Perguntas



Por Enquanto e Para Sempre





N/A - Antes de mais nada, tenho que pedir desculpas pelo capítulo minúsculo!! Mas também tenho que dizer a vocês o quanto o outro será melhor e compensador..:)




Capítulo Oito - Perguntas




Tonks sabia que nada ficaria bem como estava parecendo. Ela sabia que Sirius apenas dissera aquelas coisas para confortá-la. Ela tinha cometido um erro grave. Bem grave. E certamente alguma conseqüência cairia sobre ela. Aquela conversa sobre ela e Remus a deixara encabulada, confusa, alegre e mais confusa, tudo ao mesmo tempo. Para seu primo, era claro como água que em breve os dois estariam juntos. Tonks às vezes até se pegava pensando que Remus Lupin era uma pessoa especial. Uma pessoa especial sobre a qual você não sabe quase nada, ela corrigia-se frustrada.



Nos dias seguintes, ela percebeu mesmo que a haviam rebaixado na hierarquia da Ordem. Ela ainda assistia a todas as reuniões, isso era verdade, mas não era mais designada para fazer nada de útil. Dumbledore apenas dizia que ela devia ficar na Mansão Black, registrando os relatórios quando Remus ou qualquer outro membro da Ordem estivesse fora.



Aquele rebaixamento certamente não melhorou o humor de Tonks. Desde o incidente no Beco Diagonal, ela vinha se sentindo mais inútil do que de costume. Chegou a suspeitar que os garotos estivessem percebendo seu mau humor, pois certa vez Hermione olhou-a seriamente e perguntou se estava tudo bem. Logo depois, vira a garota conversando com Gina aos cochichos. Mas o que os adolescentes da casa estavam pensando, no final das contas, não era muito importante. De qualquer forma, já no dia seguinte voltariam para Hogwarts, e ela percebeu que enquanto Sirius estava mais carrancudo e fechado com a aproximação de primeiro de setembro, Remus, Arthur e os outros pareciam bastante satisfeitos; Harry Potter só estaria seguro de verdade em Hogwarts, observado pelos professores e pelo diretor o tempo todo.



Quanto a Remus, ela ainda não falara diretamente com ele desde aquela noite. Ambos falavam durante as reuniões, mas não se olhavam. Algo que realmente fazia Tonks ficar ruborizada era quando Sirius a olhava com aquela cara de quem dizia e-aí-como-vai-ser-vai-chegar-no-meu-amigo-ou-não?, o que acabava só piorando o estágio de coragem da mulher para pedir desculpas a Remus pela bagunça toda.



Talvez por toda essa confusão, Tonks ficou enormemente agradecida quando pode ir com Harry na guarda que o levaria até a King's Cross. Aquilo acabou deixando-a inspirada o suficiente para se disfarçar de uma velha grisalha, mas não pode conter uma certa preocupação por ver o primo transformado em cachorro seguindo o garoto. No fim, achou melhor não dizer nada.



Chegaram à King's Cross, finalmente, depois de alguns minutos à pé. Enquanto Olho-Tonto Moody chegava e dizia algo, ela se distraiu. Arthur estava com Rony e Hermione, e logo em seguida divisou Remus, que acompanhava os gêmeos e Gina. Seus olhares se encontraram por um momento, tão rápido que Tonks nem mesmo conseguiu distinguir alguma emoção nos olhos dele. Quando se deu conta, já estavam todos se despedindo. Abraçou Hermione e Gina, mas ainda um pouco desconfortável.



-Foi ótimo conhecer vocês - disse, tentando soar despreocupada. - Logo nos reveremos, espero.



Poucos minutos depois todos os garotos estavam dentro do trem e sumindo na distância. Moody respirou fundo.



-Tenho certeza que ninguém nos seguiu - falou pela décima vez.



-É claro, Alastor - Remus disse, em tom divertido. - Para onde mais Harry poderia estar indo no dia primeiro de setembro senão à King's Cross?



