Coração e Cicatriz



Cap. 19, parte II


Ah, vamos, pessoal! Não demorou tanto assim... né? Aí está a segunda parte do capítulo 19, como prometido, que acabou virando cap. 20. Confusões à parte, não percam tempo com as baboseiras que eu estou escrevendo aqui e vão logo ler! Espero que gostem. Beijos para todos e muito, muito obrigada mesmo pelos comentários generosos, eu fico muito feliz com isso. Até mais...


P.S.1: Ah e se tiver algum erro grotesco de português ou qualquer outro, me avisem pq eu fikei com um pouco de preguiça de ler tudo de novo...


P.S. 2: Nossa, como esse título ficou chinfrim!!!!

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Cap. 19, parte II - Coração e Cicatriz




Harry havia permanecido consciente por todo o tempo, embora parecesse que seus braços e suas pernas não quisessem responder, tampouco seus olhos, que teimavam em conservar-se fechados. Por um momento, o garoto-que-sobreviveu-mais-uma-vez pensou se não estava ali, naquele lugar frio, desconfortável, por sua própria culpa. A verdade, ele pensou, é que ele não estava fazendo esforço nenhum para se mover, não havia nada que o animasse a mostrar sinais de vida, a quem quer que fosse. Mas, certamente, aquele comportamento não serviria por muito tempo. Logo ele teria que enfrentar o seu inferno na terra.


Deveria ser essa a punição por não querer viver, enquanto tantas outras pessoas clamam por esse direito... “Meu pais...”. As palavras de Hagrid ainda ecoavam em sua cabeça, atomentando-o dia e noite. Apesar de não ter muita idéia do que era dia ou noite há um certo tempo, não havia como mensurar.


Mas algo naquele dia o encheu de forças. Um sentimento que ele não reconhecia muito bem, mas alguém lhe deu um presente, e era a única coisa que ele possuía agora: Ódio. Ele havia provado isso muitas vezes, mas não se lembrava de tal intensidade; era algo que fazia seu coração disparar naquela cama, e fazê-lo querer se levantar dali, o mais rápido possível.


Ela havia ido visitá-lo. “Como tinha coragem? Como?”. Certamente amor à vida não era uma coisa que estava faltando apenas para Harry Potter, ele tinha certeza disso. Ele se lembrava muito bem do que havia sentido no dia que viu o seu amor nos braços de outro, e de uma forma que ele não se lembrava tê-la possuído: com uma imensa paixão. Sempre fora doce, gentil. Talvez tivesse errado nesse ponto. Talvez tivesse sido melhor nunca tê-lo notado. “Maldito dia! Maldito dia!!!”. Também se lembrava que, naquela visita, Gina gavia falado de uma carta. “Mas que carta será essa?”, perguntava-se. “Será que foi alguma coisa daquela inútil da Cho (N/A: Ai, como eu gosto de massacra-la! HEHE)? Cale-se, Potter! Você não está querendo justificar o comportamento daquela ruiva, está?”. Sim, ele estava. Na verdade, estava tentando entender toda aquela confusão que sua vida havia se tornado, mas não existia explicação alguma. Pelo menos, nenhuma que o fizesse perdoá-la.


Mas agora não era hora de se lamentar. Não havia tempo para isso. A coisa que ele mais queria nesse momento tinha o nome de vingança, ele não sabia como essa simples palavra tinha um poder tão avassalador e, por assim dizer, animador. Extremamente animador. Era o que o tiraria dali, tinha certeza. Mas essa mudança brusca na sua essência o assustava um pouco. Tinha medo de se parecer um pouco com Voldemort, e isso ele não queria. Lembrava-se muito bem daquele pesadelo, em que o Lorde das Trevas afirmou que era muito fácil leva-lo para o seu lado. O rótulo de vingativo parecia menos constrangedor que o de influenciável, ele pensou. Jamais permitiria uma vitória assim tão fácil do seu pior inimigo.


A verdade é que sua mente era uma plena confusão. Daquelas que nós nos auto avaliamos como loucos. Mas quem nunca se pegou estranhando os próprios pensamentos? Perguntou-se se aquilo tudo não era mais uma cicatriz que o destino havia lhe deixado, e que ainda doía de forma latente. Como doía lembrar daquela cena, era uma dor que por vezes o sufocava e o fazia querer ficar ali, imóvel, mais um pouco.


“Aaaaaaaa, o que eu faço? O que eu faço???”.


Ainda debilitado, e com uma imensa dor no peito, ele encontrou forças para se sentar à beirada da cama. Seus músculos todos doìam imensamente, talvez pelo tempo que estivera deitado, ele não sabia. Com passos curtos, Harry foi tentando identificar o ambiente em que estava, observando atentamente cada detalhe.


- Harry? Você? – perguntou Lupin, incrédulo, correndo para abraça-lo.


O moreno ainda se lembrava que também estava odiando aquele homem, jamais podia esquecer que ele havia sido um traidor imundo. Mas não tinha forças para repeli-lo, era extremamente estranho ver a felicidade sincera nos olhos dele quando o viu de pé. Seu corpo meramente desfaleceu nos braços do professor, debilmente.


