Desvende, Descubra, Entenda



A porta da enfermaria abriu-se, iluminando o corredor com a luz fraca do sol que entrava pelas janelas enquanto o dia terminava. A maioria dos enfermos havia recebido alta, mas Monique ainda dormia, levemente movimentando seu lençol enquanto se movia inquieta em seus sonhos.
 


Uma figura adentrou aos poucos, com passos um tanto tímidos, espreitando o aposento em busca de pessoas, talvez de palavras mais que de pessoas, pois apenas sua mente fervilhava de informações controversas, seu peito ardia em chamas frias, mas sua boca permanecia seca como sal.
 


Volte, agora. Diziam seus pensamentos em reflexo aos movimentos do corpo, que gritava por uma chance de obedecer ao coração.
 


É o que eu quero, mas não o que devo, não o que devo querer. Era como se, de todas as batalhas, aquela fosse a que mais o consumisse. Cada passo que dou aumenta ou diminui minha vontade de estar neste lugar.
 


Não tenho definições para o sentimento que palpitava em seu coração, tenho definições para o que pululava em sua mente, e aquilo poderia entrar no degrade que vai entre o medo e a paixão, embora, convenhamos, não diferem tanto assim.
 


Seus dedos frios pareciam ainda mais gelados que o ferro das camas, nas quais anteriormente deitavam alunos doentes e podres. Não que o fossem de fato, expresso aqui apenas o pensamento do nosso herói.
 


Herói? Chamo-o dessa forma, pois o considero a principal razão de ainda existir uma Hogwarts para quem possa contar essa história. Mas leiam, vejamos se concordam comigo.
 


Peter Draconiam não gostava de frio, muito menos daquele proveniente do metal. Acostumado ao calor da batalha, ao choque das espadas que jogavam faíscas contra seu rosto, ele repugnava qualquer tipo de sensação como aquela, o frio, o sentimento de perda, o sentimento de culpa, sensações que ele havia banido, mas que, desde que aquela personalidade aparecera em sua vida, trouxera de volta.
 


Sim, ela estava matando-o. Matando-o como ele o conhecia. Já não era o mesmo, amolecera, havia se desfeito em mais pedaços, sua alma... Ela ainda não havia se desfeito por completo, mas não faltava muito para que rompesse um elo dentro dele, se veria obrigado então a deixar, a seguir um caminho que ele mesmo não destinara a si.
 


Ele deveria traçar seu próprio destino e, no entanto, aquela garota agora parecia parte dele.
 


Uma parte que ele estava determinado a queimar.
 


Novamente.
 


O cheiro de metal queimado lentamente atenuou seus pensamentos, era um de seus lugares-comuns, uma sensação da qual ele sentia bastante falta, aliás. Foi seguindo com o instinto seu braço, que ainda estava pousado sobre o ferro que escorria entre seus dedos, o ferro que adornava a cama vazia, a cama vazia ao lado do único leito ocupado.
 


Ele olhou sua mão, sua palma chiava enquanto gotículas de ferro líquido desciam pelo seu braço, transformando-se em vapor a medida que trilhavam seu caminho. Era linda a maneira como o fogo agia. Ele não percebera como os seus pensamentos haviam engatilhado o fogo em seu peito, que correu às mãos, queimando aquilo que tocava, esquentando o ar, criando pequenas labaredas verdes pelas reentrâncias de seus dedos.
 


O fogo é o que me mantém vivo, se essa chama se apagar, nada me impedirá de perecer em batalha. Fechou os olhos, sentindo uma brisa fria que cavalgara muitos quilômetros, ele sabia. Chega de distrações.
 


Ele observou enquanto a última gota morria num chiado morno, como o grito de um cisne, sua última nota antes do adeus. Ele viu o fogo de sua mão se apagar à medida que a calma invadia seu corpo como uma enxurrada que leva para longe os males dos homens.
 


