Quem É Você, Bruxinho?



Não deveria existir troco melhor do que aquele para tudo o que Harry havia sofrido. Como se o Universo conspirasse e dissesse: “Toma isso, Cara-de-Cobra! Você não o venceu!”.

Os gêmeos Potter nasceram! (1)

Pensar nisso fazia Harry sentir o riso nascendo em seu peito, como uma cascata que surgisse no coração e desaguasse no corpo todo. Estava exausto, física e emocionalmente, mas... Não conseguia tirar aquele sorriso do rosto e tão-pouco se afastar do quarto onde Gina e seus filhos estavam.

Por uns momentos, quando Lyan e Joanne tinham acabado de nascer, Gina segurou-os nos braços, com ele amparando suas costas no peito dele. E naqueles poucos instantes, Harry poderia jurar que o mundo cabia em seus braços. E devia caber mesmo, porque tudo o que havia de mais importante estava bem ali.

Horas se passaram desde aquele momento, mas ele sabia que aquele instante o havia modificado para sempre. Ver o rostinho dos filhos, poder acariciá-los e segura-los havia feito dele um... Como explicar? Um PAI. Harry sabia que era preciso muito mais do que isso para ser um – convivera Valter Dursley quase toda a sua vida, e isso não fizera dele seu pai. Mas também tinha consciência que a vinda dos filhos ao mundo tinha desencadeado, definitivamente, algo grande e poderoso dentro dele.

Por isso não saíra do lado dos gêmeos, guardando o berço como um cão de guarda. As pessoas entravam no quarto, cumprimentavam-no e a Gina. Ele respondia, fazia piadas e ria com os amigos. Mas o centro de seu universo ficava preso bem ali: com Gina, Joanne e Lyan. E, mesmo sabendo que palavras de elogio a recém-nascidos eram praxe, ele se estufava e concordava completamente com cada uma delas que era dirigida a seus filhos. Neste momento, por exemplo, duas brasileiras estavam olhando seus filhos como se fossem a Oitava Maravilha. Teve que segurar o riso e lá no fundo seu orgulho de pai dizia que eram MESMO a Oitava Maravilha do mundo.

Mel abrira um sorriso de orelha a orelha, sentada no chão ao lado dos berços. E, apesar da menina de vez em quando dar uns pulinhos como se não se agüentasse de tão contente, era a cunhada que o preocupava. Ana estava animada, é claro. Mas os olhos brilhavam perigosamente, e temia que a qualquer momento ela chorasse.

Já tinha abraçado e beijado Gina e ele umas mil vezes e continuava comemorando:

- Eles... Oh! Incrível! É... Oh! Lindos! - Era a interjeição mais ouvida pelo quarto. – Tia Ana, ama muito vocês, viu, coisas mais fofas da tia? – Ela falava com os bebês, emocionada - Oh, que cuteeeeeeeeee! Ah, olha só, ela tem o cabelo da Gina! E o Lyan... Santo Protetor dos Barbeiros! Quanto cabelo! É um Potter mesmo! Eu acho que vou morder eles, de tão fofos!

- Amor, melhor não... – Carlinhos riu, enquanto oferecia, fascinado, um dos dedos para Lyan agarrar – Gina vai azarar você no mesmo instante!

- Meu Deus, Harry... Seus filhos! Seus filhos com a Gina!

Gina revirou os olhos e disse:

- Sim, é claro que são comigo – riu. - Ou por acaso andou sabendo de mais algum filho que o Harry andou tendo?

- Ah, se a gente fosse dar atenção a tudo o que se publica na Internet... – Ana comentou, distraída, enquanto embalava Joanne no colo.

- Como assim? – Harry e Gina disseram ao mesmo tempo.

Ana levantou a cabeça como se tivesse recebido uma chicotada e começou a gaguejar:

- A-ah, bem... B-bom... – Desviou o olhar – Ãaah... – Viu Mel abaixando a cabeça e acariciando a cabecinha morena de Lyan, através das grades do berço, para disfarçar o divertimento. Até mesmo Carlinhos ergueu as sobrancelhas, e fitava a esposa de forma questionadora, embora um tanto divertido.

Finalmente, ela disse, muito rápido:

- Gina, o nome da Joanne foi uma homenagem, não foi?

Abençoada fosse essa pergunta, porque permitiu que saísse pela tangente. Harry ajeitou os óculos no nariz, lembrando que os mistérios da Ana sempre diziam respeito a algo que ele preferia não saber.

- Hum... – Gina estreitou os olhos, certamente tentando imaginar o que a cunhada estava escondendo. – Sim, “Joanne Lílian”. Lílian. O nome da mãe do Harry. Mas não tente mudar de...

- A mãe do Harry?!? – O embaraço da cunhada havia sumido por completo. Agora a voz dela exibia confusão. - Não... Estava me referindo à “Joanne”.

Gina estava boquiaberta:

- Como você sabe que foi uma homenagem?

- Foi uma homenagem? – Harry estranhou. Caminhou até a cama e se sentou próximo à Gina. – Quem nós conhecemos que se chama “Joanne”?

- Pelo amor de Deus, gente! Eu não estaria aqui se não fosse por ela! – Ana estava perplexa.

- Querida, de quem você está falando? – Carlinhos soltou seu dedo que tinha sido agarrado com força pela mãozinha do sobrinho, e se ergueu.

- Vocês estão de brincadeira, né? – Mel também tinha deixado a expressão divertida e estava tão espantada quanto a tia, embora parecesse pronta para dar uma gargalhada. Como se estivesse esperando que alguém dissesse que era uma piada. – Como podem não lembrar?

- Não lembrar de quê? – Harry voltou-se para a esposa - Gina, você homenageou quem? – Estava começando a se preocupar.

- Bem... – Sentindo todos os olhares sobre ela, Gina ficou um pouco hesitante. – Lembra da história que eu te contei sobre as minhas bonecas? – Perguntou a Harry.

- Claro. Nossos “filhos”. – Ele encheu a boca para falar isso e sorriu.

- Quando eu tinha dez anos – Gina explicou para os demais, tentando não rir do jeito do marido – Brincava que minhas bonecas eram meus filhos com o Harry.

- Ai, que fofinho! – Ana exclamou, não surpreendendo ninguém por achar isso. Riram, e Carlinhos não resistiu em envolvê-la em um abraço.

Mel soltou um “legal!!!” todo cheio de enlevo, e esperou o resto da história.

- Pois é... – Gina continuou. – Uma vez Dumbledore esteve lá em casa com uma amiga. Era uma mulher muito simpática. Enquanto o diretor conversava com mamãe, ela sentou ao meu lado, no chão. Eu estava brincando com as bonecas e começamos a conversar. Contei para ela sobre o “pai” delas... – Ela ficou vermelha.

- E? – Harry a encorajou a continuar.

- E ela me disse que tinha certeza que, algum dia, esse menino tão especial para mim iria notar que eu existia... – Ela o olhou tão cheia de amor, que Harry teve que se conter para não mandar todo mundo para fora e se trancar com ela no quarto o dia todo, provando para aquela mulher incrível que era a sua esposa que, definitivamente, tinha notado que ela existia.

- E o nome dela era Joanne... – Harry adivinhou.

- Sim – Gina confirmou, e o sorriso dela o fazia se lembrar da garotinha na estação de trem, naquela sua primeira viagem a Hogwarts.

Ana pigarreou, e olhou para ela. Só então percebeu o nervosismo da cunhada e a expressão de Mel, com o queixo caído e os olhos vidrados.

