joelhos.
Joe pigarreou.
-Bom... – sentiu a boca seca ao ver a namorada caminhar sensualmente até si. Ou será que ela sempre caminhara assim e ele nunca percebera? Aliás, quem se importava com uma pergunta dessas quando se tinha uma criatura tão bela á sua frente? – Har, tu nos deve uma rodada de Cerveja Amanteigada. – e, enlaçando Hillary pela cintura, acompanhou-a para fora do Salão.
Harry praguejou novamente.
-Ótimo, agora além de dever cerveja amanteigada, vou ser o último idiota a chegar nesse baile. – resmungou para o nada, já que, agora, o Salão se encontrava vazio.
-Legal, serei a senhora Idiota por uma noite. – a voz de zombeteira de Gina chegou a seus ouvidos, fazendo-o se arrepiar. Olhou para a escada a tempo de vê-la parando ao pé desta e dando de ombros. – É um titulo legal, Har.
Mas Harry não escutava nada do que ela estava dizendo; era como se somente a visão daquela ruiva estonteante diante de si houvesse feito o ar se perder no caminho de seus pulmões e seu coração acelerar, enquanto ele erguia-se num salto.
-Wow... – foi tudo o que conseguiu balbuciar, olhando-a de cima a baixo. A ruiva usava um vestido branco, tomara que caia, que marcava suas curvas com perfeição. Os cachos ruivos caiam, soltos, ao arredor do corpo bem feito, liso, enquanto somente as pontas formavam pequenos cachos. Os lábios vermelhos, tinham um brilho a mais, enquanto as íris amêndoas eram realçadas por uma leve camada de lápis. Mas faltava alguma coisa e Harry sabia muito bem o que era; agradeceu aos céus por ter aproveitado bem a última visita ao povoado. – Você ta ótima. – completou, antes de pigarrear, colocando as mãos nos bolsos.
Ela sorriu, sem jeito, parecendo notar que havia somente os dois no Salão.
-Obrigada. – pigarreou, enquanto corria o olho rapidamente pelo moreno, onde usava uma calça social preta e uma camisa branca; nada que ela já não houvesse visto ele usando, mas que aquela noite parecia ter um toque á mais. – Você ta muito bonito. – revidou, antes de desviar o olhar, encabulada, embora não corasse.
Harry riu de leve, antes de, com o polegar no queixo dela, fazê-la encará-lo novamente.
-Tenho uma coisa para você. – disse simplesmente, fazendo-a olhá-lo, surpresa.
-Harry, você não devia... – a risada dele a impediu de continuar.
-Espero que você tenha reparado que essa foi a primeira vez, o dia todo, que me chamou de Harry. – ela deu de ombros.
-O fato, Har... – ela frisou o apelido. – É que você não devia me segurar aqui, com essas coisas do tipo “tenho uma coisa para você”. – revirou os olhos. – Quem pegar essa conversa pela metade vai pensar besteira. – ele deu de ombros.
-Mas se aparecerem agora... – ele respondeu, pegando uma caixinha preta, retangular, de cima da mesa mais próxima. – Veriam que tudo o que estou fazendo, é presentear minha melhor amiga com esse... Colar. – completou, enquanto abria a caixa, mostrando á ela a jóia. Gina arregalou os olhos.
Não era nada muito caro, sabia, mas somente o fato de que estar vindo dele e de ser uma coisa tão simples, mas ao mesmo tempo tão bela, faziam-na sentir que não merecia, definitivamente, aquele presente.
Era apenas uma gargantilha prata, onde tinha dois pequenos corações entrelaçados. Harry sorria, enquanto tirava delicadamente a jóia de dentro da caixinha.
-Sei que isso não chega nem aos pés de tudo o que você merece, Gin, mas acredite... – sorriu, sincero. – Foi a única coisa que eu achei que combinasse com você e, embora o sentido não seja o que eu queria... – virou o colar, mostrando a ela as iniciais dos nomes de ambos, enlaçados, em letras delicadas. – Estamos ligados de uma maneira mais profunda do que poderíamos sequer imaginar quando esse ano maluco começou.
Gina ofegou.
-Harry, é linda e eu fico realmente grata, mas eu não posso aceitar. – disse, balançando uma mão na frente do corpo. – Eu não mereço. – ele riu.
-Bem, merecendo ou não, você vai aceitar. – ele resmungou, ainda sorrindo, enquanto pousava a caixa sobre a mesa e abria o fecho da gargantilha. – Posso? – perguntou, indicando o pescoço dela, que pareceu sair de um transe.
-Harry, eu realmente... – ele praguejou.
-Gina, cala a boca e levanta logo seu cabelo, que eu não tenho a noite toda. – ela riu e balançou a cabeça, inconformada.
-Você não vai mesmo me deixar sair daqui sem o colar, né? – ele acenou freneticamente com a cabeça.
-Com toda a certeza! – exclamou. – Agora, anda logo, que com um pouco de sorte, ainda há mais alguns retardatários e não seremos os últimos a chegarmos.
Ela riu e, dando de ombros, ficou de costas, com os cachos rubros presos entres os dedos, para ele, que passou a jóia ao arredor do pescoço dela, a qual não pôde evitar os arrepios que correram seu corpo cada vez que a mão dele roçava em sua pele.
-Certo, como estou? – perguntou, soltando os cabelos, quando ele abaixou as mãos. Virou-se sobre os calcanhares, ficando de frente para ele, que sorriu, satisfeito.
-Perfeita. – deu de ombros e ela riu, antes de lhe oferecer uma mão.
-Vamos? – ele sorriu e aceitou a mão dela de bom grado, entrelaçando os dedos; não pôde deixar de sentir um estranho prazer quando o calor da sua própria mão se misturou ao dela.