- Ó, céus. O que você acha que está fazendo levantando desse jeito depois que tudo aconteceu? Venha, vou te colocar de volta na cama, Harry.


- Me solta... – balbuciava.


- Ora, Harry. Você não está em condições de negar ajuda, vamos! Coopere, pediu, apoiando o corpo do garoto em seu ombro.


- Não preciso de pessoas... como você... – dizia, roucamente. Não preciso de ninguém, na verdade.


- Você está parecendo um velho rabugento, Harry. Agora chega de cena e volte a descansar.


- Eu não preciso mais descansar, eu quero voltar para Hogwarts, me sinto ótimo... – pronunciava horrivelmente.


- Aham, sei. Então vá, corra! – disse Lupin, apontando a porta.


- Idiota... Sabe que não tenho condições...


- Então pare de bancar o ridículo imaturo mais uma vez.


- Eu não preciso de você aqui. Se me der licença, tenho certeza que em poucas horas, estarei recuperado.


- Como queira.


Lupin saiu sério, fazendo uma cara de “Como você é criança! Cresça, garoto!”. Mas ao cruzar a porta, soltou um largo sorriso: “Ele vai ficar bem, eu sei que vai!”.



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Alguns dias depois...


- Harry!!! Você voltou! Como sentimos sua falta, que belo susto você nos deu! – gritava Hermione, dando um abraço apertado em Harry, acompanhado por sua careta de dor.


- Au... – reclamou.


- Ai me desculpe, eu não consegui me conter! – admitiu a amiga, visivelmente constrangida.


- Não, tudo bem... – desculpou, dando um breve sorriso.


Rony encarou Hermione raivoso, com uma pontinha de ciúmes. Mas, antes que qualquer pensamento o fizesse fugir de sua razão, abraçou cuidadosamente o amigo, dando leves batidinhas nas costas:


- Isso aqui não é nada sem você, Harry. Você faz muita falta, irmão... – admitiu, emocionado. Prometa nunca mais fazer isso com seus amigos.


Harry ficou levemente constrangido com aquela frase. Diante daquele pedido, fez o seu.


- Então não falemos mais sobre isso, por favor. É algo que pretendo esquecer...


- Você é que manda, cara! – concordou, animado. Sabe, Harry, estávamos todos entusiasmados pela sua volta, queremos as aulas da Armada!


O moreno passou a mão na testa, escondendo momentaneamente os seus olhos.


- Rony, eu não... Não quero mais continuar... Estou cansado disso tudo, eu... Não posso mais! – comunicou, resoluto. Dessa vez, encarava profundamente seu amigo, na tentativa de fazê-lo entender seus motivos.


- Mas... Tudo bem, Harry. Eu entendo, quer dizer, nós entendemos a sua posição. Mas, não me diga que abandonou o Quadribol também... – arriscou, temeroso.


- Não seja estúpido, Ronald Weasley! Mesmo se eu tivesse morrido, você certamente teria um apanhador fantasma no seu time! “Afinal, se devo mesmo que viver, tenho que encontrar um bom motivo...”.


- Ha! É assim que se fala, cara! – exclamou, excitado.


Hermione sabia que havia muita mágoa ali. Aquele comportamento de Harry de parecer ter superado os recentes acontecimentos não podia ser real. Não mesmo. Era mais uma vez aquela maldita auto-proteção, que o afastava de todos, na tentativa de não incomodar, de não ser notado.


Enquanto a grifinória mantinha-se absorta em seus pensamentos, mal escutava a “conversa feliz” entre seu namorado (“Nossa, ainda tenho que me acostumar a chamar Rony de meu namorado...”) e seu melhor amigo. Mas, uma coisa era impossível de não se notar: aqueles pequenos olhos castanhos, extremamente brilhantes, num misto de esperança, alegria e arrependimento, envolto por uma moldura extremamente vermelha, olhando para Harry como se ele fosse uma jóia rara. E aqueles olhos verdes realmente eram jóias, ela se lembrava muito bem de já ter sentido algo diferente por eles. Mas agora tinha que evitar que uma catástrofe maior acontecesse; Gina fosse lá, tentar conversar com Harry. Se ela o conhecia razoavelmente bem, ele ainda a odiava com todas as suas forças, como fez com Sirius, até que ele pôde provar sua completa inocência. “Mas agora não é hora de querer prová-la, Gina. Agora não!”.


Enquanto Hermione gesticulava discretamente para que a ruiva saísse de lá naquele momento, Harry não pode deixar de perceber aquela leve movimentação ao seu lado. Seus olhos foram imediatamente guiados aos olhos de Gina. “É ela!”. Ele não conseguia controlar seu coração, que batia cada vez mais rápido, tanto que ele tinha medo de que quem estivesse perto o escutasse ou o visse pular por baixo de suas vestes. Ele podia sentir nitidamente as batidas de seu coração no pescoço, delatando a sua emoção a todos.