- Gina... – Ana começou. – Como era esta mulher?

Gina a descreveu e diante do mistério das duas brasileiras (que permaneciam em silêncio), Harry não agüentou mais e perguntou:

- Mas de quem vocês estão falando?

- J.K. Rowling. – Ana respondeu. – Ora, Harry, Joanne “Katherine” Rowling. Era ela, não tenho dúvidas.

***

À hora do jantar, Ana estava sentada ao lado de Carlinhos, e observou Gina ser trazida até a sala no colo de Harry. A cunhada protestava que poderia andar, enquanto Harry não dava muita atenção e continuava a carregando. Ana assobiou e bateu palmas junto com os outros, fazendo os protestos da ruiva cessarem, e viu o rosto dela ficar da cor de seus cabelos.

Além de Lupin, Tonks e Hector, quase todos os Weasleys estavam na casa dos Potter. O “quase” era por causa de Percy. A ausência de dele não era nenhum mistério: os irmãos deviam ter decidido que seria melhor não chamá-lo, só podia...

Os bebês foram trazidos para baixo também, e cuidadosamente postos em cestinhos perto dos pais. Harry e Gina simplesmente não podiam se separar dos filhos.

Conversavam baixinho para não assustar os bebês. Ana não sabia como, mas Hector e Mel já pareciam brigados àquela altura. No entanto, tinham o bom-senso de limitar-se a ficar de cara virada um para o outro, em uma indiferença mútua. Até mesmo as crianças menores pareciam compreender que deviam ficar quietinhas. Só Sirius ficou um pouco enciumado com toda aquela atenção para os bebês. Sentado no colo de Hermione, olhava sério para os cestinhos, e começou a fazer manha.

- Sirius, filho! – Hermione o repreendeu suavemente, quando ele começou a puxar a toalha da mesa e choramingar porque a mãe afastou sua mão. - Ele deixou de ser o caçula... Está se ressentindo um pouco com isso. – Comentou, fazendo um carinho no bebê.

- Eu te entendo, filho! – Rony o consolou enquanto apontava a varinha para a mesa, fazendo a toalha ficar bem estendida sobre ela novamente. – Também passei por isso. Mas é impossível permanecer o caçula por muito tempo nessa família! – Riu.

- Eu fiquei – Gina cantarolou, vitoriosa.

Imediatamente os irmãos começaram a ladainha:

- Ah, tadinha da nossa irmãzinha... – disse Fred.

- Tão pequeninha... – Continuou Jorge.

- Tão frágil... – Emendou Carlinhos.

- Tão ingênua... – Rony acrescentou.

- Tão necessitada de nossa proteção! – Finalizou Gui.

- Parem, parem! – Gina pediu, exasperada. – Acabei de me lembrar porque detesto ser a caçula!

Todos riram e Ana aproveitou para dar uns apertões em Sirius, fazendo-o gargalhar:

- Não se preocupe que você sempre vai ser a minha bolinha ruiva! Vem cá, dá um beijo de jacaré na tia! – Esse consistia em encostar os lábios um pouco abertos na bochecha e fingir estar mordendo-a.

- Quantos desses “beijos especiais” você tem, Ana? – Alicia perguntou.

- Muitos!

- E ela lembra de cada um deles... – Mel falou bem baixinho e suspirou, pesarosa. Mas a tia a ouviu:

- Ah, é mesmo! Que falta a minha! – Ana sabia perfeitamente que Mel iria odiar, mas melhor raiva do que aquele bico enorme por causa da “rusga” com o Hector. – Beijo de passarinho! Vem cá, Mel...

- Tia...

- Ora, era nosso cumprimento secreto! Você adorava!

- Tia, por favor... – Mel disse entre os dentes, olhando furtivamente para Hector que tossia do outro lado da mesa, para impedir a risada.

Ana suspirou teatralmente, pondo a mão no peito:

- Minha menininha está crescendo!

Os Weasleys riram e recomeçaram as conversas com as pessoas próximas. Ao se virar para pegar a travessa da salada, viu que Fleur servia Gui de uma generosa porção de assado, e até cortando os pedaços para ele. A imagem dela, no sexto ano de Harry, dando comida na boca do então noivo lhe veio imediatamente à cabeça. Viu Chantal observando os movimentos da mãe, e a imitar, pegando o prato de purê de batatas e o oferecendo ao Hector. Como o menino ainda olhava para Mel, fazendo caretas discretas para tentar provocá-la, Chantal teve que lhe dar umas cotoveladas até que ele percebesse sua "oferta" e a aceitasse com um sorriso sem-jeito.

De repente, a visão das rodelas de cenoura no molho da carne provocou um peso em seu estômago. Tinha certeza que se pensasse em comida – qualquer comida – descendo por sua garganta iria passar mal.

- O que foi querida? – Molly, sempre tão atenta a qualquer sinal de palidez, magreza ou doença em seus entes queridos, percebeu a mudança de atitude da nora. – Você está bem? Quase não tocou na comida, e está parecendo um pouco tonta...

A senhora Weasley mal tinha terminado a frase e Carlinhos, que estava conversando com Gui voltou-se para ela e passou um braço ao redor de sua cintura, como que para sustentá-la.

- Tudo bem? Mamãe tem razão, está um pouco pálida...

- Parem vocês dois com isso! – Exigiu, em tom de brincadeira. – Deve ser só uma indisposição por causa dessa correria e do fuso horário. Do contrário, eu não iria deixar passar a comida da senhora Weasley, vocês sabem...

- Quer descansar um pouco no quarto, Ana? – Gina ofereceu.

- Dobby prepara o quarto para jovem senhora Weasley! – O elfo apareceu do nada, todo sorridente. Agora que ele tinha dois bebês Potter para cuidar, mal cabia em si de felicidade.

- Não é preciso – Ana respondeu para Gina, com um sorriso. – Já estou melhor. Deve ter sido só uma queda de glicose...

“Queda do quê?”, ouviu Rony perguntando para Hermione. Ana voltou-se para Dobby:

- Obrigada, fofinho! – E beijou o alto da cabeça do elfo, para o horror de Winky, que agora pegava Sirius do colo de Hermione. Ela a olhava como se Ana tivesse duas cabeças.

- Não pode regular bem... – Resmungou Rony, recebendo um cutucão de Hermione.

Um ruído de algo se quebrando – e algo grande – foi ouvido. Quase que inconscientemente, todos procuraram por Tonks. A auror, sentada na ponta da mesa, reclamou:

- Que foi? – Revirou ou olhos para os cabelos rosa-chiclete. - O barulho foi lá em cima, e eu não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo!

Os gêmeos protestaram dizendo que, se ela era capaz de ser mãe do Hector, estar em dois lugares ao mesmo tempo não era nada! Lupin riu e concordou, o que provocou novos protestos, mas desta vez do garoto.

Os risos não foram descontraídos como costumavam ser. Geralmente, barulhos de origem desconhecida não abalavam aquela família grande, mas... Havia comensais soltos. Deviam estar preparados para tudo, ainda mais... Ainda mais que Lyan e Joanne haviam nascido. Ana percebeu o olhar de Harry fixo nos cestinhos dos bebês e, que, inconscientemente, ele havia apertado a varinha sob o casaco.

- Cadê o Sean e o Ken? – Alícia se alarmou, voltando-se para Cátia. As duas deram uma rápida olhada ao redor da sala, e constataram que os filhos tinham sumido.

A cabecinha de Ken foi vista olhando furtivamente entre os pinos do corrimão da escada, parecendo profundamente culpado. Quando percebeu que tinha sido apanhado, voltou rápido para dentro do corredor, gritando: “Sean, eles nos viram, eles nos viram!”.