Era hora de enfrentar aquilo que ele pedira ao Fogo Sagrado para que nunca mais tivesse de olhar nos olhos. O seu próprio passado o agourava, como se, de relance, ainda pudesse ver as vestes brancas sumirem pelo rabo de seus olhos. Vestes brancas e brilhantes, cobrindo uma pele pálida e sedosa, de uma mulher que já não andava entre os vivos.
 


Desceu o rosto lentamente, delineando o corpo da garota por baixo dos panos. Sua visão, muito superior a de homem, enxergava as menores dobras no tecido, os pequenos defeitos de fabricação e até mesmo as nuances da cor mal lavada. O cheiro do remédio impregnava o ar, fazendo seu nariz torcer repetidamente, mas ainda assim não conseguindo superar o aroma do corpo da menina.
 


Ele tocou levemente no pé à mostra, sentindo a pulsação, as correntes dos capilares e todo o processo biológico que a mantinha viva, como que se pudesse conectar a ela.
 


Ele sentia a vida, mais, sentia que podia tirá-la.
 


A garota aquietou-se ao seu toque, o que foi uma surpresa, perceber a pulsação, antes rápida e curta, alterar-se para batimentos mais lentos e longos, sentir como se o contato com ele a relaxasse foi quase que um golpe.
 


O rosto de Peter enrijeceu-se, assumindo uma textura de pedra.
 


A garota podia senti-lo, não apenas, mas também acalmava-se à sua presença. Sua respiração diminuíra a velocidade e agora respirava profundamente, sonhando com seres e objetos que não fariam diferença para Peter, ele estava ali não por ela, mas por ele.
 


Ou, ao menos, foi assim que decidira se enganar.
 


Seus dedos traçaram um caminho, descendo por sobre os pés da garota, ele sentia a textura da pele, queria não estar sentindo aquilo, mas seu coração acelerava. A derme macia, a carne por baixo dela era rígida, como de alguém que trabalhava seu corpo, mas não artificialmente, pois ele podia sentir o contato com a natureza.
 


O tecido que a cobria era fino e ele ainda podia sentir quase que o sabor da pele da garota, mesmo depois que, em respeito, passou a tocá-la por cima do lençol, movendo-se agora, estando ao lado dela, tocando suas coxas, não sem pudor, sentindo o tecido de sua camisola fina.
 


Tocou seu quadril, embora um leve rubor tenha subido por sobre seu corpo. Agradeceu que a luz já houvesse se esvaído, pois não queria perceber visualmente como tremiam suas mãos, não de medo, mas de apreensão pelo sentimento que crescia em seu peito. Ele sabia que estava errado, ou ao menos, que deveria se sentir errado.
 


A garota moveu-se, mas nem por um instante ele julgou que houvesse sido por sua culpa, ela apenas houvera se movido, virando seu rosto para o alto, deixando transparecer um sorriso de canto de boca, que parecia característico.
 


Ele se lembrava da garota usando-o diversas vezes, ou talvez fosse apenas sua imaginação.
 


O que importava era que seus dedos subiam ainda mais lentamente nesse instante, tocando sua barriga pouco definida, mas com músculos trabalhados como os de uma dançarina. Ele podia ouvir os sons dos movimentos de seu corpo agora como quem ouve a uma sinfonia.
 


O coração dela seria o maestro, como ele pode definir, ao subir com o dedo indicador por entre seus seios, roçando-a, fazendo-o sentir-se rubro por dentro e por fora, como quem controla um fogo que não deseja ver alastrado. Era um caminho difícil de trilhar, aquele do corpo de uma dama. Havia certas regras que não poderia pular, ele sabia. Subiu então apressado, embora soubesse que a pressa iria fazê-lo julgá-la mal.
 


