É hora do show, Potter



- Você?


- Potter... Você é mais estúpido do que eu pensava, garoto. Se você conseguisse seguir pelo menos um terço das regras de Hogwarts, não estaria na Floresta Proibida a esta hora da noite, e não teria que... Bom, deixa pra lá. Para que contar antes, não é? O melhor vem com a surpresa... – sibilou, gargalhando terrivelmente.


- Malfoy... O que faz aqui? Eu deveria me... encontrar... com.. Lupin... – balbuciava, contorcendo-se de dor.


- Hahahahaha – gargalhou novamente. Potter... Finalmente, juntos outra vez. Não sabe como esperei por esse momento.


- Não seja ridículo, Malfoy. Eu tenho a... aaaaahh... infelicidade de te ver todo dia... Maldito... – a testa formigava.


- Cale essa boca e venha comigo.


- O que te faz pensar que eu te seguiria?


- Não resista, Potter. Ou vai ser muito pior. Eu não tenho a intenção de que seja doloroso, só quero resolver isso e sair daqui, ou logo não será mais seguro...


- Sair daqui? Seguro? Do que você está falando?


- Seu cérebro ficou no castelo, Potter? Cadê aquela abominável sangue-ruim? Seria muito mais divertido se estivessem todos aqui para assistir ao espetáculo.


- Pare com essa palhaçada, Malfoy! – ordenou Harry, empertigando-se. Eu vou embora, isso tudo é uma perda de tempo.


O único pensamento racional que ocorreu a Harry naquele momento foi fugir. Não poderia estar certa aquela dor terrível em sua testa, que parecia rachar sua cabeça. Ele se lembrava de uma dor assim no Torneio Tribruxo quando Vold...


“Voldemort! Céus, ele está aqui... Tão perto que posso senti-lo como se estivesse ao meu lado”.


O moreno deu as costas ao loiro e saiu caminhando lentamente, trêmulo.


- Não se atreva! – avisou, friamente. Acho que eu tenho algo que vai te fazer mudar de idéia, Potter. Apenas, me siga.


Harry apenas respirou fundo e parou. Havia algo naquela voz que soava familiar, terrivelmente familiar. Virou-se e disse, resignado.


- Ok, Malfoy. Eu sigo você. Mas espero que valha a pena.


- Valerá, Potter. Valerá... – disse, repuxando um pouco a boca de lado, quase sugerindo um sorriso.


Harry manteve a mão firme em sua varinha. Não sabia realmente porquê estava seguindo o inimigo, vendo aqueles cabelos prateados refletirem agourentamente a luz da lua. Draco olhava para trás de vez em quando, dando um pequeno sorriso, como que se certificando de que o moreno o seguia. O medo do outro aparentemente lhe dava um imenso prazer.


“Por Merlin, o que estou fazendo! O que estou fazendo... Eu tenho que voltar, isso está muito estranho. Eu posso sentir Voldemort...” – pensava, angustiado.


- Com medo, Potter?


- Nos seus sonhos, Malfoy.


Deste ponto, Harry pode avistar alguém de longe.


- Lupiiiin, o seu queridinho está aquii! – gritava, desdenhosamente. Não era isso que você queria, hein? Diga, Lupin... Por que você não fala nada? Hahahahahaha – gargalhava.


Harry estava em choque. Assim que viu o homem, correu ao seu encontro. E era realmente espantoso. O homem estava aparentemente desmaiado, preso a uma árvore por uma espécie de corrente invisível, a mesma que ele viu os Comensais presos um ano antes por Dumbledore, no Dep. de Mistérios. Estava horrivelmente machucado, obviamente havia sofrido muito, antes de ele chegar.


- O QUE DIABOS VOCÊ FEZ COM ELE, MALFOY? – gritou.


- Eu? Nada, Potter. Eu só estava dando uma mãozinha na reconciliação de vocês, afinal, o que mais ele quer é o seu perdão, não é Lupin? – disse, levantando o rosto do homem pelo queixo, olhando-o com nojo.


O professor permanecia desacordado.


- SOLTE-O AGORA, MALFOY!


- HAHAHAHAHA, isso é muito bom, Potter. Isso, fique com raiva, é assim que eu quero.


- Pare com isso, Malfoy. O que você quer, afinal? Eu já estou aqui, não estou? Agora o deixe ir!


- Tsc, tsc, tsc. Eu vou soltá-lo, sim. Mesmo porque ele não conseguiria sair daqui neste estado. Mas eu quero os dois juntinhos! – avisou, dando um sorriso forçado.