O alívio em torno da mesa foi quase palpável, e após alguns segundos, já estavam até achando graça dos meninos terem provavelmente aprontado outra. Alicia fez menção de se levantar, mas Cátia a impediu:

- Não, deixa que eu vou – suspirou, resignada com a sina das duas serem mães das novas “Gemialidades Weasley”. – É a minha vez.

Como o jantar já estava no final, parte da família se retirou para conferir a nova “obra prima” de Sean e Ken. Ana conseguiu ouvir a voz de Fred comentando: “Jorge, devemos agradecer o cara que inventou o feitiço “Reparo”, senão a gente estava falido por causa desses dois!”.

Ana se levantou para ajudar a senhora Weasley, Alicia e Hermione a retirar a mesa, quando sentiu a mão de Carlinhos segurando a sua. Ela fitou o rosto do marido e soube o que o preocupava:

- Eu estou bem – disse as palavras bem devagar, sorrindo. – Os Anhangüera e os Weasley no mesmo dia foi um pouco demais para mim, só isso.

- Me prometa que vai descansar um pouco – Ele não se deixou enganar pelo sorriso dela. Sério, olhou dentro de seus olhos, esperando a resposta.

“Inferno de homem mandão!”, pensou Ana, bem-humorada.

- Você vem descansar comigo? – Perguntou, batendo os cílios de forma forçadamente inocente, com um sorriso provocador nos lábios.

- Ana... – Ele tentou dizer isso em forma de advertência, mas falhou graças ao sorriso e ao brilho no olhar.

- Deixa só eu dar uma mãozinha para as garotas, certo? – Ela piscou e o beijou rapidamente nos lábios. Só quando ela desapareceu pela porta da cozinha, foi que Carlinhos se deu conta:

- Ela me dobrou de novo... – resmungou.

- É o destino dos homens Weasleys, meu garoto – Carlinhos não tinha percebido a chegada do pai, que estava parado atrás dele. Arthur pôs a mão do ombro do filho, com uma expressão divertida: - Casarmos com mulheres de personalidade forte.

Ele deu tapinhas na mão que pousava sobre seu ombro, concordando tacitamente. Fitou o pai com um brilho de adoração e respeito no olhar, enquanto o homem mais velho sentava à sua frente.

Dentro da cozinha, os pensamentos de Ana estavam em mil coisas ao mesmo tempo. Tinha que contar ao Harry sobre o medalhão, na primeira oportunidade que houvesse. Tinha que conversar com a Tonks sobre a amiga metamorfomaga dela e seu primo...

- Oh, Deus – Hermione gemeu, interrompendo o fluxo de seus pensamentos – acho que vou desviar a atenção de Fleur antes que ela deixe Gina maluca...

Olhando sobre os ombros, Ana viu que Fleur tinha sentado na poltrona próxima à em que Gina estava sentada, aparentemente dando conselhos sobre como cuidar dos bebês. Os lábios da ruiva estavam brancos de tanto que ela os apertava. Teve que pressionar uma das pontas da toalha de prato que segurava contra a boca, para evitar rir.

Um dos bebês acordou, chorando – de onde estava Ana não conseguia ver qual – e acabou acordando o outro também. A senhora Weasley comentou que os gêmeos deviam estar com fome e saiu, sorridente, dizendo que iria ajudar Gina.

- Vovó coruja. Como se não houvesse mulheres suficientes para ajudar lá na sala – Alicia comentou, brincando.

Ana riu baixinho e balançou a cabeça para concordar. Abriu a boca para comentar algo, mas não conseguiu. Sentiu uma náusea profunda, seguida de vertigem. Tudo durou dois segundos, mas se viu obrigada a se apoiar na pia para manter o equilíbrio.

Alícia segurou-a com um braço e com o outro puxou uma cadeira que estava próxima, para que Ana se sentasse.

- Está melhor? – Perguntou, preocupada. Quando Ana fez um gesto afirmativo com a cabeça, a cunhada mordeu o lábio inferior e tomou coragem para acrescentar: - Ana, me perdoe se estou sendo intrometida, mas... Como medibruxa não pude deixar de notar que você tem tido certos sintomas... Bem, não precisa responder se não quiser. Mas, suas regras estão atrasadas?

Ana olhou para a cunhada, surpresa. Ela estava pensando que...

- Não, Alicia... Quer dizer, admito que estão, sim. E há um tempo não tão curto assim, mas... Não deve ser o que está pensando. Eu uso métodos anticoncepcionais.

- Sei... – Alicia puxou outra cadeira e se sentou na frente de Ana – Entendo. E que Poção Antigravidez você usa?

Pega de surpresa, Ana não soube como responder. O máximo que conseguiu foi balbuciar algumas palavras ininteligíveis, embaraçada. Alicia sorriu, daquela forma confiante e encorajadora que qualquer médico do mundo, bruxo ou não, devia ter. Rindo da própria timidez e respondeu:

- Nenhuma – Alicia só levantou uma sobrancelha, mas permaneceu calada – Eu uso métodos trouxas...

- Pílulas?

- Sim. Entenda... Nós adotamos certas práticas e, quanto mais íntimo for o assunto a que se relacionam, mais difícil é de abandoná-las. Veja, só recentemente comecei a usar poção para penteado...

- Eu desconfiava que fosse isso...

- Mesmo? Meu cabelo estava tão ruim assim? – Brincou.

- “Trouxamente” ruim. – Respondeu Alicia, rindo. – Olhe... Se você está usando métodos trouxas, então existe, sim, uma enorme possibilidade de estar grávida.

- Alicia, não vou dizer que os métodos trouxas são infalíveis, mas costumam ser confiáveis se seguidos corretamente. – Levantou os olhos para o teto e riu: - E se não tiver farinha dentro das pílulas, é claro. – Vendo que a outra não tinha entendido, abandonou a piada e acrescentou: - Eu nunca tive problemas... Até agora... – franziu o cenho, preocupada.

- Você nunca teve problemas, porque até alguns meses atrás vivia como uma trouxa. – Alicia afirmou, gentilmente.

- O que quer dizer?

- Ana, você tem recebido um grande fluxo de magia ultimamente. Isso por si só seria o suficiente para neutralizar o efeito dos métodos trouxas, e... Com o acontecido no Dia das Bruxas...

- Quando abrimos o Livro de Fausto – Ana disse. (1)

- Sim. E quando teve que passar pelos feitiços que protegiam aquela casa, onde as crianças trouxas estavam presas. (1) Se a magia “comum” não o fez, estas ocasiões certamente interferiram no seu corpo. E não só isso. Assim como acontece com as mulheres não-bruxas, estresse pode alterar o círculo hormonal. E você tem uma profissão que traz bastantes aborrecimentos.

Ana pensou nos últimos meses e o rosto magro de Felícia surgiu na sua frente.

- Sim, eu tive muitos aborrecimentos recentemente, mas não têm nada com o trabalho, Alicia.

- Claro, os compromissos com a Ordem têm nos deixado bastante ocupados. É preocupante, especialmente para os Weasley.

Ela sentiu as faces arderem. É claro que aquilo também a estava preocupando – e muito. Mas quando Alicia mencionou “aborrecimento”, traduziu para o correspondente em português de “chateação”. Para Ana, Felícia tinha se tornado sinônimo disso.

- Então eu posso estar... – Ana pôs a mão no próprio ventre, assombrada com a idéia. Não sabia direito o que fazer, o quê pensar.

