Relembranças



Quando os primeiros raios de sol invadiram o quarto naquela manhã, Harry se viu sentado na cama de Gina, admirando-a. Seu semblante tranqüilo e sua face pálida contrastavam com os cabelos vermelhos espalhados pelo travesseiro branco. Repentinamente, sentiu um nó dolorido formar-se em sua garganta.
Encarou a si mesmo, com os pés para fora do colchão, vestindo apenas uma bermuda velha de pijama e depois pôs-se a olhar novamente para ela, tentando gravar na memória a imagem da jovem deitada de bruços, coberta apenas por um lençol, dormindo profundamente.
Acariciou, de leve, o rosto dela numa tentativa de sentir novamente a pele de Gina em suas mãos, com medo de que aquilo nunca mais se repetisse. Balançou a cabeça a fim de afastar aqueles pensamentos e levantou-se da cama para vestir-se. Juntou as calças e a camiseta, cobrindo-se com aquelas peças tentando não fazer nenhum barulho.
Quando encontrou a varinha atirada em um canto, voltou a sentar-se na cama ao lado dela e conjurou uma rosa. Observou Gina uma vez mais, não por achar que esqueceria de algo – já sabia os traços dela de cor -, mas porque nunca pudera evitar.
Colocou a rosa ao lado dela e levantou-se, indo em direção à porta. Talvez a noite anterior tivesse sido um erro, talvez aquilo nunca mais acontecesse, mas Harry sabia que os momentos que compartilharam seriam a razão pela qual ele viveria dali por diante.


Terminou de estender a cama e abriu o guarda-roupa para pendurar as camisas que faltavam quando ouviu um crack vindo da sala. Quem seria? Talvez sra. Weasley trazendo mais um presente para a “casa nova”. Ela viera tantas vezes nos últimos dois dias que ele achava impossível haver mais alguma coisa para ser trazida. Entretanto, quando abriu a porta do quarto, não viu a sra. Weasley, mas sim Gina, carregando uma grande caixa.
Ele não a via desde que haviam saído da Câmara Secreta e isso já fazia três dias. A atadura abaixo no ombro direito dele comprovava a recente batalha com Snape. O braço de Harry ficara tão machucado que nem mesmo os curandeiros do St. Mungus conseguiram curar na hora e só puderam garantir que ficaria bom em uma semana. Uma semana bem dolorida.
- Olá – disse Gina sorrindo levemente.
- Oi! – disse Harry surpreso.
Houve um breve silêncio, até que ela prosseguiu.
- Desculpa vir sem avisar, não quis ser indelicada.
- Não se preocupe – disse ele reparando que continuavam na porta do quarto – Você quer entrar?
- Claro – disse ela colocando a caixa sobre a cama e ficando em silencio por alguns instantes.
- Então... – começou ele limpando a garganta que ficara, repentinamente, seca - Como você está?
- Viva – disse Gina balançando os ombros – E você? O braço está melhor?
- Ainda dolorido – respondeu Harry – Snape gostou bastante de ver quando fui ao ministério depor.
- E como foi lá? – perguntou ela.
- Pegou prisão perpétua em Azkaban – disse Harry – Vai ser manchete do jornal de amanhã.
- E quanto ao Malfoy? – perguntou ela com a voz um pouco mais fraca.
- Ele soltou a língua – disse Harry – Deu muitas informações, vão acabar aliviando a pena dele.
Gina pareceu ficar enfurecida.
- Isto é tão injusto! – disse ela sentando-se na cama de Harry.
- Eu sei – disse ele – Talvez você seja chamada para depor contra ele e... ahn...contar o que aconteceu lá na Câmara.
Gina arregalou os olhos.
- Eu lamento muito, Gina – disse ele – Se eu tivesse chegado antes...
- Não! – disse ela recuperando a postura – Você não teve culpa. Além do mais, se tiver que contar o que aconteceu para mantê-lo longe da sociedade, ótimo, estarei lá.
Harry sorriu. Aquela era a Gina que ele conhecia. Ele sabia que ela estava tentando encaixar as coisas por dentro, mas, por fora, já parecia mais do que resolvida.
- Não precisa fazer parecer fácil, sabia? – disse Harry sentando-se ao lado dela e tocando em sua mão. – Não deve ser.