Harry enfiou a sua varinha no pescoço do loiro e ordenou, entre dentes:


- DEIXE-ELE-SAIR-DAQUI-AGORA! Ou eu não hesitarei em matá-lo aqui mesmo!


- Não se iluda, Potter. Você não me faria nem cócegas. Estúpido.


O loiro se afastou um pouco, olhou para os lados e por fim, observou atentamente o relógio e fez uma cara de preocupação.


- Sabe, Potter. Nem todos os meus convidados são tão pontuais como você.


- Convidados? Do que você está falando?


- Disso, Potter, estou falando disso. Pode ouvir? – Malfoy sorria tão extasiado que parecia mais ouvir uma grande sinfonia.


A voz de Gina. O estômago de Harry se contraiu. “Mas o que ela está fazendo aqui?”


- Sabe, Potter. Mandei um pergaminho pra ela hoje. Eu achei que seria educado pedir desculpas à bela moça pelo modo com que você a está tratando... Coitada, Potter... Você sabe ser muito mau, não é? E ainda falei o quanto você a amava e que seria ótimo vê-la aqui, esta noite. Pelo jeito, ela teve que pensar se aceitava, não é?


- Deixe-a fora disso, Malfoy. Quer dizer... Fora de quê, afinal? Nem eu mesmo sei por que estou aqui! – concluiu, exasperado.


- Não tenha pressa. Tudo se responderá no seu devido tempo. Shhhhhhh, ela está vindo.


Não tardou que os chamados de Gina se tornassem mais próximos e, por fim, ela pudesse vê-lo.


- Harry... – ela não sabia o que falar.


- Gina, vá embora, por favor... – pedia, desesperado.


- Como assim, vá embora? Você me mandou isso, ou não se lembra? – perguntou irritada, mostrando o pergaminho que havia recebido.


- Não fui eu quem mandou, Gina. Isso é uma...


- Armadilha, Potter? – disse Malfoy, friamente, saindo de trás de uma árvore em que havia se escondido quando ouviu a aproximação da ruiva.


- Malfoy? O que está acontecendo aqui? Harry? Alguém pode me explicar? – questionava a garota, atordoada.


- Isso é apenas um encontro de gala, Weasley. Vai ser muito divertido, eu garanto! – assegurava o loiro, com um riso sarcástico.


Gina ainda em choque, começou a olhar em volta como que procurando por algo que não estava visível. Mas o pavor tomou conta mesmo dela quando viu Lupin preso à árvore, desacordado.


- Oh, céus! O que aconteceu com ele, Harry?


- Eu gostaria muito de saber, Gina... – respondeu, entre dentes, olhando mortalmente para Malfoy, que ria.


- Não se preocupem. Ele logo acordará e se juntará a vocês. E eu acho que... Bem... – analisava, coçando o queixo.... – Não é que vocês fazem um lindo casal?


-NÃO!!!!! – gritaram os dois.



**********************************



- Aaaaaaaah – gemeu.


- Harry, você acordou? – perguntou Gina, a voz trêmula.


Harry pensou em dar uma resposta mal educada, mas compreendeu que aquela, certamente, não era a melhor das horas para sarcasmos.


- Sim, Gina. Como você está? – indagou, calmo.


- Eu acho que... Bem, eu estou bem, e você?


- Não muito... Minha testa... Dói.


- Você ao menos consegue se mexer?


- Não, e você?


- Nem um centímetro.


- Ele nos prendeu aqui como prendeu a Lupin. Parecem correntes, não sei... – dizia, confuso.


- Fique quieto, estou ouvindo passos... Finja que ainda não acordou...


Harry começou a raciocinar rapidamente sobre o que estava acontecendo. Foi até aquela floresta, Malfoy estava lá, mais estranho que nunca; sua cicatriz ardeu terrivelmente... Lupin atado à árvore... De repente, perdeu a consciência e acordara preso numa árvore, ao lado da ruiva. Aquilo era demais para sua cabeça, que não mais conseguia encadear um pensamento, tamanha a dor que sentia em sua testa.


“Voldemort está por trás disso tudo, tenho certeza...”. Esta era a única coisa que realmente explicaria aquilo tudo. Enquanto isso, os passos foram ficando mais próximos e ele teve que resistir ao impulso de abrir os olhos e ver quem estava ali. Era como se o ar tivesse ficado mais pesado, o medo deixou seu corpo ligeiramente trêmulo.


- Abra os olhos, Potter. Ou você acha que vai conseguir me enganar tremendo desse jeito?


Aquela voz... VOLDEMORT!!!


