Na Travessa do Tranco



Por Enquanto e Para Sempre





N/A:



Sarah-Lupin-Black: Obrigada, eu já mudei isso no meu perfil... Mas tenho que pedir desculpas para quem acabou registrando por culpa minha! É que eu demorei séculos pra achar onde eu habilitava reviews não assinadas! Sorry!



M@ki - *cara culpada* tenho que pedir desculpar por esse capítulo não ter acabado tão romântico, mas eu queria atualizar esse fim de semana... Mas PROMETO mesmo que no próximo terá bastantão de romance!! Thanks!



Amanda - Olá xará! Brigada por revisar, e logo logo as coisas vão esquentar... Enquanto você espera, leve em conta que quando demora muit é porque quando começa a coisa não pára mais!



OBRIGADA, e continuem revisando! Aí vai o novo capítulo!!




Capítulo Quatro - Na Travessa do Tranco



Tonks acordou cedo e ficou brincando por alguns minutos em frente ao espelho. Seria interessante de disfarçar de bruxa das trevas.



Com um floreio, seu cabelo ficou preto, longo e liso.



Tradicional demais. Ou não?



Encurtou o comprimento até pouco abaixo dos ombros; daquele modo parecia melhor. Com um cabelo daqueles poderiam pensar que ela gastava muito tempo cuidando de si mesma para honrar as reuniões dos Comensais. No momento seguinte, Tonks parou, sorrindo. Provavelmente os outros Comensais nem ligariam para como estava o seu cabelo!



Através do Flu foi para o Beco Diagonal. Não quis arriscar aparatar, afinal do jeito que era desastrada provavelmente acabaria parando em cima de uma estante da Floreios e Borrões. Estava com uma enorme capa preta, à lá Comensal da Morte, os olhos negros e o rosto bem fino. Duvidava que sua mãe tivesse alguma chance de reconhecê-la.



Teve a prova disso ao passar pelo Caldeirão Furado, como combinado, onde deveria encontrar Remus.Combinaram também de que ela deveria dar um grosseiro encontrão nele para que a reconhecesse. Obviamente eles não poderiam conversar, não se Tonks não quisesse que desconfiassem dela.



Entrou no bar, encostou no balcão bem ao lado de Remus, mas nem olhou para ele. Pediu uma cerveja amanteigada, apenas para dizer que pegara alguma coisa. Enquanto bebia, olhou de esguelha para Remus. Ele também usava muitas roupas, embora estivesse mais preocupado em esconder o rosto. Não olhava para ela, e sim para a porta, por onde acabara de passar um velho trêmulo de vestes rotas e antigas. Tonks franziu a testa. Ele não imaginaria que era ela? Podia estar completamente diferente, mas ao ver uma mulher sozinha, vestida toda de preto, ele não deveria pensar que ali estava sua colega disfarçada?



Tonks virou o último gole e bateu o copo no balcão, jogou o dinheiro sem uma palavra a quem a servira e se levantou. Virou-se para a porta e deu um memorável encontrão em Remus, que quase caiu da cadeira onde estava. Tonks ficou envergonhada porque aquele choque não fora proposital, e resistiu ao impulso de olhar para trás e pedir desculpas.



Atravessando o Beco Diagonal pelos lados mais sombrios e menos freqüentados, ela viu alguns conhecidos, colegas do Ministério, e outros da Ordem da Fênix. Emelina e Héstia estavam na escadaria do Gringotes, e por um momento Tonks se perguntou o que elas estariam fazendo ali.



Sacudindo a cabeça, Tonks procurou se concentrar no que estava fazendo. Pelo que sabia, a Travessa do Tranco não estava muito longe. Fazia algum tempo que não passava por lá, mas era só ir pelos caminhos mais tortuosos, que geralmente a deixavam mais amedrontada quando era criança.



Minutos depois, virou uma esquina e se viu numa ruela sombria, com bruxos encapuzados passando por ali e por aqui. Tonks respirou fundo e tentou assumir a posição mais confiante do mundo, como se soubesse exatamente onde estava se metendo, como se fosse parte. Virando os olhos discretamente, lembrou-se que não devia ser tão difícil, com tantos bruxos das trevas como antepassados.



