Fazendo listas



N/A: E aqui estou eu novamente, meio frustrada com os poucos comentários, mas ainda assim, sendo boazinha e postando o capítulo 3. Gostei muito dele, leiam com carinho!

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Capítulo 3

Fazendo listas

No início, ele não entendeu a pergunta. Não fazia sentido.

No segundo seguinte os curandeiros entraram correndo no quarto e fizeram com que Harry e a Sra. Weasley saíssem.

Aturdido demais para protestar, ele fez o que lhe disseram e passou as duas horas seguintes esperando do lado de fora enquanto os Weasley entravam pela porta da sala de espera pedindo detalhes sobre o ocorrido.

Harry ainda sentia aquela estranha sensação de desordem dentro de si. Como assim “quem é você?”. O que ela queria dizer com aquilo?

Talvez ela só estivesse um pouco confusa, disse uma vozinha dentro de si, tentando convencê-lo de que estava tudo bem. Mas havia algo errado ali, ele sabia que havia.

Então o curandeiro saiu do quarto de Gina, acompanhado por duas enfermeiras que logo se dispersaram. Ele foi quase atropelado pela manada de Weasley que o interceptou.

- Tenham calma, ela ficará bem – explicou o curandeiro.

- O que aconteceu? – perguntou Harry aliviado – Porque ela não me reconheceu?

- Bem, ainda não sabemos por que, mas a srta. Weasley não consegue se lembrar de nada.

Harry sentiu como se tivessem lhe arrancado o estômago e ali só restasse vento circulando. Um nó dolorido havia se formado em sua garganta e ele não conseguiu dizer nada.

- O que quer dizer com isso? – perguntou o sr. Weasley nervosamente.

- Ela perdeu a memória – disse o curandeiro.

Houve alguns segundos durante os quais ninguém falou, até a sra. Weasley pôr-se a chorar, então pareceu que todos começaram a falar ao mesmo tempo, fazendo milhares de perguntas ao médico, exceto por Harry, que achava ter perdido a voz.

Gina havia perdido a memória. Não se lembrava de absolutamente nada, nem de ninguém.

Afastou-se de todos e sentou-se ao fundo da sala de espera, ouvindo as explicações que o homem estava dando sobre o caso de Gina, sem realmente escutar o que ele dizia. A única coisa que lhe ocupava agora era a sensação de pânico que o invadia sem pedir permissão.

A Sra. Weasley foi a única que pode entrar no quarto de Gina, uma hora mais tarde, quando os curandeiros disseram que ela tinha permissão de receber visitas.

- Ela está muito confusa ainda – explicou a enfermeira aos Weasley e Hermione. – É melhor que veja pouca gente por enquanto.

Harry continuava sentado naquela cadeira, ao fundo da sala de espera, as mãos sobre a cabeça baixa, os cotovelos apoiados nas pernas. Gostaria que aquilo tudo fosse um pesadelo, que acordasse em qualquer outra situação, qualquer uma, mas que Gina lembrasse dele e dos outros.

- Harry – chamou Hermione – Harry, você está bem?

Ele encarou a amiga, tentando segurar a raiva prestes a explodir.

- O que você acha, Hermione?

- Acho que você deveria se acalmar – disse ela cautelosamente – Não vai fazer bem a ninguém entrar em surto agora.

- E o que quer que eu faça? – perguntou ele – Que eu saia feliz e contente por aí sabendo que ela não se lembra...

- Pelo menos ela está viva. – cortou Hermione.

Ela tinha razão. Pelo menos Gina estava bem, apesar da perda da memória.

- O curandeiro já explicou que ela pode se lembrar a qualquer momento.

- Também disse que pode ficar assim pra sempre. – disse Harry

- E no que você prefere acreditar?

Ele ficou em silêncio por alguns minutos, depois passou as mãos nervosamente pelos cabelos e levantou-se.

- Eu preciso ficar sozinho.

E então foi embora, esperando organizar os pensamentos.

Foram somente dois dias depois que Harry voltou ao hospital. Já havia se recuperado do choque, ainda que continuasse inconsolável e no final da tarde de quinta-feira, depois que todos haviam ido embora, ele entrou no quarto de Gina, incerto do que aconteceria.

Ela estava apoiada nos travesseiros, os cabelos vermelhos espalhados pela fronha branca e um livro nas mãos. Largou-o no colo quando Harry se aproximou da cama.

- Oi – disse ele vendo-a encarar-lhe sem reconhecer.

- Olá – disse ela sem graça.

- Eu...hum...sou o Harry – disse ele achando-se estúpido. – Harry Potter.

- Eu sei – disse ela.

- Sabe? – perguntou ele esperançoso.

- Molly... ela falou de você - explicou Gina – Cabelos negros e rebeldes, olhos muito verdes, cicatriz na testa, não acho que haja outro por aqui.

- Ah... – disse ele decepcionado – Certo... devia ter imaginado...Er, como se sente?

- Um pouco vazia – brincou ela – Mas bem, acho que vou poder sair daqui no sábado.

- Espero que sim – disse ele.

Fez-se um silêncio constrangedor, mas em seguida ela voltou a falar:

- Então, dizem que é um herói.

- É o que dizem... – falou Harry – Mas eu nunca liguei muito para o que dizem, nem você.

- Nunca mencionaram que você era modesto também – disse ela.

Harry sorriu vendo-a manter o bom humor.

- Você fez muita falta – disse ele ansioso.

