Harry Potter e o plano do chef

Harry Potter e o plano do chef



Harry Potter, chefe da sessão de aurores no ministério da magia, estava tendo um dia difícil no trabalho. Dementadores, que haviam sido banidos do mundo bruxo e mandados para uma região desabitada do Pólo Norte haviam conseguido escapar de sua prisão e estavam aterrorizando comunidades bruxas e trouxas por toda Europa. Não tinha idéia de quem pudesse ter feito isso, acreditava que os próprios dementadores tivessem encontrado um modo de escapar. Recebia chamados de todos os lados e estava trocando informações com aurores de outros países quando a coruja de sua sogra chega com um estranho embrulho na boca. Pensa que deve ser algo que seus filhos tivessem mandado para lhe distrair no trabalho.


Abre o embrulho e a cobra salta sobre sua mesa.


- Harry Potter, cuidado.


- O que significa isso?


Impossibilitada de dar o restante do recado, uma vez que havia esquecido, a cobra sai do anel que a segura e diz:


- Olhe.


Ele percebe se tratar de um objeto transfigurado e reconhece o brilho estranho que vem do interior da coleira. Rapidamente desfaz a magia e consegue ler no galeão as palavras “casa da avó de Neville”. Compreende que o recado via cobra, os dementadores, o chamado da AD estão interligados. Sente-se muito apreensivo. Passa as coordenadas para um colega de trabalho, explicando que iria pessoalmente verificar uma invasão de dementadores próximo a sua casa.


Acreditando que o recado via cobra tivesse sido obra de seu velho amigo e cunhado Rony, que já o havia imitado e reproduzido a linguagem das cobras, segue rapidamente para a casa da avó de Neville.


Harry encontra Hannah no portão da casa, lhe recebe com um sorriso meigo e fraternal. Ele vê pela janela a imagem de sua mulher conversando com uma estranha, os amigos em volta. Ela lhe lembra, imediatamente, Tom Riddle na juventude, os mesmos olhos da figura que anos atrás saíra de um diário encantado. Empunha a velha varinha de fênix com força. Hannah segura sua mão e diz:


- Nem tudo é o que parece. Fique calmo, o perigo não está aqui.


Entra na casa e é apresentado a Flora. Ela lhe explica tudo o que estava acontecendo, pede que ele mesmo veja no fundo de seus olhos, suas memórias para confirmar que estava falando a verdade.


Harry conta aos outros a situação no país, confirmando o que já sabiam: Lúcio Malfoy estava espalhando o caos em sua busca por Flora.


Ela se aterroriza:


- Mas se estão maltratando gente inocente só para me encontrar, vamos até eles, deixem que me encontrem e eu os faço desistir. Precisamos fazer algo logo antes que o tio Lucio perceba que ele não precisa de mim, depois de toda essa demonstração de poder.


- Flora tem razão. Mas não podemos mandá-la se entregar assim. Não tem treino de combate. (Pondera Neville).


- Mas vocês podem me usar como chamariz, pelo menos para concentrar os comensais e os dementadores em um único local, para combatê-los. Vamos à mansão dos Malfoy, eu conheço o lugar e Lúcio deve me esperar lá. É um modo de ficarem todos no mesmo lugar para serem pegos.


- Você não tem medo?


- Claro que tenho. Mas devo isso a todos. Eu quem causei essa confusão. Só peço a você, Hannah, que fique fora de tudo isso, pois não posso conceber a idéia de expor seu bebê ao perigo.


- Ficarei. Mas antes vamos lhe ensinar um pouco mais sobre ataque e defesa, enquanto os outros tentam contatar mais ajuda.


Harry e Gina ficam com Flora para lhe ensinar. Os outros saem em busca de ajuda. Após horas de treinamento, vão até a cozinha para descansar e fazer um lanche. Gina aparenta um leve desconforto com a identificação que o marido tem com Flora, uma cumplicidade de olhares. Flora aproveita para pedir a Harry que lhe conte sobre seu pai. Harry oferece a ela que entre em suas lembranças, para poder ver com os próprios olhos tudo aquilo que ele vivera e o que ele vira na penseira de Dumbledore.


Flora vê tudo rapidamente, até o confronto final entre Harry e Voldemort. Fecha os olhos e deixa lágrimas caírem.


Harry interpreta mal suas lágrimas:


- Como pode chorar pela morte de um homem que nem conheceu e você mesma viu o quanto era mau?


- Você não compreende... Penso que se, talvez, ele tivesse tido uma família, o amor de sua mãe, tivesse conhecido a verdadeira amizade... Talvez ele tivesse sido diferente...


