Capítulo 26



Capítulo 26

Música: Tell Me, Sandy

Uhhh
Ohhhhhh
There’re so many things I wanna say
There’re so many thoughts inside of me
Oh, but my words can’t seem to find a way
I can see you’re changing more and more
Acting like you did and do before
I see you’re slippin’ away but I don’t wanna lose you
I would do anything for us to remain
‘Cause I know that we can make it last-to be true
I don’t wanna lose you

Flashback

Bocejando, jogou as cobertas grossas para o lado, fazendo-as caírem no chão, antes de se levantar e caminhar lentamente para a parede que ficava do outro lado do quarto empoeirado e que começava a adquirir um forte cheiro de mofo.
Parando de frente para a parede, pousou a mão sobre o papel de parede que tinha uma pequena mancha de sangue seco; sangue que pertencera a uma das muitas empregadas que trabalhara para seus tios.
Fechando brevemente os olhos, murmurou algumas palavras em latim, o que fez com que a parede que tocava sumisse, dando espaço para uma porta em mogno negro, a qual possuía a maçaneta dourada brilhante.
Suspirando, pousou a mão sobre o metal frio e girou-o, empurrando a peça de madeira e entrando no aposento escondido, o qual fora construído por seu pai e por seu tio, para eventuais ataques de Comensais; era um lugar interessante, tinha que admitir.
Aquela sala somente poderia ser aberta por alguém que possuísse o sangue da família O’Conner, onde tivessem uma pequena quantidade de poderes dos feiticeiros no sangue. O lugar era enfeitiçado para sempre se limpar sozinho, produzir comida, roupas novas e dinheiro.
Era equipada com uma quantidade de livros incrível, os quais pertenceram as gerações mais antigas da família, passando de geração para geração; eram livros que ensinavam os feitiços mais mortais; os feitiços mais poderosos que um Avada Kedavra conjurado com perfeição. Era ali que estava localizado os diários dos sábios da família; era ali que estava guardado alguns poucos objetos de seus pais e irmãos, os quais eram as únicas ligações com sua humanidade; somente esses objetos faziam com que sentisse dor, o que o fazia sentir-se, de certo modo, humano novamente.
Afastando esses pensamentos, bocejou novamente e caminhou até a mesa quadrada simples, mas bonita que havia no centro e focou sua mente no seu café da manhã, que não tardou a aparecer na sua frente.
Estava quase terminando de comer, quando um barulho de passos, gemidos e risadas chegaram a seu ouvido, fazendo-o levantar-se num salto e fixar o olhar na pequena portinhola, que indicava que ali havia outra passagem secreta, a qual levaria para um dos apartamentos que seu pai comprara, para que quem se escondesse naquela sala pudesse sair da mansão durante algum ataque.
Quando uma voz feminina reclamou sobre a poeira que havia ali, Brian sentou-se na ponta da mesa, cruzou os braços em frente ao peito e franziu o cenho, numa expressão desdenhosa.
Uma garota não era perigosa, concluiu; ainda mais se tivesse voz de uma criança de sete anos; seria perca de tempo da sua parte se preocupar com ela, então, voltou a se sentar na cadeira e bebeu um gole de seu suco, no mesmo instante em que a portinhola se abria e por ela passava uma garota de seus dez anos, com os cachos loiros presos em um alto rabo de cavalo; usava uma camiseta e um short e tinha um brilho de curiosidade nos olhos azuis, os quais esquadrinhavam cada canto da sala, parando, arregalados e surpresos, quando encontraram o garoto de dez anos, sentado em uma cadeira, na frente de uma mesa, na qual havia somente um copo de suco.
O garoto tinha uma expressão desdenhosa, enquanto as íris azuis profundas estavam vazias; frias.
Porém, o contato dos olhos das duas crianças foi quebrado quando alguém trombou com Melissa, fazendo-a olhar para trás, somente para ver um Joe de doze anos, completamente perdido.
Brian voltou a levantar-se num pulo; aquilo já estava começando a irritar e, tudo o que não precisava, era de dois idiotas invadindo sua casa.
-Posso ajudá-los? – perguntou ríspido, colocando as mãos nos bolsos da calça do pijama, enquanto corria os olhos pelos dois irmãos, medindo-os, procurando alguma coisa neles que devesse temer; procurando alguma coisa que indicasse o que queriam; mas tudo o que achou foi expressões idênticas de educada surpresa e confusão.
-Nós achamos que essa casa estivesse abandonada. – Joe murmurou simplesmente, enquanto também media Brian de cima a baixo.
-Ou pelo menos foi o que os nossos novos vizinhos falaram para nossos pais. – Melissa completou, olhando para o garoto moreno a sua frente, curiosa.
Brian permitiu que uma risadinha sarcástica escapasse pelos lábios.
-É o que todos acham. – murmurou, enquanto prendia suas íris nas da garota. – Mas vocês já perceberam que as pessoas da vizinhança estão enganadas, então, podem ir embora. – completou, antes de virar as costas e caminhar apressado até uma das prateleiras de madeira, onde havia um livro que pertencera a sua mãe, sobre feitiços escudos.
Joe simplesmente deu de ombros, antes de girar sobre os calcanhares e se retirar, mas Melissa não parecia disposta a sair dali sem obter algumas respostas.
Quando o barulho da portinhola sendo fechada soou pelo ambiente, Brian murmurou um feitiço qualquer que lacrou a portinhola, mas não se virou para olhar se havia funcionado, simplesmente abriu o livro e procurou a página onde havia parado de ler o livro na noite anterior. Quando a achou, virou, os olhos presos nas páginas amareladas, porém não deu mais que um passo ao perceber que não estava sozinho.
Ergueu a cabeça e se deparou com a menina loira.
-O que é? – perguntou rispidamente, voltando a fechar o livro e colocando-o sobre a mesa, quando se aproximou da loira. – Não percebeu que não é bem vinda aqui? – ela deu de ombros e sentou-se em uma das cadeiras, enquanto olhava ao arredor, curiosa.
-Eu entendi sim. – respondeu distraída. – Mas estou curiosa para saber o que um garoto como você faz morando numa mansão como esta, sozinho. – ele bufou.
-E eu estou curioso para saber como, diabos, você comprou o apartamento do meu pai, para depois descobrir a passagem, quando esta está muito bem escondida. – desconversou, cerrando os olhos. Melissa pareceu aceitar de bom grado a mudança brusca de assunto, pois sorriu animada.
-Parece que os homens que estão no comando dos negócios de sua família acharam que seria melhor para você herdar somente as principais propriedades. – ela deu de ombros. – Não sei ao certo. – sorriu animada novamente e levantou-se. – Já a passagem foi um momento de sorte. – ela riu. – Eu estava guardando minhas roupas no guarda-roupa embutido, quando meu irmão entrou no meu novo quarto e, numa brincadeira sem graça, me empurrou, fazendo eu cair sobre o fundo, que se abriu com o impacto. – ela falou, sem parar para respirar, fazendo Brian piscar aturdido.
Merlin, aquela garota era pirada.
-Certo. – murmurou, na falta de coisa melhor para dizer e, lançando um breve olhar para a portinhola, destrancou-a. – Agora, eu quero ficar sozinho. – resmungou e ela deu de ombros, antes de começar a caminhar para o local de onde viera; quando estava quase entrando por completo no corredor, virou-se para ele.
-Qual seu nome? – perguntou e ele virou-se para encará-la.
-Brian. – resmungou. – E o seu? – perguntou somente por curiosidade; não fora por que queria alguma coisa com aquela maluca.
-Melissa. – ela sorriu verdadeiramente. – A gente se vê amanhã, Brian. – completou, antes de virar-se e correr para dentro do corredor, no que a porta fechou-se sozinha.
Brian ainda ficou olhando para a porta, surpreso.
Que garota mais doida.