Quando chegaram ao Salão Principal, parecia que todos os alunos estavam ali, tornando os temores de Harry em verdade; foram os últimos a chegar.
Metade dos alunos pareciam estar pulando no meio do Salão, na pista de dança improvisada, ao som de uma música animada e rítmica, enquanto a outra metade estava sentada em pequenas mesinhas ao arredor do Salão, cobertas por uma toalha de linho branco.
Pequenas gotas de água caiam vez ou outra do teto encantado, numa tentativa de refrescar os alunos, ao longo da noite.
Mas quando Harry e Gina pararam á porta para admirar a decoração animada do lugar, todo o barulho sumiu, mais uma vez, perante a facilidade com que Gina mostrava conseguir ficar bela; porém, dessa vez Harry sabia que não era somente a exuberante beleza da ruiva ao seu lado que fizera com que a maioria dos alunos os observasse durante o trajeto até a mesa onde os amigos estavam, mas também o fato de eles terem chegado juntos e com os dedos das mãos entrelaçados e com ela usando o colar que muitos outros alunos haviam o visto comprando naquela manhã.
-Acho que eu devia ter exagerado menos na produção. – ela resmungou, de canto, enquanto ainda estavam circulando a pista, indo até onde Melissa acenava para eles. Harry riu.
-E me privar da honra de acompanhar a garota mais bonita de Hogwarts em uma de suas melhores noites? – riu de novo. – Não, obrigado.
Ela deu de ombros.
-Ou talvez, eu devesse ter escolhido um par menos chamativo. – provocou e ele olhou-a, brevemente, pelo canto dos olhos.
-Como assim? – ela apertou levemente os dedos ao arredor dos seus.
-Quero dizer... – ela continuou, como se ele não houvesse dito nada. – Eu estou tendo o privilégio de atravessar esse salão de mãos dadas com o garoto mais cobiçado. Algum significado isso deve ter nas mentes pouco privilegiadas dos outros alunos.
-Privilégio? – ele sorriu, safado. – Gininha, minha flor.. – ela gargalhou. – Se você quiser que eu dance can-can, pelado, no meio dessa pista, eu faço isso, somente porque vou te deixar feliz.
-Bom, então pode ir tirando as roupas e se aquecendo, que vai ser uma visão interessante. – ele jogou a cabeça pra trás, gargalhando.
-Eu só dei um exemplo, Gin. – parou de rir e a olhou, sorrindo. – Seria um show particular e não para tantas pessoas. – ela o olhou, com a sobrancelha erguida.
-Com medo de mostrar seus atributos? – perguntou e ele deu de ombros.
-Talvez. – sorriu e apertou mais a mão dela contra a sua. – Porém, no momento, eu só quero curtir o baile, sem ter que dançar pelado.
Ela suspirou.
-Acho que vou ter que me conformar, então. – ele concordou, no mesmo instante em que se sentavam à mesa.
-Qual o assunto? – Melissa perguntou, bebendo um gole de sua bebida. Gina fez um gesto displicente com a mão.
-Como esses nossos colegas de escola são intrometidos. Segundo baile do ano e todos têm que ficar me olhando. Isso é um saco.
-Levando em conta que eu tive outro ângulo de visão... – Hillary resmungou, balançando um pé no ritmo da música que tocava, num gesto que Joe parecia ignorar. – Eu diria que eles estavam mais curiosos para as mãos dadas.
-E para o colar. – Melissa completou e Hillary concordou.
-Sim, por que todos estavam cogitando para quem diabos o Harry haveria de comprar um colar, sendo que não está com nenhum rolo de conhecimento geral. – nesse momento, um sorriso malicioso surgiu no canto dos lábios vermelhos da morena.
-Ah! Nem adianta vocês duas começarem. – Gina resmungou, fechando a cara e Harry a olhou, curioso.
-Por quê? – Melissa perguntou, com um sorriso idêntico ao da amiga morena nos lábios. – Não podemos ter esperanças? – Gina bufou.
-Quantas milhares de vezes mais eu vou ter que dizer que não estamos tendo nada, que não seja amizade? – resmungou, fazendo Harry ficar ainda mais perdido.
-E quantas milhares de vezes vamos ter que dizer que não acreditamos? – Hillary revidou e Gina puxou o ar com força, fuzilando as amigas com os olhos.
-Já falamos sobre isso hoje. – suspirando, prendeu uma mão de Harry na sua novamente. – Adoro essa música... – comentou, logo depois de uma nova música ter começado a tocar. – Vamos dançar? – concordando com um aceno de cabeça, Harry levantou-se e a ajudou a fazer o mesmo, antes de irem até a pista.
-Aposto cinco galeões que essa noite eles ficam. – Hillary resmungou, antes de levar sua taça de bebida aos lábios.
-Aposto cinco de que até o final da próxima semana eles estão namorando sério. – Melissa revidou antes de segurar Brian pelo pulso e levá-lo para a pista.
-Vocês vivem fazendo apostas desse tipo? – Joe perguntou, cruzando os braços sobre a mesa, sorrindo para a namorada, observando-a atentamente.
-Não. – deu de ombros, mal humorada com o loiro. – Mas de vez em quando é divertido fazer essas apostas sobre casais aparentemente impossíveis. – ele riu. – Joe, você não vai levar essa coisinha desamparada aqui pra dançar? – ele suspirou.
-Eu odeio essa música. – ela o fuzilou com os olhos. Ele sorriu, safado, de canto. – Mas sei uma coisa muito divertida para se fazer a dois, enquanto se espera a próxima música. – e, sem esperar pela resposta dela, capturou os lábios vermelho num beijo apaixonado.