- Não consigo acreditar nisso... Ele sempre foi mau, você não viu o encontro dele e Dumbledore no orfanato?


- Vi... Eu também já senti ímpetos de maldade, vontade de subjugar pessoas com meu poder... Mas minha educação e ética, tanto pessoal como profissional me impediram. Consigo me colocar no lugar das outras pessoas, sentir o que sentem. Meus pais me ensinaram, sempre tive muito amor. Devo muito ao Sr Lestrange por ter me mandado para longe...


Ninguém a compreenderia: passara anos imaginando quem seriam seus pais biológicos, fantasiava que seriam pessoas pobres, talvez imigrantes clandestinos ou refugiados de guerra, pessoas bondosas, mas sem condições financeiras de criá-la. Talvez artistas de circo, uma vez que suspeitava que seu dom tivesse mesmo sido herdado dos pais, uma vez que ela própria passara alguma magia para seus filhos, ou talvez fosse alguma mutação genética, já que seus sogros nada tinham de magia e seu marido, Felipe, era especial. Tudo que sabia era que tinha sido trazida da Inglaterra com menos de um mês de vida. Não se classificava como bruxa, a não ser por brincadeira, não até aquele dia em que conhecera o Sr Lúcio Malfoy. Mas era uma bruxa. Seus pais foram bruxos e foram maus. Não havia como negar. Agradece, em pensamento, mais uma vez ao Sr Lestrange por tê-la mandado para sua família brasileira, talvez se tivesse crescido num orfanato, como seu pai, onde sua bruxeza fosse incompreendida, acabaria se tornando má, como ele...Por que ninguém compreendia? Não compreendiam, mas tampouco a odiavam.  Harry lhe contara: Lord Voldemort matou seus pais e tentou matá-lo mais de uma vez, Belatriz Lestrange matou seu padrinho, torturou os pais de Neville até a loucura, ambos mataram e mandaram matar muitas pessoas inocentes. A mãe de Hannah foi uma delas. Não tinha orgulho disso. Mas sentia um certo carinho pelos dois, lamentava por não terem a mesma oportunidade que ela de aprender os valores certos. E intimamente, era grata por ser uma bruxa, por eles terem dado esse dom a ela – não sabia se dom era a palavra certa, mas era a única que lhe ocorria. E finalmente conhecera seu lugar, não precisava mais fingir normalidade, se adequar. Era isso.


Os outros retornam a casa e avisam que está tudo pronto. Harry dá as últimas coordenadas para Flora:


- Para você ser convincente e conseguirmos juntar todos numa emboscada, é muito importante que você seja o mais teatral possível. Seu pai falava de modo pausado e empostado, fazia gestos exagerados, mas elegantes. Necessitava muito parecer um lord. Jamais olhava para o chão. Chamava seus seguidores tocando com a varinha a marca que eles têm tatuada magicamente no antebraço. Acha que consegue?


- Teatro é uma de minhas especialidades. Onde está a cobra que lhe enviei com a mensagem? Vou levá-la junto, vai ajudar a compor a personagem. Meu pai tinha uma de estimação, não?


- Sim, Nagini estava mais para uma parte dele do que para animal de estimação, um dia talvez lhe explique toda história. Você está segura?


- Vai dar certo. Confie.


Então lhe lança um olhar arrogante e solta uma gargalhada, que lembra aos outros a desvairada Belatriz. Harry dá um passo atrás, contendo-se. Por um momento desconfia que deu poder demais a pessoa errada, ele nem a conhecia.


- Eu não disse que era boa? Quase assusto a mim mesma. (Sorri).


Então muda o tom de voz para o normal e completa:


- Não há o que temer, vai dar certo. Tudo o que quero é paz e minha família de volta.


Flora repassa o plano com os outros. Vão à mansão dos Malfoy em vassouras, assim um grupo já pode ir pastoreando dementadores de volta ao pólo norte. Outro grupo irá cercar e atacar a mansão dos Malfoy, para render os comensais, ao comando de Harry, que irá com Flora ao encontro de Lúcio. Harry mandará a mensagem pelo galeão da AD. Saem na frente de Flora, para abrir caminho e chegar antes dela. Hannah fala:


- Boa sorte, Flora. Você é tão corajosa, nem parece descendente de Slytherin. Se tivesse freqüentado Hogwarts, com certeza pertenceria à Griffindor.


Flora não entende o comentário, mas despede-se sorrindo. Impossível não sentir carinho por Hannah.

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