Por Trás do Véu



Por Enquanto e Para Sempre





N/A - Aqui está... O último capítulo da minha primeira fic Remus/Tonks! Mas como ainda há o epílogo a ser escrito, é para ele que vou deixar os agradecimentos finais.




Capítulo Onze - Por trás do véu





Menos de cinco tortuosos minutos depois, Remus e Tonks já estavam no Ministério, reunidos com Sirius, Moody e Kingsley. Tonks, que nem imaginava o que poderia haver dentro do Departamento de Mistérios, não pode deixar de sentir um certo medo do desconhecido. Não soube se Remus sentia o mesmo. Ele sempre parecia tão mais seguro em situações instáveis como aquela...



Corriam com todo o fôlego que podiam. Remus ainda tentava resguardar energia. Afinal de contas, estavam indo enfrentar um mini exército nada despreparado para uma batalha até a morte.



A porta do Departamento de Mistérios estava aberta, escancarada, para quem quisesse ver a balbúrdia que se instalara ali dentro; num instante estavam arrebentando portas até que uma última exigiu alguns feitiços de destrave de Moody. Foi naquele momento que Tonks finalmente acreditou nas histórias que ele contava sobre ter sido seriamente estudado para se tornar um Inominável, tanto que chegou a aprender alguns dos feitiços de segurança. Tonks apertou a varinha entre os dedos com tal força que pensou que fosse parti-la, tanto era sua apreensão. Se os Comensais pegassem a profecia do garoto Potter... Se Voldemort descobrisse o resto de seu conteúdo... Tonks sacudiu a cabeça, não querendo pensar mais naquilo.



Com um estrondo memorável, a porta se abriu; Tonks não olhou duas vezes para o rosto de Lucius Malfoy antes de lançar nele um Feitiço Estuporante. A situação estava mais do que alarmante, mas como não era sua responsabilidade verificar e ajudar os garotos, Tonks tomou para si a responsabilidade de cuidar dos Comensais da Morte. Afinal, ela era uma auror e pra isso fora treinada. Passou a atirar quantos feitiços de ataque lembrou-se, sem pensar duas vezes, sem medir forças, sem nem mesmo reconhecer os Comensais que atingia. Era como se estivesse em alguma espécie de transe.



Então Bellatrix Lestrange parou diante dela e foi quanto Tonks realmente se viu enrascada. Não era de espantar sua fama, sendo a única Comensal da Morte mulher realmente respeitada. À sua volta via seus amigos enfrentando batalhas injustas, temia por todos eles e ainda mais por Remus, incrivelmente não tanto por si mesma - aurores são substituíveis, passou por sua cabeça, num flash.



Tonks odiava assumir pra si mesma o quanto Bellatrix Lestrange parecia sinistra, com aquele olhar amalucado e escuro, ainda que tivesse o consolo de que suas habilidades de luta eram tão grandes quanto as da própria Tonks. Ao mesmo tempo, ela própria nem conseguira terminar de descer as escadas daquela sala assustadora; não importava o que tivessem lhe dito em seu treinamento de auror, Tonks preferia ficar exatamente no mesmo nível que seu combatente. Ou, naquele caso especial, sua combatente.



Um ruído seguido de um grito desviaram a atenção de Tonks; virou o rosto e viu Malfoy, que pelo visto não estava fora de batalha, jogando Remus tão longe que ela não se admiraria se tivesse partido algumas costelas. Malfoy virou-se para Harry e Neville, que já tinham seus próprios problemas, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, para ajudar Harry ou Remus, Bellatrix aproveitou-se de sua preocupação e apagou-a. Tonks sentiu suas energias se esvaindo e tudo ficando escuro, sentiu os degraus cada vez mais próximos... E não viu mais nada.



*-*-*-*-*-*-*-*-*



Remus sentiu uma fisgada cruel e fria dentro de si à visão de Tonks caindo e escorregando, degrau por degrau. Levantou-se sentindo dores agudas em alguns lugares de seu corpo, mas o desespero o impeliu a alcançar Harry antes de Malfoy.



-Harry, reúna os outros e VÁ! - conseguiu gritar, antes que o Comensal pudesse fazer qualquer coisa.



Enquanto Malfoy ainda tentava passar por Remus para pegar Harry, Neville e, principalmente, a profecia. Remus perguntou-se vagamente se sairia vivo dali para verificar o estado de Tonks. Sabia que não devia, mas seus pensamentos não conseguiram se desviar dela por muito tempo.