Fim do Flashback

A raiva ainda corria por suas veias, enquanto entrava no dormitório feminino e batia a porta atrás de si com força. Tinha certeza de que se demorasse apenas mais um minuto para finalizar aquela brigara que tivera com Brian, teria acabado se transformando naqueles bichos idiotas das Veelas.
E tinha certeza de que, se se transformasse naquilo perderia sua consciência e, conseqüentemente, colocaria a vida de Brian, Gina e Harry em perigo.
Mas... Porcaria! Se isso houvesse acontecido, a culpa teria sido de Brian e de sua queridíssima Tyler.
As lágrimas finalmente encheram seus olhos, embaçando sua visão, no mesmo instante em que se jogava sobre o colchão fofo de sua cama.
Moreno idiota! O que o fazia pensar que ela era o tipo de garota que não se importa em ver o namorado sendo agarrado por outra garota? Moreno burro e arrogante.
Apostava todo o ouro de sua família que se fosse ela que estivesse sendo agarrada por Thomas, Brian teria tido a mesma atitude.
Mas era como se o moreno não visse isso, como se ele não percebesse que somente a mais remota chance dele achar uma outra garota melhor que ela, a machucava profundamente; somente a idéia de ter que agüentar vê-lo beijando outra pessoa fazia-a sentir-se a pessoa mais infeliz do mundo.
E, então, ela o via sendo alisado por outra garota... E isso, somente isso, a fizera sentir-se traída, fizera-a sentir-se usada e jogada de lado, como se Brian tivesse se cansado dela.
As lágrimas finalmente escorreram por seu rosto, marcando-o.
A expressão mal humorada dele, quando ela começara a berrar com ele no meio do corredor, fora algo que – ele querendo ou não – a fizera ver que não era para ela querer tirar satisfação.
Mas, inferno! O que o fazia pensar que, somente porque estava decaindo em Poções, podia pedir aulas para a garota que mais o desejava – depois dela, lógico – e, ainda por cima, permitir que ela lhe tocasse tão... Intimamente?
E ele ainda a acusava de estar fazendo a mesma coisa! Atrevido, era isso que ele era. Ela não tinha a mínima culpa de que Thomas era burro e lhe pedia ajuda! Não tinha mesmo. E tinha menos culpa ainda se, sempre que podia, o idiota do Thomas ficava lhe secando!
Aliás, por que Brian estava se preocupando tanto com isso? Nunca, desde que começaram com aquela história de namoro, o moreno havia se mostrado tão ciumento ou vingativo em relação aos garotos que a olhavam e que, ás vezes, a convidavam para sair. Ele nunca levara essas atitudes a sério, sempre levara na esportiva e, no entanto, lá estava aquele mesmo moreno idiotamente apaixonado que ela conhecera, sendo a pessoa mais ciumenta e mal humorada que ela já havia tido a infelicidade de ver.
Afinal, o que, demônios, estava acontecendo com ele? Sabia que ele queria alguma coisa há algum tempo, porém até aquele momento ele não lhe dissera absolutamente nada que ela pudesse considerar como o motivo das preocupações dele.
E isso – ela era obrigada a admitir – era algo para se cogitar... Brian nunca guardava para si as coisas que queria, mesmo que soubesse que não as teria.
Mas... Espera aí! Por que, diabos, estava se preocupando com esse idiota? Fora ele que dera o motivo para aquela briga ridícula, certo? Logo, ela era a última das culpas e a última a ter que se preocupar com alguma coisa que não fosse Gina e Hillary e seus próprios estudos.
Okay, admitia que, apesar de tudo, o amava de tal maneira e em tal profundidade, que nem ela mesma conseguia entender a verdadeira intensidade desse sentimento; era como se sua vida dependesse totalmente desse amor; como se não pudesse mais viver sem o moreno; como se ele fosse – e era – a única razão de continuar sorrindo, de continuar vivendo. Respirando.
Fora incrivelmente rápido a maneira como desaprendera a viver sem tê-lo ao seu lado, rindo consigo, lhe dando conselhos, lhe beijando de uma maneira que deixava claro que a amava mais que tudo; não conseguiria mais viver da mesma maneira sabendo que, agora, teria que voltar a rir somente com suas amigas; sabendo que agora não ouviria mais a voz dele se dirigir a si com o mesmo carinho, com a mesma ternura de antes, afinal permitira que a impulsividade dominasse seu ser de tal maneira a fazê-la cortar qualquer tipo de relação que pudesse vir a ter – ou continuar tendo – com ele.
Que Merlin lhe ajudasse a superar tudo isso, pois sabia que não conseguiria ir muito longe se permitisse que aquela dor lhe consumisse por muito tempo; mas, diabos, era difícil. Difícil não chorar quando sabia que tinha feito a pessoa que mais amava em sua vida sofrer; quando sabia que negara a felicidade a si mesma e a mais uma pessoa; quando não teria mais nenhum motivo para rir; quando sabia que nunca poderia lutar contra aquela dor sozinha, que sempre precisaria de Brian ao seu lado, ajudando-a a superar todas suas dores, todos os obstáculos que aparecessem em sua vida.
Demônios, aquele moreno era a base de sua vida, de sua felicidade e, mesmo sabendo disso, ela jogara sua chance de ficar com ele para o alto e, pior, até então não estava se arrependendo de ter jogado a aliança no rosto dele; somente estava atestando que precisava dele ao seu lado.
A quem, diabos, estava tentando enganar? Era obvio que tudo o que queria era poder voltar no tempo e desfazer aquela burrada, porém por que iria se desculpar por uma coisa que não era sua culpa? Por que iria correr atrás de uma coisa que era ele que havia errado? Idiota. Era isso que ela era; uma idiota perfeita por acreditar sempre no que ele dizia.
Por todos os malditos santos: desde quando Brian precisava de ajuda em Poções? Até onde sabia, o moreno somente devia se preocupar com Adivinhação e, de repente, em um belo dia de sol, ele decidira lhe comunicar que estava mal naquela matéria inútil e que precisava de ajuda nela, justamente no momento em que ela estava saindo da torre para ir encontrar-se com Thomas, para que pudesse ajudar este em um outro tema de Poções.
Suspirando, levantou-se, ainda permitindo que as lágrimas corressem livremente por seu rosto, fazendo seus olhos ficaram vermelhos e caminhou até a janela, sentando-se no parapeito desta; cruzou os joelhos de uma maneira que pudesse abraçá-los em frente ao peito e escondeu o rosto ali.
Lembrou-se de quando o moreno, meses atrás, pedira para ficar consigo; naquela ocasião sentira-se a garota mais sortuda da Inglaterra toda; sentira-se a mais feliz do mundo, mas mesmo assim pedira para Brian para que aquilo não estragasse a amizade deles, porém ali estavam, separados, chateados um com o outro e sem um pingo de chance de ter qualquer coisa, além de um mero coleguismo.
E, sabia, enquanto ela sofreria visivelmente, ele guardaria para si mesmo tudo o que sentisse; se chorasse, choraria escondido; se escrevesse alguma carta, guardaria para si mesmo e nem sequer a mencionaria se e quando se reconciliassem.
Seria igual ao passado dele, o qual ele ocultara de si por longos seis anos e somente contara por que ela, de certa maneira, o pressionara para tal... Mas, por Merlin, seria muito prepotente da sua parte perguntar se ele sofria por sua causa; soaria egoísta demais querer saber isso.
Mas, acima de tudo, doeria demais caso ele dissesse que não estava sofrendo - o que ela tinha certeza de que ele diria -; doeria demais ter certeza de que ele estava disposto a esquecê-la para sempre; que ele faria de tudo para lhe esquecer realmente.
Tinha que admitir, gostasse ou não, que sua vida dependia dele; sua felicidade necessitava dele; seu corpo precisava do dele, da mesma maneira que seu coração estava clamando para que seus lábios pudessem voltar a encontrar o dele.
Suspirou pesadamente e fechou os olhos; seria difícil, mas teria que esquecê-lo, custasse o que fosse.
Teria que tentar, de todas as formas possíveis, esconder que estava sofrendo por causa daquele idiota; teria que mostrar que não precisava dele, que não se arrependia de ter terminado o namoro; mesmo que a realidade fosse completamente ao contrario.

Tell me that you love me from the heart
And nothing in the word can tears us apart
Tell me that we’ll be together
For the rest of our lives
Baby, now and forever
Tell me that you still believe in everlasting love
And we’ll always be together – now and forever