- Heróis também têm fraquezas, Harry – dissera ela a ele naquele fim de tarde, tocando em sua mão – Não há mal algum em precisar de ajuda.

Gina sorriu tristemente para tentar esconder as lágrimas. As lembranças quase não faziam diferença, agora. Então soltou um pequeno lamento, quase imperceptível.
- Eu ando tomando uns quatro banhos por dia para tentar me sentir limpa de novo – confessou – Para me sentir humana...
Harry a encarou e, sem saber o que dizer, a puxou para um abraço, tentando aliviar a dor dela, mesmo que tivesse que toma-la para si.

- Eu não sei se vou conseguir – disse ele

- Queria poder fazer alguma coisa...
Gina riu e afastou-se dele, fungando um pouco.
- Você tem mesmo um grande complexo de herói.
Harry riu junto com ela. Ficaram assim por algum tempo, até que Gina se recuperou começou a observar o quarto.
- Eu prometi a você que ajudaria a arrumar tudo – disse ela.
- Muita coisa aconteceu – disse ele inquieto, levantando-se da cama.
- Mas eu prometi – insistiu ela – E para aliviar minha culpa, vim lhe trazer algumas coisas que esqueceu lá em casa.
Ela indicou a caixa sobre a cama dele e Harry sorriu curioso. A caixa não era pequena.
- Tudo isso?
- Bem, mamãe lhe mandou um presentinho – disse ela abrindo a caixa e retirando um embrulho disforme.
- Mais um? – disse ele apavorado – Metade do apartamento já é presente dela.
- Ora, você conhece bem mais ela do que eu atualmente – disse Gina – Sabe como Molly Weasley funciona.
- É... sei... – disse Harry abrindo o embrulho e rindo – Uma panela... Criativa ela, não?
Gina o encarou com um misto de graça e pena.
- Combina com a frigideira que ela mandou pelo Rony ontem, não?
Harry riu.
- Agradeça a ela por mim – disse ele – E diga para parar com os presentes.
Por mais que o sr. Weasley estivesse ganhando muito mais no Ministério, eles ainda não era o que se podia chamar de “família rica”.
- Pode deixar – disse Gina observando o aparelho de TV. – Papai contou que você lhe mostrou os aparelhos trouxas. Foi muito legal de sua parte.
- Não foi nada – disse Harry – Eu sei que ele gosta; é o mínimo que eu posso fazer depois de tudo que sua família fez por mim.
- Não queremos nada – disse Gina – E mamãe mandou dizer que você não se atreva a dar nada trouxa ao papai por mais grato que esteja.
- Eu sei – disse Harry encarando-a calmamente – Mas vocês são a família que eu nunca tive – completou abaixando o olhar.
- Harry... – disse Gina levantando-s e aproximando-se dele que continuava com a cabeça abaixada e sem saber o que dizer – Estaremos sempre aqui para você – então ela aproximou seu rosto do dele para encará-lo nos olhos – Eu estarei sempre aqui para você.