- Tenho quase certeza. Mas, vamos, me deixe fazer um exame primeiro.

- Exame? Aqui? – Olhou ao redor, e para a mão de Alicia, que segurava somente a varinha.

A medibruxa riu de seu assombro e levantou, ficando de pé na frente dela.

- Ana, largue a sua porção trouxa um pouquinho, tá bom? Só relaxe.

Ela ficou quieta na cadeira, enquanto Alicia passava a varinha na frente de seu corpo. Tinha a impressão de que séculos tinham se passado, até o momento em que a medibruxa guardou a varinha e, com um sorriso satisfeito, a tocou nos ombros e disse:

- Ana... Você está esperando um bebê.

- Es... Estou? – Ana voltou a por as mãos em cima do próprio ventre, um sorriso trêmulo no rosto.

- Eu teria que fazer mais exames, mas... Diria que de duas a três semanas.

Ana ficou olhando para a parede com um sorriso bobo, até que Alicia, preocupada, a chamou à realidade:

- Por Merlin, Ana... Eu sei que é uma gravidez não-planejada, mas não precisa ficar assim...

A brasileira voltou lentamente a cabeça para a cunhada e, abrindo mais o sorriso, os olhos brilhantes pelas lágrimas, a abraçou:

- Obrigada, Alicia! Você fez parte de um dos momentos mais lindos da minha vida!

Ficaram ainda algum tempo na cozinha. Ana estava tentando recuperar a calma antes levantar e...

Procurou com os olhos Carlinhos, que agora sentado ao lado de Gina na sala. Percebendo isso, Alicia a encorajou:

- Vai lá. Ele não pode ser o último a saber, não é?

- Tem razão. – Ela respirou fundo, para tomar coragem, e caminhou até a sala.

Ficou parada a alguma distância, escutando a conversa, imaginando o que deveria fazer. Devia chamar Carlinhos em um canto? Ou falaria tudo de uma vez? Ou talvez devesse esperar para contar para Carlinhos em casa. Afinal, aquele era o dia do Harry, da Gina e dos gêmeos. Poderia contar para os demais em outra oportunidade...

Meu Deus, ela nunca tinha contado para um homem que ele seria pai... E de um filho... Com ela!

Uma criança, dela e de Carlinhos. Tinha tomado consciência da existência dele a poucos minutos. E aquele serzinho dentro dela nem devia ter o tamanho de um grão de arroz. Mas ela já o amava com tão profundamente! Sentia-se, verdadeiramente, “em estado de graça”.

- O Lyan é muito parecido com o Harry. – Gina comentava enquanto acariciava o filho, que estava mamando em seu peito.

- Como assim, parecido com o Harry? – Carlinhos franziu o cenho. – Esse menino é bonito!!!

Carlinhos se esquivou de um soco de mentirinha da irmã, ao mesmo tempo em que todos caiam na risada. Os gêmeos começaram a contar o placar:

- 1x0, Weasley!

Exclamações tanto de aprovação, desaprovação ou simplesmente entusiasmo ecoaram. Ainda não tinham cessado de todo quando Harry rebateu, entrando na brincadeira:

- Não faço questão da admiração de um homem do seu tamanho, cara. Mas caso queira uma opinião que interesse, saiba que sua esposa já disse que sou fofinho...

Novas exclamações e risadas. Os recém-nascidos fizeram uns grunhidos de protesto pela algazarra, e a senhora Weasley prontamente fez a ordem ser restabelecida a patamares aceitáveis a uma casa com bebês com menos de um dia de vida. Ainda assim, Fred anunciou:

- Potter marca um ponto. O placar está 1x1!

Carlinhos replicou:

- Potter, minha mulher acha até o Dobby fofinho. Não fique entusiasmado porque foi comparado à beleza de um elfo doméstico!

Os gêmeos fizeram sons abafados, imitando uma multidão ovacionando seu time em um estádio. Os demais contiveram a risada, esperando ansiosamente a próxima resposta.

- 2x1, Weasley! – Jorge anunciou.

Ana balançou a cabeça, divertida. “Garotos!”, pensou. Ainda não tinha certeza do que fazer ou como, mas não podia guardar por muito tempo a novidade. “Meu Deus, qual vai ser a reação dele?”, se perguntava constantemente.

Gina negou brevemente com cabeça, um sorriso maroto dançando nos lábios um segundo antes de ela puxar Harry pelo colarinho e dizer algo em seu ouvido.

Ana observou o rosto do rapaz tingir-se de púrpura, enquanto ele sorria e tentava limpar a garganta parecendo embaraçado.

- 2x2 - disse Fred fuzilando a irmã e o cunhado que pareciam ter esquecido a disputa para ficarem se beijando. - Arghh... Parem com isso! - Começaram a reclamar os ruivos.

- Isso foi golpe baixo, não acha Ana? – A pergunta de Jorge fez todos voltarem as atenções para ela.

Ainda conseguiu brincar:

- Eu acho... Que vocês estão precisando de TV a cabo e Internet.

No entanto, seu sorriso trêmulo denunciou que havia algo a mais a ser dito.

– Se querem saber mesmo o que eu acho... – Olhou para os recém-nascidos, com ternura; depois fixou o olhar intenso em Carlinhos. – Acho que nosso filho ou filha seria lindo se puxasse aos Weasleys... – E pousou as mãos sobre o ventre.

Alguns segundos se passaram em silêncio total até que a exclamação surpresa e feliz de Gina ecoou, tirando Carlinhos do estado de latência que parecia ter tomado conta dele.

- T-tem certeza? – Ele gaguejou.

- Ah, por Merlin! – Alicia reclamou. – Eu passei vinte minutos convencendo-a de que fazer um daqueles testes das farmácias trouxas era inútil! – Sorriu, confiante, depois. – Você tem o parecer oficial de uma medibruxa. Satisfeito?

Carlinhos se levantou de súbito e atravessou a sala como um raio, chegando até onde Ana estava. Tomou-a nos braços, beijando-a e rodopiando com ela. A felicidade do casal se espalhou, e agora todos estavam comemorando. Ouviram Fred comentar:

- Agora vocês com isso também? – Balançou a cabeça, reprovador, enquanto o casal se beijava apaixonadamente.

- A gente compra um berço ou um ninho para ovos de dragões? – Jorge provocou.

- Desde que não cuspa fogo, por mim, tudo bem. – Harry acrescentou, rindo.

- O que está acontecendo, mamãe? – Chantal perguntou, estranhando a conversa dos tios.

- Sua tia vai terr um bebê, cherie. – Fleur explicou, com um sorriso.

Rony se sentou ao lado de Hermione, colocando Sirius em seu colo. A esposa apoiou a cabeça no ombro do marido, enquanto eles observavam a alegria do outro casal.

Alheios ao resto do mundo, Carlinhos e Ana ainda estavam abraçados. Ele não parava de distribuir beijos pelo rosto dela:

- Eu te amo, eu te amo, eu te amo...

- Eu acho que ela já entendeu, meu filho. – O senhor Weasley disse, se aproximando. – Será que agora você poderia deixar que sua mãe e eu cumprimentemos vocês?

Ana deixou-se abraçar por uma senhora Weasley em lágrimas, enquanto Carlinhos recebia o abraço emocionado do pai. Não demorou muito para uma fila de cumprimentos se formar. Tonks a abraçou e as duas amigas começaram a pular juntas.

Antes de deixar a auror se afastar, Ana sussurrou para a metamorfomaga: “Depois preciso conversar com você sobre uma amiga sua”, o que provocou um levantar de sobrancelhas intrigado da outra. Mas como Ana continuava sorrindo, imaginou que não deveria ser nada grave.