Flashback

As grossas gotas de chuva caiam torrencialmente, batendo contra o vidro da janela, produzindo um barulho que ecoava por toda a casa vazia e silenciosa. As plantas balançavam violentamente contra a fúria do vento de dezembro que soprava do lado de fora da mansão, onde o céu estava tão negro a ponto de parecer que era meia noite quando, na verdade, não passava das duas da tarde.
O som da natureza misturava-se ao crepitar da lareira, produzindo um som agradável de se ouvir, enquanto se dormia, mas ele não estava com vontade de dormir; aliás, não estava com vontade de fazer nada que não implicasse continuar sentado no fofo sofá da saleta, enquanto as íris azuis corriam de um lado para o outro, absorvendo cada palavra do diário que achara na noite anterior, no qual sua mãe relatava muitas coisas interessantes sobre sua vida.
Fatos que ele sequer podia sonhar que acontecera, mas que mostravam como sua mãe fora verdadeiramente, afinal, a única coisa que conseguia lembrar-se dela, era de sua morte, há cinco anos.
E isso, definitivamente, não era algo que ele pudesse classificar como agradável de se lembrar.
Mas – ele tinha que admitir – a história da maneira como seus pais se conheceram e, alguns meses depois, começaram a namorar era algo que ele podia chamar de; cômico. Era algo que passava tanta ternura, tanta felicidade e veracidade de sentimentos, que ele não tinha como não sentir falta dos pais; não tinha como não sofrer por saber que não haveria ninguém no final do corredor de seu quarto, lhe esperando de braços abertos, para quando ele tivesse pesadelos.
-Acho que isso que você ta lendo, me da uma idéia de que você não puxou seu gênio de sua mãe. – uma voz de menina, com um quê de curiosidade, soou atrás de si, bem perto de seu ouvido, fazendo-o dar um pulo devido ao susto, enquanto virava a cabeça numa velocidade incrível, fazendo a tontura acometê-lo.
Sentiu o sangue ferver em sua veia ao ver quem era. Aquela loira idiota não tinha mais o que fazer, não? Ela estava atrás do sofá, inclinada sobre o encosto deste, de modo que podia ler o que Brian lia.
Melissa sorriu marota perante a expressão fechada dele.
-Que foi? – perguntou, fingindo não entender a expressão dele, que se fechava cada vez mais.
-Até parece que você não sabe. – resmungou, enquanto levantava-se e, fechando o diário, o colocou sobre a mesa lustrosa, antes de se virar. – O que, diabos, você quer, afinal? – perguntou e Melissa deu de ombros, antes de apoiar uma mão no encosto do sofá azul marinho e, dando impulso com as pernas, pulou, de modo que passou por cima do encosto do móvel, antes de cair sentada nele, sorrindo.
-Ser sua amiga. – respondeu, enquanto ajeitava a barra do short esportivo que usava. – Afinal, sou nova na vizinhança, as crianças do meu prédio são um bando de anti-sociais e você é o único que, apesar de mostrar que não quer minha companhia, não me expulsa as pauladas.
Brian permitiu que um sorrisinho verdadeiro escapasse para seus lábios, enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.
-Desde que você não me peça para brincar de casinha, você pode vir aqui de vez em quando, para fazermos alguma coisa. – sentou-se ao lado dela. – Mas não vale vir todo o dia. – completou e ela murchou, enquanto bufava.
-Por quê? – perguntou simplesmente e ele sorriu.
-Por que eu não preciso de uma loira folgada, aparecendo nas horas mais inusitadas do dia. – sorriu, sarcástico. – Qualquer dia desses, você me pega no banho. – ela girou os olhos.
-Acho que você tem que melhorar seu senso de humor. – ele riu baixinho.
-E você o seu conceito de inconveniência. – ele resmungou, recostando-se melhor no sofá.
-E você tem que aprender a fazer um social de vez em quando. – ela resmungou, jogando as pernas pra cima do sofá e encostando-se no braço do sofá, de modo que pôde encará-lo de frente.
Brian riu baixinho.
-E se eu não quiser fazer social? – ela deu de ombros, enquanto continuava a olhá-lo, curiosa.
-Aí é um problema seu. – sorriu. – Só quis dar um conselho. – Brian sorriu e deu de ombros. – Me diz... Como você consegue ficar tanto tempo sozinho dentro dessa mansão? Sem nem ao menos ter um amigo? – ele ergueu uma sobrancelha, curioso.
-Como você sabe que eu não tenho amigos? – perguntou e ela riu; uma risada alegre, que vinha do recanto mais verdadeiro dela e que contagiava a todos, até mesmo Brian, mas este se obrigou a não sorrir; sorrira demais desde que ela chegara.
-Pode ser ríspido e anti-social, Brian, mas é a pessoa mais popular da vizinhança. – deu de ombros. – As vovós falam que não se deve deixar uma criança tão fofa quanto você, sozinho aqui. – ela continuou, sarcástica. – Já as outras crianças dizem que você é estranho e que gostariam de conseguir entrar na mansão á noite, enquanto você dorme.
Brian não parecia chateado com isso, Melissa concluiu, enquanto olhava atentamente para ele. Ao contrario; parecia achar graça no fato de todos o acharem estranho.
-Todos uns intrometidos. – ele murmurou, após um longo tempo em silêncio. – Não me importo se eles querem entrar na mansão, desde que eles próprios arquem com as conseqüências. – deu de ombros. – E quanto às vovós... São vovós e é óbvio que elas acham que nenhuma criança sabe se cuidar sozinha.
-E você sabe se cuidar? – ela desafiou, com um ar superior, que era desmentido pelo sorrisinho maroto no canto dos lábios.
Brian deu de ombros, com um sorrisinho frio.
-Melhor do que você de si mesma. – resmungou e ela gargalhou. Ele sorriu. – Eu estou vivo, não estou? – ela deu de ombros.
-Acho que sim. – respondeu, encolhendo um dos ombros, antes de se levantar, ainda sorrindo. – Eu tenho que ir... Mamãe acha que eu estou no banho e se eu demorar mais dez minutos pra voltar e “finalmente” sair debaixo do chuveiro, ela vai suspeitar. Sabe como é: paranóica. – completou e, antes de sair, inclinou-se sobre o moreno e depositou um breve beijo estalado na bochecha dele. – Até mais. – e saiu correndo pela portinhola.

Fim do Flashback

Brian bateu a porta atrás de si quando entrou em seu dormitório e, praguejando, parou ao lado do criado mudo, jogou a aliança de Melissa ali, antes de tirar a própria e jogá-la ao lado da da loira.
Ficou um tempo parado, admirando as jóias prateadas, as quais refletiam a leve luz da lua que batia diretamente no metal, enquanto tentava entender no quê, tanto ele quanto Melissa, haviam errado.
Não conseguia entender por que, diabos, a loira ficara tão revoltada com suas duvidas em Poções; da mesma maneira que Thomas podia pedir ajuda a ela, ele podia pedir ajuda a Tyler.
Suspirando profundamente, desviou as íris para a janela, de modo que pôde contemplar o céu azul marinho, onde era salpicado de pequenos pontos cintilantes, os quais circulavam a lua minguante.
Conhecia aquela loira há tanto tempo que pensava ser capaz de agüentar seus ataques de ciúmes, porém dessa vez não conseguira se conter; e por quê? Somente porque também estava com ciúmes; com ciúmes do tempo que ela estava dedicando a outro garoto; ciúmes de ver que ela ria com ele; ciúme de saber que nada poderia falar a respeito do que achava sobre o assunto, quando somente seus próprios atos deixavam claro que, apesar de tudo, respeita a liberdade que Melissa tinha, mesmo que estivessem namorando.
Nunca teria coragem de impedir a loira de ter amigos homens, porém quando vira Thomas, literalmente, babando por sua garota a raiva iminente lhe invadira; lhe dominando de tal maneira que, na primeira oportunidade que vira a loira na sua frente, longe daquele idiota, começara a pedir explicações; porém, não contara com o fato de que ela houvesse visto o momento onde Tyler tentara lhe seduzir.
Suspirando, colocou as mãos nos bolsos e abaixou a cabeça, encarando as pontas de seus tênis, como se estes fossem as coisas mais interessantes do mundo.
Inferno! Por quê era tão difícil aceitar o fato de que aquela doida havia atacado a droga do anel na sua cara? Mesmo que soubesse que a namorada era a criatura mais impulsiva do mundo, aquilo lhe ferira de tal maneira, que a única coisa que ele desejava fazer era esganar Thomas e Tyler. Dois idiotas, que tinham total culpa de dois tontos terem brigado.
Bufou; admitia que tinha sua parcela de culpa naquilo tudo, mas isso não significava que Melissa fosse a puritana da história, não significava que ele não tivesse o direito de ficar chateado e bravo com tudo aquilo.
Puxou o ar com força e o prendeu nos pulmões, antes de erguer a cabeça, de modo que pôde observar o céu noturno novamente. Caminhou lentamente até a janela, sentando-se no parapeito desta; cruzou os joelhos em frente ao peito, de maneira que pudesse abraçá-los. As íris ainda estavam presas no azul marinho do céu.
Sentia como se, de repente, toda a felicidade que demorara seis anos para conquistar houvesse simplesmente sumido de sua vida; como se não houvesse valido nada ter corrido atrás das coisas que possuía agora; amigos, irmãos de consideração; como se não valesse a pena ter-se permitido amar alguém e ser amado em retorno.
Não, não valia a mínima pena se não pudesse ter Melissa ao seu lado, para que pudesse compartilhar suas alegrias com ela, mas, naquele momento, não a tinha ao seu lado.
E foi aí que, finalmente, sua ficha caiu. Melissa havia se recusado a continuar ao seu lado para sempre; havia se recusado a ouvir todas as coisas que lhe faziam feliz; havia se recusado a ficar ao seu lado, para que ele pudesse ouvir essas coisas sobre a vida dela, da mesma maneira que estivera ao lado da loira quando os pais dela haviam se separado.
As íris azuis fixaram o nada, enquanto a mente passava toda a sua vida desde que a conhecera perante seus olhos, como um filme em câmera lenta. Lenta demais para evitar a dor que começava a crescer mais e mais dentro de si, consumindo-o completamente, até o momento onde as lágrimas finalmente rolaram, marcando o rosto masculino.
Demônios! Sabia que o que sentia pela ex-namorada era amor, mas não conseguia entender a que dimensões essa droga de sentimento chegavam; não conseguia entender o quanto dependia do sorriso dela; não conseguia entender como faria para continuar a viver quando desaprendera completamente a fazer isso, quando estava implicado ficar sem ela ao seu lado, fazendo-o o garoto mais feliz do mundo; como faria para continuar a sorrir, quando ela era o único motivo de permitir-se ser verdadeiro em todos os momentos.
Precisava dela até mesmo para conseguir criar pensamentos coerentes; para conseguir organizar seus próprios sentimentos para que conseguisse entendê-los e correr atrás deles.
Merlin, precisava dela para ser feliz; precisava dela para, simplesmente, ter um motivo para viver.
Suspirando, enterrou o rosto nos joelhos, permitindo que as lágrimas rolassem livremente por seu rosto.
Odiava o fato de não conseguir odiá-la.