-Acontece, rapaz - Moody apontou um dedo nodoso para Remus. - Que é agora que gostariam de nos seguir. Além do mais, vocês dois: Tonks e Arthur, o que estão fazendo aqui ainda? Vocês são do Ministério. Não podem parecer que são mais do que meros conhecidos.



Tonks poderia jurar que tinha visto Remus revirar os olhos. Talvez Arthur tivesse feito o mesmo, pois ele disse:



-Olho-Tonto, não há nada mais normal do que eu trazer meus filhos e os amigos deles para pegar o trem.



-Ah, já chega. - Tonks cortou-o. - Está bem, estou aparatando...



Mas Sirius latiu e pulou nela. Tonks olhou-o, estranhando. Certamente, a dificuldade em compreender o primo naquela forma aumentava algumas vezes quando ele estava transformado.



-Não, Tonks, querida - interrompeu Molly. - Arthur e eu aparataremos juntos. Sob qualquer pergunta, claro, fomos para a Toca...



Com um estalo, os dois sumiram. Remus chamou Sirius, mas ele não se moveu. Apenas sentou-se ao lado de Tonks.



-Ele quer uma boa caminhada - comentou Moody, relaxando e olhando para Tonks. - E pelo jeito tem que ser com você.



Ela se preparava pra dizer alguma coisa, quando Sirius latiu novamente, olhando para Remus.



-Bem, eu vou indo - Moody falou de novo, notando que nem Remus nem Tonks diziam nada. Em seguida, com um pequeno estalo, aparatou.



Tonks abaixou-se e olhou o cão de frente.



-O que você quer, afinal?



Sirius saiu correndo para a saída da plataforma. Tonks foi atrás, e Remus também, depois de hesitar um pouco. Só estou indo porque Sirius pode fazer alguma besteira, pensou consigo mesmo. Quando ele se viu no meio da plataforma dos trouxas, encontrou Tonks sendo arrastada pelo cachorrão preto, que mantinha o olhar fixo nele.



Com muito custo, Remus tomou fôlego e disse:



-Pelo visto ele quer que nós dois vamos com ele. - a voz quase um murmúrio.



Tonks olhou-o e não respondeu nada. Entretanto, caminhou ao lado de Sirius e dele por todo o caminho até o Largo Grimmauld.



Remus estava incomodado com o silêncio. E sabia que, por mais que Tonks fosse falante e alegre, ela não falaria com ele se ele continuasse demonstrando que ainda estava bravo com ele. Remus estava dividido entre dois sentimentos: entre a vontade de falar com Tonks e pedir desculpas por tanta agressividade como andara pensando em fazer, e o desejo de estrangular Sirius tão logo ele voltasse a ser humano, por fazê-lo passar por uma situação como aquela.



Faltava menos de um quarteirão para que atingissem a porta da mansão, quando Remus rendeu-se, mas infelizmente isso aconteceu exatamente ao mesmo tempo que Tonks:



-Olhe, me desculpe, eu não queria... - pararam de súbito. Tonks sorriu fracamente.



-Foi mesmo uma tremenda mancada minha - ela insistiu. Sirius começou a caminhar muito levemente, como se quisesse passar despercebido.



-Bem, eu não devia ter me zangado tanto. - Remus também sorriu, olhando Tonks nos olhos e ficando preso neles por um momento a mais do que o necessário.



Ficaram em silêncio. Tonks também sabia que Sirius tinha feito tudo de propósito. Ela pensou em dizer algo mais significativo do que aquilo, mas a porta da mansão saudou-a como o pai saúda um filho que acabou de quebrar uma louça.



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*



Remus simplesmente desapareceu pelo resto do dia depois daquelas duas frases trocadas com ela, e Tonks não tinha certeza se ele estava se escondendo mesmo ou estava apenas cumprindo alguma missão para Dumbledore. Coisa que ela, aliás, já estava sentindo falta de fazer. Quando não estava presa no seu cubículo do quartel general dos aurores, fingindo que estava ajudando Kingsley com a caça a Sirius Black, estava na própria mansão, recebendo relatórios enfadonhos dos outros que estavam agindo. Siirius chegara a comentar, em certo momento, que agora ela devia saber como ele se sentia desde que tudo aquilo havia começado.