Antes que aquilo se tornasse motivo para especulações, Harry passou a mão no pescoço, como se estivesse sentindo uma grande dor e ensaiou uma cara de desprezo, deixando qualquer Malfoy com inveja.


- Ora, ora... Pelo jeito, vou ter que aprender a ignorar mais alguém além do Malfoy aqui nessa escola.


Ninguém estava esperando aquilo dele, todos ficaram em absoluto silêncio. Rony previra que Harry pularia no pescoço de sua irmã e lhe daria um bom soco. Hermione, que ele a ofendesse verbalmente. Mas não desprezo. Aquilo só provava, ou pelo menos tentava provar, que ele não sentia mais nada por ela, nem mesmo ódio. “Isso é péssimo!”, pensou Hermione. “Ódio e amor caminham de mãos dadas...”.


Gina não havia ouvido a frase do rapaz, por isso permanecia com aquele sorriso bobo estampado no rosto. Mas percebeu que todos da roda olhavam pra ela, estupefatos. “É a minha chance, é a minha chance! Vou lá conversar com ele agora!”. A garota foi encarando Harry durante o percurso, enquanto ele retribuía, sem entender, aquele olhar. Hermione pôs as duas mãos no rosto, desesperada. Rony, por sua vez, ficava cada vez mais vermelho de raiva. Harry fingia uma naturalidade incrível.


Finalmente, ela chegou.


- Harry! Como você está? – perguntava, com um sorriso amarelo.


- Ótimo! Nunca estive melhor! Nada que um banho gelado não faça com a gente de vez em quando... – provocou, sarcástico.


- Ah... – foi a única coisa que ela conseguiu retribuir. Estou muito feliz que esteja de volta, muito mesmo, disse, sinceramente.


- Pois eu preferia estudar em Durmstrang nesse exato momento, a ter que voltar pra cá e ter que conviver com pessoas como você.


Ele nem mesmo esperou para ver a reação no rosto dela e saiu, apressado. Para a ruiva, aquilo foi pior do que ele ter batido em seu rosto. Ou tê-la xingado no meio de toda a escola. Ela fechou os olhos lentamente, colocou uma mão delicadamente no peito, como se tentando conter um dor imensa e a outra, ela colocou no rosto, numa tentativa de reter o choro que vinha mais uma vez...


- Ó, céus... Gi, não fique assim... – consolava Hermione. Sente aqui no sofá.


Até Ron ficou com pena da irmã e sentou-se ao seu lado, mas sem se manifestar.


- Você vai ver que tudo vai melhorar. Ele só está... Com muita raiva. Mas ele vai se acalmar, tente entender...


- Mi mi mi mione.. Aca ca bou... Acabou... – soluçava.


- Não acabou, Ginny. Fique calma, ele ainda te ama. E muito. Senão não tentaria te atingir.


- Eu quero ir embora daqui... Eu quero a minha casa, a minha mãe... Eu quero dormir, Mione.


- Eu vou te levar pro quarto, então. Vamos Ron, me ajude a levá-la.


A esta altura, já havia vários curiosos em volta dos três, tentando saber o que tinha acontecido. Nada que uma desgraça não faça: atrair as pessoas para olhar.



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- Maldição! Ela não podia simplesmente... Desaparecer?


Cada palavra do menino-que-sobreviveu era seguida de um murro na parede. Ela ainda o afetava muito. O que ele mais queria era que houvesse uma magia de apagar as pessoas indesejáveis da mente, mas esse feitiço nem mesmo Hermione devia conhecer. Nada do que ele fizesse, iria atingi-la da maneira que ele gostaria. Nada. “Cho?”. Não, ela não seria sua saída, era ela que estava em sua frente agora.


- Harry! Você voltou! Que bom! Eu fiquei muito preocupada com você... Você está bem, como está?


- Sim, eu voltei, estou bem, estou aqui, e obrigado pela preocupação. E, a propósito, me desculpe pelo meu comportamento no baile, pediu, secamente.


- Claro que desculpo, Harry. Acho que te devo desculpas até hoje por tudo que eu te fiz passar...


“Ainda bem que ela tem plena consciência disso!”


- Mas sob uma condição... – disse, maliciosamente.


- Condição, que condição? – perguntou, curioso.


Cho se aproximou lentamente do ouvido do garoto e sussurrou:


- Que tal terminar o que nós que começamos naquele dia?


Harry deu um pulo para trás, como se tivesse visto uma assombração.


- Nossa, ainda bem que não preciso do seu perdão para sobreviver! Tchau!


Deu as costas e saiu a passos largos, com uma Cho extremamente irritada em seu encalço.


Harry pensou que o melhor era ir para o meio de muitas pessoas, assim a apanhadora da Corvinal não faria cena. Mas ele estava muito, muito enganado.


- Quem você pensa que é? Só porque é Harry Potter – ela tinha uma entonação muito ferina – acha que pode me dispensar assim?


“Não faça isso. Não faça isso...”, pedia mentalmente.