Baby, take a look inside yourself
And right over you’re seeing someone else
Baby, please be true
You’ve gotta let me know
Tell me what you do to make you show
‘Cause I don’t wanna feel this insecure
You gotta give me a sing cause I don’t wanna lose you
I would do anything for us to remain
‘Cause I know that we can make it last-to be true
I don’t wanna lose you

Gina remexeu-se, inquieta, no banco, enquanto corria os olhos de um para o outro. Qual era o problema deles, afinal? Nunca que os amigos haviam ficado mais do que uma hora brigados e, no entanto, ali estavam Brian e Melissa, emburrados e brincando com suas respectivas comidas, brigados há, nada mais, nada menos, que uma maldita semana.
Aquela, ela podia dizer, fora uma semana do cão, onde ela tentava achar uma maneira de dividir-se em duas, para que pudesse andar com os dois amigos, ajudá-los, ao mesmo tempo, sem ter que deixar algum dos dois sozinhos.
Porém, nas refeições, isso se tornara inevitável; tanto que ali estava ela, sentada ao lado de Harry e de frente para Rony, exatamente no meio da mesa de Grifinória, enquanto Brian se sentara na extrema esquerda e Melissa na extrema direita.
Bufou; estava sendo realmente complicado manter a vidinha pacata que levava antes de tanta coisa acontecer, pelo mero fato de que quando ela começava a resolver seus próprios problemas, os amigos começavam a ficar com problemas, com os quais – mesmo que não admitissem – eles precisavam de ajuda para resolver. E ela era obrigada a constar que estava ficando mais louca que o normal naqueles últimos dias, uma vez que tinha o problema dos amigos e mais o fato de que Grifinória perdera o jogo contra a Corvinal, de modo que se não quisessem ser desclassificados do campeonato teriam que ganhar o jogo do dia seguinte, contra a Lufa-Lufa, onde estava fazendo Harry praticamente subir pelas paredes, tamanho era seu desespero para ganhar o jogo, o que o fez ter a brilhante idéia de marcar treino para todos os dias, antes do jantar, de modo que Gina só se via livre para se tacar no sofá da Sala Comunal quando já era, pelo menos, dez horas da noite.
E ela ainda tinha que estudar para recuperar suas notas! Inferno; era nisso no que sua vida se transformava quando Brian e Melissa decidiam ficar mais de um dia brigados.
Será que os dois jumentos que tinha como amigos não percebiam que ela estava se sentindo, literalmente, como um frango velho? Por todos os Santos, mal estava se agüentando ali, naquele momento; não agüentava nem levantar o garfo direito, quanto mais comer e, era exatamente por isso que, naquele momento, estava exatamente como os dois melhores amigos; a cabeça estava apoiada na mão e o cotovelo na mesa, enquanto, com a outra mão, brincava distraidamente com a comida, enquanto seus olhos estavam quase se fechando, tamanho era o seu cansaço.
Culpa de quem? Melissa, que tivera mais uma crise de choro durante a noite, onde fez Gina sentir-se obrigada a abrir mão de suas maravilhosas horas de sono, na sua caminha perfeita. Droga!
Bocejando, terminou de posicionar seu pastelão em um canto do prato, enquanto começava a arrumar o arroz de qualquer maneira, em um montinho separado do resto. Tedioso, era verdade, mas melhor que nada.
-O que, diabos, você tem, Gina? – Rony perguntou, começando a se irritar com a falta de atenção da irmã, uma vez que a conversa do trio estava animada e, ali estava a ruiva, perdida em pensamentos e lamentações, enquanto bocejava sem parar.
-Além de sono? – perguntou, enquanto pousava o garfo e se ajeitava. – Tenho meus dois melhores amigos brigados; tenho uma Veela em depressão, com crises de choros quase todas as noites; tenho um monte de dever atrasado; tenho treinos idiotas. – olhou de rabo de olho para Harry, que somente sorriu, divertido. – Tenho um amigo loiro que anda sumido, assim como uma certa morena... – nesse momento sua voz tivera um leve tom de malicia. – Tenho falta de fome; tenho aulas ridículas E tenho uma oriental idiota que não pára de tentar acabar com a minha paciência somente por que perdemos no último jogo.
-E finalmente chegamos á um carma em comum. – Harry resmungou, pousando o garfo e afastando o prato, emburrado. – A Chang não pára de me irritar, dizendo que pode desistir da vitória. – girou os olhos. – Mas ela somente vai fazer isso se eu concordar com alguns termos ridículos. – cruzou os braços em cima da mesa e enterrou a cabeça ali. – Como se eu não tivesse capacidade de manter meu time no campeonato.
Gina o olhou, curiosa.
-E que termos seriam esses? – perguntou e Harry suspirou pesadamente, antes de erguer a cabeça, revelando um sorriso desdenhoso e um brilho frio nos olhos.
-Vejamos... – fez uma fingida expressão pensativa. – Primeiro... – e começou a enumerar nos dedos. – Ela quer que eu finja ser um panaca e assuma aquela criatura que ta na barriga dela. – bufou. – Segundo, ela quer que a gente volte a ter o que tínhamos antes; nada. – riu de leve. – E terceiro, quer que eu termine com a minha mais nova amizade... – apontou para a Gina, que franziu o cenho.
-Que idiota. – murmurou simplesmente.
Harry riu, enquanto concordava com a cabeça.
-De fato. – olhou ao arredor, desanimado. – Mas não podemos negar que ela sabe como torrar a paciência de alguém. – Gina deu de ombros.
-Fale por você. – murmurou, levantando-se. – Eu desisto de tentar me manter acordada. Eu vou é dormir, que ganho muito mais. – sorriu para a Hermione, que a olhava com repreensão muda. – E, somente para constar, Harry, querido... – virou-se para o moreno, após dar alguns passos, porém continuou a andar de costas. – Você não tem capacidade de manter seu time no campeonato.
Harry somente gargalhou, enquanto Gina saia definitivamente do Salão Principal para a sua tão esperada visita à Terra dos Sonhos.

Tell me that you love me from the heart
And nothing in the world can tear us apart
Tell me that we’ll e together
For the rest of our lives
Baby, now and forever
The me that you still believe in everlasting love
And we’ll always be together- now and forever

Flashback

-Por favor! – pediu, os olhos azuis brilhando em chateação perante a hesitação dos pais em permitirem que seu mais novo amigo viajasse consigo para Vancouver no dia seguinte.
-E pra que você quer levar aquele esquisitão? – seu irmão perguntou, fazendo-a virar a cabeça e fuzilá-lo com os olhos. Joe sorria maroto, encostado na batente da porta, com os braços cruzados em frente ao peito. Melissa bufou.
-Ao contrario de você, ele é legal, seu idiota. – murmurou e o pai sorriu maroto, perante a resposta da filha mais nova.
-Nem pensem em começar a brigar. – a mulher mais velha disse, simplesmente, mas com um tom de voz tão autoritário, que eles não se atreveram a contestar. – Agora, me diga mais uma vez, Mel, por que, diabos, você quer levar esse menino? – Melissa girou os olhos, perante o pedido da mãe. Já havia respondido aquilo, pelo menos, umas cem vezes.
-Porque os pais dele não param de viajar e ele vai passar esse natal sozinho. – ela respondeu e seus pais trocaram um olhar apreensivo.
Seu pai agachou-se até ficar na sua altura e pousou uma das mãos sobre seu ombro, enquanto sorria calmamente.
-Querida... – puxou o ar com força e trocou um breve olhar com a esposa. – Eu não sei o que ele te disse, mas o garoto da recepção do prédio nos disse que esse menino com que você tem andado, não tem pais. – Melissa ergueu uma sobrancelha, curiosa.
-Ta... Admito que ele mentiu sobre os pais, mas eu creio que ele só fez isso porque ainda deve doer, pra ele, falar nesse assunto. – olhou para os pais e sorriu. – Ele é só um garoto de dez anos que precisa de uma prova de que ainda existem pessoas no mundo que se importam com ele. – completou e os pais suspiraram.
-Ou ele precisa de pessoas idiotas, que o coloquem em algum lugar cheio de coisas valiosas pra ele roubar. Eu ainda acho que ele é trombadinha. – Joe murmurou, entre divertido e curioso. – Eu só fui uma vez até lá com a Melissa, mas pude ver que o pirralho tem coisas de valor naquele cubículo em que vive. – Melissa girou os olhos.
-Aquele “cubículo”, como você diz, é enfeitiçado para atender às necessidades dele, Joe, por que, ao contrario de um certo idiota que está na minha frente, ele não tem quem faça as coisas para ele. – Joe deu de ombros e, girando nos calcanhares, ele foi para o próprio quarto, terminar de arrumar suas coisas.
-Olha, filha... – seu pai começou e Melissa olhou-o, esperançosa. Ao ver os olhinhos da menina brilharem em esperanças, sentiu que seria desumano de sua parte negar algo que parecia ser tão importante para ela. Suspirou. – Ah, ok, ele pode ir. – jogou as mãos para cima. – Mas se ele der problemas, ele volta imediatamente, entendeu?
Melissa abriu um sorriso de orelha a orelha, antes se jogar no pescoço do pai e beijar sua face várias vezes.
-Você é o melhor pai do mundo! – exclamou, antes de se soltar do pai, que ria, e correr para seu quarto, no intuito de ir até a casa de Brian, avisá-lo de que ele iria viajar, afinal, ele ainda não sabia.