Frustrada, começou a caminhar. Como reconheceria algum Comensal da Morte ali, se todos andavam com os rostos ocultos? Depois de cobrir o seu próprio, Tonks fingiu observar uma vitrine enquanto examinava quem estava lá dentro.



Muito bem, parece que as coisas estão melhorando. Ou piorando pra mim. Depende do ponto de vista.



Ali dentro, ela reconheceu dois homens que já vira negociando com Mundungo Fletcher. Tentou ver o que exatamente eles estavam tentando comprar (ou roubar, sendo parceiros de Mundungo nos negócios), mas apenas divisou algumas linhas grossas como lã penduradas em uma cabeça masculina de madeira escura.



Pra quê diabos serviria aquilo? Vodu?



-Vitrine interessante, não? - provocou uma voz seca a seu lado. Tonks congelou. Olhou o reflexo na vitrine e divisou um nariz torto saindo de outro capuz. Nunca imaginou ficar aliviada de reconhecer Snape.



-Muito - replicou, tentando devolver com a mesma ironia, mas tentando raciocinar.



Se estava ali, era porque Snape não devia estar. Quem garantia que não era algum outro Comensal disfarçado dele? Tonks esforçou-se para manter o rosto inexpressivo e não se entregar.



Foi quando ele pigarreou e ela escondeu mais o rosto.



-Por que não tenta ficar menos a vontade ainda? - ele provocou de novo.



Se é um impostor, está fingindo muito bem.



-Posso saber porque está falando comigo? - ela inquiriu, virando-se e continuando a fingir que não o conhecia.



-Assim está melhor - disse ele em seguida, virando as costas e sussurrando depois. - Tente a Borgin e Burkes.



Maldição, é mesmo Snape, ela pensou. E o desgraçado não devia estar aqui em hipótese alguma. Dumbledore vai saber disso.



Mas, apesar de tudo, ele a dera uma pista sobre onde procurar alguém decente para seguir. Tonks olhou em volta, ergueu a cabeça e caminhou rapidamente.



Parou logo depois diante da loja, sem saber se devia entrar. Mas lá dentro encontrou quem estava procurando. Jonathan Nott, um homem curvado, de cabelos ralos e rosto assustadiço. Sim, a Ordem tinha informações sobre ele não possuir grande força de espírito. Talvez Tonks conseguisse arrancar algo dele.



Entrou na loja, sentindo os nervos a flor da pele. Nott virou-se depressa e olhou-a, parecendo mesmo um pouco assustado. Tonks desviou o olhar e aproximou-se de uma das prateleiras, fingindo um olhar compenetrado e prfundo interesse. Foi quando chegou um homem dos fundos da loja. Borgin, que vinha com um sorriso cúmplice no rosto falar com Nott.



Muito devagar, Tonks caminhou entre as estantes, tentando escutar a conversa. Eles estavam falando tão baixo que ela chegou a se perguntar se haveria algum feitiço para tornar as conversas impossíveis de se ouvir por terceiros.



Finalmente, ela ouviu algumas palavras soltas.



-Duvido que... absolvido... capaz de fazer milagres...

Tonks pensou saudosa nas Orelhas Extensíveis criadas pelos gêmeos Weasley.



-Lucius tem seus modos de... - Tonks deu um passo para o lado. - arrumar a situação...



-Oh, espere, Nott, acho que devemos falar depois. Olhe ali - disse, apontando para Tonks.



Maravilha, pensou ela. Eles me notaram. Eu não queria fazer isso, mas não tem outro jeito.



Virou-se abertamente para os dois, fixando os olhos, então azuis, neles.



-Estou vendo que terei que abrir o jogo para saber de alguma coisa. - falou.



-Quem é você? - perguntou Borgin, na defensiva.



-Eu sou Madeline Shaw - Tonks replicou, usando o primeiro nome que veio à sua cabeça. - Estava procurando você, Nott, seu imprestável. Até parece que se esqueceu de que foi designado para uma missão comigo.