- Hein, Harry? Não vai responder? Ou vai querer que todo mundo aqui saiba o quanto você é... Fraco?


- Eu não sou fraco.


- Ah, não? Eu não me lembro de nenhum beijo seu que tenha me dado alguma emoção.


- Nem eu lembro de você ter me dado alguma. “Não caia na provocação dela, seu idiota!”.


- Você nem se movia! Você é um fraco, um sem graça. Não sei como a Weasley te agüentou tanto tempo.


O grande problema é que quando uma briga chega neste ponto, o volume da voz cresce numa proporção inversa ao nível da conversa, atraindo mais curiosos ainda.


- Pois saiba que, apesar de ela também não ser lá essas coisas, é infinitamente melhor que você.


- Ora, ora, Harry. E ela também deve ter gostado muito de você, não é? Tanto que precisou de outro pra dar conta do recado! – ria-se, sarcástica.


- Cala essa boca!


- Eu adoraria que você viesse aqui fazer isso!


Harry chegou a estralar os dedos. Antes que um desastre acontecesse, Ron segurou o braço do amigo e o conteve.


- Venha, Harry. Não vale a pena.


E o arrastou em direção ao salão comunal da grifinória, enquanto Cho permaneceu lá, com cara de quem venceu aquela briga.


“Maldição, tenho que agüentar mais essa?”.



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- Harry, sente-se aí, pediu Rony, preocupado.


Por um momento, Harry achou que não havia nada melhor que a maciez de sua cama. Ron tinha sido brilhante em tirá-lo da enrascada em que ele quase se meteu, no momento certo.


- Pois não, respondeu, acomodando-se junto às almofadas.


- Ai, cara... Eu tinha tanta coisa a dizer que não sei por onde começar.


O moreno corou. Sabia exatamente de quem o ruivo queria falar.


- Ron... Por favor, não me fale dela, não agora.


- Tudo bem. Não vou falar da Gina AGORA. Mas uma hora você vai ter que me ouvir, promete?


Harry concordaria com qualquer coisa que não fosse relembrar o rosto daquela garota naquele exato momento.


- Ok! Estamos combinados.


O ruivo também se sentou em sua cama e ficou pensativo por um instante.


- Ron?


Como num susto, despertou.


- Ah, sim. Bem, estava tentando saber por onde começar.


- O começo é uma boa idéia.


- Tudo bem, tudo bem. Bom, Harry... Você quase nos matou de susto! Por um momento, achamos que tínhamos perdido você naquele lago. Mas quando nos avisaram de sua melhora súbita, ficamos todos extremamente felizes e animados. Eu, particularmente, achei que, depois dessa, você ia se tornar alguém melhor. Não que você já não seja bom, mas achei que você voltaria muito melhor, você me entende? Sabe, a Gina já sofreu demais, eu mesmo devo ter 50% de culpa por esse sofrimento que ela está passando e...


- Ron, agora eu não quero falar sobre isso, nós combinamos...


- Tudo bem me desculpe, mas é que é duro vê-la sofrendo daquele jeito. Ela não come, só fia enfiada naquele dormitório, não vai às aulas... Minha mãe está para ficar louca!


- Que me desculpe a Sra. Weasley, que tenho como uma mãe, mas eu não estou fazendo nada com ela... Tudo isso é culpa tão somente DELA. Eu só me privo do direito de não querer mais a sua presença. É o mínimo que ela pode me oferecer.


- Eu entendo perfeitamente. Mas não é só: além da Ginny, você está com esse comportamento super estranho com Lupin, de desprezá-lo. Afinal, o que ele te fez?


- Acho que já está na hora de você saber...


E assim, Harry contou o que houve naquela aula de oclumência.


- Eu não estou entendendo nada! Isso não tem cabimento!


- E o que você acha que eu senti quando vi aquele lobisomem beijando a minha mãe, hein?


- Não tenho a menor idéia...


- Então me imagine furioso. E multiplique por tantos números quantos puder imaginar. Foi assim que eu fiquei. Eu queria matá-lo ali mesmo!


- Agora sim entendo seus motivos! Mas, não seria o caso de averiguarmos o que exatamente aconteceu?


- Eu, sinceramente, não quero mais mexer nessa historia. Acabou, Ron. Eu só quero paz agora.


Enquanto Harry se deitava, pensativo, a mente de Rony estava a mil. “Contarei para Mione assim que puder”, pensou. E logo haveria o momento propício para isso, o jantar.



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- Pois é, Mione. Ele não quis descer para comer...


- Hum, nem a Ginny.


- Mas sabe, eu achei até melhor.


- Por quê? Rony Weasley, quais são suas intenções?


- Calma, calma! (risos) É que preciso te contar algo muito importante, que o Harry me revelou hoje, lá no quarto.


Tentar conter a curiosidade naquele momento seria algo extremamente complicado para Hermione. E ela não estava a fim de mais dificuldades naquele dia.


- Não me deixe aflita, Ron! Me conte logo!


- Tudo bem, vamos para outro lugar, que te conto tudo.