Tocou o ombro desnudo, no qual apenas a alça da camisola jazia jogada contra o braço, quase que deixando-a descoberta. Com toda educação ele a recompôs, repondo a alça próxima ao pescoço, agora escancarado, da garota. Sua cabeça pendera, deixando à mostra a pele branca de seu colo, no qual ele podia ver as veias vermelhas correndo.
 


Não, ainda não era hora para subir tanto.
 


Desceu então, fechando sua mão lentamente ao redor do braço esquerdo da menina, até que estivessem um com a mão na outra, e que ele pudesse desvendar os mistérios de suas linhas.
 


Conseguia ver os trabalhos, mãos calejadas, especialmente o indicador e o dedão eram mais usados, desenhista, talvez escritora... Não, não, definitivamente desenhista, ele conseguia ver o resíduo das manchas de tinta mal apagadas de um trabalho recente. Sim, desenhista, então. Sua mente vagou, imaginando o que ela desenharia, o que haveria de fascinar a garota.
 


Ele riu.
 


Não era muito difícil, uma vez que ele mesmo a fascinava. Diria, então, que o perigo a fascinava, o defeituoso, o incomum e o imperfeito. Talvez até mais, arriscaria que o medo a fascinava, e o próprio destino.
 


Largando sua mão, ele subiu novamente, sentindo os braços também torneados de uma leve atleta. Tocou-a no pescoço, sentindo o calor do sangue, o aroma e o movimento, que se mesclavam e se diferenciavam a medida que corriam pelas suas veias e artérias.
 


Seus dedos indicador e médio permaneceram alguns segundos mais do que deviam na bochecha rosada da menina, roçando lentamente, enquanto um sorriso demasiado feliz se abria em seu rosto, chegando a incomodá-lo em certo instante.
 


Estava bom, era hora de terminar. Ele já havia descoberto o que queria e mais. Teimava consigo mesmo, negando que deveria ficar e sentir um pouco mais daquilo que lhe fora negado durante tanto tempo.
 


Seus olhos vagaram, tentando não focar em nada, talvez não pensar fosse melhor, talvez ficar quieto, deitado nas brumas do aposento o fizesse chegar a uma conclusão menos ébria.
 


Mas já era hora. A luz corria alta agora, de uma forma que ele não percebera, passara muito tempo, tempo o bastante naquele local, apenas deixando-se levar por aquele sentimento idiota, que agora voltava a corroer seu coração com o frio.
 


Ele aprumou-se, pondo a mão no bolso e retirando uma luva, o tecido de seu casaco roçou lentamente nas costas de sua mão e, por um instante, achou que devesse ficar. Mas o instante passara e agora ele já tinha suas luvas calçadas.
 


Seus passos de saída foram lentos e tímidos como os da entrada, mas dessa vez não tocou em ferro algum e também não pensou que deveria ir embora, mas sim, que possivelmente, sentir-se-ia melhor ao ficar.
 


Deixou de pensar apenas ao atravessar a porta, fechando-a apenas com a força do pensamento, deixando atrás de si a mesma cena de quando chegara, com a diferença de que agora havia lá dentro alguém que sorria.
 


...
 


Harry Potter, o-menino-que-sobreviveu. Esse título perseguia seus pensamentos, onde quer que ele olhasse, para os muros de Hogwarts, para dentro de si, ou para os olhos de seus amigos. Dentro deles, dançando com a menina de seus olhos, ele podia ver a si mesmo, seu rosto queimado, um raio em chamas cruzando seu rosto deformado. Ele sempre seria o-menino-que-sobreviveu ao bruxo das trevas mais perverso conhecido. Não passaria de uma farsa.



- Harry? – Hermione tocou seu ombro, fazendo-o assustar-se, quase que deixando cair a capa de seu ombro.
 


Ele olhou para a garota, indagador, seus pensamentos mal retornando ao fio da meada.
 


- Desculpe. – Ele assentiu, suspirando longamente enquanto tentava reorganizar-se.
 