gggggggggggggggggggggg
Abaixou a cabeça e balançou-se em sinal negativo, ao que Gina expressou um semblante constrangido; então, andou até a cama, sem encará-la. A garota fechou os olhos quando ele passou por ele, tamanha era sua frustração.
- Harry...
- O que você trouxe aqui, afinal? – interrompeu ele ao mesmo tempo em que abria a caixa.
Gina respirou fundo três vezes antes de abrir os olhos e ir até ele. Se Harry achava que não teriam aquela conversa, iria ver uma coisa.
- Ah tem umas coisas que os gêmeos afanaram para criar aquela máscara sua que grita “Voldeco, você já era”. Parece que precisavam das suas digitais.
- Eles não podiam ter simplesmente pedido?
- Você daria? – perguntou ela com a sobrancelha levantada.
Harry pensou um pouco e concluiu que jamais ajudaria a fazer máscaras de si mesmo xingando Voldemort para que outras pessoas comprassem.
- De jeito nenhum. – disse ele – E o que mais?
- Bem, tem essa camiseta que estava no meio da roupa limpa do Rony – disse Gina entregando-lhe a camiseta verde – E esse chapéu do Cudley Cannos.
- Achei que tinha perdido – disse ele atirando o boné sobre a cômoda.
- E tem também esse livro – disse Gina – “Grandes publicações, grandes divagações”, por Lisa Black.
- Há, nem me lembrava mais dele – disse Harry pegando o pesado exemplar – Hermione me deu no quinto ano para que eu conseguisse aumentar minhas redações nas aulas de poções.
- E funcionou? - perguntou Gina.
- Não mesmo – disse Harry rindo – Mas o livro é bom, eu é que era um fracasso naquela matéria.
Gina riu. Aquele riso que o deixava sem ar. Na verdade, tudo nela o deixava sem ar, desde a blusa bege de mangas curtas até a saia preta que ela resolvera vestir sem se preocupar com os pulmões dele.
- E encontrei esta foto entre as minhas coisas – disse ela mostrando a ele – Não sei se é minha ou sua. Diz seu nome no verso e uma data.
Ele lembrava daquela foto. Fora tirada por Colin Creevey, quando ainda estavam em Hogwarts. Nela, Harry e Gina estavam de costas para o lago, abraçados e sorrindo timidamente para a câmera, quase como se relutassem. Então Gina adquiria uma feição determinada, ficava de frente para ele e o beijava. Depois eles riam um para o outro com as testas se encostando e encaravam a câmera novamente, acenando.
- Colin insistiu para tirar. Ele vivia me fotografando. – explicou ele ainda encarando a imagem e o beijo que se repetia todo o tempo – Então você disse que não se importava e que o lago era um bom cenário de fundo.
- E era – disse Gina admirando a paisagem que ela não se lembrava ter conhecido.
Harry sorriu e foi até a mesa de cabeceira, tirando dali um porta-retrato com as cores e o leão da Grifinória como moldura. Abriu o fundo e tirou uma fotografia exatamente igual a que Gina havia lhe mostrado.
- Colin nos deu duas cópias. Esta que você trouxe é sua – explicou ele virando a fotografia que havia tirado do porta-retrato e mostrando a ela – Vê? A minha tem o seu nome atrás.
Gina olhou as fotografias sem entender muito bem.
- Nós brincávamos que se um dia, um de nós perdesse a memória, saberia o nome da pessoa que estava ao seu lado na foto. – disse ele.
Gina o encarou, comovida.
- Depois de tudo, começo a achar que deveríamos ter nos saído muito melhor em Adivinhação – brincou ele ao que ela riu.
Ela tirou a fotografia e o porta-retrato das mãos dele e colocou-os em cima da cama, e aproximou seu corpo do dele.
- Acho que fazíamos um belo par.
- Gina... – disse ele apertando as mãos firmemente para não toca-la como gostaria.
- Se há uma vantagem em esquecer das coisas – disse ela -, é que podemos ignorar o que dissemos anteriormente.
Harry a encarou, suas unhas quase perfurando as palmas de duas mãos.
- Estou lhe pedindo para que esqueça o que me falou no hospital – disse ela – Estou lhe pedindo para não se afastar de mim.
Ela colocou os braços em torno do pescoço dele e aproximou-se ainda mais.
- Gina... – disse ele sabendo que não conseguiria resistir muito mais.
- Por favor – pediu ela.
Ele não achou que poderia se controlar com ela tão próxima a si embora quisesse manter-se firme na resolução de tomar mais cuidado quando o assunto era Gina Weasley.
Mas com ela daquele jeito, tudo que ele pôde fazer foi beijá-la.

Ele a puxou par mais perto, quase a erguendo do chão, tamanha angústia que sentia. Gina deixou-se levar, com a sensação de que estava tudo como deveria.

Então ele se afastou de Gina lentamente, mantendo os olhos fechados, assim como ela. Aos poucos, foi abrindo-os e encarou as íris castanhas com arrependimento.

