Ele fez a mistura Ele fez o mo

Ele fez a mistura Ele fez o mo



Capítulo 21



Ele fez a mistura Ele fez o monstro misturado



Não é como o nosso primeiro beijo, que aconteceu no estacionamento do3 Vassouras. Este foi um beijo cheio de luxúria. De vazia paixão entre dois estranhos que não sabiam nada um do outro. E não foi como o beijo que Córmaco me deu antes que eu viajasse para a Inglaterra. Esse foi, sem dúvida, um pouco desleixado.



Esse beijo é diferente. É impossível descrever. Pelo menos, não sem soar como alguém dos romances da minha Tia Edna.



Então eu fico quieta por um momento, simplesmente apreciando a suavidade de seus lábios se movendo contra os meus, esquecendo-me por um momento de toda a minha dor, minhas preocupações, meus medos e apenas relaxando em seus braços. Tomando a força e o conforto que seus lábios estão me oferecendo. (Okay, talvez eu tenha falado como uma heroína de romance por um momento, me processe então!).



Então, contra o meu melhor julgamento, eu o beijo de volta.



Por um momento, nós somos um. Saboreando, tocando, amando um ao outro. Não há mais problemas de convivência entre humana e vampiro. Apenas dois indivíduos que sentem uma necessidade inegável de se conectarem um com o outro em um nível íntimo.



Insira um grande suspiro sonhador aqui.



Ele se afasta primeiro, corando furiosamente. Eu observo as lágrimas de sangue escapando dos cantos dos seus olhos antes que ele as limpe.



- Sinto muito - ele murmura, voltando a olhar para fora da janela. - Eu não deveria ter feito isso.



Eu fico olhando para ele por um momento, incapaz de falar, sabendo que as minhas próximas palavras podem mudar o rumo da nossa relação para sempre. Percebo que os meus dedos estão agarrando o assento de couro e solto meu aperto.



Penso nas possibilidades. Se eu ficar como uma vampira, não há nenhuma razão para não ficarmos juntos, certo? Quero dizer, nós somos companheiros de sangue; nosso DNA é compatível para que passemos uma eternidade juntos. E afinal, se eu ficar presa como uma vampira, não há mais ninguém com que eu queira ficar presa do que com o doce, perfeito e cuidadoso Draco que beija como um deus.



Pela mesma razão, se eu conseguir recuperar a minha humanidade (e vamos ser honestos aqui, esse é o plano número um), e sendo realista, seria possível manter laços estreitos com uma imortal criatura da noite?



Sério. Quer dizer, como seria ter um namorado vampiro? Pelo que eu posso imaginar, nunca poderia funcionar. Nós não poderíamos casar, por exemplo. (Que data de aniversário ele colocaria na licença de matrimônio?) E depois de alguns anos, eu ia começar a envelhecer e ele ia ficar parecendo um adolescente para sempre. O que as pessoas vão dizer sobre uma velha de sessenta anos de idade com um namorado bonito adolescente? (Bem, além de “Eca”, de qualquer maneira). Quer dizer, o casal Demi e Ashton já é estranho o suficiente. Isso seria muito, muito pior.



E depois tem a questão do companheiro de sangue. O Conselho irá eventualmente atribuir Draco para uma nova e boa companheira de sangue. Alguém com quem passar a eternidade, alguém que não vai envelhecer nem se queixar da artrite. E o que eu vou fazer então? Fazer um trio? De alguma forma, eu duvido que a Sra. Nova Companheira de Sangue queira isso.



Não, não há forma de evitar isso. Não vai funcionar. E provavelmente é melhor tirar o Band-Aid de uma vez só, como se costuma dizer, ao invés de prolongar a tortura. Parar isso. Para esse crescente relacionamento agora – antes que fique mais profundo. Antes que eu me apaixone ou aconteça algo tão ridículo como isso.



- Acho que nós temos que nos concentrar em encontrar o Graal agora - eu digo com firmeza, cruzando os braços sobre o meu peito. Espero que eu pareça confiante e no controle, por que por dentro tudo é dúvida e confusão. Prendo a minha respiração, esperando a sua resposta. Será que ele vai ficar bravo? Ou me pedir para reconsiderar?



Mas tudo que ele faz é balançar a cabeça e posso ver que ele engole com dificuldade.



- Claro - ele concorda, limpando a garganta. - Nós certamente devemos nos concentrar nisso.



Eu fecho meus olhos, apertando-os. Gah! Isso é tão, tão difícil. De repente, tudo o que eu quero fazer é lançar meus braços ao redor dele e continuar de onde paramos. Beijá-lo inconscientemente por toda a noite. Mas isso seria realmente estúpido. Uma satisfação impulsiva que levaria a uma vida de arrependimento.



Eu posso senti-lo olhando para mim, seus belos olhos azuis-acizentados cravados em meu crânio, como se estivesse tentando ler minha mente. De repente, percebo que eu nunca descobri se ele tinha o poder para fazer isso. Espero que ele não tenha. Eu não quero que ele veja a confusão que está girando em minha cabeça.