Havia imaginado centenas de vezes como seria vê-la acordando, mas em todas elas, Gina lembrava-se de quem ele era, então ele podia abraçá-la, mas dessa vez não...ele não podia se aproximar como gostaria.

- Como? – perguntou ela

- O que? – perguntou ele

- Como eu fiz falta? – explicou ela – Sabe...meus pais estiveram aqui e disseram o quanto sentiram falta da garotinha deles. Isso me fez perceber o quanto ser a caçulinha da família surtia efeito. Então os meus dois irmãos... os que são gêmeos, vieram e disseram que sentiram minha falta para experimentar alguns logros da loja, então achei que eu devia aprontar muito junto com eles. E aí o meu outro irmão...Ro...

- Rony – completou Harry sorrindo.

- Isso. – disse Gina – Ele disse que eu fiz muita falta porque queria me mostrar algumas táticas de Quadribol, o que me fez perceber que eu era boa em esportes e a namorada dele...Hermiona...

- Hermione – corrigiu ele

- É...ela disse que sentiu falta da amiga dela e me contou as coisas que fazíamos juntas e sobre o que falávamos. Eu devia ser uma boa amiga. Depois veio aquele meu irmão casado...céus, como eu tenho irmãos!

Harry riu, tinha que concordar.

- Gui? – chutou ela ao que ele fez um gesto de sim com a cabeça - Ele disse que eu era a irmã favorita dele – e eu sou a única irmã que ele tem, pelo que eu soube - e depois veio aquele que trabalha com dragões...

- Carlinhos – ajudou Harry

- Carlinhos...ele disse que queria me ver mais a partir de agora, parece que mora longe. E teve um outro que parece meio...metido...

- Percy – disse Harry rindo.

- Ele mesmo...não falou muito, acho que é meio distante, sei lá... E aqui está você. Quero saber como fiz falta pra você...sabe, pra formar uma idéia do que eu era antes de esquecer de tudo...estou tentando fazer um levantamento.

- Harry riu, sabia que ela estava brincando e divertiu-se ao ver Gina pegar um bloco de anotações no qual Harry pôde ver uma espécie de genealogia Weasley e um tipo de lista com nomes e coisas escritas em cada um, com a letra da própria Gina.

- Bom, então anote nessa lista que seu senso de humor não mudou nada. – disse ele sentando-se na cadeira ao lado dela, sentindo-se mais à vontade.

Gina sorriu. Aquele sorriso que iluminava tudo.

- Era mesmo meu namorado? – perguntou ela.

- Aham... – confirmou ele.

- Desde quando?

- Bem, quando começamos, você tinha quinze anos – disse ele – E eu dezesseis.

- Três anos – disse ela – Bastante tempo...

- É, mas nós terminamos e voltamos umas duas vezes. – explicou Harry.

- Por quê?

- Não era seguro... Voldemort ia te usar pra chegar a mim...

- Voldemort é o cara que você derrotou?

- Ele mesmo...

- Então você é mesmo um herói – constatou ela.

- Humpf... – Harry riu, infeliz.

- É sério! Sabe, desistir da pessoa que você gosta pra protegê-la... ou você era totalmente masoquista ou um herói... – então ela fingiu-se de pensativa e concluiu - De fato as duas coisas são muito parecidas.

Harry gargalhou.

- Anote aí que seu nível de sarcasmo aumentou um pouco, mas não muito.

Gina riu, então encarou os olhos dele fazendo Harry sentir como se ela estivesse lendo sua alma.

- Você é bem legal.

- Obrigada – disse ele sem saber exatamente o que fazer – Você também é, some isso à sua lista.

- Certo – disse ela anotando alguma coisa no papel que Harry tinha certeza não ser um “eu sou legal”, mas que não chegou a saber, pois a enfermeira entrou pedindo a ele que saísse para que Gina pudesse descansar.

- Mas eu não estou cansada – reclamou ela.

- Vai ficar depois que tomar essa poção.

Ela fez Gina beber todo o remédio e Harry a viu fazer uma careta.

- Algo me diz que nunca gostei dessas coisas – disse ela.

- Não, nunca – confirmou Harry achando graça.

- Vamos, meu jovem, ela vai dormir logo – insistiu a enfermeira fazendo Harry encaminhar-se à porta.

- Harry – chamou Gina já meio sonolenta

Ele virou-se, encarando-a novamente.

- O que foi?

- Você não respondeu minha pergunta.

- Que pergunta? – indagou ele confuso.

Gina acomodou-se melhor entre os travesseiros e apoiou a cabeça sobre as duas mãos unidas. Harry achou que poderia morrer feliz apenas vendo-a fazer aquele movimento.

- Como eu fiz falta? – perguntou ela.

E no momento exato entre os lábios dela se abrindo e fazendo a pergunta e os dele, dando sua resposta, Harry achou que o mundo não importava mais, que nada importava, pois ela estava ali; acima de tudo, ela estava ali. Ele a encarou uma última vez naquele dia e sorriu docemente, incerto se deveria dizer ou não...

- Um dia desses, eu faço uma lista para você.


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N/A: E aí, agradei? Acho uma parte importante no relacionamento deles, estão se conhecendo, ou reconhecendo, como desejarem...

Eu sei que prometi respostas, mas estou sem tempo até pra postar, juro que faço um big relatório assim que puder. Próxima atualização provavelmente só depois do findy...se tiverem mtos coments, tento postar no domingo, do contrário, terão que ser pacientes. Sim, estou subornando as pessoas, hehehe...

Bem, continuem comentando! Amo vcs! Bjos

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Comentários (1)

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