That love can give and love can take away
I find it hard to explain
It's crazy, but it's happening


-Eu não acredito que você simplesmente fez uma aposta daquelas com a Lary. – Brian resmungou, enquanto guiava a loira pela pista, no ritmo da música animada.
Melissa somente riu, antes de girar sobre os próprios calcanhares e voltar para perto do namorado, trombando o corpo no dele.
-Brian, meu caro... – beijou-o brevemente. – Aprenda a confiar na minha intuição feminina e, se eu disse que o Harry e a Gina estariam namorando sério até o fim da semana que vem, é por que eles estarão namorando.
Brian revirou os olhos, mesmo que estivesse sorrindo.
-Nunca tive uma boa razão para confiar em intuição feminina. – ele replicou e Melissa riu.
-Claro, a intuição da Gina é meio falha, ué. – deu de ombros. – As minhas nunca falharam, até hoje.
Brian resmungou qualquer coisa inteligível.
-Mel, entenda, estamos falando do Harry e da Gina aqui! Não de você e eu ou de Lary e Joe. Nós formamos a minoria dos adolescentes que não ficam enrolando para admitir um ao outro o que sente. – Melissa ergueu uma única sobrancelha em confusão.
-Você vai me desculpar, Brian, mas eu discordo dessa sua teoria. – ele franziu o cenho, como que pedindo que ela continuasse. – Joe e Hillary não são a minoria, porque pelo que a Lary me contou, ela e o Joe ficaram se encontrando as escondidas durante semanas, antes de admitirem o que sentiam e oficializar o namoro.
Ele suspirou.
-Certo, eles fazem parte dos menos afortunados. Você e eu, não. – ela gargalhou.
-Brian! Você demorou um ano para confiar totalmente em mim, quando nos conhecemos. Eu demorei um ano para acreditar totalmente que seus pais viviam viajando. Nós demoramos cinco anos para admitir que nos amamos e ficarmos juntos.
-Espera... Como assim você demorou um ano para acreditar no que eu te falava sobre meus pais? – ele resmungou e Melissa sorriu, sem jeito.
-Lembra daquela vez que eu te obriguei a ir viajar com a minha família, logo no começo da nossa amizade? – ele concordou com um aceno de cabeça. – Pois então, quando eu disse que seus pais viviam viajando e que você ia passar o Natal sozinho... – sorriu parecendo encabulada. – Meu pai me disse que o garoto da recepção, que de garoto hoje não tem nada, contou para ele que seus pais... Você sabe. – Brian bufou.
-Nota mental de matar aquele idiota intrometido. – resmungou e Melissa riu, mas não demorou muito para que ela ficasse séria. O moreno franziu o cenho, preocupado. – Que foi? – ela suspirou profundamente e permaneceu em silêncio por alguns segundos.
-Eu e a Gina deveríamos estar muito bravas com você. – ela respondeu, mas ele continuou com a expressão de quem não estava entendendo nada.
-Por quê? – Brian indagou, perguntando-se o que havia feito de errado dessa vez. Melissa deu de ombros, antes de olhar de relance para a amiga ruiva, que conversava animadamente com Harry, enquanto dançavam.
-Porque você nos disse que seu pai era treinador de Quadribol e sua mãe dava aulas numa escola trouxa. – o moreno franziu o cenho.
-Ué, mas é verdade. – ele replicou, fazendo-a arregalar os olhos. – Quero dizer, eles não são meus pais de sangue, nem legalmente, mas é como se fossem. – deu de ombros. – Eu os conheci pouco depois de te conhecer. – sorriu, de leve. – Morram na mesma rua que a gente, mais para a esquina. – beijou-a, brevemente. – Eles meio que me adotaram, pois não conseguem ter filhos. – ela sorriu, compreensiva.
-E você não consegue trazer os seus de volta. – ele concordou com um acendo de cabeça. – Troca justa. – ele riu.
-Sim. – enlaçou-a pela cintura, dançando. – É por isso que, quando eu não estou com você e com a Gina na sua casa, vocês dificilmente me acham na mansão. Passo a maior parte do meu tempo livre com eles.
Melissa passou os braços ao arredor do pescoço dele.
-Você não dorme na casa deles? – Brian confirmou com um aceno de cabeça.
-Todas as noites, mas eles entendem que eu tenho que ficar um pouco na mansão e um tempo com você. – um sorriso malicioso surgiu nos lábios dele. – A propósito, eles estão ansiosos para te conhecer, agora que você é minha namorada. – uma leve tonalidade avermelhada tomou conta do rosto dela, fazendo-o gargalhar.
-Isso não tem graça, Brian! – ela exclamou com fingido mau humor, que era desmentido por um sorriso maroto nos lábios. – Me diz; vou ter que pedir a permissão deles, oficialmente, para poder continuar a te ter como namorado?
Ele gargalhou com mais vontade.
-Você vai ter que pedir permissão até para me olhar. – ela arregalou os olhos, fazendo-o rir.
-Brian... – chamou, parando de dançar. Ele a imitou, preocupado.
-O quê? – ela olhou-o, parecendo sem jeito, porém determinada a perguntar fosse o que fosse.
-E com que cara que eu vou pedir a permissão deles para que a gente possa fazer... Aquilo. – ele corou intensamente, antes de tossir, visivelmente engasgado com a própria saliva.
Melissa riu, mas também estava corada.
-Bem... – ele começou, se recuperando da pergunta inesperada. – Sugiro que seja com a cara de sempre. Talvez eles se comovam com a sua beleza e permitam. – ela girou os olhos.
-Você é um idiota. – ele sorriu, de canto.
-Mas bem que você ta louquinha para experimentar esse idiota aqui, de novo. – ela riu e encolheu os ombros.
-O que posso fazer se você é gostoso? – ela revidou e Brian sorriu malicioso.
-Somente provar de novo, de novo e de novo. – ela deu uma piscadela para ele.
-Esse é meu garoto.
Aquele seria um longo e interessante baile!, Brian pensou.