******************************


Hermione não conseguia se controlar. O seu desejo era correr até a sala do Professor Lupin e ver se Harry ainda estava lá, ou se seu amigo havia ido... Se não tinham se matado, afinal. Senão suas unhas certamente não resistiriam até o final da noite.


“Mas eu não posso intervir... tenho que deixar que tudo se resolva por si só. Espero que Harry seja compreensivo. Céus, nem mesmo eu seria compreensiva com uma coisa dessas... Eu... Eu...”


Hermione daria mais 30 minutos e então iria até lá ver o que havia acontecido, ou furaria o chão do seu dormitório. Mais que meia hora seria um atentado contra os seus princípios. Ela não poderia deixar que não se entendessem. Simplesmente, não podia.



**************************



Os olhos de Harry lacrimejavam. Não esperava aquilo. Não agora. Queria ter tido tempo para, de certa forma, se preparar. A profecia não poderia se cumprir assim. Ele queria ter tido um tempo para si, para se despedir da sua vida até agora. Porque era certo que ELE iria morrer.


A única reação que teve naquele momento foi apertar a mão que estava mais próxima, a de Gina. Harry já estava praticamente conformado com seu destino, desde que ficara sabendo daquela profecia maldita. Mas sua ex-namorada (ex?) não tinha nada a ver com aquilo, ela não merecia. Queria dar um jeito de fazê-la desaparecer, ou então fazer com que tudo aquilo não passasse de mais um pesadelo... Um pesadelo, entretanto, assustadoramente real. E ali estava a voz que o fazia lembrar de quão real aquilo tudo era.


- Potter... Você não devia ter me dito não, sabia? Nós podíamos ter sido amigos, e talvez nada disso tivesse acontecendo.


- O quê? Amigos? Eu e você, Voldemort?


- Imbecil...


Harry dedicou um rápido olhar à criatura que estava a sua frente e notou que ele não estava muito diferente da aparência que tinha quando tiveram aquele “amistoso” encontro no Torneio Tribruxo. Para falar a verdade, não parecia ter mudado nada. Ainda lembrava aquela mistura bizarra de cobra, aranha e outros bichos asquerosos. Mas Voldemort segurava algo que Harry não conseguia distinguir o que era.


“Um livro? Um livro????”


- Ah, sim. Vejo que você já notou o livro, não é Potter? Mas não se preocupe, você saberá na hora certa.


- Hora certa... Que hora será essa, hein?


- Não seja insolente, Potter. Você vai ter que esperar de qualquer jeito... Ou acha que vai conseguir fugir daí?


Harry rosnou.


- Não achei que fosse me divertir tanto, Potter. Só você mesmo para me fazer rir assim!
- Eu não estou achando nada engraçado!


- Então seu senso de humor não é nada apurado! Santo Potter... – cuspiu.


“Santo Potter? Malfoy diz isso... O que diabos está acontecendo?”



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- Céus! Eu nunca imaginei que fosse dizer isso, mas acho que estou com um pressentimento terrível! – choramingava Hermione. Acho que está na hora de ir lá e ver o que está acontecendo!


Antes mesmo que pudesse ponderar sobre sua decisão, a bruxa desceu correndo as escadas e em instantes, a porta da sala do Professor de Defesa Contra Arte das Trevas estava às suas costas. E nem sinal de Harry ou de Lupin.


“Será que cheguei tarde? Preciso avisar a Dumbledore!”. Hermione foi direto aos aposentos da Professora McGonagall tentar descobrir a senha para a sala do diretor.


- Granger? O que faz aqui a essa hora? – argüiu Minerva.


- Professora, é o Harry! Acho que algo terrível possa estar acontecendo! – disse, aflita.


- Vamos, entre! – convidou, preocupada.



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Harry estava tão nervoso que mal percebeu que não havia sangue correndo em sua mão esquerda; Gina a apertava com a maior força que podia. Queria muito olhar nos olhos dela naquele momento e dizer tudo. Tudo que estava entalado em sua garganta, dizer o quanto ainda a amava, dizer que sentia muito por aquilo tudo. Mas a maneira com que foram amarrados à árvore impedia qualquer contato visual. Tanto que a ruiva não podia ver Voldemort enquanto este falava com Harry, apenas ouvir. E isto talvez era o que mais a deixava aflita e ansiosa.


- Ora, ora! Vejo que nosso convidado principal acordou para que o espetáculo se inicie... – sibilou o Lorde das Trevas.


Lupin estava sendo arrastado pela roupa por Malfoy, que o fazia com muito esforço.