Na confusão de gente esperando para parabenizar o casal, Hector e Mel estavam lado a lado; só que ele aguardava para cumprimentar Carlinhos, enquanto a menina, a tia. O grifinório a ignorou o quanto pôde, emburrado.

- Hector... – A menina finalmente se cansou e se voltou para ele. O menino praticamente pulou para tomar a frente e cumprimentar o futuro papai.

“Garoto idiota, metido e orgulhoso...”, Mel começou a resmungar em português.

Do outro lado da sala, Harry olhou para os filhos:

- Bem que seu tio avisou que ninguém fica muito tempo como caçula nesta família, não é? – Sorriu para os filhos, estourando de orgulho. – Então, vamos cumprimentar seus tios?

***

[Brasil, alguns dias depois].

Havia um sério problema para Felipe cumprir a incumbência dada pela tia. E era a sua idade. Uma injustiça sem tamanho ele não poder ir a espetáculos noturnos só porque tinha dez anos. Assim não dava para descobrir quase nada!

Tentara, realmente, só ficar atento às conversas de tio Nando sobre a tal dama misteriosa que aparecia em seus shows. Mas as “investigações” não avançaram muito. Por isso resolveu tomar medidas drásticas. E algo lá no fundo dele se perguntava, agora que estava em um momento crucial de sua “missão”, se tudo não iria acabar com ele sendo transformado em algo pegajoso e nojento.

“Legal!!!”, se empolgou, após pensar um pouco no assunto.

Primeiro, havia se escondido na vã da banda do tio Nando. Depois, graças a uma distração do pessoal, quando eles estavam descarregando os instrumentos, tinha conseguido sair e se esconder na multidão.

Seu coração estava disparado. Afinal, era um garotinho no meio de um montão de gente estranha. “Acalme-se, cara. Não vai amarelar agora”.

Um borrão cor lavanda chocou-se contra seus olhos. Atordoado, levou alguns segundos até entender que aquilo era uma mecha de cabelos, e que a mulher a quem ela pertencia nem tinha percebido que o atingira com o movimento.

Que sorte! Encontrara a tal Myra na primeira escapulida. Lipe tinha vontade de dar uns pulinhos. Ah, que droga, e deu mesmo. “Tô vendo se consigo ver o palco”, explicou para um grupo que se voltou para ele, com a testa franzida. “Ah, olha a minha irmã lá!”. Apressou-se na direção para onde a metamorfaga tinha ido, com o grupo mais esquisito que ele já tinha visto.

- Muito, bem, gente... – um homenzinho parara atrás de uma das estruturas, quando o grupo se afastou o suficiente para não ser ouvido. Ele fazia gestos amplos e parecia não conseguir decidir em que posição ficava para falar com o grupo. Lipe se escondeu dentro de um cilindro enorme de concreto. – Esse chiclete vai ser nossa chave de portal para voltarmos ao hotel...

Ele apontou para uma massinha rosa grudada contra uma madeira. Lipe sentiu um embrulho no estômago e pôs a língua para fora, com asco.

- Argh, que nojo! – Uma morena, vestida como se tivesse acabado de sair de uma festa pop-gótica exclamou, sendo acompanhada de sons de repulsa do resto do grupo.

- É, e os trouxas acham isso também, queridinha... – Meneou a mão direta acima dos ombros. - Jamais tocariam em algo tão asqueroso. – Abriu um sorrisinho debochado e, ao correr os olhos pelo grupo, parou de repente em um deles, arregalando os olhos. - Myra, você por aqui DE NOVO?!?

- Eu gosto de música brasileira... – A moça encolheu os ombros.

- Sei – desdenhou o outro, com uma balançadinha de quadris. – Compreendo perfeitamente que tipo de ritmo moreno e alto você gosta... Olha, meu bem, se você quer ficar nesses espetáculos trouxas tem que ser mais discreta, coração. – Acrescentou com uma expressão de súplica: – Dê um jeito nesse cabelo, criatura!

Myra soltou um profundo suspiro impaciente, mas fechou os olhos por alguns instantes, concentrando-se. Logo, a raiz de seus cabelos foi escurecendo, e a cor castanha se espalhou lentamente para o resto dos fios, como tivesse escorrendo até as pontas, que atingiam a cintura dela.

“Uau!”, foi a expressão silenciosa que Lipe deixou escapar ao ver a transformação.

- Bem melhor – o homem aprovou, aliviado. – Agora, continuem os mais normais possíveis...

Lipe pensou que nem em mil anos aquele grupo seria “normal”. A combinação de roupas, penteados e cores era um desastre. Myra fazia melhor figura, mesmo com o seu cabelo lavanda.

-... Lembrem-se de voltarem nos horários estabelecidos... – foi enumerando a lista de recomendações com os dedos - ...De dez a quinze minutos de diferença entre cada um, e sempre verificando se não há nenhum trouxa observando vocês...

Os turistas começaram a se dispersar, e Lipe conseguiu ouvir o que um grupo de adolescentes conversavam:

- Eu ouvi dizer que o Ministério brasileiro manda um berrador para você, de advertência, caso não cumpra as regras... – Diminuiu o tom de voz: - Com pó-de-mico dentro. Ao ocupar as duas mãos para se coçar, você não tem como usar a varinha para aparatar...

- Que coisa mais bárbara!

- Deixa de ser bobo, Mark! – Uma garota exclamou. – O John está brincando com você!

Quando não ouviu mais nenhuma voz, Felipe saiu de seu esconderijo. Caminhou até o “chiclete”, olhando por sobre os ombros para ter certeza de que ninguém o estava vendo. Fitou a massinha rosa com nojo. Ainda assim, levou apenas poucos segundos antes de se decidir que ia, sim, tocar nela.

Sentiu como se um gancho o puxasse pelo umbigo, para frente. Seus pés saíram do chão. As imagens à frente de seus olhos poderiam ser comparadas a uma discoteca dos anos 70, tantas eram as cores diferentes dançando em um turbilhão. Finalmente, despencou em um monte de almofadas.

- Onze e doze, chegando de Santa Felicidade. – Ouviu uma voz feminina anunciar.

Felipe balançou a cabeça, atordoado. Gemeu. Tinha sido sua primeira viagem com uma chave de portal, e sentia que poderia colocar seu jantar para fora a qualquer momento.

- Sinistro! – Entusiasmou-se.

- Ei, garoto!

Felipe ergueu os olhos, deparando com um homem de meia-idade, vestido com sóbrias vestes bruxas. Fez um sinal para que Lipe se aproximasse. Ele estava do outro lado de uma mesa alta, e só neste momento o menino notou que se encontrava em uma recepção. Devia estar no salão de entrada do hotel ao qual o homem da chave de portal se referira.

- Você está sozinho? – O senhor de meia-idade perguntou.

- Não... Meu pai está me esperando.

- Sei... – Ele ergueu uma sobrancelha. – E porque veio sozinho?

Lipe pensou por alguns instantes.

- Resolvi voltar.

- Voltar? – Ele franziu o cenho. – Seu pai é hospede?

O menino pensou furiosamente em todas as probabilidades. Aquele homem parecia ser o encarregado, ali. Devia lembrar de todos os que estavam hospedados, e certamente iria pedir o nome de seu pai. Afinal, um garoto de sua idade, sozinho àquela hora, era suspeito mesmo para os bruxos.

- Não, mas...