Seus olhos migraram para frente, olhando por detrás do pano invisível que movia-se lentamente com sua respiração. Ele roçou a mão na capa de invisibilidade, tentando alcançar a maçaneta, lembrando-se de que estivera ali sua primeira vez no primeiro ano, à procura de conhecimento sobre Flamel.
 


A luz que entrava pelas janelas altas nos andares acima parecia nada mais que um leve sombreado, assemelhando o aposento a uma pintura clássica. Os dedos de Harry seguravam a maçaneta e, por um instante, ele ficou admirado com o movimento da luz no metal fosco e um tanto calejado, como se tivesse sido forçado.


 
- Não queria apressar, mas a gente não tem muito tempo até escurecer. – Rony observava o silêncio da biblioteca com olhos arregalados e atentos, medroso como ele poderia ser, temia que a própria coragem faltasse para as próximas ações.
 


Harry abriu a porta com um gemido, sentindo o peito arfar na apreensão de ser descoberto. Com celeridade, ele passou o corpo por sobre uma brecha que se estendia para mais que o necessário.
 


Ele segurou a porta com a mão, esperando os amigos atravessarem.
 


...
 


Hermione delineou a capa de um livro, seus dedos enchendo-se de poeira, um sentimento apertando seu coração. Não tinha problemas com estar na seção reservada, acostumara-se, no meio tempo em que estivera buscando informações quaisquer sobre os irmãos que pareciam ocupar sua mente mais que os próprios estudos.
 


Seu dedo procurava por alguma explicação por entre os defeitos das capas dos pergaminhos acabados e comidos por traças milenares. A poeira estava em todo lugar, ar, chão, em seus pensamentos que pareciam impregnados com o fedor da curiosidade.
 


- Mione. – Harry chamou de outro corredor, sua voz abafada e baixa. – Onde está você?
 


A garota segurou o volume grosso e encouraçado, sentindo o estalar por baixo de seus dedos leves. Torcia para as informações não desaparecem junto com as páginas.
 


A garota seguiu a prateleira até o alto, vendo em frente a seus olhos os flocos cinzentos da poeira no ar, impossível dizer até onde subia aquela estante, podia sentir a estática em seus ouvidos, como quando estamos em um local muito baixo, muito abaixo do nível do mar. O metal que constituía a estante estava fosco pela camada de sujeira que o cobria, mas não aparentava ter mais anos do que a própria menina. O teto era inalcançável, mas a pouca luz que entrava provinha de um vitral, representando os quatro grandes mestres de Hogwarts, e que havia sido exposto apenas uma vez, depois fora trancafiado nessa seção. Era muito mágico, diziam. Quando a luz tocava, o vidro colorido se desfazia em dezenas de cores, que desciam pela poeira. Era uma pena que não pudesse ser visto pelos alunos das casas. Mas Hermione entendia, de certa forma, olhando o vitral, ela podia ver que a luz que atravessava seu vidro não provinha de lugar algum, era produzida espontaneamente.
 


- Hermione! – Rony chamou, sentindo um calafrio. – Vamos, eu quero sair daqui.
 


A garota suspirou. Não queria sair, sentia que aquele era o seu lugar, se sentia bem ali, entre tantas informações. Passou mais uma vez a mão por sobre a capa do volume, espalhando a velhice do papel no ar ao seu redor, tossindo, sentindo as informações expostas grudar em sua garganta com um gosto áspero.
 


Passeou pelos corredores, ouvindo os ecos e apenas os ecos de seus passos, seguindo em direção à porta, onde os meninos a esperavam, desatentos.
 


Harry estava quieto, junto à porta, a capa de invisibilidade dobrada por sobre os ombros, pendendo lentamente para a esquerda, fazendo parecer que sua cabeça flutuava. Rony estava sentado, sem ação, repousando a cabeça em uma estante próxima, parecia com sono, embora fosse difícil definir.
 


- Aqui. – Hermione disse, abrindo o livro numa página antes marcada. – Tome.
 