- Como você é pesado, lobisomem! – desdenhava.


Malfoy analisou atentamente o bruxo, que lutava pra levantar o rosto e disse:


- Vamos, não tenho o dia todo! Olhe pra mim!


Com muito custo e com uma dor aparentemente enorme, Lupin levantou o rosto e fitou o loiro.


- Muito bem, acho que agora está melhor. Posso começar a falar, então.


- Já não era sem tempo, Malfoy... – disse Harry, friamente.


- Cale-se, Potter. Só eu vou falar agora.



***********************


- Dumbledore! A menina tem algo sério a dizer! – comunicava Minerva, aflita.


- Pois não, senhorita Granger. Diga, qual o problema?


- Dumbledore, é o Harry!


- O que há com ele, minha querida? – indagou o diretor, avolumando a voz, preocupadamente.


- Ele e Lupin desapareceram e eu não creio que isso seja bom!


- E eu poderia saber por quê?


- Eu acho que essa é uma longa história... Mas que já está na hora de o senhor saber!



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- Sabe, Potter... Por um bom tempo meu plano estava correndo perfeitamente. Você estava feliz, com a Weasley, e eu o monitorava durante todo o tempo. Você nunca desconfiou de nada. Eu ainda tinha que me desdobrar para aquela sabe-tudo não descobrir meus planos... Mas, no final das contas, ela só me ajudou, quando promoveu o seu encontro com ele esta noite! – disse, apontando para Remo.


- De que plano você está falando, Malfoy – perguntava Harry, impaciente, enquanto Gina apertava sua mão num pedido silencioso para que ele se contivesse.


- Sabe, eu sempre desconfiei de tudo, Harry. Mas não podia provar, até que Pettigrew resolveu abrir o bico. Não sei por que aquele rato imundo não havia dito nada até agora, já que me jurou fidelidade. Mas parece que ele ainda nutria uma admiração doentia pelo seu pai.


- Fidelidade a você? Você quis dizer a Voldemort? – perguntou, confuso.


- CALE-SE! Só eu falo, Potter. Você ainda não entendeu?


Voldemort riu-se, cruzando os braços e fitando o menino-que-sobreviveu com divertimento.


- Quando Pettigrew me contou que Lupin tinha o livro das Magias e Rituais Proibidos de Merlin, eu pude encaixar todas as peças e finalmente, descobrir toda a verdade. E ainda ganharia, com prêmio, o livro que eu sempre quis.


Harry havia desistido de entender sobre o que Malfoy estava falando, estava aguardando para ver no que aquilo tudo daria.


- Agora, solte-o! – ordenou Malfoy.


O Lorde das Trevas girou a varinha algumas vezes e disse um feitiço que Harry não pode entender. Logo, estava livre das correntes que o prendia à árvore. Gina suspirou, aliviada. O moreno a posicionou atrás de si, protegendo-a. Lupin olhava para eles, chorando baixinho.


- Me dê o livro! – ordenou novamente a Voldemort. Bem... Aqui está... Página 457, o ritual mais famoso do livro. O ritual Uther! – exaltou.


- Ritual Uther?


- Vejo que você não conhece esse livro, muito menos a magia mais famosa e mais genial que Merlin criou...


- Não... – respondeu, baixinho.


- Não espere que eu o explique, Potter. Certamente, se sua amiguinha estivesse aqui ela poderia explicá-lo, mas como não está... (N/A: Quem, por acaso, quiser se lembrar do tal ritual, está no capítulo 13) Vou ter apenas que lhe contar os fatos. Este corpo aqui, Potter, apesar de me ser muito útil e de certa forma, agradável, não é meu.


- Não o quê?


- Este corpo é de Draco Malfoy e eu já estou ficando um pouco irritado de você me chamar de Malfoy todo o tempo!


Harry não conseguiu dizer uma palavra.


- Você não imagina como foi útil ocupar esse corpo, Potter... Eu podia vigiá-lo o tempo todo, sem levantar suspeitas... O jovem Malfoy mostrou-se muito mais fiel que seu próprio pai.


“Então por isso ele me olhava daquele jeito, estranho, frio, como jamais estivera... Era Voldemort, bem na minha frente!” – pensava Harry.


- Em certas horas, eu achava que você havia percebido, pois notava que eu o olhava. Mas creio que perceber isso estaria além de suas capacidades, nem mesmo o velho bruxo percebeu...


“Dumbledore... Céus, Voldemort debaixo de seu nariz...”.


- Então, comecei a fazer os meus contatos, e aquela chinesa me foi de grande serventia.