Fim do Flashback

A manhã estava quente, indicando que, oficialmente, o verão começara e deixava claro que seria extremamente rigoroso naquele ano. Mas isso não tirava a empolgação de nenhum dos estudantes perante o jogo que aconteceria dentro de algumas horas entre Grifinória e Lufa-Lufa.
Porém o ar animado que havia ao seu arredor não conseguia conquistá-la; continuava desanimada, enquanto continuava a brincar com sua comida, somente ouvindo a algazarra dos outros alunos, tentando não pensar nele .
Mas essa, constatou, era uma tarefa impossível no momento; era como se houvesse um imã em seu cérebro que sempre o atraia a seus pensamentos. Como se estivesse condenada a pensar nele para sempre; como se já não bastasse a dor que sentia havia uma odiosa semana, na qual ela sentia-se péssima por não permitir que Gina dormisse nas noites onde não conseguia segurar o choro até ter certeza de que a amiga ruiva já estava muito longe do mundo presente.
Porém, tinha que admitir, que a ajuda que a caçula dos Weasley’s tinha lhe dado naqueles dias era de extrema valia, pois fazia-na ver alguns de seus erros, mas nunca que iria admitir isso em voz alta.
A única coisa que conseguira animá-la minimamente fora quando Gina lhe contara suas suspeitas sobre as longas sumidas de Joe e Hillary que, maliciosamente pensando, sempre coincidiam.
Um pequeno sorriso surgiu no canto dos seus lábios; de fato, seria realmente ótimo se seu irmão e Hillary estivessem tendo alguma coisa séria, mesmo que fosse estranho pensar isso, pois Joe já havia falado uma vez que amava Gina.
Mas, pensou, enquanto afastava o prato, Joe provavelmente desistira da ruiva, uma vez que esta já havia mostrado indiretamente que estava completamente apaixonada por Harry, mesmo que negasse isso até a morte.
Não sabia porque, mas sentia que já fazia algum tempo que Gina havia mudado; parecia um pouco mais madura, mais séria do que realmente era. Seja o que fosse que a ruiva havia aprontado, não havia contado para ninguém e não dava nenhum sinal que pudesse indicar o que aprontara.
Melissa suspirou, enquanto erguia-se e olhava brevemente ao arredor. Sentiu um arrepio correr seu corpo quando seus olhos encontraram-se brevemente com os de Brian, que vinha caminhando para fora do Salão Principal.
O moreno corou levemente, por ter sido pego no flagra, a observando e, desviando o olhar, parou hesitante ao lado dela.
-Hei. – murmurou, enquanto continuava a olhar ao arredor; as mãos enfiadas nos bolsos da calça para evitar que elas o traíssem e tocassem Melissa.
-Hei. – ela respondeu no mesmo tom, sentindo o coração disparar, enquanto olhava para as portas abertas do Salão, desejando ter sido mais rápida ao decidir ir embora.
-Hum... – ele murmurou, pensando no que podia falar agora; a verdade era que não fazia a mínima idéia de por que havia parado para falar com ela. Inferno! – Como você ta? – perguntou, por fim, decidindo ser somente educado; não precisava implorar por perdão, certo?
Como eu estou? Como eu estou? Oh, estou ótima, seu idiota! Não como, não durmo, não estudo e só choro! Como você achar que eu estou? , sua mente gritou, enquanto uma raiva cega invadia seu corpo e a vontade de apertar aquele pescoço bonitinho começava a aparecer.
-Ótima e você? – respondeu, por fim, erguendo o queixo de modo desafiador; como que o desafiando a contestar o que acabara de dizer; desafiando-o a dizer o que realmente queria ao parar ali para conversar, como se não houvesse acontecido nada; como se não se conhecessem há cinco anos; como se não estivessem magoados um com o outro.
-Melhor impossível. – ele respondeu, dando de ombros, enquanto sentia seu interior quebrar-se mais ainda depois da resposta dela; era como se a loira houvesse criado a habilidade de esconder seus verdadeiros sentimentos; como se ela houvesse praticado muito e, após uma semana, aprendera a fechar seus olhos para ele, que não conseguia ver nada além de indiferença brilhando nas íris azuis dela.
E fora exatamente por causa dessa indiferença que respondera o que respondera; sabia que se a loira ainda guardasse algum ressequiu de magoa dentro de si, iria desmoronar assim que se visse sozinha em algum lugar; assim como ele próprio assim que se visse sozinho em seu dormitório.
Melissa forçou um sorriso satisfeito, enquanto colocava uma mexa da franja loira atrás da orelha e olhava atentamente para o rosto do moreno, procurando algum sinal de que ele mentira; a única coisa diferente que encontrara foi leves olheiras nele, que indicavam que não havia tido uma boa noite de sono. Nada mais.
-Vai ao jogo hoje? – perguntou, tentando manter uma conversa normal com ele. Pelo menos, pensou, não estavam aos berros um com o outro, em outra briga idiota. Brian deu de ombros e, tirando as mãos dos bolsos, cruzou os braços em frente ao peito, num gesto de quem estava impaciente; o que, de fato, ele estava. Estava impaciente por tocá-la; ansiava sentir novamente o gosto da boca dela contra a sua; ansiava ouvir novamente ela murmurar que o amava.
Inferno! Precisava dela mais do que poderia pensar em admitir em voz alta; precisava mais do que poderia supor que, algum dia, poderia vir a precisar de alguém.
-Acho que sim. – respondeu, desviando brevemente o olhar para a porta do Salão, como quem diz que precisa ir. E ele, realmente, precisava ir... Ir para um bom banho frio, por que aquela loira tinha um poder sobre si tão grande, que ele mesmo não conseguia entender.
Porém, pensou mal humorado, enquanto dava um leve sorriso para ela, sabia que somente banhos frios não iriam lhe ajudar em nada, pelo menos não por muito tempo. Seu corpo não iria se contentar por muito tempo com o simples toque de água fria para conter o maldito desejo que o invadia de tal maneira, que ele se surpreendia cada vez que conseguia controlar-se e não agarrava Melissa toda vez que ela passava por si nos corredores, no final das aulas.
-Legal. – ela permitiu que um sorrisinho escapasse para o canto de seus lábios. – Eu tenho que ir. A gente se vê por aí. – completou e Brian concordou com um aceno de cabeça, fazendo a loira girar sobre os calcanhares e sair correndo para fora do Salão, deixando pra trás um Brian mais chateado do que ele estava antes.
Aquela loira era doida.

Remember all the promises we made
Remember all the words we use to say – use to say
That an open heart will always find a way
What would it take for me to make you realize