-Eu? - estranhou Nott, muito surpreso. - Eu nunca vi você antes! Como poderia...



-Poderia desde que não seja você quem designa as missões. Ou é? Que eu me lembre não. Somente obedeço ao Lord. E é claro que me conhece, seu trasgo. Age como se não soubesse os processos do Mestre.



Particularmente, Tonks achou sua atitude inteligentíssima. Impusera sua presença e os convencera de que era uma Comensal e ainda por cima colocara Nott sob suspeita. Borgin o olhava, estranhando.



-A mulher está certa, Nott - disse ele, com um olhar perscrutador. - Acho que temos que checar se é você mesmo...



Ela observou enquanto Borgin sacava a varinha diante de um ofendido Nott e lançava um feitiço do qual Tonks apenas sabia que era muito difícil de ser executado. Ela nunca o aprendera completamente, ainda que tivesse uma vaga noção de como se fazia.



Nott recuou um passo, como se tivesse sentido alguma dor, e depois exclamou:



-Seu idiota! Claro que sou eu! O que está pensando...?



-Se é você, ótimo - cortou Tonks, aproveitando a deixa. - Vamos antes que você se esqueça do que tem a fazer.



Certamente Nott nem fazia idéia do que teria que fazer na missão que Tonks inventara, mas ela sabia que ele esperaria que ficassem sozinhos para perguntar, ao invés de fazer isso perto de Borgin.



Enquanto saíam da loja, Tonks começou a inquiri-lo com a única informação que Remus lhe passara:



-Eu não pude estar na reunião de anteontem. Estava com alguns bruxos do Ministério e não podia sumir de repente. O que o Lord disse de especial?



-Castigou os que estiveram envolvidos naquela distração com os trouxas, disse que poderiam ter nos descoberto e pouca coisa além disso. - ficou calado em seguida.



-E você era uma das crianças felizes no grupo, suponho eu. - cortou ela, ácida.



-Não é da sua conta - retorquiu Nott rispidamente. - Olhe... Para onde estamos indo afinal?



Tonks já estava disfarçando uma cara irritada quando viu Lucius Malfoy, novamente, vindo na direção deles. Subiu o capuz e olhou para outro lado.



-Olá, Lucius - cumprimentou Nott quando se aproximaram.



-Olá, Jonathan. - disse Malfoy com sua voz desagradável de sempre, e Tonks desejou não ter perdido a pose de confiante. Sentiu o olhar do homem sobre ela. - E você, quem é?



Tonks respirou fundo rapidamente.



-Madeline Shaw, e isso é tudo que tem que saber de mim - replicou, o mais arrogantemente que pode.



Malfoy estudou-a, e Tonks tentou manter a expressão arrogante e a mente vazia.



-Madeline Shaw - repetiu ele, lentamente. - Como posso não conhecer você? - inquiriu, com um olhar agudo. Tonks virou os olhos e fez um sinal para Nott.



-Francamente, eu às vezes acho que o Mestre deveria recrutar apenas mulheres... É incrível como os homens podem ser pretensiosos. Acha sinceramente que conhece todos os que trabalham sob os olhos do Lord das Trevas?



Malfoy resmungou alguma resposta a qual Tonks não deu muita atenção; logo depois ele começou a falar com Nott em voz baixa sobre o Ministério, e sobre como estava certo que de Harry seria expulso de Hogwarts na audiência, nada muito fora do que já chegara aos ouvidos de Dumbledore.



-Agora eu tenho que ir - disse então Malfoy, com um olhar entediado. - Agora que o Ministro já decidiu quem irá colocar na cadeira de Defesa Contra as Artes das Trevas, estamos mais tranqüilos sobre o que será ensinado aos amiguinhos de Potter que continuarão na escola. O Lord também anda de olho neles.



-Isso é ridículo - retorquiu Tonks, tentando mudar a opinião de Malfoy. - Dar atenção a dois adolescentes presos numa escola. Eles nem mesmo têm dons especiais que interessem ao Mestre.