And I'm falling again
Much further than I've ever been
I'm falling deeper than the ocean


Aquela música irritante parecia nunca ter fim. Já estava cansado de ver a namorada cruzar e descruzar as pernas, balançar o pé no ritmo da música, cantarolando a letra desta, várias vezes seguidas, como num ritual que se repetia várias e várias vezes, sem nunca ter um fim.
Suspirando, recostou-se melhor na cadeira e cruzou os braços sobre o peito, observando atentamente Harry e Gina dançarem animados, esfregando-se um no outro, gesto em que muitos casais ficaria vulgar, mas que neles ficava incrivelmente sensual e perfeito, como se eles houvesse ensaiado cada passo, cada sorriso, cada olhar; cada risada.
Por Merlin! A cada segundo que passava era mais óbvio que eles se amavam e, no entanto, lá estavam os dois idiotas fingindo que enganavam alguém – além de si mesmo – com esse lance de amizade, tentando provar a quem quer que fosse, que já haviam superado tudo o que já havia acontecido entre eles naquele ano.
Admitia que, provavelmente, não sabia nem metade das coisas, mas simplesmente sabia que haviam acontecidos, afinal, Gina havia mudado completamente desde que voltara para a Inglaterra.
Parecia estar mais madura, mais segura de si e do que queria... Por fora. Porém ele a conhecia bem demais para não saber que ela podia ser o quão segura quisesse em relação a tudo, porém no que se tratava do assunto do coração, ela ainda continuava insegura a tal ponto, de estar planejando alguma coisa que faria com que sua felicidade fosse jogada para o alto de uma maneira que, talvez, não tivesse volta. Não se Harry não a amasse tanto quanto parecia amar.
-Joe... – a voz de Hillary chegou a seus ouvidos, tirando-o de seus devaneios. Sorrindo, virou a cabeça para encará-la, somente para vê-la ligeiramente nervosa e sem jeito.
-Sim? – perguntou; o sorriso sumindo de seu rosto. Ela olhou ao arredor, parecendo cogitar a possibilidade de dizer qualquer outra coisa, mas estava determinada a tirar a duvida que lhe apertara o coração, no momento em que vira Joe observar Gina, com as íris azuis brilhando em decepção.
-Não fica chateado com o que eu vou perguntar... – ela começou, parecendo insegura; o loiro concordou com um aceno de cabeça. – Mas... – ela puxou o ar com força, como se esse simples gesto fosse fazer toda sua coragem surgir do nada. – Você já teve... Um momento íntimo com a Gi? – ele franziu o cenho.
-Defina esse momento íntimo. - ele pediu, fazendo-a bufar.
-Sabe... Um quarto, momento a dois, uma cama a ser desarrumada... – ele se engasgou com a própria saliva.
-Ta, já entendi. – ele deu um longo gole na sua bebida, antes de olhar para a namorada e responder: - Esse tipo de momentos íntimos... Com a Gina? Não, não. Definitivamente, não. Verdade que eu dei umas apalpadas nela e tal, mas não é pra tanto, Lary.
A morena olhou para seus próprios pés, como se estes fossem as coisas mais interessantes do mundo.
-Certo. – resmungou, fazendo o namorado aproximar sua cadeira da dela, de modo que pudesse enlaçá-la pelos ombros.
-O que foi? – perguntou, aconchegando-a contra o peito. Ela balançou a cabeça, como que dizendo que não era nada. – Lary... – chamou, mas ela continuou olhando para os próprios pés. – Olha pra mim. – pediu, onde ela demorou alguns poucos segundos para atender. Ele sorriu levemente ao vê-la corada. – Me diz, Lary... Por que você quis saber isso? – ela voltou a balançar a cabeça.