- Bem, já que estamos aqui - digo finalmente, decidindo mudar para um assunto mais seguro e menos doloroso -, talvez devêssemos sair e apreciar o festival.



Draco olha para fora da janela outra vez, parecendo como se eu tivesse pedido para que ele jantasse o sangue de um agricultor de alho. Eu não o culpo. Eu tenho certeza que a última coisa que ele quer fazer nesse momento é atravessar uma multidão de farristas bêbados, tendo em conta que somos turistas não-mortos, sem nada melhor para fazer.



- Esquece - eu digo, indo para trás. Que se lixe. Eu não quero tornar as coisas piores. Além disso, quanta diversão nós poderíamos realmente ter em nosso deprimente estado de espírito? - Foi uma idéia idiota.



- Não, não - Draco protesta, olhando para mim, sua expressão totalmente ilegível. - É uma idéia muito boa, realmente. Você provavelmente nunca mais terá a chance de experimentar esse caos novamente. Pode também tirar o máximo proveito, certo? Ele tenta sorrir, mas é totalmente uma tentativa indiferente.



- Okay - eu ladeio. - Se você estiver certo...



- Claro, eu tenho certeza. Vai ser divertido.



Eu realmente acreditaria nele, se não estivesse usando essa expressão de morte em seu rosto pálido. Mas antes que eu pudesse fazer objeções, ele orienta o motorista da limusine para que espere e abre a porta do carro.



- Vamos lá - ele diz, e isso soa para mim como uma alegria forçada.



Saímos para a noite. Para a multidão. Para a loucura.



- Aqui não há nada - eu resmungo, não tendo certeza por que eu achei que isso seria uma boa idéia.



Lutamos para caminhar através da multidão, e compramos dois ingressos de um cambista barbudo vestindo uma camisa do time de futebol Tottenham Hotspurs. Então nos dirigimos através das portas improvisadas e entramos no campo. E é aí que minha mandíbula cai aberta em maravilha.



Wow. Tudo que posso dizer é wow.



Sério, você nunca viveu até que você tenha visto cem mil pessoas dançando ao mesmo tempo. O palco parece estar a milhas de distância e os artistas parecem formigas de onde estamos. Mas isso não parece incomodar os festeiros em nossa esfera geográfica. Eles estão dançando como se tivessem ingressos para a primeira fila – saltando para cima e para baixo com a música, gritando muito, e parecendo estar tendo um bom momento.



Eu sorrio, sentindo a minha dúvida e depressão esgueirando-se para longe, substituída por uma compartilhada vibração de excitação. Quero dizer, o quão legal é isso? Nós não temos nada parecido na América. Estes ingleses sabem realmente fazer rock. Estou tão feliz que decido não voltar para o carro.



- Bem, isso é um pouco desconcertante, não é? - Draco grita no meu ouvido, evidentemente, ele não partilha os meus sentimentos entusiásticos. Então, novamente, ele é um vampiro de mil anos de idade, e eu acho que essa mania realmente não é sua cena regular.



Eu, por outro lado, tenho que dizer que estou tendo um bom momento, e ele não vai arruinar tudo. Por que, eu mereço, depois de tudo que passei nessa semana. Sim, eu estou pronta para saltar e esquecer todas as coisas ruins e só descer na pista de dança. (Ou pista de grama, como é o caso)



E isso significa que Draco não está permitido ser um velho conservador e sem entusiasmo que eu posso ver que ele pretende ser. Precisamos colocar nossas diferenças de lado nessa noite. Desfrutar de nós mesmos e de nosso ambiente exclusivo. Afinal, esta pode ser uma experiência única na nossa vida. Eu quero desfrutar dela.



Então, agarro-o pela mão e o arrasto para o meio da multidão.



- Dance! - Eu grito para ele, mas não tenho certeza se ele pode me ouvir por causa da música. Eu começo a dançar, com a esperança que ele faça o mesmo.



Ele revira os olhos e fica parado por um momento, talvez calculando quantos pontos de frieza de vampiro ele perderia se seguisse a melodia no Festival de Glastonbury. Sabendo o que sei sobre o Código Vampiro, tenho certeza que este não é um “comportamento para tornar-se” o próximo rei. Mais ainda...



- Não há ninguém aqui para te ver - eu o lembro. - E eu nunca vou contar! - Pego suas mãos e começo a dançar em torno dele, tentando forçá-lo a se mover. No começo, ele fica parado como uma estátua de pedra, em seguida, começa lentamente a balançar a cabeça seguindo o ritmo. Em seguida, outras partes do corpo seguem.



Primeiramente, ele é desajeitado, só seguindo alguns movimentos. Mas quando a próxima música começa a tocar, eu posso dizer que ele já está pegando o jeito. Um momento depois, ele já está totalmente dançando.