Entretanto, seu coração pareceu parar mais uma vez quando viu o vulto da profecia balbuciando algumas poucas coisas, enquanto Neville pedia desculpas sem parar e Malfoy finalmente o arremessava longe, querendo mais do que tudo ouvir o que a sombra dizia. Mas Remus começou a gritar e falar qualquer besteira para abafar o som, lembrando-se das instruções de Dumbledore: Voldemort não pode saber o que a profecia diz, nem mesmo que isso custe ela mesma a nós...



Mas como se seu pensamento o invocasse, Alvo Dumbledore irrompeu dentro da sala, e tudo parou à sua visão. Remus experimentou por um instante uma forte sensação de alívio, como se nada mais tivesse de ser feito ali, apenas esperar que o velho derrotasse todos os Comensais que restavam. Mas duas pessoas não o notaram: Sirius e Bellatrix, que continuavam duelando de uma forma que realmente preocupava Remus - seu amigo parecia estar brincando com alguém, rindo e se divertindo, como se tivesse voltado a ser apenas um adolescente em Hogwarts; convencido, poderoso e dono de uma perigosa auto confiança. Perigosa, para ele mesmo.



O ar sumiu dos pulmões de Remus enquanto seu melhor amigo era lançado no ar por um jato de luz, aterrissando graciosamente no véu negro, parado de forma aterrorizante no centro do salão.



Harry.



Ele não podia se esquecer do garoto.



Garoto esse que, inclusive, estava correndo na direção do véu, talvez crente de que pudesse simplesmente estender a mão e trazer Sirius de volta, quando na realidade não havia mais nada que ele fosse capaz de... Remus desejou poder tapar os ouvidos para não ouvir a gargalhada cruel de Bellatrix Lestrange que se seguiu, mas tinha que pegar Harry e impedi-lo de cair numa ilusão de que Sirius voltaria...



Remus estendeu os braços, contorcendo e rosto e reteve Harry, a poucos passos do véu.



-Não há nada que você possa fazer, Harry...



-Apanhá-lo, salvá-lo, ele só atravessou o véu! - respondeu o garoto, em desespero.



-Não, é tarde demais, Harry...



-Ainda podemos alcançá-lo... - o garoto se sacudiu com violência e Remus teve que reunir toda a sua força de vontade para impedir que ele tentasse buscar Sirius. Algo dentro do próprio Remus o fazia sentir vontade de tentar, mas ele sabia que de nada aquilo serviria...



-Não há nada que você possa fazer, Harry... nada... ele se foi.



A idéia caiu sobre a cabeça de Harry como se ele se desse conta de uma grande verdade. Já era bastante ruim admitir para si mesmo; ainda ter que convencer o garoto de que seu grande amigo estava morto parecia mil vezes pior. Ainda assim, ele não estava nem um pouco disposto a se convencer.



-Não se foi, não! - ele insistia. - SIRIUS! SIRIUS!



-Ele não pode voltar, Harry - Remus forçou-se a dizer, tentando converter a tristeza em força para segurar o garoto. - Ele não pode voltar porque está m...



- ELE NÃO ESTÁ MORTO! - os olhos verdes do garoto estavam se enchendo d' água sem que ele percebesse. - SIRIUS!



Remus começou a notar que, mesmo que ainda lutasse, Harry parecia estar se convencendo, de dentro para fora. Era mesmo difícil de aceitar; parecia mesmo que Sirius iria saltar detrás do véu negro a qualquer momento. Aproveitou a hesitação do garoto para puxá-lo para fora do estrado.



Seu olhar por um momento parou em Tonks; Olho-Tonto estava tentando despertá-la. Remus sabia de alguma forma que ela estava viva, mas ainda assim sentia medo que algo de grave pudesse ter acontecido. E se Bellatrix tivesse lançado alguma maldição duradoura nela? Ele nunca perdoaria Lestrange por tudo que acabara de fazer.



Remus tentou controlar a respiração e desfez o feitiço das pernas de Neville.



-Vamos... Vamos procurar os outros. Onde é que eles estão, Neville?



Mas sua cabeça girava. Sirius. Nymphadora. A alegria de Bellatrix em divertir-se fazendo tanto mal a eles. Concentre-se, lobisomem, ele pensou, ainda há muito a ser feito...



Bellatrix estava fugindo novamente, depois de abandonar Kingsley gemendo no chão e escapar de um feitiço de Dumbledore. Antes que se lembrasse de segurar Harry, o garoto já ia longe, atrás dela.



-Harry... não! - exclamou, inutilmente.



-ELA MATOU SIRIUS! - Harry berrava com toda a força dos seus pulmões. - ELA O MATOU... ELA O MATOU!



Mas logo em seguida ele havia ido.