- Cho? – indagou, incrédulo. “Agora entendo porque os vi sozinhos, conversando escondidos!”.


- Sim, ela mesma. Ela se mostrou muito pouco resistente à Imperius, o que facilitou muito o meu trabalho!


- Mas pra que ela serviria?


- Para te irritar, Potter. Ou você acha que alguém mentalmente sã seria tão atirada daquela forma? Eu queria que aí dentro surgisse o lado maléfico que eu deixei de herança pra você. Lembra quando eu te falei que eu facilmente te levaria para o meu lado?


- Não sonhe tão alto, Voldemort! – subestimou.


- Não seja precipitado, Potter. Logo você vai perceber que não vai ser tão difícil assim...


Harry rosnou. Gina apertou sua mão forte.


- Mas aí você brigou com a minha querida Gina, e eu vi meus planos irem por água abaixo, literalmente, quando você desapareceu aquela noite. Fiquei realmente com receio de que você tivesse morrido, e comecei a procurá-lo, junto com os outros. Alguns estranharam, mas não foi difícil inventar uma desculpa idiota, quando se tem amigos como aqueles.


- Crabbe e Goyle! – Malfoy completou.


Voldemort assentiu com a cabeça e continuou.


- Depois, te acharam e eu fiquei aliviado. Agora estaria bem melhor, bem mais fácil... Porque para você ter se atirado no lago daquele jeito...


- Eu não me atirei, eu caí! – esbravejou.


- Que seja! Pra você ter saído daquela forma do salão, devia estar furioso! E então, seria tudo perfeito. Só fiquei decepcionado por não ter tido culpa alguma na sua cólera! A própria Gina se encarregou disso, mas uma vez, a Weasley me serve lealmente.


- Eu nunca te servi, Voldemort! – gritou Gina.


- Ainda assim, me auxiliou bastante... Mas, vamos deixar de conversa tola, é hora de iniciar o ritual. Tenho que voltar ao meu corpo.


Neste momento, Voldemort abria o livro novamente, procurando a página do ritual de troca de corpos. Enquanto isso, Harry disse baixinho a Gina:


- Fuja, Gina. E avise Dumbledore!


- Não! Não vou te deixar aqui sozinho!


- Não seja tola, Gina! Nós dois vamos morrer!


- E por acaso, você acha que minha vida fará algum sentido se você morrer?


O moreno a fitou, sem palavras. Não havia nada que ele pudesse fazer frente àquela declaração.


- Mas Gina... – lamentava-se.


- Sem mas!


- Tudo bem, então... Mas fique atrás de mim! Em hipótese nenhuma, tente atacar quem quer que seja, você não teria chance, está me ouvindo? – recomendou.


Foram interrompidos pela exaltação do Lorde.


- ACHEI! Aqui está! Aproxime-se, Malfoy. É chegada a hora.


Os dois se aproximaram, fizeram um corte no dedo indicador, fazendo o sangue escorrer, e pousaram as mãos um na cabeça do outro, usando a outra mão para apoiar o espesso livro. Olharam-se e fixamente e começaram a ler o ritual:


“PROCEDO COM ACTO INTER VIVOS


HOMO SUI PRINCIPALIS NATURAM SEQUITUR


AD PERPETUAM REI MEMORIAN


IN ALIENATIO


IN ANIMUS MUTANDI


IN PRINCIPALI ANIMUS POSSIDENDI


INTER PERSONA


INTERCEDENDI!”


Começaram a repetir aquelas palavras até que seus corpos ficarem trêmulos e se repelirem, jogando os dois longe um do outro. Lupin encolhia-se no chão, chorando copiosamente. Harry e Gina arregalaram os olhos chocados.


Voldmort, já em seu corpo, levantou-se rapidamente e disse:


- Malfoy, agora volte ao castelo, não quero que você se comprometa...


- Mas, Lorde, eu... Eu queria ver..

.
- Não discuta! AGORA, VÁ! – berrou.


O loiro saiu correndo, tropeçando nas raízes das árvores da floresta.



************************


- Então neste dia eu descobri tudo e fui falar com o Professor, para que ele revelasse tudo a Harry...


- Você estava certa, minha querida. Receio de que esse não seja um segredo que pudesse ter sido guardado durante todo tempo, mas também não posso prever a atitude de Harry ao saber disso. Provavelmente ele queria protegê-lo, não contando. Mas a reação do garoto é imprevisível, ponderou.


- Concordo... Mas Harry tinha que saber disso um dia...