-Por nada... Besteira minha. – Joe beijou-a brevemente,
-Ciúmes? – perguntou, sério, mas sua expressão era desmentida por um leve quê divertido na voz. Ela riu de leve, mas as íris azuladas brilharam brevemente em desapontamento.
-Não é bem ciúme... – suspirou. – Quero dizer... Você provavelmente poderia ter tido com a Gina tudo o que eu não tou pronta para te dar. – desviou o olhar. – Aí, hoje em Hogsmeade pareceu que você fez de propósito ter interrompido o clima do Harry e da Gina... E, agora você estava olhando para ela, como se estivesse decepcionado com o fato de ela ter escolhido o Harry e não a você.
Joe sentiu como se houvessem jogado um balde de água fria em sua cabeça. De onde, diabos, Hillary havia tirado todas aquelas idéias? Como ela poderia pensar que ele estava decepcionado pela escolha de Gina? Estava era indignado com o fato daquela ruiva ser idiota a ponto de jogar a própria felicidade para o alto. E nunca que ele, ELE iria quebrar o clima raro que surgira entre Harry e Gina!
-Eu só queria saber de onde, diabos, você tira essas idéias. – começou, após alguns segundos em silêncio, onde ele e a namorada ficaram somente se encarando. – Eu nunca fiquei decepcionado com o fato de a Gina ter escolhido o Harry como o cara com quem ela gostaria de passar o resto da vida dela; se ela julgar que ele pode fazê-la feliz, para mim já está de bom tamanho, porque eu demorei, Lary, mas me toquei a tempo de que eu nunca amei a Gina realmente. Pelo menos, não da maneira que julguei amar. Eu gosto dela... Muito, mas somente como uma irmã. Eu te amo, Lary, independentemente do que ocorreu entre a Gina e eu... Ou com o que ela tenha me dado e que você não se sinta pronta para me dar também. – suspirou e acariciou o rosto dela, como que gravando na memória a textura da pele macia. – Eu não faço idéia de que imagem você criou de mim nesse quesito, Lary... Mas eu te garanto que o que você insinuou, não é tudo o que eu espero em uma relação. – sorriu, tristemente. – Eu vou te esperar. Demore o tempo que achar necessário, meu bem. Eu te amo demais para sequer conseguir imaginar o fato de você fazer qualquer coisa, para a qual não se sinta preparada, somente para me agradar.
Ele pôde ver os olhos dela ficarem brilhantes de repente, devido ás lágrimas que os encheram.
-Droga, Joe! – ela resmungou, esgueirando-se para o colo dele, onde se ajeitou de modo que pudesse enlaçá-lo pelo pescoço e esconder o rosto da curva alva do pescoço. Puxou o ar com força e sentiu o perfume cítrico lhe invadir as narinas, embriagando-a. – Você é perfeito demais para mim. – ele sentiu as lágrimas molharem sua pele, mas tudo o que fez foi enlaçá-la pela cintura; uma das mãos acariciando as costas nuas, devido ao decote em U que havia no vestido.
Não sabiam dizer quanto tempo ficaram ali, somente abraçados, com ela chorando vez ou outra. Somente sabiam que acontecesse o que fosse, eles nunca ficariam separados; estariam sempre juntos, superando todas as dificuldades, juntos.
E se isso implicasse ter que esperar cinqüenta anos para que ela finalmente se sentisse preparada para fazer amor com ele, Joe tinha a mais absoluta certeza de que esperaria cinqüenta anos, nos quais sequer pensaria em olhar para a cama de outra mulher.
Diabos! Amava demais essa morena.