Dumbledore virou-se para ele e Moody, os únicos inatingidos ali, com um olhar rápido para todos os Comensais presos e para Kingsley e Tonks.



-Alastor, leve esses Comensais para um lugar de onde não fujam, você sabe - ele sibilou rapidamente, virando-se então para Remus. - E você, cuide dos feridos. Leve todos para Hogwarts, Madame Pomfrey está esperando-o. - olhou-o seria e tristemente por um momento, então disse: - Nymphadora não está muito bem, Remus, mas vai ficar.



Desaparatou e deixou a frase suspensa no ar.



*-*-*-*-*-*-*-*



O hospital St. Mungus estava vazio. E não deveria ser diferente, dado que era cerca de uma hora da manhã. Remus estava com uma cara horrível, como se não tivesse dormido desde o dia em que Sirius se fora. E isso, pensando bem, não era em todo uma afirmação falsa.



Perguntava-se se ainda poderia voltar a se sentir bem, de alguma forma. Estava depositando todas as suas esperanças para o momento em que Tonks despertasse. Mas até isso o preocupava. O curandeiro lhe dissera que ela fora atingida por alguma nova maldição, que transmitia toda a energia da vítima para quem o atacara.



-Quer dizer então - replicara Remus diante da explicação. - que toda a energia vital dela está sendo drenada para quem a enfeitiçou?



-Sim - respondera o curandeiro com um olhar compenetrado. - estamos fazendo o possível para romper esse laço, mas me parece que ela é a única capaz de fazer isso.



Remus já havia reportado a história para Dumbledore. Se o diretor de Hogwarts andava muito ocupado antes de Voldemort resolver aparecer em pleno Ministério da Magia, o que diria então agora, quando todos os aclamavam e havia tantas coisas a fazer no Ministério, a fim de prepará-lo para a segunda guerra?



Toda a Ordem da Fênix já viera visitar Tonks. Três dias davam tempo suficiente para fazer isso, sem sombra de dúvida. Remus tinha muito bons motivos para não aparecer na sede da Ordem da Fênix; queria estar ao lado de Tonks quando ela despertasse e também não estava pronto para ver a mansão sem Sirius resmungando e chutando Kreacher o tempo todo.



Quando imaginou estar quase pegando no sono, uma mão fria sobre seu ombro o trouxe de volta à realidade.



-Professor Dumbledore - disse ele, se levantando se súbito. - Desculpe. Não o vi chegando.



-Bom dia - cumprimentou o diretor de Hogwarts, com os olhos cintilantes. - Eu sou quem deve pedir desculpas. Esse foi o único horário que consegui para visitar Nymphadora. Inclusive, pretendo dizer o primeiro nome dela quantas vezes conseguir, antes que ela acorde e descubra que estou fazendo isso.



Remus forçou um sorriso amarelo.



-Sempre de bom humor - comentou ele. -, o que eu não daria para seguir seu exemplo. E quanto a Kingsley? Aquela perna quebrada dele já está melhorando?



-Sim, está se curando com uma rapidez espantosa. - disse Dumbledore, ficando sério em seguida. - Mas não se deixe enganar por sorrisos e gracejos, Remus. Vou lhe dar algum tempo agora, para que você e Nymphadora se recuperem do que aconteceu. Não pense que eu não tinha Sirius em alta estima - talvez não tanto quanto você, eu entendo -, mas ele fará uma grande falta para a Ordem. Se tivéssemos conseguido provar sua inocência, estou certo de quem agindo em campo ele poderia...



-Poderia, Dumbledore. Não pode mais. - cortou Remus, mordendo o lábio em seguida.



-Oh. Você vai quebrar coisas também? - perguntou Dumbledore, parecendo sinceramente preocupado. - Por favor, não faça isso. Contar a Harry sobre a profecia já me custou alguns instrumentos valiosíssimos e muitos feitiços reparo logo depois.



Remus não respondeu. Olhou para a porta do quarto de Tonks, por onde Dumbledore entrava sem que ele percebesse. Com outra olhada para Tonks, deitada e imóvel sob as cobertas da cama do hospital, suspirou e falou, lentamente:



-Eu não sei como vou contar sobre Sirius para ela.



Dumbledore sorriu tristemente.



-Mas é necessário. - ele murmurou com cautela. - Nymphadora adorava o primo. Será horrível para ela, eu sei disso, mas você não pode simplesmente dizer que Sirius está lá fora, esperando vê-la acordar. A verdade é uma das poucas dores justas no mundo, Remus.



-Eu... Não serei capaz de dizer, Dumbledore. Eu não quero ver Tonks sofrendo porque...