- Vamos procurá-los, então. Hermione, procure por toda a torre da Grifinória. Minerva, procure pelos corredores, cozinha... Encontramos-nos em alguns minutos no Salão Principal.


As duas concordaram e saíram, deixando um diretor apreensivo para trás.


“Isso certamente será um estrago terrível!”



************************************


Voldmort aproximou-se de Harry, esboçando um sorriso e encostou um de seus dedos asquerosos e compridos no queixo do garoto, que demonstrava repulsa.


- Sabe, Potter... Tudo que fiz até agora foi apenas uma preparação para o que está por vir. A minha intenção sempre foi deixá-lo cada vez mais furioso, pois só assim o poder maligno que herdou poderia vir à tona. E, com você ao meu lado, tenho certeza que venceríamos a guerra facilmente. Você foi a única coisa que já me deteve, e por mais de uma fez. Decidi que agora vou usar isso ao meu favor... Durante esse tempo em Hogwarts, eu torcia a cada cena de amor que presenciava, a cada frase que ouvia, pois sabia que era aquilo tudo que finalmente o traria pra mim. Amor e ódio, Potter. Andam de mãos dadas.


“Você não tem idéia da profecia, não é, Voldemort?”, pensava o moreno.


- Quando aquela profecia se quebrou, tive que decidir o meu e o seu destino, já que não havia maneira de descobrir o seu conteúdo, pois você havia aprendido a bloquear sua mente. E decidi que ficaríamos juntos, mais fortes que nunca.


- Não sonhe tão alto... – disse, entre dentes.


O Lorde riu agourentamente. Lupin ainda se contorcia no chão, sem olhar para eles, as lágrimas lavando seu rosto.


- Harry, Harry... Há mais alguém aqui entre nós que conhece este ritual... Tem uma idéia de quem seja? – insinuava.


Harry fez que não com a cabeça, confuso. Lupin levantou o rosto e pediu:


- Deixe-me pelo menos contar, por favor...


- E eu deixaria esse prazer para você? Nunca! Esperei por isso o tempo todo!


- ALGUÉM AQUI PODE ME EXPLICAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – berrou Harry, impaciente.


- Calma! – pediu Gina, baixinho. Não entre no jogo dele. Não entre.


- Sim, Harry... – sibilou o Lorde, indo até Lupin, olhando-o com desprezo. Mais alguém aqui procedeu com o ritual... O que você faria se soubesse que alguém que você gosta muito te traiu a sua vida toda? – perguntou, mudando repentinamente de assunto.


- Diga logo o que aconteceu! – exigiu, ansioso.


Voldemort riu-se.


- Que seja. O idiota do seu pai achava que Sirius Black estava mancomunado comigo... Pobre Potter, o Black era o mais leal. Eu tinha Pettigrew, covarde, ambicioso, uma presa fácil. Então, ele e Lupin arquitetaram um plano tolo para desmascarar Black: trocariam de corpo e assim, seu pai poderia conversar com Black no lugar de Lupin, jurando lealdade, sem que o outro desconfiasse de nada. Ele poderia perguntar tudo ao seu padrinho e ele não poderia supor que quem estava ali era o próprio Potter. Mau plano, Potter. Péssimo plano.


Harry já respirava descompassadamente. “Por Merlin, o que ainda haverá para eu descobrir sobre mim?”


- Péssimo plano porque justamente naquele dia eu fui te matar, Potter. E seu pai não estava lá.


- E meu pai chegou lá e você o matou, não foi? – perguntou, exasperado.


- TOLO! Onde está seu cérebro? EU MATEI LUPIN NO CORPO DO SEU PAI! E O POTTER FICOU PRESO NO CORPO DO OUTRO!!!


Harry automaticamente soltou da mão de Gina, que gemia baixinho, sentando no chão:
- Oh, Merlin...


O moreno ajoelhou-se, apoiando os dois braços na terra e ficou olhando para baixo, enquanto Voldemort ria. Harry, contrariando qualquer expectativa, gargalha descontroladamente.


- Não sabia que você tinha tão bom senso de humor, Lorde! – disse, a lágrima descendo o rosto.


- Calma, Harry. Não fique... assim... – consolava, Gina.


- Saia de perto de mim! SAIA DE PERTO DE MIM! – chorava, empurrando Gina.


- Harry me deixe explicar... – pedia Tiago, aos prantos.


O moreno se levantou, apoiou sua mão na árvore e a outra, na testa.