- Do que você está com medo? – perguntou ela se afastando
- Eu... não sei bem – respondeu ele; estava sendo sincero – Acho que sempre temi o que sentia por você.
Era verdade. Era forte demais para que ele pudesse se sentir plenamente confortável, embora não houvesse sensação mais aconchegante do que estar com ela.
Gina sorriu para ele de forma compreensiva. Depois, tirou, calmamente, o anel da mão direita e lhe mostrou.
- Eu não acho que o cara que me deu isso estivesse com medo.
Harry encarou as palavras escritas na jóia. Havia tanto nelas.
- Você lembra de quando lhe dei isso?
- Não – respondeu ela – Apenas sei que foi você.
Ele não disse nada por alguns instantes. Ficou apenas encarando o anel de ouro, até que ela recolocou no anelar e olhou em seus olhos.
- Eu não estou dizendo que seria fácil, Harry – disse Gina – Na maior parte do tempo você teria que ter as lembranças sozinho; eu não recordaria de muita coisa e quando houvesse algo significativo para nós dois, só você veria sentido.
Ela aproximou-se dele novamente e tocou em suas mãos.
- Você já suportou muita coisa na sua vida e merece alguém completa, com quem você possa construir uma história cujos dois saibam a origem.
- Eu não preciso disso – argumentou ele.
- Mas merece – disse Gina – Porque você é uma pessoa incrível. Eu nem precisei de uma memória para me apaixonar por você; nunca precisei de nada, nem mesmo antes, mesmo que eu não saiba como foi. Eu sei que não precisaria. É mais forte do que eu e acho que é mais forte que você também.
Harry sorriu. Não adiantava, ela sempre tinha razão.
- Eu tenho algo para você. – disse ele se afastando dela e indo até a mesa de cabeceira.
Abriu a gaveta e tirou dali uma folha de papel dobrada em quatro partes. Então, foi até Gina e entregou a ela.
- O que é isso?
- Abra – disse ele e assim ela o fez.
Na folha de papel, com a letra que ela sabia ser dele, havia uma lista.

Como você fez falta:
- como a garotinha que correu atrás do trem quando eu embarquei da primeira vez para Hogwarts;
- como a bruxinha que me enviou um cartão de dia dos namorados;
- como a pequena menina que sobreviveu a Tom Riddle;
- como a mocinha que agüentou os pisões de Neville no baile de inverno (quando, na verdade, eu deveria tê-la convidado);
- como a jovem que sempre me fazia ouvir;
- como a garota pela qual me apaixonei;
- como a mulher que sempre amarei.

Gina terminou de ler e encarou-o, comovida.
- Harry...
- Eu disse que faria uma lista, lembra?
Ela continuou encarando-o. Não sabia o que dizer; tudo parecia tão pouco... E então se lembrou.
- “Você tem muita sorte; ele é absolutamente perfeito”
Harry a encarou, confuso. Então ela explicou.
- É sobre o que a “enfermeira tinha razão”. Lembra que estava escrito no meu caderno de notas? Eu lhe disse que contaria se me desse essa lista.
Harry sorriu. Sentia-se cada vez mais solto e feliz.
- E o que ela quis dizer com isso?
- Bem, em um dos dias em que eu estava no hospital, uma enfermeira nova entrou para entregar as flores que você mandou. As rosas amarelas, lembra?
- Claro – disse ele – Suas favoritas. “Rosas, todas as cores, qualquer tipo de rosas”. Você sempre dizia isso.
- É o que estava escrito no seu cartão – lembrou ela; então era esta a razão da frase, afinal – Quando me entregou as flores, ela perguntou de quem eram e ficou empolgadíssima por conhecer a namorada do famoso Harry Potter.
Harry revirou os olhos. Gina riu.
- E aí ela me contou muita coisa sobre você e o número incrível de fãs que deveria ter pelo mundo e o quanto eu deveria ser invejada por você só ter olhos pra mim e tudo mais – continuou Gina ao que ele corou – Então disse essa frase: “Você tem muita sorte; ele é absolutamente perfeito”.
- Ela disse?
- Disse – confirmou Gina – E depois que você foi me ver, eu concordei com ela. Concordo com ela.
- Gina, eu não sou nada perfeito – disse ele – Tem mil coisas erradas em mim.
- Eu sei que sim – disse ela – Aliás, acho que o simples fato de você ainda não ter me beijado de verdade faz de você bastante imperfeito.
- Gina.. – começou ele constrangido.
- Mas você é perfeito, Harry – interrompeu ela – Absolutamente perfeito para mim.
Harry sorriu para ela, o brilho nos olhos verdes tão intenso que lançou à mente de Gina, imagens que ele não queria portar sozinho.

Os lençóis brancos da cama dela, os corpos unidos.