Silêncio. Era disso que precisava desde que saíra do Salão Principal, onde trocara algumas poucas palavras com Brian.
Cinzas. Era isso que estava observando desde então. Era realmente muito interessante, quando não se havia nada melhor para se fazer. Sim, podia ir assistir ao jogo de Quadribol, mas não tinha a mínima graça quando já se sabia o resultado; vitória da Grifinória. Não que ela possuísse alguma habilidade de ver o futuro, porém era óbvio que se o time da casa dos leões não ganhasse, Harry mataria jogador por jogador, até que se sentisse satisfeito e conformado por ter sido desclassificado do campeonato daquele ano.
Gina provavelmente o ajudaria, pensou, uma vez que a ruiva e o Menino Que Sobreviveu haviam virado grandes amigos naquela semana, mesmo que às vezes, quando ela chegava de supetão onde eles estavam, havia um ar de constrangimento entre eles, que somente fingiam que nada havia acontecido, antes de embalarem uma conversa animada sobre banalidade, querendo fazer ela, Melissa, rir.
E, muitas vezes, haviam conseguido, contando as piadas que aconteciam durante os treinos; porém, nenhum sorriso era mais verdadeiro que aquele que dava quando, enquanto riam, Harry e Gina se abraçavam com carinho.
Sorriu; estava mais claro que água naqueles últimos dias que os dois se amavam mais que tudo, porém não estava nada claro o por que de eles não estarem juntos e, sempre que a loira tocava no assunto com a ruiva, Gina dava um jeito de desconversar, ou simplesmente dizia que não queria falar sobre o assunto.
Suspirou; Gina era confusa. E muito. De fato, Melissa nunca ia entender a caçula dos Weasley’s; num momento aquela ruiva doida dava a entender que seria capaz de tudo para trocar somente um beijo com o moreno e no outro ela dava a entender que não se importava a mínima com ele. Doida.
Mas seus pensamentos não puderam ir muito longe, uma vez que o retrato da Mulher Gorda abriu-se e, por ele, entrou o maior barulho de vozes, risos e gritos de felicidade que Melissa lembrava-se de já ter ouvido em toda sua vida.
Suspirou, antes de girar a cabeça na direção da porta, onde havia uma grande massa de alunos gritando e correndo, enquanto circulavam a pequena massa vermelha, que era o time da Grifinória.
Alguém – Melissa não conseguia ver muito longe, tamanha era a quantidade de pessoas, como se os alunos houvesse se multiplicado – conjurou música, a qual começara a tocar a soar alta e animada, enquanto os alunos terminavam de entrar e Gina se jogava no sofá, ao lado da amiga loira, que girou as íris azuis para olhá-la.
E lá estava a Gina que ela conhecia, após uma partida; os cabelos estavam meio soltos e meio presos em um rabo de cavalo; na bochecha esquerda dela havia uma grande mancha marrom, sinal de que, em algum momento, caíra da vassoura; as vestes estavam grudadas no corpo, devido ao suor; os fechos da luva estavam afrouxados. Os lábios estavam curvados num sorriso satisfeito.
-Ganhamos de quanto? – perguntou, permitindo-se contagiar pelo sorriso da ruiva.
-Quinhentos a cem. – ela respondeu, no mesmo instante em que Harry se jogava no último lugar vazio do sofá, ao lado de Gina.
-Um bom jogo, ruiva. – ele comentou, enquanto tirava as luvas e as jogava aos seus pés. Gina riu.
-Uma bela Finta de Wronski. – ela deu de ombros, enquanto Harry gargalhava ao se lembrar da expressão que o apanhador da Lufa-Lufa fez, após se recuperar da colisão.
-Aquele cara é um idiota. – Melissa girou os olhos; por que eles estavam ali, com ela, quando podiam estar no meio do povão, gritando e pulando?
Por Merlin! Ela mesma não se suportava, quem diria os amigos! Mas, apesar de tudo, eles estavam ali, lhe fazendo companhia e, mesmo que não participasse da conversa, Melissa estava se divertindo vendo os dois conversarem, relaxados, mas com um brilho peculiar nos respectivos olhos, quando se olhavam.
Permitiu que um sorrisinho escapasse para o canto de seus lábios, enquanto os observava minuciosamente, como que procurando algum sinal que indicasse se eles estavam ou não tendo alguma coisa, da qual Gina não contara a Melissa, mas por mais que os olhasse atentamente, a loira não conseguia achar nada, além dos olhos; nenhuma pista.
Inferno! Era óbvio que...
-A gente tem que conversar. – a voz de Brian chegou a seus ouvidos, fazendo todos e quaisquer pensamentos fugirem de sua mente, como um passe de mágica. Engolindo em seco, ergueu os olhos lentamente, até que suas íris encontraram a dele.
O coração batia apressado contra o peito e a respiração tornara-se rasa, de modo que fez que a loira ficar ofegante. As pernas viraram geléias, enquanto as mãos começaram a suar frio.
Sabia o que ele queria conversar; descobrira isso no tom de voz que ele usara: baixo, arrastado. Amedrontado. Talvez, até preocupado.
Puxando o ar com força para os pulmões, levantou-se lentamente, diminuindo a distancia entre os corpos; era como se tudo ao seu arredor houvesse deixado de existir de repente. Era somente ela e Brian.
-Tudo bem. – respondeu, por fim, num fio de voz, antes de ele a segurar pelo pulso e arrastá-la, literalmente, pela escada dos dormitórios masculinos, na direção do dormitório que Dumbledore lhe dera, no qual havia somente ele.
O moreno não podia negar que, assim que permitira que aquelas palavras saíssem de sua boca, sentira o medo iminente de tê-la perdido para sempre dominá-lo de tal maneira que ele teve que usar de todo o seu autocontrole para não agarrá-la e beijá-la, antes de lhe dizer tudo o que sentia, naquele momento.
E tudo o que sentia, tudo o que queria, era voltar a tê-la do seu lado em todos os momentos de sua vida; queria que ela estivesse do seu lado, rindo, nos momentos de felicidade; queria tê-la ao seu lado, nos momentos ruins; e, acima de tudo, queria que ela ficasse ao seu lado, dizendo que o amava; fazendo-o ser o cara mais feliz da face da Terra.
Mas, para que isso pudesse acontecer, ele sabia que teria que conversar sinceramente com ela; sabia que teria que deixar tudo em pratos limpos para, então, ele tentar algum tipo de reaproximação.
Por Merlin! Ficaria louco se ela não quisesse mais nada; aliás, fora isso que ela deixara muito claro com a atitude na breve conversa que haviam tido no Salão Principal. Doera muito ver o olhar de indiferença; doera saber que ela “estava ótima”; doera ver que ela ainda podia sorrir, mesmo que estivesse somente ao lado de Gina, enquanto ele não conseguia permitir que um único sorriso verdadeiro surgisse.
Não porque quisesse que isso acontecesse, mas pelo mero fato de que Melissa era tudo o que precisava. Não precisaria de mais nada, se pudesse tê-la ao seu lado até o fim dos seus dias; cada respiração que dava, desde que a conhecera – ele era obrigado a admitir – fora em razão dela, fora por e para ela.
A única pessoa que se importara realmente em bater na mesma tecla várias vezes, até que conseguisse conquistar sua admiração e respeito. E, mais tarde, seu coração.
Inferno! Precisava dela para poder continuar a viver e não havia mais como negar isso.
Aquela havia sido a pior semana que ele lembrava-se de já ter tido em toda sua vida, desde que a conhecera. Não conseguia dormir direito, onde seu sono era constantemente interrompido por sonhos, nos quais Melissa dizia não amá-lo mais; ao comia; não ia a aula; quase não falava; andava com um humor péssimo; e via Gina esgotar-se mais e mais para conseguir conciliar estudo, quadribol e tempo para os amigos.
Diabos! Apesar de ser muito grato a tudo o que Gina vinha fazendo por ele e por Melissa nos últimos dias, tinha que admitir que aquele era problema somente deles dois; Brian e Melissa. Por mais que os conselhos e as intenções de Gina fossem boas, a amiga não devia cansar-se tanto por causa de uma coisa que ela não tivera nem a mais remota participação.
A não ser, é claro, que ela quisesse se remediar pelos comentários sarcásticos e inapropriados que se permitira falar quando o moreno e a loira brigavam... Por que se fosse por isso, Brian faria questão de voltar até o Salão Comunal e arrastar a ruiva até o seu dormitório também, para que ela verbalizasse as desculpas.
Mas esse não era o caso, se repreendeu em pensamentos. O fato era que ele estava tentando, desesperadamente, conseguir colocar tudo em pratos limpos com Melissa, para que pudesse, ao menos, retomar sua amizade com ela.
Suspirando profundamente, pousou a mão livre sobre a maçaneta polida da porta do seu quarto e, empurrando a peça de madeira, entrou no aposento, levando consigo a ex-namorada, que fechou a porta atrás de si, ao ver que Brian não pretendia fazê-lo, ao caminhar até a janela e encostar-se no parapeito desta, cruzando os braços sobre o peito malhado. As íris azuis estavam fixas em cada movimento que a loira fazia, desde olhar ao arredor, até caminhar hesitante até sua cama, sentando-se na pontinha do colchão fofo, sem parecer notar que era observada pelo garoto moreno.
Os olhos dela corriam por todos os lados, curiosos, absorvendo cada detalhe, desde a decoração, até a arrumação dos livros sobre uma prateleira, sobre uma escrivaninha, em frente a cama.
O ar, antes de confusão, transformara-se em um cheio de tensão e ansiedade, conforme a loira ia se habituando com o ambiente a sua volta e ia se dando conta de que o moreno a observava fixamente, enquanto a sombra de um sorrisinho carinhoso passava pelos lábios firmes.
A verdade era que Brian amava Melissa por seus gestos simples, como a maneira como ela se comportava em ambientes novos, olhando tudo com curiosidade, mas com certa discrição; como ela mantinha-se quieta até saber o que se podia ou não fazer em determinado local.
Suspirou baixinho, antes de fazer com que qualquer vontade que possuísse de sorrir da loira, sumir, lembrando-se do que tinha para falar com ela. E o que mais contribuiu para que ele ficasse sério, foi a lembrança de por que tinha que falar com a loira.