- Agora... Tudo faz sentido... Eu vi meu pai sendo torturado aquele dia e não pude entender... Mas era mesmo o meu pai! Eu vi... Você, Voldemort... o pegou antes de voltamos a Hogwarts, por isso ele ainda ficou uma semana sem nos dar aula e nó achamos que era por causa da... lua cheia... Eu vi você o torturando...


Harry podia agora repassar toda a cena em sua cabeça, daquela vez o Lorde havia entrado em sua mente de tal forma que ele precisou de Conscius Veritatem para voltar a sua consciência.


“- Ha, ha, ha... Você é mesmo muito fraco, já deveria ter morrido há muito tempo. Acha que foi divertido me fazer de palhaço? Crucio!! – bradou.


- Aaaaaaaaah, não... Faça... Isso.


Era a pior dor que alguém podia sentir. Os ossos pareciam se estraçalhar como se fossem objetos de vidros que caíam ao chão. Talvez ele não suportasse aquela dor.


- Se você já era detestável, assim é uma criatura mais nojenta ainda! Crucio!!!! Ha, ha, ha. Não o Deixe fugir, Belatriz. Vê se serve para alguma coisa dessa vez.


- Acho que não precisarei fazer nada, mestre. Ele nem ao menos tem condições de se levantar!


Os dois bruxos malignos riam como hienas. O homem estava tão fraco que qualquer feitiço estuporante o mataria instantaneamente.


- Deixe-me matá-lo, mestre. Por favor! – implorava Belatriz.


- Ainda precisamos dele, Lestrange, disse friamente. Só ele pode dizer onde está o garoto. Vamos, diga! – virou-se para o homem, que se contorcia no chão. Ou quer sofrer mais um pouco?”


- Eu fiz você ver tudo aquilo e você nem mesmo desconfiou, Potter! Pela segunda vez, eu te dou a resposta e você não entende! Você teve que ver Black sendo torturado para ir ao Dep. de Mistérios... Agora eu te mostrei a resposta e mesmo assim você não entendeu! Ah... Eu me canso de você!


Harry arfava. Ele queria gritar, mas a sua garganta doía. Ele queria correr, mas suas pernas não obedeciam. Gina estava desesperada, não seria uma boa idéia ajudá-lo agora, mas também não podia deixá-lo passar aquilo tudo sozinho. Finalmente, Harry conseguiu gritar, caindo no chão em seguida. Voldemort ria, satisfeito.


- Isso, Harry. Assim mesmo que eu o quero.


- Meu filho... Deixe-me explicar... – implorava Tiago.


- VOCÊ NÃO É MEU PAI! NÃO É MEU PAI! NÃO É MEU PAI!!! NÃO OUSE ME CHAMAR DE FILHO! NUNCA MAIS DIGA ISSO!!! – berrava Harry, alterado.


- Foi o único jeito que achei de proteger você, Harry... Eu não podia dizer a ninguém, simplesmente não podia...


- PORQUE VOCÊ É UM COVARDE, VOCÊ ESTAVA COM MEDO DE SER MORTO POR ELE! Não foi por minha causa... – lamentava-se, estraçalhado.


Voldemort ria, cada vez mais satisfeito.


- Não é verdade, Harry.


- VOCÊ DEIXOU A MINHA MÃE SOZINHA! COVARDE!


- Eu não podia imaginar que ele iria lá aquele dia, Harry. Entenda! – implorava.


- VOCÊ ABANDONOU A GENTE. E DEIXOU O SEU AMIGO PRA MORRER NO SEU LUGAR... VOCÊ NÃO PASSA DE UM COVARDE NOJENTO! – berrava, descontrolado.


-Não fale assim, eu sou seu pai...


- Eu nunca tive pai, não vou ter agora.


Harry lentamente tirou sua varinha do casaco e apontou para o seu pai. Harry Potter estava revoltado, como nunca esteve. Era a pior dor que havia sentido. O único jeito de acabar com ela era destruindo o que a causava, Tiago. Este apenas abaixou a cabeça, resignado.


- Isso, Potter! MATE-O! Viu agora quem é que estava traindo você, esse tempo todo? Estou certo que agora você pode, MATE-O!


- Termine logo com isso, Harry. Eu sei que mereço... – pediu Tiago.


O moreno levantou a varinha e começou a dizer:


- AVADA...


- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!


*****************************************


No salão principal...


- Dumbledore, nem sinal dos dois! – disse Hermione, arfante.


- Então vamos procurá-los lá fora! – decidiu, preocupado.


McGonagall apenas concordou que também não os havia visto.


Os três saíram rapidamente pela grande porta do castelo para procurar por Lupin e Harry.