O ruivo esforçou-se para lembrar de cada detalhe da conversa entre ele e o amigo. Hermione mostrou-se muito mais interessada no assunto que Ron esperava, o que o surpreendeu um pouco. A cada frase que ele falava, mais ela fazia uma expressão de espanto. Ao terminar de contar, Hermione saiu correndo e disse:


- Ron, não me espere, tenho umas coisas para resolver!


- O quê? Mas? Ela é louca? – perguntou-se, atrapalhado.


A próxima porta que ela encontrou após sua fuga repentina tinha uma aparência impenetrável. Bater seria uma boa idéia, afinal, ninguém gostaria de ter um louco entrando em seu quarto sem pedir licença. As primeiras três batidas não surtiram qualquer efeito. E mais três. E mais três. Até que a porta abriu-se.


- Professor.


- Hermione?


- Eu já sei de tudo.



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- Preparado, Ron? – indagava Harry.


- Hum... Tenho que admitir que hoje não estou muito disposto... Mas como em breve o jogo será com a Sonserina, então não há preguiça que resista a esse treino!


O moreno deu um breve sorriso e deu algumas batidinhas nas costas do ruivo. Aquele era o treino do agora ou nunca. Não poderia haver problemas, deveria estar tudo perfeito. E se não estivesse, então aquela seria a ultima chance para qualquer acerto. Mas ao chegarem ao campo, lá estava a chinesa Cho Chang, mais uma vez com aquela cara de gentileza extrema.


- Harry.


- Cho, respondeu friamente.


- Eu queria... Bem, falar com você por um instante.


- Opa, já entendi, to saindo! – antenou-se Ron.


A garota esperou que o ruivo se afastasse um pouco e começou:


- Eu realmente gostaria de pedir desculpas por aquela cena ridícula que eu aprontei aquele dia, eu estava fora de mim. Me desculpe, me desculpe mesmo, isso nunca mais vai acontecer.


- Tudo bem, Cho. Já passou. Eu também não deveria ter respondido às suas provocações, ponderou.


- Será que você me perdoou mesmo? – perguntou a bela moça, acariciando o queixo de Harry, que permanecia imóvel, envergonhado.


- Ah, eu, er...


Cho foi lentamente se aproximando do rosto do moreno, encostando seus lábios nos dele, ternamente. O melhor daquele beijo, na verdade, não foram os lábios macios de Cho, mesmo porque ele não estava muito concentrado naquilo; era poder manter seus olhos abertos e observar a reação dela, que acabara de chegar.


Gina.


Para ele, não houve nada mais divertido do que fazer aquele olhar malicioso para ela, como algo do tipo “olha o que você perdeu” e continuar beijando a garota, agora um pouco mais ardentemente. E ele podia ver os olhos dela se enchendo de dor. “Eu tenho que ser forte, eu não vou chorar aqui, não na frente dele!”, ela pensava. Aquela era uma das únicas vezes nos últimos tempos em que ela havia se dado ao trabalho de sair de seu dormitório sem ser para comer ou assistir às aulas e tinha toda aquela “maravilhosa” paisagem à sua frente. Encantadora aquela cena. Mas não havia ninguém mais forte que ela, ou pelo menos, anestesiada. Ela passou por eles como se não os tivesse visto e seguiu seu caminho em direção ao seu irmão, que lhe beijou a testa.


- Como está, maninha? – perguntou Ron, temeroso.


- Melhor, Ron. Cada vez melhor.


Apesar de não demonstrar tristeza, ou desespero como antes, agora ela parecia extremamente cansada, como se lhe faltasse o ar.


- Tenho que ir, Harry. Depois a gente se fala.


- Ah, claro, Cho. Depois, despediu-se, fazendo uma cara de apaixonado. “Mas o que diabos estou fazendo? Ainda há pouco eu estava brigando com ela... Que loucura.”


Apesar de não ter a menor idéia do que tinha acabado de acontecer, Harry olhou com a maior cara de felicidade que podia para o time, que o aguardava depois de seu pequeno show. Mas aquilo não era só um show; era mais uma dose de sua doce vingança.


- Muito bem, todos em suas posições. Não quero furos, ouviram? – avisou, dirigindo o olhar para cada jogador.


Harry encarou sua ex-namorada com desprezo, estava sendo prazeroso se vingar dela em cada gesto, em cada olhar. Faze-la sofrer, sentir pelo menos 1/3 da dor que ele havia sentido. Ela, por sua vez, já parecia ter se acostumado com a nova situação que sua vida se tornara. Ela apenas se conformou com aquele olhar e, desanimada, tentou encontrar alguma posição dentro do campo.


- Vamos lá, começou!


O treinamento começou relativamente bem. Todos estavam concentrados em suas tarefas. É claro que em “todos” não constava a caçula Weasley, muito menos o menino-que-sobreviveu, que passava a maior parte do treino observando cada movimento da ruiva, tentando encontrar uma chance para atingi-la verbalmente. E encontrou.


