Capítulo 8



“Peço-lhe perdão, Senhorita Granger. Mas são normas da escola essas as quais me refiro. Não quero que pense que nós interceptamos todas as suas correspondências, mas sim as que se referem à integridade física e moral dos alunos. Espero que entenda.”


As palavras de Alvo Dumbledore ecoavam na cabeça de Hermione enquanto tentava processar a informação. A professora Minerva McGonagall estava parada à direita do diretor e a garota podia jurar que a forma como ela a encarava denotava preocupação. Haviam descoberto tudo.


Hermione notou o envelope branco sobre a grande mesa dourada ao centro da sala. Reconheceu o emblema. Uma varinha e um osso cruzados. Certamente o Hospital Saint Mungus havia lhe enviado uma notificação.


- Posso? – A garota mencionou a carta com a cabeça e Dumbledore afirmou.


O lacre de cera já estava rompido, sinal de que a correspondência havia sido lida. Hermione retirou o papel lentamente do envelope.


“Prezada Hermione Granger,


Primeira consulta há 13 (treze) dias. Portadora de magia negra tipo 3 (três).


Recebemos o alerta de piora de estado. Solicitamos retorno assim que possível. Dirigir-se ao 4º (quarto) andar, enfermaria Jano Thickey. Procurar por Mirian Strout.


O Hospital Saint Mungus, honrando o nome de MungoBonham, nosso fundador, tem como lema o total bem estar do seus visitantes. Dessa forma, todos que por aqui passam são submetidos à constante controle por nossos profissionais.


Tenha uma excelente tarde.


                                                                           Diretoria Geral”


Hermione releu a carta por mais três vezes tentando absorver. O feitiço que Gina a ajudara a realizar em seu rosto para tentar amenizar a mancha não tinha mais sentido. Agora já sabiam que estava doente. E o pior, sabiam o quanto era grave.


Assim que terminou a quarta leitura tornou a dobrar o papel, guardou-o dentro do envelope e o pôs sobre a mesa novamente. Colocou as mãos dentro dos bolsos do casaco e olhou para o chão. Não tinha ideia do que dizer.


- Senhorita Granger. – O diretor pigarreou. – Não a chamamos aqui para a submeter à uma situação constrangedora ou algo do tipo. Queremos que a senhorita nos notifique sobre seu estado. Temos profissionais competentes dentro dessa escola que poderiam se dedicar à sua melhora. Entendemos perfeitamente o motivo de querer manter segredo. Mas é nosso dever lhe alertamos que se precisar de alguma coisa, Hogwarts está de braços abertos. – A professora McGonagall afirmava com a cabeça ao lado. – Sabemos também a excelente aluna que demonstrou ser durante todos os anos letivos. Portanto, se ocorrer alguma dificuldade ao longo desse percurso, se é que me entende, nos alerte e saberemos o que fazer.


Hermione levantou os olhos para os dois professores. Sua cabeça latejava e seu estômago se contorcia de náuseas.


- Vi também que Mirian Strout é a curandeira responsável pela senhorita. Posso lhe dizer que está em ótimas mãos. Strout já fez parte da enfermaria de Hogwarts ha um tempo atrás e nunca nos decepcionou. – Dumbledore piscou um dos olhos por cima do seu óculos de meia-lua. – Além disso, a professora Pomona Sprout certamente possui algumas ervas e fungos dos quais se extraem os melhores ingredientes para chás revigorantes. Certifique-se de que ela pode te apresentar alguns. É um bom começo.


- Obrigada Professor. – A garota falou em um fio de voz. Não sabia como deveria se sentir.


- A propósito... – Dumbledore se encaminhou para a mesa, abriu uma das gavetas e tirou de lá outro envelope, dessa vez menor e muito amassado. Entregou-o à Hermione. – Não a abrimos. Só trouxemos pois chegaram juntas.


- Obrigada Professor. – Hermione repetiu, reconhecendo a caligrafia de Harry no envelope.


-


“Disseram que ela se envolveu em uma briga em Hogsmeade”


Hermione ouviu o cochicho a poucos metros de distância dela. Olhou fixamente para seu prato cheio de peixe defumado que Gina havia servido de almoço, pois tinha se recusado a comer. Empurrou a comida para o outro lado do prato.


“Hermione, em uma briga? Acredito mais em uma poção que deu errado”


O grupo de quartanistas especulava a causa da mancha horrível em seu rosto. Tivera que enfrentar inúmeros olhares curiosos pelos corredores. Gina não desgrudara dela por um segundo sequer. Tentava a distrair de todas as formas possíveis.


- Mione, preciso que me ajude em um dever de Métodos em Transfiguração. McGonagall quer um relatório de 2 metros de pergaminho para amanhã. – Disse a ruiva alegremente, tentando abafar os bochichos logo ao lado. Hermione concordou em silêncio. – Quando falavam que o sexto ano era um dos piores eu não acreditava. – Continuou, investindo em puxar uma conversa.


- É, é um dos mais complicados. – Tornou a levar o peixe para o outro lado do prato.


- Nem me fale. Não tenho tempo pra mais nada, estou muito cansada.


Hermione partia os pedaços de peixe em vários pedaços pequenos.


- Você percebeu que Luna e Neville estão cada vez mais...


“Você viu? Que coisa horrível! O que é aquilo?”


De repente, as lágrimas que estivera segurando desde o momento que saíra do dormitório naquele dia brotaram com força. Sentia-se despedaçada por dentro e por fora e seu rosto estava em chamas. Lutou contra si mesma para não soluçar e chamar mais atenção, enxugou seu rosto com o dorso das mãos e olhou em volta, certificando-se de que não haviam percebido.


- Vamos sair daqui? – Gina perguntou-lhe em voz baixa.


- Vamos. – Sua voz estava fraca e sentia que desabaria a qualquer momento. Recolheu seus livros do banco e encaminhou-se para a porta do salão completamente desolada.


Caminhava a passos largos para se ver longe daquele local mais rápido. Queria sumir, ficar longe de tudo e de todos. Abraçou os livros com força contra o peito procurando conforto e atravessou de cabeça baixa o mar de alunos que iam em direção ao grande salão para almoçar. As lágrimas surgiam cada vez em maior quantidade e Hermione sentia arder a parte do seu rosto que estava manchada. No desespero para se ver só em algum lugar seguro, acelerou os passos e trombou em alguém.


- Desculpe. – Sua voz saiu fraca, recobrando a consciência. Levantou a cabeça para olhar o garoto alto no qual havia esbarrado.


- Hermione? – Victor Krum a olhou petrificado.


 


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