Ele viu um grupo de mulheres saindo cheia de sacolas de um corredor que levava a um saguão com várias lojas. Uma idéia surgiu em sua cabeça, e resolveu pô-la em prática antes que esquecesse:

– Minha mãe gosta de fazer compras por aqui. Eu estava com minha tia, mas resolvi voltar mais cedo. Meu pai vem nos buscar. Poderia me dizer onde é o quarto de Myra Wagtail? Ela me pediu para guardar algo. – Só parou para respirar quando terminou de falar tudo.

O homem ergueu ainda mais a cabeça, o que o forçou a olhar o garoto por entre os cílios semicerrados. Os ombros de Felipe eram da altura da borda do balcão, e ele pôs as mãos em cima do tampo, como se assim o homem pudesse vê-lo melhor.

- É sobrinho da senhorita Wagtail?

- Sim, senhor. – Respondeu desta vez em inglês, carregando no sotaque todo o acento britânico que podia. Finalmente via uma vantagem em todo o elenco dos filmes de Harry Potter serem ingleses. E ninguém assistira mais vezes os quatro filmes do que ele. – Meu pai é inglês, minha mãe é brasileira.

O outro o fitou durante uns cinco segundos, com os olhos ainda semicerrados, tamborilando os dedos sobre a madeira do balcão. Felipe sentia a garganta seca, mas manteve a postura serena. Era agora que descobriria se seu plano tinha dado certo.

- Lamento muito, meu jovem. Mas não posso deixar ninguém entrar nos quartos dos hóspedes. – Felipe sentiu-se murchar. – Mas pode deixar o objeto da senhorita Wagtail aqui, na recepção. Quando ela chegar, nós o entregaremos a ela.

Felipe, decepcionado, ia responder que não e levantou a cabeça para negar. Mas viu a mão que o homem estendera displicentemente por sobre o ombro quando terminara de falar, indicando um monte de caixinhas atrás dele. Cada uma com um número de quarto.

- Claro. Tem um envelope? – O garoto falara tão jovial, e tão de repente, que o outro olhou para ele, desconfiado. Com um gesto afirmativo com a cabeça, entregou um envelope de papel muito grosso e amarelado, com o timbre do “Mares do Sul Magic Hotel”.

Ele tirou um lenço do bolso da calça jeans e o colocou dentro do envelope. O homem não conseguira ver o que era, porque as mãos de Lipe foram para baixo do balcão, como um garoto com a sua altura faria.

- Pode fazer um feitiço para lacrar o envelope? Ainda não tenho permissão para usar magia. – Pediu com um sorriso gentil e inocente.

Com o envelope lacrado e endereçado, Lipe o entregou para o gerente, que o pegou com um gesto mecânico e o colocou no escaninho do quarto número 313.

Daí para frente foi muito fácil. Felipe agradeceu e saiu em direção à porta da frente. Em uma guinada sutil, ficou atrás de um monte de malas que eram levitadas por um bruxo que parecia o carregador. “Mas, se o homem não carrega nada, mas as levita até o quartos dos hóspedes, devia ser o “levitador” e não carregador...”.

Foi para o lado do enorme monte de bagagens quando passaram em frente à recepção, evitando ser visto pelo gerente. Correu para pegar o elevador. Só quando as portas se fecharam foi que o carregador percebeu o garoto.

- Quarto 313, por favor. – Pediu com o mesmo sorriso inocente que oferecera ao gerente minutos antes.

***

De pé em frente a uma enorme estante na biblioteca de Hogwarts, Mel procurava pelo livro “Lugares Mágicos e Suas Características Naturais”.

- Quanto tempo o Hector vai demorar até te desculpar? – Danna perguntou, enquanto indicava os meninos, sentados em uma mesa no canto oposto da biblioteca.

- Não sei – Mel respondeu, de mau humor. – Mas não estou preocupada. – O brilho lacrimoso nos olhos da menina a desmentia. – Eu já pedi desculpas, o quê ele quer mais?

Mel olhou por sobre o ombro, mirando Hector, que naquele momento levantou a cabeça e a olhou com expressão mal humorada.

Danna suspirou, desistindo do assunto, pelo menos por enquanto. Pegou a esmo um livro daquele setor. Folheou-o, sem se deter em nenhuma página, até que um desenho chamou a sua atenção:

- É um lugar como esse que está procurando?

Deixando o exemplar de “Lugares Mágicos” de lado, Mel olhou para a figura que a amiga indicava. Uma Ilha, cercada de mar e névoa. A figura dava uma sensação de sufocamento, como se a neblina fosse uma cortina se fechando sobre a ilha e seus habitantes.

- Pode ser. – Mel respondeu, animada. Olhou para o que estava escrito em baixo, e sua alegria murchou. – Oh, não! Está na sua língua.

A irlandesa riu, sendo seguida por Mel. Mesmo tendo durado pouco e ter sido muito baixinho, Madame Pince ouviu. Um “shiiiiiiiiiiiiiii” saiu de seus lábios apertados e expressão zangada para as meninas.

- Será que ela sempre foi assim? – Danna falou, como quem pergunta para si mesma.

Na cabeça de Mel, surgiu a imagem de Harry e Gina fugindo da biblioteca com seus próprios livros atrás deles, batendo em suas cabeças. Como não queria ter semelhante fúria contra si, reprimiu o riso e disse, com um sorriso:

- Pode ter certeza disso. – Forçando-se a ficar mais séria, apontou para a figura: - Então, o que diz a legenda?

- “Avalon, momentos antes de ser engolida pelas brumas”. – Danna traduziu.

- Avalon existiu? – a corvinal estava surpresa.

- Existe – Danna a corrigiu. – É um local muito escolhido para viagens de lua-de-mel.

- Hem?!? – Mel estava cada vez mais confusa. A expressão de assombro em seu rosto era cômica.

- Verdade. Desculpe, às vezes esqueço que você nasceu trouxa. Há uma passagem secreta na Abadia de Glastonbury, somente bruxos podem abri-la.

O queixo de Mel caiu. A menina ficou com os olhos arregalados para a figura, em total silêncio, até que Danna o quebrou:

- Acho que isso significa que nossas pesquisas se voltaram para Avalon...

***

Felipe descobriu que não havia nenhum feitiço de chaves trancando a porta do quarto 313. Ou os bruxos eram muito descuidados, ou a hóspede “deste” quarto em especial era.

Entrou. No teto, várias luzinhas móveis mantinham o lugar iluminado. Ainda bem. Porque não sabia como ia se virar se o quarto estivesse às escuras. Bruxos não usavam lâmpadas e interruptores.

Vasculhou o quarto a procura de vidros com conteúdos suspeitos. Como deveria ser a aparência de uma poção do amor? Olhou nas estantes, armários, na escrivaninha e gavetas. Vinho de flor de sabugueiro, cerveja amanteigada... Poção para penteados... Nada de suspeito, pelo menos para ele.

Sob um recipiente arredondado de cristal, chocolates.

Romilda Vance havia posto poção do amor em bombons no sexto ano. O alvo era o Harry, mas foi o Rony quem tinha comido os doces. Felipe fez uma careta. Na sua visão de garoto de dez anos, dar uma poção do amor a alguém... Tinha toques de crueldade. Que mente maquiavélica teria inventado uma poção dessas? Que temeridade se apaixonar por uma garota!

Bem... Só tinha um jeito de saber. Pegou um dos bombons e o comeu. Fechou os olhos, esperando pelo pior. Quando alguns segundos se passaram sem que nada acontecesse, os abriu e saboreou outro pedaço.