-Foi um bom jogo hoje, pelo jeito. – ela murmurou, para quebrar o silêncio incomodo para ambos. Brian a agradeceu mentalmente, pois assim poderia entrar de modo sutil no assunto que queria.
-Sim. – concordou, esboçando um leve sorriso. – Fiquei sabendo que os jogadores da Lufa-Lufa ficaram indignados quando Potter fez aquela Finta. – Melissa gargalhou; som que encheu o quarto e fez um arrepio subir pela espinha de Brian.
-Pelo pouco que ouvi da conversa entre o Harry e a Gina, o jogo foi excelente. – ela falou, quando se recuperou das gargalhadas. – Aliás, foi um bom jogo, somente pelo fato de que a gente ganhou. – Brian riu e assentiu com a cabeça.
-Com certeza. – disse, como que para dar maior certeza ao gesto. - Assisti somente os primeiros dez minutos, mas cansei depois de ver a Gina marcar cinco gols consecutivos. Foi um bom jogo... – continuou, ainda sorrido de leve. – Mas foi muito repetitivo, pelo menos no começo.
Melissa deu de ombros, enquanto permitia que um sorriso sereno se apossasse dos lábios vermelhos.
-No instante em que os vi entrando pelo retrato da Mulher Gorda, agora a pouco, pensei que teria sido melhor se eu houvesse ido assistir ao jogo, ao invés de ficar enfornada dentro do castelo, nesse calor. – ela deu de ombros novamente e Brian teve que conter o impulso de ir até ela e agarrá-la, enfiando as mãos nos bolsos das calças e cerrando os pulsos.
Não a tocaria, se ela não quisesse. Aliás, não faria nada que ela pudesse vir a não querer, mesmo que isso significasse que ele precisasse ficar meia hora sem respirar.
-No instante em que os ouvi entrando no Salão Comunal, pensei que fosse o momento mais apropriado para ir te procurar. – murmurou, desviando o olhar. E pensar que queria ser sutil. – Por que... – parou por breves segundos, procurando as palavras certas. Melissa o encarava, séria e curiosa, esperando pacientemente que ele organizasse os pensamentos. – Eu... Por mais orgulhoso que eu possa ser, Mel... Eu sou obrigado a admitir, mesmo que só pra você, que minha vida não é mais a mesma se eu não puder contar com você do meu lado. – mordiscou os lábios, olhando todos os lados, menos para ela. – Você, ou até mesmo eu, gostando ou não... Eu preciso de você, mais do que eu poderia imaginar que um dia viria a precisar de alguém. – completou, de um fôlego só.
Melissa sentiu o ar se perder no caminho de seus pulmões, enquanto o coração acelerava. Os olhos se encheram de lágrimas quando a imagem do que ocorrera no corredor voltando a sua mente com toda a força.
Abaixou a cabeça e puxou o ar com força, enquanto procurava as palavras certas para falar o que queria.
-Embora eu também sinta isso, Brian... – começou, olhando para o lado oposto, enquanto escorregava a mão pelo próprio braço. – Eu não posso ignorar tudo o que eu vi acontecer... Eu não posso ignorar as coisas que você jogou na minha cara e... Muito menos, ignorar tudo o que eu tenho sofrido nos últimos dias, somente pelo fato de saber que nunca mais veria um sorriso seu, que fosse somente pra mim. – a primeira lágrima escorreu, mas ela se apressou em secá-la, discretamente. – Mas, acima de tudo... Você feriu a confiança que eu tinha em você.
-E você me feriu de tal maneira, por não confiar em todas as vezes que eu dizia o que sentia por você, que eu penso que o que você me disse não passasse de mentira. – ele murmurou, olhando para o chão, sentindo os olhos arderem, sinal de que logo choraria, mas lutava contra as lágrimas. – Diabos, mulher... Você realmente acha que eu teria passado por tudo o que passei durante essa semana, se o que eu lhe disse desde o Natal não fosse verdade? Você, realmente, acha que eu estaria aqui, agora, conversando com você, se de fato não te amasse?
-Eu não sei, droga! – ela exclamou, levantando-se e finalmente olhando para ele, que engoliu em seco ao ver os olhos marejados. – Eu não sei o que aconteceu antes de eu chegar naquela droga de corredor, eu não sei o que aconteceu depois que eu saí de lá. Eu não sei o que você passou durante toda essa maldita semana, pelo merda do fato de que você sumiu da minha vida e somente se dignou em olhar pra minha cara, hoje de manhã e para esfregar que estava “melhor impossível” sem a minha companhia intragável. – gritou, permitindo que toda a raiva que sentira naqueles sete dias, saísse, desabafando tudo o que mantivera preso dentro de si. Brian somente a encarou em silêncio, esperando que ela continuasse. – Eu não sei mais o que você sente, Brian, por que você se fechou pra mim. – desviou o olhar brevemente, antes de se calar, esperando a resposta dele.
-E você acha que fez o quê, Melissa? – ele perguntou, com a voz mais rouca que o normal, enquanto as íris azuis adquiriam uma tonalidade mais escura, mostrando o quão magoado ele estava com tudo aquilo. – Gritou aos quatro ventos se estava sofrendo? Se estava alegre? Que seus olhos brilhavam em pura felicidade? – passou uma mão pelos cabelos, num tique nervoso. – Diabos! Tudo o que eu conseguia ver em você era indiferença, quando não estava rindo ao lado da Gina e do Potter. – puxou o ar com força, para se acalmar e ergueu o queixo, num gesto de desafio; desafiando-a a negar tudo o que ele acabara de dizer.
O lábio inferior dela tremeu, mas ela ergueu o queixo também.
-Se você se excluiu da sociedade, somente por que estava triste, eu não tenho culpa. Foi uma escolha sua, não minha. – ele riu, sarcástico.
-E não foi uma escolha sua jogar a aliança na minha cara? Não foi uma escolha sua terminar o namoro, antes da gente esfriar a cabeça e conversar? Não foi escolha sua agir como se não tivesse a mínima culpa no cartório? – ele perguntou, jogando toda sua frustração em cima dela, fato o qual ela notou.
-Não desconte sua frustração por ter fracassado, em mim. – ela murmurou, entre os dentes e Brian suspirou pesadamente, se acalmando, olhando-a com pesar.
-É preciso dois para uma relação. – ele murmurou, caminhando até ela, parando somente quando as pontas dos seus tênis, tocaram a ponta dos dela. – Nós dois fracassamos, Mel, mas podemos tentar fazer dar certo dessa vez. – acariciou o rosto dela com a ponta dos dedos, limpando o caminho das lágrimas. – Podemos fazer ser verdade...
-Eu não queria perder você, mas você sabe como eu sou. – ela resmungou, fechando os olhos para guardar na memória a textura daquele toque; quente; macio. Reconfortante.
Brian sorriu de leve.
-Eu quero você, Mel. – murmurou, abaixando a cabeça, até que seus lábios ficassem na altura da orelha dela. Mordiscou-lhe o lóbulo. – É só você me dar algum sinal de que posso tê-la. – ele completou, no mesmo tom, antes de depositar pequenos beijos na curva alva do pescoço delicado dela, que ofegou, mas não disse nada.
A verdade era que aquilo estava indo rápido demais para sua mente. E era muito confuso, também. Em um momento, falavam de Quadribol, no seguinte gritavam um com o outro para, por fim, ele a estar seduzindo.
Sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando os braços dele envolveram sua cintura, fazendo os corpos se colarem. Os lábios firmes ainda depositavam pequenos beijos em seu pescoço, embora fosse em menor quantidade, como se Brian estivesse procurando o controle que perdera naquele momento; como se ele estivesse tentando fazer a razão vencer o desejo e esperar por uma resposta dela.
Parou de beijá-la, mas não a soltou, enterrando o rosto nos cabelos loiros, aspirando seu perfume doce, embriagando-se. Melissa encostou a testa no ombro largo, escondendo o rosto na curva do pescoço, de modo que o perfume cítrico lhe invadiu as narinas, dominando-a.
Não sabiam quanto tempo haviam ficado daquela maneira, mas sabiam que mesmo que não houvesse caricias ou beijos, somente o fato de estarem tão próximos um do outro matava a saudades que sentiam de estarem assim, tão pertos.
Mas, por mais que os corpos estivessem grudados, os corações estavam longe... E Brian pôde perceber isso e, por esta razão, suspirou pesadamente e recuou alguns passos; as íris brilhando em desapontamento, perante o silêncio de Melissa. Abaixou a cabeça, pensativo, onde seus pensamentos ficariam somente para si.
Melissa não sabia o que fazer... Aliás, não sabia nem o que estava sentindo, quanto mais saber o que responder perante o pedido do moreno a sua frente.
-Olha... – ele murmurou, após um tempo em silêncio, no qual Melissa ficara o observando em silêncio, enquanto as lágrimas voltavam a escorrer por seu rosto, ao ver que cada vez mais deixava o moreno a sua frente chateado. Inferno! Não fazia nada certo! Burra! – Eu sei que eu não sou, necessariamente, o único culpado disso tudo... – ele murmurou e um sorrisinho triste escapou para os lábios de ambos. – Mas me desculpa, ta legal?
Isso pegou Melissa de surpresa; nunca, desde que se conheceram, o moreno havia feito um único pedido de desculpas e, para pedir perdão a ela, ele fingia que nada havia acontecido e falava com ela normalmente.
No entanto, ali estava ele, olhando para ela chateado, pedindo desculpas, mesmo que a loira houvesse reconhecido – mesmo que para si mesma – que ele não possuía nenhuma culpa. Merlin! O que estava deixando escapar por entre os dedos por não conseguir encontrar nenhuma palavra para dizer a ele?
Brian puxou o ar com força e crispou os lábios, sinal de que estava mais do que chateado com aquela reação da loira – que fora somente um leve arregalar de olhos, um ar pasmo e o silêncio.
-A decisão de manter a existência disso tudo, Melissa, é sua. – ele murmurou, num tom de voz que deixava claro que havia desistido de lutar sozinho por tudo o que havia entre eles; num tom que deixava claro que queria algum sinal de que valia a pena continuar a amá-la.
Como não tinha mais nada a dizer ou para esperar ser dita, o moreno lançou um último olhar chateado a loira, antes de começar a caminhar na direção da porta do dormitório.
Melissa fechou os olhos, fazendo as lágrimas escorrerem com mais força pelo seu rosto, enquanto sentia o coração bater mais rápido e o ar se perder no caminho de seus pulmões.