-Porque você a ama, eu sei. - completou o diretor, e os dois ficaram em silêncio, observando enquanto a metamorfomaga ressonava, com a testa franzida e a boca entreaberta. Dumbledore suspirou profundamente. - Ela está lutando - falou suavemente.



Remus assentiu. Um dia ele ainda faria Bellatrix Lestrange se arrepender daquilo.



Tão logo pensou isso, arrependeu-se. Alvo Dumbledore estava ao seu lado, e os pensamentos de qualquer um eram transparentes a ele.



-Não se culpe - ele disse. - Bellatrix não é mais do que uma...



Mas Remus não soube o que Bellatrix Lestrange era, pois naquele mesmo momento Tonks estremeceu, abriu os olhos e soltou um grito abafado.



Imediatamente Remus se levantou e correu até ela, com a expressão preocupada, e segurou a mão dela num ímpeto. Dumbledore aproximou-se alguns passos, devagar e cuidadosamente.



Tonks arfou por um momento, olhando em volta. Então seus olhos encontraram os de Remus, e seu olhar suavizou. Pareceu aliviada. Relanceou em Dumbledore e então disse:



-Remus... Eu vi Malfoy te acertando... Você... Eu pensei que...



-Shh... - Remus sussurrou com cuidado, apertando a mão dela. - Acabou. Voldemort não pegou a profecia, Harry está vivo e a salvo, os membros da Ordem todos estão...



Parou subitamente. Olhou para Dumbledore, buscando apoio. O diretor avançou mais um passo.



-É muito bom vê-la desperta novamente - disse ele. - Mas vou deixá-los a sós.



O tempo pareceu parar enquanto ele se virava e caminhava vagarosamente para a porta. Remus e Tonks ficaram observando-o, até que a porta se fechou atrás dele.



-O que foi? - disse ela. - Remus, aconteceu alguma coisa lá, não foi?



Ele desviou o olhar, incerto. Tonks sentou-se na cama com dificuldade e virou o rosto de Remus, forçando-o a olhar para ela.



-Conte pra mim, Remus.



É necessário. A verdade é uma das poucas dores justas no mundo, Remus.



-Sirius. - acabou dizendo, com dificuldade e dor pesando em sua voz. - Bellatrix Lestrange... O jogou para trás do véu negro do Departamento de Mistérios.



Foi a vez de Tonks desviar o olhar. Aquele véu aterrorizante chegou a segurar sua atenção por um segundo ou dois. Seu estômago deu uma revirada.



-Sirius está... Não, não pode ser... - ela entendeu a dificuldade de Remus em dizer aquilo.



Sirius estava morto...



Tonks cobriu o rosto com as mãos, e automaticamente suas lembranças do primo começaram a desfilar diante de sua mente. Resistiu, sacudindo a cabeça. Quando as lágrimas começaram a cair, ainda de olhos surpresos e incrédulos, Remus se aproximou e a abraçou.



*-*-*-*-*-*-*-*-*



Uma vez acordada, foi uma questão de horas para que os curandeiros dessem alta para Tonks. Ela posteriormente exigiu explicações maiores sobre o que acontecera, e Remus lhe contou tudo que ocorrera, como a Comensal da Morte derrubara ela mesma, depois Sirius e Kingsley por último. Como depois ela fugiu e Harry tentara se vingar do que ela havia feito ao seu padrinho, e como Voldemort aparecera depois... Também o estado em que haviam ficado os amigos de Harry. Não pode deixar de erguer as sobrancelhas tanto quanto conseguia ao ouvir o nome de Luna Lovegood.



-Lovegood? - repetira ela. - A filha do editor do Pasquim?



-Sim - Remus respondeu, observando-a vestida com suas roupas normais, sentada sobre a cama. - Ela é colega de Gina, eu imagino.



Tonks não havia sorrido ainda, desde que despertara. Remus estava incerto. Foi até ela e pegou sua mão, pedindo que se levantasse.



-Tonks - ele murmurou, olhando fundo nos olhos dela e a abraçando pela cintura. - Dumbledore disse que vai nos deixar à margem da Ordem por um mês ou dois. Eu estava pensando em como... Como acho que já está mais do que na hora de te dizer que... Eu quase morri de preocupação nestes três dias. Eu já sabia antes, sabia há muito tempo, mas eu tive medo que você fosse e eu nunca tivesse te dito... Que eu te amo.



Ela sentiu um arrepio quente percorrer sua espinha. Quanto desejara ouvir aquilo, só ela sabia.



-Eu também te amo, Remus... - respondeu, sorrindo levemente enquanto ele se inclinava para beijá-la.



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