- Hum... Gostoso. – Pegou outro bombom.

Tinha posto ele inteiro na boca quando ouviu passos no corredor, e em seguida, vozes.

- Eu achei estranho, senhorita Wagtail. – Era a voz do gerente. – O garoto disse que era seu sobrinho, e que estava esperando o pai e a mãe. E, que eu saiba, a senhorita só tem um irmão. Ora, Myron Wagtail não está no Brasil. Ele nem ao menos é casado!

- É, pelo menos não tenho notícias se meu irmão já achou a quarta ou quinta senhora Myron Wagtail... – Resmungou a moça para seus botões.

- O que disse? – O gerente perguntou, interessado.

- Nada – Ela apressou-se a negar, com um sorriso. – Só que é realmente estranho. Não se preocupe, senhor Matiola. Tenho certeza que foi uma brincadeira, só isso. E... – Ela encostou-se à porta, percebendo que estava destrancada.

- Viu? – O gerente exclamou. – Está aberta. Por favor, senhorita, deixe-me olhar o quarto primeiro.

Ele entrou na frente, sendo seguido pela moça. Ambos olharam ao redor.

- Aparentemente está tudo como eu deixei...

- Não sejamos tão apressados, senhorita Wagtail, deixe-me vasculhar o quarto.

Eficientemente, ele olhou debaixo da cama, no banheiro, com a varinha afastou as cortinas e murmurou alguns feitiços anti-ocultação. De dentro do guarda-roupa, Felipe distinguiu um “Accio capa de invisibilidade”.

- Senhor Matiola... – Myra finalmente perdeu a paciência, mas ainda se notava que estava tentando manter a amabilidade com o homem. – Acho que já foi o suficiente para nos certificarmos de que não há ninguém neste quarto.

- Ahá! – O homem apontou para o guarda-roupa, fazendo o coração de Lipe disparar. – Falta um lugar.

Ele abriu as portas e afastou as roupas. O menino fechou os olhos e se encolheu ainda mais no canto em que se escondera.

- Que bom – Lipe ouviu Myra dizer. – Nada e nem ninguém. Agora o senhor está livre para voltar ao seu trabalho...

Ela o conduziu gentil, porém firmemente, até a porta:

- Fico feliz em ter ajudado, senhorita Wagtail. – O gerente dizia, um tanto relutante em sair. – Por favor, diga a seu irmão que sou um grande fã das Esquisitonas...

- Claro. Recomendarei seu hotel, inclusive. – Acrescentou, fazendo menção de fechar a porta.

- Oh, eu agradeceria muito. – Parecia que ele estava esperando justamente por isso, o tempo todo. - Espero que tenha gostado do show de hoje...

Myra abandonou por uns instantes a pressa e o ar cansado, sorrindo verdadeiramente feliz:

- Gostei sim.

Quando a porta finalmente foi fechada, encostou-se a ela, fechando os olhos. Soltou um suspiro de alívio e, após alguns segundos, sorriu satisfeita.

- Gostei muito – Seu olhar adquiriu um brilho sonhador quando disse isso.

Percorreu novamente a distância até o guarda-roupas e afastou alguns cabides para a direita, procurando o casaco que tinha posto à esquerda. Iria voltar para a Inglaterra na manhã seguinte. Faria as malas, deixando apenas a roupa qual a qual partiria.

Ao tirar o casaco longo de lã, percebeu que havia um amontoado no fundo do armário. Pegou a varinha para iluminar o local e...

- Aaaaaaaaaaaaaah! – Os dois gritaram ao mesmo tempo.

A doceira de cristal se quebrou. Myra olhou o estrago, mas girou rapidamente para o menino, ambos ainda arfando:

- Quem é você, bruxinho?

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NOTAS
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(1) Ler Harry Potter e o Retorno das Trevas, da Sally Owens.

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(N/A): Não saiu um capítulo estupendo, mas... Dá para matar algumas curiosidades e tem certas revelações bem interessantes, não? 

Antes que eu me esqueça: o motivo da briga do Hector e da Mel... Vocês vão entender esse negócio melhor no próximo capítulo da Sally, ok? Por isso, fiquem antenados.

Mil agradecimentos à Sally e a Regina, que betharam o capítulo (sim, duas bethando, não é chique?!?).

E, como eu disse para a Grazy, pelo MSN: acabei de inventar um novo “nível” de tamanho de capítulo: “Groupe após a magicazinha dos “Power Rangers” de fazer os monstros crescerem”. Hihihihihi.

Eu sei que está tudo muito confuso... Mas de agora em diante acabaram os mistérios, e as coisas só vão se esclarecer. Entremeadas de muita correria, perigos... Ai, ai... Vamos ver no que vai dar.

A Myra Wagtail foi uma surpresa para mim nesse capítulo. Eu não sabia que seria tão bom “dar vida” a ela. Acho que a personagem vai render muito ainda.

E... Vai ter mais bebê daqui a alguns meses!!! Eu estou fazendo uma pesquisa sobre os diferentes “estágios” da gravidez e... Confesso que o que eu li meio que me deixou traumatizada para uma futura experiência prática, hehehehe! Deus do céu, alguém dê uma medalha para toda a mulher que já foi ou é gestante!

Comentários individuais:

GRAZY DSM: Grande Grazy! Primeira a comentar! Confessa: você estava de "tocaia", esperando eu postar, não estava? (hihihi, brincadeirinha). Morri de rir com o seu "delírio". Ah, drama total! Imagina a uma fã (uma assim, igual a nós, que adoramos HP) perder uma coisa assim! Quanto a musa do Nando: despois que escrevi este capítulo, senti que vou adorar desenvolver a senhorita Myra Wagtail!!! Ela estava meio que abstrata na minha cabeça, mas quando eu pus frases na boca dela... Nossa! A mulher ganhou vida! Impressionante! Especialmente quando ela disse: "Não sei se meu irmão já encontrou a quarta ou quinta senhora Myron Wagtail", hihihi! Eu também estou louca para voltar a escrever mais sobre Hogwarts, sobre os meninos... (e eu sei que você é fã da Danna). Mas não posso atropelar o roteiro... Uma coisa de cada vez. *Belzinha revira os olhos, resignada*. Beijos!

SÔ: Heheheh! Fico feliz, de qualquer forma, que tenha saído do anonimato. Obrigada pelos elogios, mas acredito que os méritos são da tia J.K., que criou esse universo tão interessante. Eu só peguei carona. Eu gosto tanto quanto o pessoal diz que leu o Segredo de Sonserina, e que agora está acompanhando a continuação! Olha, tenho boas notícias: idéias para o Segredo de Grinória e o Segredo de Lufa-Lufa não param de surgir. O que eu torço é que eu tenha forças e tempo para escrevê-los. Ah, está saindo mais divertido escrever sobre essa amiga da Tonks do que eu imaginava! Valeu pelo comentário, viu? Beijos!

SALLY OWENS: Primeiro: seu comentário saiu, sim, inspirado. Segundo: mesmo que não tivesse saído... Ah, tenha dó, você betha os capítulos umas mil vezes antes de eu postar. Não sobra muito que dizer depois disso, não é? (Hehhehehehe!). Quanto ao “Mac”... *suspiros* A idéia surgiu quando eu assisti um DVD com alguns episódios... Realmente, descobri no Mac a versão masculina da Ana. Sério. Fiquei tão impressionada que não pude deixar passar. Quanto às habilidades da Ana... Isso ainda vai dar muito pano para manga!!! Vai ver nos próximos capítulos. Impossível não lembrar da adolescência quando a gente escreve a Mel, né? Obrigada pela torcida! (e pelo apoio, pela bethagem, pela parceria... por tudo!).