And I know that we can make it last-to be true
I don’t wanna lose you... Uhhhh

E, de repente, a decisão apareceu na sua frente, como num passe de mágica. Abrindo os olhos, virou-se sobre os calcanhares, a tempo de ver o moreno estender a mão para a maçaneta.
-Brian! – chamou, ofegante perante o que pretendia fazer. O moreno parou no meio do movimento de fechar os dedos ao arredor da peça metálica e girou o rosto, de modo que pôde observá-la por sobre os ombros, revelando que algumas poucas lágrimas haviam escorrido por seu rosto.
-Sim? – sua voz saiu rouca, quase nula, tamanha era sua vontade de sumir dali o mais rápido possível; porém Melissa aguçara sua curiosidade ao chamá-lo com um quê de urgência na voz, enquanto o corpo emanava ansiedade.
-Sabe... Definitivamente, você não culpa de nada. – murmurou, tentando ganhar tempo para reunir mais coragem dentro de si. Aproximou-se lentamente dele, parando somente quando os corpos estavam separados por milímetros; Brian virou-se, de modo que ficou de frente para ela, que sorriu maliciosa, antes de inclinar o corpo, fazendo os lábios se roçarem.
Esticando a mão, a loira trancou a porta. Brian arregalou os olhos, entendendo o que a garota pretendia fazer.
-Acho que quem tem que pedir desculpas aqui sou eu. – ela continuou; o sorriso permanecia nos lábios naturalmente vermelhos. – Então, querido, me desculpe. – seu sorriso tornou-se um carinhoso. – Desculpe por ser uma retardada e jogar a aliança na sua cara. – fez uma careta e Brian gargalhou. – E, só mais uma coisa...
-Sim? – ele perguntou, franzindo o cenho em curiosidade, ao vê-la interromper-se.
-Você fica uma gracinha com lágrimas escorrendo. – ela deu de ombros e ele voltou a gargalhar, mesmo que suas bochechas ficassem levemente rosadas. – Mas, apesar desses... Deliciosos atrativos físicos... – o sorriso malicioso estava de volta. – Eu te amo muito. – concluiu, antes de finalmente cobrir os lábios dele com os seus.
Um arrepio correu os corpos de ambos, enquanto as línguas se procuravam com ansiedade. As mãos percorriam os corpos um do outro, explorando cada pedacinho desconhecido, fazendo o ar ficar mais quente do que já estava.
As línguas se encontraram e começaram a roçar uma na outra de tal maneira, que foi impossível para Melissa conter o gemido sufocado que estava preso em sua garganta. Sentindo as pernas bambas, a loira abraçou o pescoço do moreno com mais força, de modo que os corpos ficaram tão grudados, a ponto de ela poder sentir o quanto ele a queria.
E somente essa constatação a fez sentir-se mais confiante em si mesma e mais ousada, como nunca pensara que seria capaz de se sentir algum dia. Enterrou uma das mãos nos cabelos dele, acariciando-o, enquanto a outra corria pelo corpo másculo, deixando um rastro de fogo por onde passava, parando somente quando encontrou o elástico da calça de Brian, que não pôde evitar o tremor que passou pelos músculos definidos.
Mas Brian estava decidido a não deixar as provocações da namorada passarem batidas e, num momento de puro desejo, correu as mãos pela coluna da loira, antes de pousar as palmas na barriga reta e começar a subi-las por debaixo do tecido fino da blusinha que ela usava, parando somente quando as pontas dos seus dedos encontraram o começo do fino tecido do sutiã; e ali ficaram, fazendo pequenos carinhos na pele macia, fazendo-a se arrepiar.
Os lábios se separaram por breves segundos, para que pudessem pegar ar e, sem poder conter a vontade que sentia de provar cada pedacinho da pele da namorada, o moreno pousou os lábios firmes no queixo dela, antes de ir descendo para o pescoço, fazendo uma trilha de beijinhos, os quais arrancaram um leve gemido satisfeito dela, o que dava mais certeza a ele de que podia continuar.
-Amo você. – murmurou, entre um beijo e outro, enquanto suas mãos iam para lateral do corpo dela e continuavam a subir, levando consigo a delicada peça de roupa, que caiu no chão instantes depois.
Jogando a cabeça pra trás, Melissa deu a ele mais acesso a seu pescoço; Brian inclinou mais o corpo sobre o dela, pousando os lábios na curva alva do pescoço macio. O cheiro doce do perfume dela, entrava em suas narinas, deixando-o cada vez mais embriagado e com mais vontade de sentir o gosto da pele clara.
Estavam tão concentrados um no outro que nem perceberam quando começaram a caminhar na direção da cama, parando somente quando à parte de trás das pernas da loira bateram na borda do móvel, fazendo-a perder o equilíbrio e cair deitada sobre o colchão fofo, levando-o consigo.
Erguendo a cabeça, o moreno fitou a namorada nos olhos por breves minutos, antes de capturar os lábios dela novamente, num beijo calmo, mas ao mesmo tempo exigente.
O coração batia rápido contra seu peito, fazendo-a pensar que ele logo saltaria para fora de seu corpo. Era como se seu corpo somente funcionasse normalmente, se seus lábios sentissem os do moreno contra o seu; como se seu mundo somente voltasse a rodar, se as mãos dele passeassem por suas curvas, deixando um rastro de fogo, mesmo que o que mais emanava dos gestos do namorado fosse respeito.
Melissa sabia que haviam entrado num caminho que não havia volta, porém eram tantas sensações novas, tantos sentimentos confusos e intensos, contudo tão bons de serem sentidos, que Melissa não sentia a mínima coragem ou vontade de fazer o moreno parar; somente queria que ele continuasse; que ele fosse até o fim e que, finalmente, a fizesse dele, enquanto ele seria somente seu.
Com as mãos tremulas, começou a desabotoar a blusa dele, revelando aos poucos o tronco bem definido.
Permitiu que um gemido baixinho escapasse por sua garganta, quando as mãos do namorado pousaram sobre o elástico da sua calça e ficaram lutando contra o cinto que a prendia, enquanto os lábios não queriam soltar-se um do outro. Mas a falta de ar falou mais alto, de modo que Brian se viu obrigado a parar o beijo, aproveitando o momento para encarar a namorada nos olhos; os lábios firmes e inchados se curvaram em um sorriso apaixonado.
-Eu sei que já estou bem em cima da hora... – ele murmurou com a voz mais rouca que o normal, enquanto subia uma das mãos, tirando o cinto da cintura da calça, jogando-o longe, enquanto a outra mão continuava pousada sobre a pele quente da cintura delgada da namorada. – Mas... – beijou brevemente os lábios inchados dela. – Tem certeza? – completou, antes de dar mais um breve beijo nos lábios dela, que sorriu, carinhosa, enquanto erguia uma das mãos para acariciar o rosto de linhas firmes do moreno a sua frente.
-Tenho certeza de qualquer coisa. – beijou-o. – Desde que venha de você, meu amor.
E naquele momento, não somente os corpos, mas também as almas e os corações se uniram, tendo somente a lua, do lado de fora da janela, como testemunha.

Tell me that you love me from the heart
And nothing in the world can tear us apart
Tell me that we’ll be together
For the rest of our lifes
Baby now and forever
Tell me that you still believe in everlasting love
And we’ll always be together – now and forever
Uhhhh

Continua...

N/A: (aparece em cena com um sorrisinho sem graça nos lábios.) Oie, meus lindos! “^-^”
Eu sei que eu demorei um pouquitinho, mas... Eu tenho a ligeira impressão que vocês estão começando a me entender e me dando mais tempo!”^^” É por isso que nos damos bem, acho.
Mas enfim... Antes que me perguntem: Não, essa música não é da Sandy do Sandy e Junior.
Em todo caso; espero que tenha valido a pena esse (conta nos dedinhos) um mês e onze dias... (encabulada) Mas entendam... Esse capítulo não estava batendo comigo... Ele é, em maioria, deprê, e eu ando tão animada ultimamente... Mesmo porque eu ando perdendo o jeito de escrever esse tipo de draminha e o romance que tem no final... Mas abafa, né?
Seguinte; essa semana eu, definitivamente, não vou nem mais pensar em fic alguma, porque eu vou estar em semana de prova e, é nessa semana que eu vou tentar recuperar totalmente minhas notas, por que senão é aula até o dia vinte e dois de Dezembro e, aí, mais demoras pra atualizar a fic... Juro que vou me esforçar pra não ficar de exame, ok? ;)
Mas voltando rapidamente para a fic: somente para ficar registrado; dia 14/11 foi o aniversario de um ano de Vinganças! xD Eu queria ter postado esse capítulo no dia do aniversario, mas nem deu, então eu posto hoje mesmo! x_x
Bom, é isso...
COMENTEM!
Beijos.

Tradução:

Diga me

Existem várias coisas que eu queria dizer
Existem vários pensamentos dentro de mim
Mas minhas palavras não podem encontrar uma maneira
Eu posso ver que você está mudando mais e mais
Agindo como você e antes
Eu vi você dormir sozinho, mas eu não queria perder você
Eu faria qualquer coisa para que voltássemos
Porque eu sei que nós podemos fazer ser verdadeiro
Eu não queria perder você

Diga-me que você me ama do fundo do coração
E nada no mundo pode em lágrimas nos separar
Diga-me que nós sempre estaremos juntos
Para o resto de nossas vidas
Baby, agora e para sempre
Diga-me que você ainda acredita em amor eterno
E nós sempre ficaremos juntos – agora e para sempre

Baby, olhe dentro de você mesmo
E veja se vê outra pessoa
Baby, por favor, faça ser verdade
Você começou deixando-me saber
Diga-me o que você faz para mostrar
Porque eu não quero sentir isso
Você começou a dar-me um sinal, porque eu não quero perder você
Eu faria qualquer coisa para que voltássemos
Porque eu sei que nós podemos fazer ser verdade
Eu não queria perder você

Diga-me que você me ama do fundo do coração
E nada no mundo pode em lágrimas nos separar
Diga-me que nós vamos ficar juntos
Para o resto de nossas vidas
Baby, agora e para sempre
Diga-me que você ainda acredita em amor eterno
E nós sempre ficaremos juntos – agora e para sempre

Lembre de todas as promessas que nós fizemos
Lembre de todas as palavras que nós usamos para dizer – usamos para dizer
Que um coração aberto sempre encontrará uma maneira
O que ele faria para que eu o faça realizar

E eu sei que podemos fazer ser verdade
Eu não quero perder você... Uhhhh

Diga-me que você me ama do fundo do coração
E nada no mundo poderá nos separar
Diga-me que vamos ficar juntos
Para o resto de nossas vidas
Baby, agora e para sempre
Diga-me que você ainda acredita em amor eterno
E nós sempre ficaremos juntos – agora e sempre
Uhhhh

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