-Vejo que não entende tanto assim dos métodos dele. - disse Malfoy, com um olhar fixo para ela. Foi quando ele parou e ficou observando-a por alguns segundos. Por dentro, Tonks sentiu medo de que ele pudesse estar reconhecendo-a, e sentiu medo. Se fosse desmascarada ali, em plena Travessa do Tranco, estaria morta. Sem falar do prejuízo eu causaria a Dumbledore.



-De qualquer forma - Nott quebrou o gelo. - nenhum de nós deve conhecê-los por inteiro.



Só então Lucius Malfoy olhou para o colega, e Tonks soltou o ar.



-De fato. - concordou ele. - E espero que vocês dois estejam pensando em alguma forma de chegar àquela porta. - acrescentou, antes de se afastar.



Agora parece que eu encontrei ouro, pensou ela. Uma porta. Isso pode ser mais útil do que parece.



-Vamos - disse ela, puxando Nott. Poucos passos depois, ela lembrou-se de outras palavras de Remus e pensou que seria bom tirar isso a limpo antes de completar a missão. - Escute, então quer dizer que o Lord não anda gostando muito de nos divertirmos?



-Não - resmungou o outro, encolhendo com a lembrança. - Disse que apenas podemos fazer nossas próprias festas, sem matar trouxas, por enquanto. Ele disse que logo que conseguir aquilo, poderemos fazer o que quisermos. Como antes.



-Maravilha. - replicou ela, sombria, fazendo-o virar uma esquina que era, se possível, mais oculta ainda do que a que estavam antes. - Parece que você já me disse tudo que eu preciso.



-O que está dizen...



Mas Tonks foi rápida e sacou a varinha:



-Obliviate!



Depois que o Comensal foi pego de surpresa, ela estuporou-o e o deixou ali. Saiu andando, satisfeita. Sempre que precisava colher informações, sabia muito bem até onde podia ir. Perguntar mais do que aquilo poderia fazê-lo desconfiar dela. Sabia que Feitiços de Memória eram reversivos. Mas até que Voldemort percebesse que Nott fora obliviado e até reverter o feitiço, as novas peças de seu plano já estariam havia muito tempo nas mãos de Dumbledore. E ele nem mesmo sabia quem o havia atacado. Com certeza nunca mais veriam Madeline Shaw na Travessa do Tranco.



Mais tranqüila, Tonks começou a se encaminhar para a saída, logo depois de guardar novamente a varinha nas vestes. Foi quando viu novamente Lucius Malfoy vindo atrás dela. Ergueu a capa, cobriu a cabeça e mudou a cor dos cabelos. Mas ela viu que ele não diminuía o passo. E se, de alguma forma, ele tivesse descoberto que era ela??



Apavorada, Tonks entrou na primeira loja que viu pela frente, ainda com a sensação de que Malfoy estava atrás dela. Quando pensou que ele a veria, uma mão cobriu sua boca e ela foi puxada para o lado. Escondida atrás de uma prateleira, ela viu, aliviada, que era Remus que a segurava.



-Remus! - sussurrou ela, abraçando-o. - O que está fazendo aqui?



-Cobrindo a sua missão - replicou ele, retribuindo o abraço, ainda que desajeitadamente. - Normas da Ordem.



Tonks novamente duvidou das palavras dele, mas assim que abriu a boca para falar sobre isso, deu-se conta do quanto estavam próximos. Sentiu ir se acalmando do susto.



Remus soltou-a e olhou-a nos olhos dela. Tonks ficou parada ali, por um momento observando fixamente aqueles olhos que sempre pareciam ter uma tristeza e um cansaço bem no fundo deles.



Já ele não conseguia se reconhecer no que estava fazendo. Ele tinha mesmo que estar cobrindo a missão de Tonks? Sirius o avisara para que não fizesse isso. Mas ali estava ele, mesmo assim. E ali estava Tonks, tão próxima. Minha nossa, pensou ele com a respiração suspensa, o que estou pensando que estou fazendo?

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