Ela ofereceu o livro a Harry, que o pegou de bom grado, pondo a mão descuidadamente encima das folhas finas, que crepitaram. O livro era escrito em tinta, com uma pena fina e à mão, muitos borrões haviam sidos apagados ao longo do tempo e algumas palavras estavam manchadas, tornando a leitura difícil, embora o inglês arcaico também não fosse lá de muita ajuda.
 


- Mione? – O rapaz coçou a nuca enquanto uma careta tomava conta de seu rosto. – Se você pudesse ler... Bem, eu não sei ler nada que não seja deste século...
 


Hermione sorriu, tomando o livro oferecido pelo rapaz novamente em mãos.
 


- Desculpe, esqueci... Errr... Veja bem, não é nada de outro século. – Ela folheou páginas que haviam sido despregadas e pendiam por um fio de ouro fino. – Isso é latim.
 


Harry assentiu.
 


- E, obviamente, você sabe ler Latim. – Rony exclamou, olhando surpreso para a garota, seus olhos sonolentos esbugalhando. – O que você não sabe Hermione?
 


- Como manter sua boca fechada. - Ela disse calmamente enquanto apontava a varinha para a tinta seca. – Não preciso saber ler. Reddo!
 


A varinha emitiu um brilho avermelhado, intenso e quente por um instante, iluminando um pouco ao redor. As palavras automaticamente reorganizaram-se, juntando novas letras que iam e vinham além das bordas do papel, vibrando, tornando a tinta seca um mero fantoche do que deveria ser dito, a essência das palavras, Herminone sabia bem, não residia na tinta, e sim, na mente.
 


Quando o movimento abrupto das miúdas letras estabilizou e a pouca iluminação da varinha cessou, a garota devolveu o tomo aos braços do amigo, sentindo, feliz, o peso ser passado de mão.
 


- Magia de Tradução. Quando você pensa que nunca vai precisar... Ela salva sua vida. – Ela sorriu, envergonhada. – Ás vezes é bom ler essas besteiras que o professor Flitwick manda como lição de casa.
 


Harry riu, segurando o braço da sua amiga com carinho.
 


- Você é demais.
 


A garota enrubesceu, sentindo o sangue subir ao rosto.
 


- Leia, bem aqui. – ela apontou seus dedos chegando à metade da página esquerda. – Eu não acreditei quando vi da primeira vez.
 


Primeira vez. Ela vinha invadindo a Seção Restrita havia mais de um mês agora, sempre vinha depois do escurecer, usando a capa da Invisibilidade, levando seu candeeiro, que normalmente repousava na cabeceira da cama e ela finalmente havia posto em uso, não fosse a quantidade de vezes que o usara para ler até tarde. No início, não fizera qualquer progresso, uma semana passou sem que qualquer nova informação aparecesse. Quando ela procurou por tomos aleatórios ficou fascinada pela quantidade de feitiços que jamais aprenderia nas salas, sendo possível que dentre os alunos ela fosse a única a conhecer. Coisas terríveis e magníficas foram arrancadas das páginas, coisas que teria de mostrar aos meninos... Eventualmente.
 


- “... Séculos de guerras foram travadas entre nossas raças...” – Harry começou. – “... Por anos não vimos a luz do dia, pois eles dominavam os céus... Éramos gado, eles possuíam rebanhos de reprodução...” Merlim, olhem para isso. – Harry mostrou-lhes uma figura onde um senhor sentado num trono, tinha acorrentado aos braços do cadeirão sete jovens garotas, encoleiradas com gargantilhas de ouro. – “Pedra dilacerou mais exércitos do que pensaríamos possível.” Pedra? – Harry olhou indagador para Hermione, ela apenas acenou para que continuasse. – “Depois que a Colônia Grega tomou toda a Europa, nós só conseguimos fugir para a Inglaterra e, mesmo aqui, eles nos seguiram.” Grécia? “Os Grande Quatro ainda formulam uma estratégia, mas, no fim, vamos vencer, eu sinto. Merlin, que eu esteja certo.”
 