- Ei, você! Não posso fazer tudo aqui sozinho! Você devia pelo menos tentar fazer algum gol, em vez de ficar deslizando aqui como se isso fosse uma passarela!


Gina inspirou fundo e respondeu, sem olhar diretamente nos olhos de Harry:


- Sim, capitão. Me desculpe.


Mas não adiantou. Ela continuou distraída, deixando as melhores oportunidades de gols passarem, fazendo com que o capitão se desconcentrasse mais ainda do seu pomo para prestar atenção ao que ela fazia.


- Mas será possível, Gina! Assim não dá, ou você melhora ou...


- Não precisa terminar, Harry. Estou de saco cheio disso aqui.


A ruiva deu um mergulho em sua vassoura e pousou levemente no chão, saindo correndo do lugar. Harry foi atrás, só conseguindo alcançá-la no vazio corredor do castelo que levava ao campo.


- Onde você pensa que vai? Se você não se lembra, eu sou o capitão do time e não lembro de tê-la dispensado!


- Eu me dispensei, Potter.


“Potter?”.


“Nossa, eu disse Potter? Essa eu me superei...”.


- E o que te dá o direito de sair assim do time na semana de um jogo importante? – gritava, indignado.


- O motivo está pateticamente parado na minha frente.


- Sua... – havia tanta raiva contida que o moreno chegava a tremer.


Ele segurou a cabeça de Gina por trás e, num sinal de profundo desrespeito, deu-lhe um beijo ardente.


- Não era isso que você queria? Não era disso que você sentia falta quando estava comigo? – perguntou, sarcástico.


- Seu estúpido! – gritou, dando um tapa no rosto dele. Eu te odeio, você está me ouvindo, ODEIO!


Harry ainda pôde ouvir os soluços do choro compulsivo de Gina, no final do corredor.


- Droga! – gritou, esmurrando a parede. MALDIÇÃO!


Então o treino, por aquele dia, havia acabado.

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“Harry,



Eu juro por Merlin que esta é a última coisa que eu faço pra você. Eu juro. Eu espero que você tenha a decência de ler isso até o final, já que não é uma carta tão grande assim.


Eu queria, sinceramente, te pedir perdão por ter te amado tanto, mesmo que não tenha dado tempo de te dizer isso. Na verdade, foi você quem não me deu mais oportunidade para te dizer o quanto eu te amava, o quanto eu já precisei de você pra viver. Mas a minha entrega foi um ótimo sinal, eu espero. Pra mim, isso valeu mais do que qualquer palavra.


Eu sei que eu errei, errei feio. Mas você é tão cruel quanto aqueles que você diz que luta. Talvez, eles tivessem sido mais clementes, afinal você também errou. Ou vai esquecer que você também ficou com a Cho? Você só me prova a cada dia que eu já deveria ter te esquecido.


Essa carta é uma promessa que eu o esquecerei, que você não vai ter mais o desprazer de ter que cruzar seu olhar como o meu. Porque eu vou ter te esquecido. Pra sempre



Gina”



Harry fechou cuidadosamente aquele pergaminho. Um sentimento que ele não esperava brotou dentro de si. “Mas se ela não me ama mais, pra que eu vou continuar com isso? Essa vingança ridícula que só me machuca, me destrói? Me faz ser quem eu não sou? Se não vai atingi-la mais, já chega. Acabou a palhaçada.”, ele pensou.


Na verdade, Harry Potter estava, mais uma vez, tentando se enganar. Não era porque a retaliação não a atingiria mais que ele não iria continuar com ela; era porque ele ainda a amava muito. E achava que por pior que a ruiva tivesse agido com ele, ninguém merecia ser tratado daquele jeito. Afinal, aquilo não levaria a absolutamente nada, a não ser perder o respeito de seu melhor amigo e da mulher que ele considerava como uma mãe. Ele iria guardar todo aquele ódio para si, lacrá-lo em algum lugar que só ele tivesse acesso. Ele fizera isso durante toda a sua vida com os Dursley, não seria tão difícil; apesar da diferença básica: Ele nunca amou os Dursley, enquanto Gina passou a ser a razão de sua vida.


Para provar que aquilo tudo não o atingia mais, ele decidiu, então, conversar com Gina. Mas nada que o fizesse tocar em assuntos delicados, era apenas uma... conversa.


Ao descer as escadas que levavam ao seu dormitório, Harry a viu sentada no sofá do salão comunal, conversando alegremente com algumas amigas. Ele se aproximou do grupo e disse:


- Gina... – tentava ser frio em seu tom.


A ruiva olhou para ele, altiva.


- Harry?


- Preciso falar com você, pode ser?


Ela olhou suas amigas, como se pedisse permissão e o seguiu. Não podia negar que aquilo era, no mínimo, surpreendente. “Ele veio atrás de mim... Será efeito da carta?”, perguntava-se.


- Gina, já que você se dignou a me pedir desculpas, creio que eu também tenho algumas pra te pedir. “Meu Merlin, o que estou fazendo?”


Ela fez que não entendeu, franzindo o cenho e cruzando os braços, o encarando profundamente.