I am lost in this emotion
Loves breaks and love divides
Love laughs and love can make you cry


-Do que, diabos, suas amigas malucas estavam falando? – Harry perguntou assim que ele e Gina alcançaram a pista de dança.
Gina riu de leve, enquanto eles começavam a mexer os corpos no ritmo da música.
-Nem queira saber, Har... – pousou uma mão no ombro largo, para que pudessem fazer um passo sensual, sem que ela corresse o risco de cair do salto. – Aquelas duas são duas loucas. – o moreno riu.
-Por que isso não me surpreende? – ela gargalhou.
-Talvez porque você já soubesse. – deu de ombros. – Mas o fato de é que elas acham que nós temos algum tipo de caso secreto; elas acham que eu deveria cair aos seus pés, jurando amor eterno e te obrigar a me pedir em namoro. – completou num resmungou, fazendo-o sorriu, compreensivo.
-Em outras palavras, elas acham que eu sou seu príncipe encantado. – ele revidou, sarcástico, mesmo que sentisse seu peito se apertar perante a indiferença que ela mostrara ao contar o que as amigas falaram.
Ela deu de ombros.
-Meu príncipe encantado caiu do cavalo no meio do caminho. – ela resmungou, fazendo-o jogar a cabeça para trás e gargalhar. Ela sorriu. – Você ri, mas é a mais pura verdade. – ele deu de ombros.
-Se você diz, eu finjo que acredito. – ele sorriu, de canto. – Mas quanto tempo faz que ele caiu do cavalo? – perguntou, após alguns minutos de silêncio, fazendo a ruiva rir, antes de dar de ombros.
-Não faço a mínima idéia, mas deve ter sido há um bom tempo. – riu. – Ele deve ter batido a cabeça e entrado em coma, vai saber.
Harry balançou a cabeça, concordando.
-Claro. – sorriu irônico, de canto. – Ou, na pior das hipóteses, ele está na sua frente e você sequer notou. – resmungou, fazendo-a arquear as sobrancelhas.
-Se você está insinuando que meu príncipe é você, pode ir tirando seu burrinho tingido de branco da chuva, porque você não é. – ele riu, mas ficou sério logo em seguida.
-Como você pode ter tanta certeza de que eu não sou seu príncipe? – fez uma careta diante a última palavra, mas ela não se importou. Somente abaixou a cabeça, pensando, enquanto colava seu corpo ao dele e o balançava no ritmo da música romântica que começara a tocar.
-Porque, teoricamente, os príncipes encantados não te fazem sofrer. – murmurou, erguendo a cabeça e olhando-o nos olhos. – Eles somente te fazem felizes... Nunca te fazem chorar.
Harry ficou sério também e puxou o ar com força, como que pedindo força para todos os santos que conhecia, para que pudesse colocar tudo que fazia Gina sofrer em relação a si, em pratos limpos.
-Eu pensei que já havíamos conversado sobre tudo... – murmurou, antes de suspirar. – Naquela noite onde nos tornamos amigos. – ele concluiu e Gina concordou com um aceno de cabeça.
-Sim, Harry, nós conversamos naquela noite... Mas foi somente sobre coisas que aconteceram esse ano, desde que eu voltei. Eu sempre pensei que você soubesse, ou ao menos se lembrasse de tudo pelo que eu passei... Há dois anos.
Isso pareceu como uma punhalada pelas costas. Harry suspirou pesadamente, desviando os olhos, de maneira que pudesse observar os outros alunos.
Ficaram alguns minutos em silêncio, somente dançando sem se encarar.
-Eu nunca fiz algo para você há dois anos. – ele disse, por fim, voltando a encará-la. Gina sentiu como se ele houvesse lhe dado uma bofetada. – Eu... Somente não te protegi, mas isso não é motivo para que alguém fique magoado a tal ponto de não dar uma chance para que o outro prove que... – mas ele não pôde terminar sua frase, uma vez que Gina permitiu que uma risadinha sem humor escapasse por seus lábios, antes de se soltar dele e caminhar, apressada, para fora do Salão.
Bufando, Harry a seguiu, conseguindo pará-la, segurando-a pelo antebraço, quando a ruiva estava no corredor da Sala Precisa.