Depois de anotar tudo que ocorrera na missão de Emelina Vance com uma incursão de vampiros na Ordem, Tonks bufou e foi para a cozinha, farta de tudo. Por que Remus tinha desaparecido?



-Molly - ela deixou escapar, assim que chegou à cozinha e encontrou a mulher acenando com a varinha para a louça que lavava-se sozinha. - Você acha que eu sou inútil para a Ordem?



-Oh, querida... - Molly largou a louça onde estava e sentou-se à mesa, diante dela e com cara de piedade. - De onde tirou essa idéia?



-Não me trate como se eu fosse sua filha - Tonks censurou-a. - E não sei por que pergunta. Desde aquela minha grande burrada no Beco, eu não fiz mais nada de útil.



Molly encarou-a, suavizando a expressão.



-Já lhe passou pela cabeça, Tonks, que Remus possa não estar dando conta de pegar os relatórios, coordenar as missões e cumprir as dele? Por isso Dumbledore lhe pediu que pegue uma parte do que ele tem a fazer, já que Remus é um dos melhores homens dele.



Tonks bufou de novo.



-E por que eu peguei só o trabalho burocrático?



-Porque você ainda é muito nova na Ordem, Tonks querida. - Molly replicou, ainda calma e consoladora.



-Eu não sei... - a auror ainda não estava convencida. - Eu não sei mesmo. É como se Dumbledore tivesse me deixado de castigo por ter aprontado. Desde que eu entrei nessa porcaria dessa Ordem da Fênix, tenho me sentido mais criança do que quando estava no primeiro ano de Hogwarts. - fez uma pausa, na qual Molly apenas continuou observando-a. - Às vezes eu acho que não devia estar aqui.



-Oh, não diga isso! - Molly exclamou. - Você já deu uma boa olhada na minha função por aqui?



Tonks não respondeu, mas sabia do que a mulher estava falando.



-Você tem que se lembrar do porquê de estar aqui. Se está, é porque está ajudando. E desde que ajude de alguma forma Dumbledore a conter Você-Sabe-Quem, está fazendo muito mais do que muita gente por aí...



Tonks considerou as palavras de Molly por um momento. Era melhor ficar quieta e manter o rosto como estava a confessar de que ela estava certa.



-Vá pra casa um pouco - a Sra. Weasley incentivou. - E descanse.



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*



A porta do apartamento de Tonks se abriu lentamente. Os passos sobre o assoalho eram suaves, embora pesados. Seu olhar percorreu lentamente cada móvel.



Raiva foi o que sentiu depois. Pra quê, afinal de contas, ela estava ali? Desde o início pensara que enquanto estivesse servindo na Ordem, precisaria continuar morando ali para ter o seu próprio espaço. Mas para quê? O lugar não servia para nada além de contrastar com a personalidade dela, que normalmente era bastante alegre.



Tonks jogou-se na cama e pensou. Ela não precisava ficar tão frustrada com tudo à sua volta. Era uma coisa estúpida de se fazer. Ora, se ela não tinha necessidade daquilo, por que continuar ali?



A idéia iluminou sua face e ela criou energia para se levantar e espiar pela janela, na direção da Mansão Black.



Muito bem, agora eu vou ser sincera, nem que seja comigo mesma. Eu quero. Eu preciso resolver algumas coisas. E ao invés de ir atrás de resultados, tudo que andei fazendo foi me queixar. Certo, então vamos ter ação. Sirius disse, então eu vou, por que não?



Correr até o guarda roupa, puxou energicamente uma mala e começou a jogar nela todas as suas roupas, esquecendo-se da varinha. Mas isso não importava. Remus, ele importava, e ela estava disposta a descobrir os segredos dele. Estava pouco se importando se Sirius acharia bonitinho o melhor amigo dele com sua prima, ela queria mais que tudo explodisse, sua decisão estava tomada, ela ia mesmo aceitar o convite.



Eu vou me mudar para a Mansão Black.

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