Então Harry abraçou-a pela cintura e encostou sua testa na dela.
- Somos perfeitos um para o outro, certo? – perguntou ele apavorado com a idéia de voltar a afastar-se dela.
- É o que dizem... – disse ela sorrindo e finalmente recebendo os lábios dele nos seus.
E depois disso, não haviam mais problemas, culpas ou medos. Só haviam eles e as lembranças.
Gina sorriu entre os lábios dele e foi andando para trás, até que suas pernas bateram na cama, de fora que a única alternativa que teve foi subir nela, com Harry cada vez mais juntos de si.

Eles deitaram-se sobre os cobertores da cama e continuaram-se beijando-se.

Ela se acomodou sobre os travesseiros e Harry começou a beijar seu pescoço e ombros.
- Sinto tanto a sua falta – ele disse entre os beijos
Gina sorriu e levou as mãos até os botões da camisa dele, abrindo-os um a um e atirando-a para longe em seguida.

Ela encarou-o sem a parte de cima das roupas pela primeira vez, sem se constranger. Harry, entretanto, parecia nervoso.
- Você acha que devemos...

Ela beijou-o nos lábios, tentando mostrar a ele o quanto segura estava e Harry pareceu entender. Não havia nada que os impedisse.
Ele começou a puxar a blusa dela para cima, tentando tocar em cada parte do corpo dela que ficava descoberta. Havia pedido tanto para que aquele momento se repetisse; o momento em que ela voltaria a ser sua.

Riram juntos quando a blusa dela passou por seu rosto, os cabelos vermelhos espalhando-se para todos os lados.

Ela abriu a calça dele com calma, primeiro abrindo o botão e depois puxando o zíper, até arrasta-la para baixo. Ele expulsou a peça de roupa para fora da cama e moveu-se para tirar a saia dela, livrando-a daquela peça incômoda. Gina sentiu frio ao ficar quase nua na frente dele. A janela do quarto estava aberta e a brisa fria que indicava o início do anoitecer entrava no quarto, atingindo-os.

Ele tremia sobre ela, sem saber se era medo ou outra coisa.
- Está com frio? – perguntou ele puxando as cobertas desajeitadamente sobre seus corpos.
- Não sei bem – disse ela encarando os olhos dele e ajudando-o a puxar o edredom – Mas isso não importa.

Ele acomodou-se melhor sobre ela, ainda sem conseguir acreditar no que estava acontecendo.

- Você tem certeza?
Gina o encarou, parecendo tranqüila.
- Absoluta

Harry encarou-a nos olhos, parecendo desejar ler seus pensamentos.
- Vamos ficar bem, não é? – perguntou ele ansioso
- É claro que sim – respondeu Gina acariciando o rosto dele – Além do mais, quando é que se pode ter a primeira vez duas vezes?

Harry sorriu e ajudou-a a tirar as peças de roupa que ainda restaram; depois, fizeram o mesmo com as dele.

Ficaram se encarando por mais alguns minutos, sem dizer uma palavra; os olhos diziam tudo.
- Eu amo você – disse ele, perdendo-se nela.

- Eu te amo – disse ela sentindo o corpo dele invadindo o seu.

E então foram apenas beijos, toques, suspiros e flashes. Palavras eram poucas e impossíveis de serem pronunciadas. Ele apoiou as mãos sobre as dela, acima de suas cabeças. Tinham os olhos fechados, pois as tentativas de mantê-los abertos fora frustrada. Até que...
- Harry... – disse ela, trêmula

- Gina – chamou ele sem fôlego

E nada mais importava, nada mais fazia sentido e tudo pareceu estar no lugar certo.