- Eu queria que me perdoasse pelo meu comportamento no treino. Eu agi de forma muito infantil com você. E eu não posso perder um jogador agora, seria horriv...


- Ah, então era isso? Perder um jogador? Pois está perdoado! Agora se me der licença... – pediu, dando as costas.


Ele agarrou o braço dela e disse:


- Espere...


- Não. Não quero mais isso, Harry. Não quero ser sua amiga, não quero te ouvir, não quero ser nada sua. Me esquece. Eu estarei no jogo, não se preocupe. Agora, pode soltar meu braço que eu quero voltar pra lá! – apontou.


- Ok, tudo bem, me desculpe.


“Maldição, eu e minha grande boca.”, lamentava-se ele. “Ela realmente me esqueceu, me esqueceu! Como pode? Como? Foi tão... rápido... Será que ela me amava?”, pensou, olhando tristemente para a garota que se sentava no sofá, como se nada tivesse acontecido.


Foi questão de o garoto desaparecer pelo corredor e Gina, mas uma vez, começar a chorar melancolicamente.


- Gina... – consolava uma amiga. Como podem duas pessoas que se amam tanto ficar com isso? Venha, deite-se aqui.


- Eu não quero mais gostar dele, NÃO QUERO! NÃO QUERO!



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Harry precisava de ar. A atmosfera de Hogwarts era sufocante. Mas uma vez, sua capa de invisibilidade lhe seria de grande serventia. Por que ele não tinha morrido aquele dia? Ele esteve, nesses últimos dias se perguntando qual seria a sensação de morrer, se é que ele não tinha passado por isso e voltou. “Sei lá...”. Será que sua mãe estava mesmo lá, chamando por ele? Então quer dizer que seria realmente melhor para ele ter ido, que mãe poderia querer o mal do próprio filho? Mas ele começou a cogitar a hipótese de aquilo não ser nada além de uma ilusão momentânea, devido ao gelo, à falta de ar. “Eu não quero sentir aquilo de novo, mas Hogwarts pra mim está sendo pior do que a sensação daquela água cortante nos meus pulmões”. Divagações, apenas isso.


Enquanto caminhava pelos arredores do castelo, permaneceu questionando-se sobre tudo. Sobre todos. Sobre quem realmente importava pra ele. Sobre aquela profecia que constantemente voltava à sua mente, como um boneco João-Bobo que você afasta e volta ainda com mais força. Atormentando-o. Ele não queria que aquilo se tornasse o sentido de sua vida, mas era exatamente isso que estava acontecendo. Ele nem pensava mais em ser auror. Não pensava mais em amar. Só pensava que agora tinha que se concentrar em mata-lo, exterminar de vez por todas o maldito Lorde Voldemort, a sombra que o acompanhava desde o nascimento. O motivo de parte de sua grande infelicidade.


Harry parou em frente àquele imenso lago que, outrora quase tomou-lhe a vida, praticamente por seu consentimento e o fitou. Sentou-se pesadamente em uma das margens, tirou a capa, e ficou ali, olhando o imenso branco que tudo aquilo se tornara, distraído.


De repente, uma mão muito pesada pousou sobre seu ombro:


- Não está pensando em fazer de novo, está Harry?


- Hagrid! – abriu um sorriso sincero, há muito tempo apagado daquele rosto. Imagine, só vim aqui ficar sozinho um pouco... Hogwarts está um lugar muito difícil de ficar.


- Que bom, que bom... Eu fiquei muito preocupado, garoto. Você nos deu um grande susto.


- Eu... Eu sei, mas não se preocupe. Não vai acontecer de novo, antes disso eu já estarei morto.


- Não diga besteiras, Harry. Do que você está falando, quer me explicar? – perguntou o meio-gigante, confuso.


- Nada demais, Hagrid. “Não estou pronto pra contar aquela maldita profecia pra ninguém, ainda. Não quero pessoas com pena de mim...”. Eu só acho que não vou viver muito tempo.


- E por que isso?


- Eu só sinto. Só isso...


- Não pense nisso, garoto. Você ainda tem muita coisa pra viver. Ainda será muito feliz, eu tenho certeza.


O moreno apenas assentiu com a cabeça e continuou fitando o lago.


- Hagrid, você está vendo aquilo?


- Aquilo o quê, Harry?


- Aquilo ali, veja! – apontou para um movimento no meio das árvores do outro lado do lago.


- Sim, eu posso ver... Mas... Aquele não é o... Malfoy? E espere... Tem mais alguém ali... Parece-me a...


- Cho Chang. É ela. Venha, temos que nos esconder, eles não podem nos ver aqui, de jeito nenhum! – disse Harry, com uma certa apreensão na voz.


- Eu acho que eu não sou algo que possa se esconder facilmente... – riu-se. Vou ficar observando de longe, você fique aí.


- Tudo bem. Eu vou tentar me aproximar um pouco...