LIZE LUPIN: Claro que precisa dizer se o capítulo está bom! (Hihihi) Porque você acha que os autores sempre pedem por comentários? Ainda mais eu, uma amadora cheia de inseguranças!!! Ora, pois! Ah, a parte dos índios foi tirada da edição do mês passado da "Scientific American Brasil". Aliás, tenho que alterar o capítulo anterior, para fazer constar o que é verdade e o que eu "forcei" para encaixar na trama. Siiiiiiiiiiiimn! Se você já leu o capítulo da Sally (claro que já leu, eu sei que você não é boba, hehehe), é exatamente o que estava pensando! (Como percebeu por este capítulo tb). Muito obrigada pelo comentário!

DARK PRINCESS: Ooooooooooooooooooooooi, Ana! Ainda bem que você se identificou, porque não tinha feito isso não. Tudo bem? Que bom encontrar um comentário seu aqui! Que bom que gostou do capítulo. No que depender de mim, os próximos não vão demorar não. (Mas o meu "tico-e-teco" vão ter que colaborar também, hehehe). Beijos!

BERNARDO: Muito fácil, não, senhor Bernardo? O senhor posta capítulo novo quando eu estou escrevendo o meu, e ainda quer que eu não te culpe pelo meu atraso? Pois sim! Hhahahaha! Brincadeirinha. Um abração!

BEL PARKINSON: Adoro quando vejo comentários de gente nova por aqui. Olha, eu estou meio atolada (mal consigo ler e comentar as fics que já estou acompanhando. É um caos!). Mas pode deixar que está anotada. Assim que der eu passo lá, certo? Brigadão!

CHARLOTTE RAVENCLAW: E aí, minha amiga descendente da fundadora "misteriosa" do momento? Hihihi (desculpe, não resisti). Lottie, ainda bem que você desistiu de me perguntar as coisas... Por que você sempre vai na direção certa, é impressionante! Hhahahaha! Juro, meus dedinhos coçam para digitar as respostas, e tenho que usar de toda a força de vontade para não entregar o ouro! Que bom que gostou do capítulo - e dos Weasleys "brasileiros", hehe. Abraços e beijos. A gente se vê lá no Fire!

PRISCILA: Pois é... Perder o nascimento dos filhos do Harry e da Gina é um golpe muito grande para uma fã, você sabe... Hehehe. Olha, o que me salvou nessa crise de criatividade foi já ter pensado nos índios, na Myra Wagtail, enfim... Graças a Merlim! Beijinhos, e obrigada por comentar, viu?

GINA W. POTTER: Bem... Quem sou eu sem as crises de criatividade. Resposta: Sou eu mesma, como quando escrevi o Segredo de Sonserina. Ou seja, um capítulo por semana, e em cada capítulo tinha um pouco de tudo. Confesso que meus capítulos de agora, além de mais demorados, estão um pouco mais pobres. Vamos ver se eu consigo reverter isso, né? (Nossa, você nem falou nada disso, desabafei! Devo ter sentido simpatia por você, hehehe!). Mil vezes obrigado pelo comentário!

BRUNA PERAZOLO: Se você ficou feliz por ter feito dois comentários, imagina eu, Bruna? Hahaha! Que bom que se interessou pela parte dos índios. Vou dar uma "reformulada" no capítulo anterior, para deixar bem claro o que é verdade e o que eu "focei", para se encaixar na trama. Mas grande parte são dados verdadeiros. Calma! Sei que são muitas coisas, e que elas parecem não ter ligação nenhuma entre si. Mas elas vão sendo resolvidas e vão apontar para a mesma direção, não se preocupe! Amo você, Bruninha! Valeu, amiga!

REGINA MCGONAGALL: Hahahaha! Adorei sua preocupação em deixar escapar spoilers!!! Concordo plenamente: vamos comentar pelo MSN. É mais seguro para a gente "tramar" o que vai vir (temos que marcar com a Sally também). Adoro quando a gente faz isso! Beijos!

SRTÁH MÍÍÍHH: Hahahahahahahahahahahaha! Comentário curto, mas simpático! O que eu posso dizer? Tenho que manter vocês curiosos, senão ninguém se interessará mais em ler! Valeu pela leitura, viu? Tchauzinho!

MORGANA BLACK: Sim, pequena padawan... São "Tempos Novos" para os amigos de Harry Potter... Hhahahaha! Que miscelânia eu fiz, agora! Morg, vai me dizer que você não faz o mesmo? Parar em momentos cruciais para manter o pessoal interessado? (Só lembrando daquele final de capítulo, lá na Shooting Star, com aquele "olhar misterioso" na Estação!). Você me mata com os mistérios também, viu? O que achou da entrada de Avalon? No próximo capítulo eu esclareço mais... Beijos!

LAMARCK: Mais um leitor novo! Que legal! Muito obrigada por estar lendo a fic, e por ter comentado! Valeu mesmo!

RIBEIRO: Olha, tudo o que posso dizer é que "destino de Felipe já está traçado". Nooooooooooosa, que mistéeeerio! Hihihihi! Eu ficaria honrada se você quisesse "dar vida" à Ana também. Sem problemas. Beijos!

TRINITY SKYWALKER: Tri, eu fiquei superfeliz com a sua volta! Aliás, adorei o seu capítulo novo. O "seu" Tiago tem um pouco do "meu" Carlinhos? Então isso explica como eu me apaixonei tão rápido pelo Sr. Potter!!! Hhahahaha! Olha, você pode ter ficado um bom tempo sumida (e eu seti muuuuuuuuuuita saudades também, viu?), mas esse comentário... Dei pulinhos de alegria quando o vi! Adoro quando dizem que conseguiram se imaginar, lá, com a Ana. Eu quero isso mesmo! Vocês todos são convidados da Ana nessa visita ao mundo de HP! Ah: Beatles é tudo de bom. né? E eu não paro de agaradecer o presente da Regina. Deixou tudo mais... Mágico! Quanto ao "orelhão": em uma cidade vizinha a que eu moro, é "abelhão". Isso mesmo. Os telefones públicos são em forma de abelha!!! (A cidade se autodenomina "a capital do mel", hihihi). Não sou enciclopédia, não... *ficando sem-graça* Hihihi. Tá tudo na Scientific Amercican Brazil do mês passado... Depois eu edito o capítulo para que isso fique mais claro, hehehe! Olha, essa fã do Nando vai me sair muito divertida. Eu senti isso nesse capítulo: foi gostoso "dar vida" à ela, acho que vai continuar sendo assim. Morrer de abstinência? Nem vem, Tri! Eu não vou aceitar desculpas para vc deixar de escrever a sua fic! *Belzinha surtou* Hahahaha! Beijos, beijinhos e beijões!

.::JALINE GILIOTI::.: Hoje é meu dia de sorte! Perdi a conta de quantas pessoas novas leram o Segredo de Sonserina e vieram ler o de Corvinal! Obaaaaaaaa! *Belzinha totalmente feliz*. Nós brasileiro somos doidinhos, sim. Mas muito cativantes, não acha? Hehehehe! Espero que continue gostando da fic. Valeu!

Agradecimentos especiais aos pedidos "fofíssimos" da Sô e da Srtáh Míííhh de: "ATUALIZA! ATUALIZA! ATUALIZA!". Hahahahaha! Obrigada, meninas!

Bem, até o próximo, e obrigada por acompanharem a fic.

E comentem! Comentem! Comentem!

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