Abriu os olhos e deparou-se com o quarto num verdadeiro breu. A lua estava alta no céu e o vento havia parado de soprar. Olhou para o lado e viu Gina enrolada nos edredons, virada para ele.
Colocando-se de frente para ela, acariciou seu rosto por alguns instantes, admirando a beleza da jovem ao seu lado. Haviam adormecido sem dizer nada um ao outro. Gina apenas havia lhe dado um beijo e depois dormira, parecendo realmente sonolenta.
Colocou uma mexa dos cabelos dela para trás da orelha, movimento que fez com que Gina abrisse os olhos. Ela encarou-o calmamente, com uma expressão estranha no rosto e depois sorriu.
- Olá – disse ela
- Hey – disse ele – Não queria acordá-la, me desculpe.
- Tudo bem – disse Gina – Quanto tempo dormimos?
- Umas oito horas, eu acho – disse ele. – Vamos ficar com o sono todo bagunçado.
Gina riu.
- O que? – perguntou ele.
- Você – disse ela – Não é muito bom com essa coisa de acordar depois, não é?
- O que quer dizer? – perguntou ele, confuso.
- Ah, você sabe... fica falando de sono atrasado e da última vez nem se prestou a falar comigo antes de ir embora.
Harry arregalou os olhos e corou.
- Como... como você sabe?
- Bem, digamos que eu sei de muitas coisas – disse ela sorrindo de forma marota – Assim como sei que seu olhos são verdes como sapinhos cozidos.
Harry levantou-se um pouco, mantendo o corpo apoiado na cama pelo braço direito. Parecia chocado.
- Gina... Gina, você se lembra dessas... você lembra...?
- Disso e de todo o resto – completou ela sentando-se na cama, de frente para ele.
Harry sorriu e, sem dizer mais nada, a abraçou fortemente, sentindo-a corresponder. Parecia que haviam se reencontrado depois de muito tempo, embora tivessem estado mais juntos do que nunca há apenas algumas horas.
- Você lembrou de tudo? – perguntou ele contente – Tudo mesmo? Tem certeza?
Gina afastou-se um pouco dele, ainda sorrindo.
- Bem, eu não tive como fazer uma checagem completa ainda – brincou – Mas tenho a impressão que sim.
- Gina, isso é incrível! – disse ele apertando firmemente as mãos dela – Como aconteceu?
- Você me diz – disse ela – Eu não estou bem certa ainda, mas sei que foi entre acordar e... bem... você sabe... Agora entendo porque dizem por aí que você é bruxo muito poderoso.
Harry ficou vermelho até os cabelos e riu constrangido.
- E parece que eu ainda não perdi o jeito de deixar você com essa cara – brincou ela.
- Hey, pára com isso – disse ele embaraçado – Não tem graça.
Gina riu ainda mais, parecendo realmente feliz.
- Eu não sei – disse ela voltando a ficar séria – Talvez tenha sido uma combinação de tudo que aconteceu, o tratamento ou apenas... nós. No fim, não faz diferença, faz?
- Não – disse ele aproximando-se dela – O importante é que você está bem. Que se lembra.
- É tão bom lembrar de você – disse ela dando um beijo leve nos lábios dele – Eu nem acredito que isto está acontecendo.
- Nem eu – disse ele empolgado – Gina, precisamos contar aos outros. Sua mãe vai ter um ataque e seus irmãos...
- Harry – conteve ela, segurando-o pelo braço para que Harry não pulasse imediatamente da cama querendo que fossem logo para a Toca. – espera.
- O que foi? – perguntou ele.
- São quatro da madrugada – explicou ela – Tem certeza que quer fazer isso agora?
Harry parou por um instante, observando o pequeno sorriso malicioso que surgia nos lábios dela. Então aproximou-se dela, fazendo-a deitar-se novamente na cama.
- Bem, talvez possamos adiar por algumas horas – insinuou ele - O que você gostaria de fazer nesse tempo?
O sorriso dela aumentou ainda mais e ela o puxou para cima de si e ergueu uma das penas, tocando na dele.
- Não sei – respondeu – Talvez... quem sabe... relembrar algumas coisas.
E com os risos dela e os beijos dele, decidiram deixar a notícia para mais tarde.

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Comentários (3)

  • bebelbenedito

    eu AMEI!!!! achei q a memória não ia voltar depois de tanto tempo! ssa fic é P-E-R-F-E-I-T-A!!!!!!!!!!!!!!!!!!! é tão fofa! 

    2013-12-11
  • Larissa W. Potter

    LINDAAAAAAAAA *-* perfeita, parabéns ! 

    2012-10-12
  • Kalyne Potter

    Simplismente INCOMPARÁVEL! Sua fic é maravilhosa, não tem como negar! Espero ansiosamente o próximo capítulo! Posta logo pleeeease!

    2011-10-11
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