Ele encerrou o livro, seu cabelo sendo balançado pela força do vento frio do fechar.
 


Seria certo o que havia lido? Uma guerra secular, travada entre essa... Raça e os bruxos. Que tipo de guerra, que tipo de criaturas enfrentaram?
 


- Hermione?
 


Ela tomou o tomo das mãos dele novamente.
 


- Harry Potter, me ajude, como eu diria Pedra em Latim? – Hermione revirou os olhos, como se fosse a pergunta mais boba que ela poderia pensar.
 


Ele pensou que fosse uma piada, esperando que a resposta retórica solucionasse a si mesma. Mas ela esperava uma resposta mesmo.
 


Mesmo?
 


- Hermione? Latim, não é meu forte. Tente Inglês.
 


Ela revirou os olhos novamente.
 


- Pedra, Harry, em Latim é Petrus. – Ela esperou que ele entendesse, mas o rapaz precisava de um esforço. – Petrus em Inglês é Peter.
 


O vento passou levando consigo o som. O silêncio era tão pesado que o toque da luz na poeira parecia formar uma orquestra quieta.
 


- Não, Hermione, não faz sentido.
 


Mas fazia e ele sabia disso. Ele não entendia aonde as peças se encaixavam, onde Peter se encaixava, mas, “Peter”, “Dilacerar” e “Guerra” eram palavras que faziam sentido quando unidas.
 


Hermione folheou um pouco mais o livro. Ela havia obviamente encontrado a resposta para as dúvidas que viriam.
 


- “Pedra Draconiana concedeu-nos uma assembléia, propostas para o fim da guerra seriam expostas. 27 Arquimagos foram à reunião, metade de um voltou. Um corpo queimado sem braços. As palavras sem sentido iam e viam de sua boca. Os dragões, eles ultimum ejus faciet aggredi. Quartus ut protegat nos. – O tempo da magia acabara, as letras voltavam a se embaralhar. – eles farão seu último ataque. Que os quatro nos protejam.
 


- Pedra Draconiana... Peter Draconiam? – Rony sussurrou, como se as moscas não devessem ouvir. – Não, você não está falando sério, certo?
 


Hermione assentiu.
 


- Eu fiquei em dúvida no começo, pois quando Katherine escreveu o seu nome, o seu sobrenome era escrito com um “M” no final, diferente do Latim, onde “Draconiano” é traduzido como “Draconian”, com “N”. Mais depois, ficou claro. Eles foram atualizando ao longo do tempo, mudando o nome, provavelmente possuem diversas identidades.
 


Harry balançou a cabeça, incrédulo.
 


- Hermione, isso é... Improvável. A Katherine... Ela... Dragões? O que é isso, uma seita? Um grupo como os Comensais?
 


A garota fechou o livro e o escorou numa prateleira próxima. Ela bateu as palmas, retirando a poeira que já subia pelos braços.
 


- Não, Harry, dragões são... Dragões, como Norberta ou o Rabo-Córneo Húngaro. Com asas, Focinho e pele escamada e... Olhos em fenda.
 


Olhos em fenda.
 


- Mas como pode ser? Dragões são seres irracionais, eles são animais Hermione. – Rony levantou-se e aproximou dos amigos.
 


A garota suspirou, sentindo um peso em seu peito. Era triste chegar a uma pergunta para a qual ela não tinha resposta.
 


- Eu não sei, ainda não descobri.
 


Eles se olharam, sentindo uma comichão percorrer sua nuca, um calafrio em sua espinha dizia que, seja lá como fosse, aquilo fazia sentido.
 


- Mione, se estiver certo, quer dizer que... Eles são...
 


Ficaram quietos por um instante.
 


- Sim, Harry. Eles são Dragões.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.