-Qual o seu problema, afinal? – perguntou, mal humorado. – Sempre que eu tento colocar as coisas com você nos eixos, você simplesmente dá um jeito de fugir. – ela soltou-se do aperto dele, bruscamente.
-Meu problema? – ela repetiu, ofegante. – MEU PROBLEMA É VOCÊ, POTTER! – berrou, sem se importar em impedir que lágrimas escorressem por seu rosto, marcando-o de preto por causa do lápis. – Eu não preciso que você tente colocar as coisas em ordem, porque elas já estão da maneira que deveriam estar! Não adianta você se fazer de vitima, porque você não o é! – as lágrimas escorriam com mais força. – Se você sempre foi cego para perceber o que as pessoas ao seu arredor sentiam com suas atitudes, o problema é seu! Eu não tenho nada a ver com isso e não preciso da sua compaixão... Ou da sua santificada vontade de arrumar o que já está arrumado!
Segurando-a novamente pelo ante braço, ele a levou para dentro da Sala Precisa, onde havia somente algumas almofadas em canto, enquanto o ambiente era iluminado somente pela luz da lareira que havia ali.
-Esse é exatamente o problema, droga! – ele exclamou, segurando-se para não berrar. – Eu não sei o que eu fiz que te magoou tanto. – puxou o ar com força, enquanto as íris verdes brilhavam mais, devido ás lágrimas que as invadiram. – Se você não me falar o que, diabos, eu fiz de errado, eu nunca vou saber!
Ela soltou o ar pela boca, antes de balançar a cabeça.
-O que prova que eu sempre estive certa ao pensar que você nunca me quis. – ele fez menção de falar, mas parou, observando o seu rosto.
-Você está chorando? – a pergunta soou como uma ameaça aos ouvidos de Gina, que somente passou as mãos pelo rosto, bruscamente, secando as lágrimas que insistiam em voltar a cair.
Preferia morrer a admitir.
-Não! É claro que não! – fungou. – É só impressão. – a expressão do moreno se suavizou.
-Gin, não chora. – ele implorou.
A ruiva começou a caminhar na direção da porta, mas Harry estendeu o braço e a puxou em direção. Ela escondeu o rosto em seu peito e deixou as lágrimas escorrerem livremente. Ele a abraçou, beijou o alto de sua cabeça e depois sua testa.
-Agora, me escute, Gina... – ele soava como um homem se afogando, desesperado por socorro. – Se eu não souber o que fiz de errado a você, há dois anos, nunca vou poder me desculpar.
-Eu sempre pensei que, quando você fosse me pedir desculpas por tudo, você mesmo perceberia seus erros e não que eu teria que mostrá-los á você. – a voz dela chegou abafada aos ouvidos dele, que suspirou.
-Pare de me culpar por tudo. - ele parecia zangado, mas ao mesmo tempo a beijava afetuosamente, de uma forma delicada. Apesar de querer, ela não conseguia parar de tocá-lo ou se afastar dele. – Meu bem, pare de chorar. Está me enlouquecendo.
-São minhas alergias. – ela choramingou junto ao seu pescoço.
-Você não tem alergias. – Harry sussurrou, roçando os lábios contra o pescoço dela. Ele adorava seu perfume. Harry estava perdido e sabia disso. Tomou o rosto da ruiva entre suas mãos e secou suas lágrimas com pequenos beijos. – Você é tão linda. – sussurrou e sua boca cobriu a dela, exigente e apressada, a língua acariciando-a por dentro. Ele começou a tremer como um adolescente na primeira tentativa de fazer amor. Só que aquela não era uma cena desajeitada. Era perfeita.
Merlin, como ele queria aquilo e, ainda assim, uma parte dele tentava fingir que estava apenas tentando ajeitar tudo. Até sua mão achar uma brecha e escorregar para debaixo do vestido, acariciando a pele quente e macia.
Para o diabo com as desculpas. Ele a desejava com uma intensidade ardente, que o fazia tremer por dentro e o apavorava.
Ele não conseguia parar de correr a mão por seu corpo. Era tão bom senti-la assim junto a ele, tão macia, tão perfeita. Logo estava abrindo o zíper do vestido, beijando-a ao mesmo tempo.
-Tem certeza? – ele conseguiu balbuciar entre um beijo e outro.
-Absoluta. – ela resmungou, voltando a beijá-lo.