Sorrateiramente, o bruxo foi dando a volta no lago, sob sua capa. Ao se aproximar a uma distância que ele considerava segura, tentou ouvir o que os dois falavam. Mas era impossível, eles sussurravam.


- O que diabos está acontecendo? – perguntava-se, pasmo. Tenho que sair daqui, se eles me descobrirem, estou em sérios apuros.


Uma série de coisas passava na mente de Harry Potter. “Cho e Malfoy?”. Por incrível que pareça, aquilo respondia algumas perguntas. O comportamento de Cho, o olhar furtivo que Draco por vezes lhe lançava, quando ele menos esperava. “Estariam eles tramando alguma coisa?”. Era certo que sim, pois jamais os tinha visto juntos. E se estariam, era contra ele. “Preciso encontrar os meus amigos”, pensou.


- Hagrid, estou indo, depois nos falamos! – disse, sem fôlego.


- Tudo bem, até mais Harry!


O garoto apenas acenou com o braço e rapidamente sumiu dentre as portas do castelo.



********************************


- Hermione, que bom encontra-la, estava mesmo precisando falar com você.


- Eu também, Harry. E muito. Mas você primeiro.


- Você não vai acreditar em quem eu acabei de ver lá perto do lago, no meio das árvores, escondidos de todos!


- Ah, Harry! Não faça mistério!!! – pediu, desesperadamente curiosa.


- Draco e Cho!


- Quem? O quê? – perguntou, atordoada.


- Isso mesmo que você ouviu, Mione. Agora tudo se encaixa, eles estavam juntos todo esse tempo! Por isso, ela está tão... diferente! Está me tratando daquele jeito, meio... atirada. Acho que eles estão tramando algo.


- Será? Isso me soa muito estranho, Harry. Você tem certeza que eram os dois?


- Absoluta, Mione. Absoluta. Não te diria isso se não soubesse.


- Hum... Teremos que descobrir isso. Faça o seguinte, finja que você não sabe de nada e continue tratando a Cho normalmente. Logo ela vai mostrar as garras, se você estiver certo.


- Tudo bem, eu continuarei agindo da mesma forma.


- Harry, antes de qualquer coisa... Eu também queria falar com você, foi sorte você vir aqui atrás de mim também, disse Hermione, tentando chegar ao assunto da forma mais delicada possível.


- Não é nada sobre a...


- Não, não é sobre a Gina.


- Então?


- Você precisa falar com o Lupin hoje, Harry. Ele o estará esperando na sala dele depois do jantar, comunicou, irredutível.


- Não, Mione. Não vou. Sabia que não devia ter contado nada ao Ron... – disse, enraivecido.


- Você vai, está combinado. Faça isso por mim, Harry. Eu poderia muito bem te dizer tudo, mas eu acho que ele merece te dizer pessoalmente.


- Tudo? Como assim? Você quer me enlouquecer?


- Você vai ver. Eu não direi nada. Se quiser, vá lá, como eu te disse, e tudo será respondido. Eu não posso, Harry... Não posso... – desculpava-se Hermione, passando a mão carinhosamente no rosto do amigo e saindo, cheia de livros nas mãos.


- Hermione, espere! Hermione! – gritava, sem resposta. Maldição! Como se não bastasse, agora mais essa!



********************************************


Toc, toc, toc.


Toc, toc, toc.


- Professor? Abra a porta, sou eu, Harry!


Nada.


Toc, toc, toc.


- PROFESSOR? ABRA ESSA PORTA!


Harry não estava mais batendo à porta da sala de Lupin, mas esmurrando. Seria tão mais fácil girar a maçaneta e ver que a porta não estava nada mais além de encostada. “Burro!”, xingava-se mentalmente.


A sala estava completamente vazia. Nem sinal de presença humana, ou de qualquer outra coisa. O moreno aproveitou para investigar cada canto do lugar. E não havia nada de tão diferente, surpreendentemente. Em cima da grande mesa do professor, havia um pergaminho muito displicentemente enrolado, endereçado a Harry.


- Pra mim? Mas o que...


“Harry,


Venha à Floresta Proibida agora. Tenho uma coisa muito importante pra te mostrar. Tem a ver com sua mãe...


Te espero,


R. J. Lupin”


“Será que ele realmente acha que eu irei? O pior é que... Eu quero ir!”, concluiu. Aquela carta estava muito estranha, principalmente a letra trêmula com que ela havia sido escrita. Mas era sobre sua mãe, não havia nada o deixasse mais curioso do que coisas que estavam ligadas aos seus pais. Ele iria, então.


Ao se aproximar daquelas árvores extremamente amedrontadoras, Harry sentiu um arrepio, seguido de uma forte dor na cicatriz. “Há meses eu não sinto mais essa.... aaah.. dor...”, balbuciava, contorcendo-se. Debilitado, ele continuou andando, procurando por Lupin. Quando a dor se tornou praticamente insuportável, apoiou um dos seus braços na primeira árvore que viu e inspirou fundo. Atrás de si, ouviu a gélida voz:


- Potter! Pensei que não viria mais... – disse, com escárnio.


- VOCÊ?























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