****************************************


Gina pulou sobre Harry e fez sua varinha voar longe.


- SUA!!!


- Eu não vou deixar você matá-lo, Harry!


- Você não devia ter feito isso... – avisou, olhando-a malignamente.


Harry apenas fez um movimento com a mão direita, que jogou Gina longe. A ruiva bateu a cabeça em uma árvore, desmaiando.


- Agora você chegou ao ponto que eu queria, Potter... Nem precisa mais da varinha. Era realmente isso que eu esperava! – vibrou Voldemort. Agora venha comigo, ninguém poderá nos deter!


O menino-que-sobreviveu ainda olhou para seu pai, com desprezo e disse ao seu ouvido:


- Você não vale a pena... Quando estiver em condições de lutar como um homem, eu te matarei...


Pegou sua varinha e saiu, deixando um Tiago consumido e devastado para trás.


***************************


Voldemort foi à frente, enquanto Harry o seguia furioso, as lágrimas ainda teimavam em cair.


- Limpe essas lágrimas, Potter. Isso não vai combinar com você daqui pra frente.


- Não pense que eu te servirei, Voldemort. Você terá que me tratar como um igual.


- Você é muito insolente, Potter. Mas sua coragem é louvável.


- Aonde estamos indo?


- Para o interior da floresta, onde é mais seguro.


- Seguro para quem?


- Cale-se Potter, há uma chave de portal.


- Oh...


****************************


Tiago se levantou com muito esforço e foi verificar se Gina estava bem.


- Gina, acorde! – pediu, dando uns tapinhas no seu rosto.


- Eu... Estou bem... Na verdade, não bati com muita força.


- Volte para o castelo e avise a Dumbledore, eu vou atrás deles.


- Não, professor. Não vá! – pedia, aflita.


- Eu tenho que ir, Gina.


Potter levantou-se e foi atrás do seu filho. Tinha que impedir que aquilo acontecesse. Não podia deixar que Harry passasse para o lado das Trevas, aquilo era simplesmente absurdo.


*********************


Depois de alguns minutos de caminhada...


- Estamos chegando, Potter.


- Sabe, Voldemort, nunca te ensinaram que não se deve dar as costas ao inimigo? – perguntou, friamente.


Voldemort parou, ainda de costas, e deu uma pequena risada.


- Você não se atreveria, ou se atreveria?


- Se eu fosse você, não pagaria pra ver! – disse, empunhando a varinha em direção ao Lorde.


A criatura maligna ia se virando para fitar Harry, quando este o interrompeu:


- Não experimente se virar, Lorde.


- Você teria coragem de me matar pelas costas, Potter? – perguntou, calmo.


- Pode crer que sim.


- Então vamos, me mate logo! O que está esperando, afinal? – ria-se sarcástico. Sabe, você me saiu melhor que a encomenda, Potter... Mas você não supôs que eu não preveria isso, supôs?


Harry tremeu. Ele podia sentir agora uma ponta em suas costas e uma risada descontrolada.


- Lembra-se de mim, Potter?


- Belatrix?


- Exatamente, agora se vire devagar e me entregue a sua varinha.


Relutante, o menino-que-sobreviveu a entregou.


- Eu já deveria ter te matado, mas resolvi fazer uma ultima tentativa. Mas agora que você tentou ser mais esperto que eu, vi que não merece meus créditos... – revelou Voldemort.


- Deixe-me torturá-lo um pouco antes, mestre... Por favor... – implorava Lestrange, a satisfação tomando conta de seu rosto.


- Pois bem, mas não demore. Ele consegue sem a varinha...


- Obrigada, mestre! – Belatriz olhou para Harry malignamente e lançou – Crucio!


- Aaaaaaaaaaaaah! – agonizava.


- Hahahahahahaha!


De repente, Lestrange foi lançada longe, caindo estuporada.


- Você não devia ficar com a guarda tão baixa, Belatrix! – disse Tiago, saindo de trás de uma das árvores.


Harry olhou para o pai, aliviado por ele estar ali naquele momento, ao mesmo tempo que sentia um ódio mortal pelo homem.


- MALDIÇÃO! – gritou Voldemort. Agora não há como esperar, você vai morrer, Harry Potter! AVADA KEDAVRA!!!!


A chama de luz verde saiu da varinha e aquele momento que durou apenas frações de segundos, levou uma eternidade aos olhos dos presentes.


- NÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!!!!!!


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Comentários (1)

  • T Potter

    Parabens! Parabens! Parabens!!!!Sua história está d+. Adorei.

    2011-05-17
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