Capítulo 5



Três pétalas de Moly para cada gota de Muco de Verme Gosmento. Eram 5 gotas de Muco. Precisaria de 15 pétalas. Esperar ferver até formar as primeiras bolhas. Muito bem, quebrar a Casca de Wiggentree em duas partes. Colocar a primeira com cuidado e logo em seguida, a outra. Esperar 3 minutos. Desligar o fogo e despejar a essência de Ditamno. Deveria formar um caldo azul celeste e límpido. Para sua alegria, era isso que Hermione via em seu caldeirão.


Após criticar Simas por sua poção ter adquirido aspecto de ranho de dragão, Snape passou pela bancada de Hermione e lançou um olhar rápido para o caldeirão. Sem dizer uma só palavra continuou reto, desaprovando uma e outra poção até que terminasse o horário da aula.


Enquanto guardava os ingredientes de sua bancada, Hermione fitou seu próprio rosto que refletia no líquido azul. De repente uma garota surgiu ao seu lado no reflexo.


- Eu e Neville vamos aos jardins aproveitar o nevoeiro. Quer vir com a gente?


- Oh, Luna... – Hermione não pôde deixar de se assustar, como sempre. – Eu preciso devolver um livro na biblioteca. Prometi à Madame Pince que voltaria ao final desse horário. Já estou com ele à alguns dias e ela não tem gostado. – Indicou o livro “Plantas Mediterrâneas e suas Propriedades Mágicas” em cima da bancada. – Encontro vocês depois, tudo bem?


- Tudo bem. Traga agasalho, estará congelante. – E saiu saltitante de encontro à Neville, que a esperava na porta da sala.


Hermione continuou olhando-a, enquanto se afastava. Nos últimos tempos tinha se aproximado muito de Luna. Aliás, Luna tinha se aproximado muito de Neville, e isso fez com que as duas fortalecessem a amizade. Desde que voltaram as aulas, Luna a surpreendera algumas vezes participando de sua turma, apesar de ser um ano mais nova. Ela dizia que se sentia preparada, mas Hermione sabia que era por Neville. Algo meio obsessivo, porém todos ali conheciam Luna o suficiente para não se surpreenderem mais com muita coisa. A aula de Snape coincidia com outros horários da garota, e mesmo que não coincidisse, o professor não permitiria tal comportamento. Portanto, era uma das poucas vezes que ela não estava por perto. Apesar disso, logo que a porta da masmorra se abria, Luna estava por ali, em algum canto.


Olhou em volta e percebeu que estava sozinha. Tirou um frasco de dentro das vestes e despejou o conteúdo do caldeirão dentro dele. Era a primeira vez que tivera a oportunidade de preparar sozinha a poção da qual precisava diariamente e se surpreendera com o resultado. Tinha ficado exatamente igual à de Madame Pomfrey. Guardou o frasco de volta, pegou seu material nos braços e saiu corredor afora.


Andando em direção à biblioteca, pensativa, Hermione prestou atenção em algo que a estava incomodando no subconsciente: Nem Harry, nem Rony a responderam, nem deram notícias. Escreveria outro bilhete para os dois, repreendendo-lhes. Mal sabiam o nervoso que ela estava passando por ter ficado ali, sem saber de nada que estava acontecendo.


Tomou a escadaria que a levava para a biblioteca. Subia degrau por degrau à passos lentos, e olhando para os que ainda restavam, lhes parecia infinitos. Continuou a subida, até que de repente sua visão turvou. Hermione agarrou rapidamente o corrimão e se recostou na parede. Enxergava tudo preto. Com a outra mão palpou as vestes e tirou de lá o frasco que acabara de guardar. Abriu-o violentamente e tomou grandes goles. Estava assustada. Deslizou pela parede e caiu sentada no degrau, respirando ofegante. Dentro de um minuto sua visão começou a voltar, e só então desgrudou sua mão, suada, do corrimão.


~


Madame Pince a viu de longe. Abaixou-se atrás da prateleira e logo trouxe um livro grosso e imundo à superfície, o qual colocou sobre o balcão. Sabia que Hermione havia o reservado. A garota parecia mais pálida que o normal. Também, vive enfurnada aqui dentro, pensou a bibliotecária mal-humorada. Hermione devolveu o livro de Herbologia, assinou em um pergaminho pelo seu novo empréstimo, pegou o livro sujo e foi sentar-se em uma mesa escondida, perto de uma das janelas. Conjurou uma pena e um tinteiro e pôs-se a rabiscar o bilhete.


“Harry e Ronald. Me respondam. Imediatamente.”


Levantou o pequeno pedaço de papel e analisou sua caligrafia borrada. O papel dançava em sua mão, que estava mais trêmula do que nunca.


- Desculpe-me a intromissão, mas... a senhorita já tem par para o baile?


A voz falou ao pé de seu ouvido. Teve a sensação de que mesmo que a escutasse à léguas de distância, saberia de quem vinha. Uma onda de calor percorreu todo seu corpo e parecia que explodiria a qualquer momento. Krum riu baixo.


- Acho que te assustei. – Puxou uma cadeira para mais perto e sentou ao lado, porém de frente para ela.


Hermione olhou para o garoto. Enquanto ela e Hogwarts inteira estavam debaixo de casacos imensos e grossos por causa do frio, Victor vestia somente uma camisa azul marinho de manga comprida que realçava seus músculos e a calça das vestes dos professores. Depois de muitos dias congelantes, foi a primeira vez que a garota lembrou como era sentir calor.


- Acho que você chegou um pouco atrasado. – Ela riu, corando. Rapidamente guardou o bilhete de Harry e Rony dentro do livro novo.


Krum leu a capa do livro.


- “Magia Mui Maligna”. Uau. Sempre me surpreendo com você, Hermione. – Ela adorava o modo como o búlgaro pronunciava seu nome. Era como se remexesse em um saco de lembranças e virasse tudo de cabeça para baixo.


- Resolvi me dedicar um pouco às Artes das Trevas. - Respondeu, brincando.


- Pensei várias vezes em usa-las para que você respondesse as minhas cartas. – Madame Pince chiou lá de longe. – Que tal darmos uma volta? Estou reaprendendo a andar por aqui. – Krum sacou a varinha, agitou-a e fez com que a pena e o tinteiro desaparecessem. Se pôs em pé, pegou o livro de Hermione e estendeu sua outra mão para que ela o acompanhasse.

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