I can't believe the way
That love can give and love can take away...


Continua...

N/A: Oh, oh... Por que eu tenho a impressão de que não devia ter parado aí!? =]
Bom, gente, desculpem pela demora desse capítulo. Eu não tinha intenção de demorar tanto dessa vez, mas... Bem, logo depois de postar o capítulo anterior, eu comecei a passar mal.. E, de boa, eu acho que fiquei umas boas três semanas doente. O.o
E quando eu melhorei, eu apaguei tudo o que eu já tinha desse capítulo e comecei tudo de novo! =)
Mas eu acho que ficou bem melhor do que antes!^^
Mas enfim... Espero que tenham gostado e você tentar não demorar tanto com o próximo capítulo... Minhas aulas começam dia primeiro, mas não acho que nesses três dias vá ter alguma matéria, então vou aproveitá-los ao máximo para escrever os próximos capítulos.
Mesmo porque agora falta bem pouco para a fic terminar. =P
E, quando for assim, que eu demoro muito para atualizar, vocês podem buscar informações no meu blog, onde eu posto, algumas vezes, um trecho do capítulo, adiantando alguma coisa.
O endereço é: www.serena_bluemoon.blogger.com.br
Espero ver muitos comentários por lá! =]
Beijos.
S. Bluemoon.

Tradução:

O Amor Dá e O Amor Tira

Justamente quando eu achava estar segura
Você me achou em meu esconderijo
Eu havia prometido nunca mais
Eu não daria meu coração, entretanto
Mais perto, mais perto, eu me aproximei de você
De um jeito que me fez temer você.

O amor destrói e o amor divide
O amor faz sorrir e o amor pode lhe fazer chorar
Eu não posso acreditar nisso
Que o amor pode dar
E o amor pode tirar tudo

Eu acho isso difícil de explicar
Isto é loucura, mas está acontecendo
E eu estou novamente me apaixonando
Muito mais profundo do que já cheguei
Eu estou caindo mais profundamente que o oceano
Eu estou perdida nesta emoção

O amor destrói e o amor divide
O amor faz sorrir e o amor pode lhe fazer chorar
Eu não posso acreditar nisso
Que o amor pode dar
E o amor pode tirar tudo

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.