- Whoo-hoo - Eu grito, jogando meus braços ao seu redor em um grande abraço. Eu provavelmente não deveria estar fazendo coisas desse tipo, já que eu estou tentando manter nosso relacionamento em um nível platônico. Mas naquele momento, eu sinto que isto é uma coisa perfeitamente normal a se fazer. E, ei, ainda somos amigos, certo? E amigos se abraçam. Não é grande coisa. Eu o aperto. - Eu sabia que você poderia fazer isso! - Eu digo em seu ouvido.



Ele ri.



- Inferno Sangrento!



Então, nós dançamos. E pulamos. E rodamos. Em um momento, nós dançamos juntos agarrados um no outro como se tivéssemos tendo um encontro num baile. Eu posso dizer pelos olhares no rosto dos outros ravers que eles estão pensando que espécie de casal “antiquado” dança assim em um festival. Mas eu não me importo. Tendo as mãos de Draco na minha cintura, me girando na pista de dança de grama, parece bom demais para mim se preocupar com o que os outros pensam.



Após o que pareceu ser uma hora, nós desabamos, rindo e suados e exaustos, em uma lareira de grama próxima que está livre de pessoas.



- Ufa! - Eu grito. - Isso foi divertido.



- Certamente.



Draco se deita na grama, olhando para o céu escuro. Me junto a ele. É uma noite bonita. A lua está baixa e cheia e é quase totalmente laranja em sua intensidade. Temperatura perfeita e um céu claro, resplandecendo com alfinetadas de luz. Agradável. Sabe, se eu acabar presa como uma vampira por toda a eternidade – e nunca mais poder por o pé debaixo do sol – pelo menos eu vou ter sempre as estrelas para me fazer companhia.



- Eu não dançava provavelmente há uns oitenta anos - Draco admite. - Desde os Roaring Twenties, eu não pensava nisso.



- Sério? - Estou surpresa. Isto é um longo tempo sem dançar. - Nem mesmo no 3 Vassouras?



- Não é para mim - ele admite. - Só por que eu sou um vampiro, não significa que eu esteja na cena Gótica.



- Yeah. Suponho que faz sentido - eu lhe dou razão. - Para que se vestir de preto e desejar estar morto, quando tecnicamente você já está.



Ele sorri.



- Exatamente.



- Bem, sua primeira dança em quase um século – você gostou?



- Muitíssimo. Acho que só esperarei mais uma ou duas décadas para tentar novamente -  diz ele, ironicamente.



- Tanto faz, cara. Estaremos dançando novamente em cinco minutos e você sabe disso!.



- Estaremos, agora? Bem, se você está dizendo isso, deve ser verdade.



Eu rolo para ficar de frente para o seu rosto e ele faz o mesmo.



- Vamos lá, admita. Você se divertiu. Você está morrendo de vontade de fazer novamente.



- Tudo bem, tudo bem. Isso foi muito agradável - ele diz com um pequeno sorriso. - Mas não diga nenhuma palavra para ninguém quando voltarmos para a convenção. Estou tentando construir credibilidade na minha aquisição. E eu acho que “está dançando”, como você tão delicadamente colocou, não irá impressionar muitos sobre a minha capacidade de liderança.



- Quem se importa com o que eles pensam? Quero dizer, que eles se lixem! O que é que eles têm a ver com o que você faz em seu tempo livro? Você é um vampiro, não tem permissão para se divertir ou algo assim?



Ele suspira.



- A Política dos Vampiros é muito complicada. E os nossos sistemas estão em vigor a quase mil anos. A maioria da nossa espécie está estabelecida com suas maneiras e não tem a amabilidade para o modernismo ou os vampiros pararam em seu tempo. É lamentável, no entanto - acrescenta ele, após uma pausa. - Acho que nossa espécie perde um monte de boas noites fora.



- Bem, quando você for rei você pode mudar tudo isso.



- Não é tão fácil assim. Mas vamos ver. - Ele se aproxima e tira uma mecha de cabelo que estava grudado em meu rosto suado. Eu gostaria que ele não continuasse fazendo isso. Acho que é muito romântico para minha comodidade. - Você tem grandes perspectivas na vida, Mione - diz ele, baixinho. - Posso aprender muito com você.



Eu posso me sentir corando e não tenho idéia como responder.



- Obrigado? - atrevo-me finalmente.



Ele sorri, mas não fala. Por um momento, ficamos apenas olhando um para o outro. Pergunto-me se ele vai me beijar novamente, mas ele não faz nenhum movimento. Ele provavelmente está com medo que eu reaja como da última vez. Ao invés, ele fica apenas me assistindo com seus bonitos olhos azuis tristes.



Eu não agüento.



- Eu amo essa música! Vamos dançar! - exclamo, pulando sobre meus pés. Eu realmente não amo essa música, eu nem tenho certeza que música é essa. Ou que banda, para falar a verdade. Mas eu tenho que quebrar o feitiço de alguma maneira e esse foi o único jeito que eu pensei em fazer.



Agarro-lhe pela mão e arranco-o de lá. Ele ri, e juntos voltamos para a multidão. Logo nós estamos dançando novamente e eu estou aliviada ao notar que Draco parece ter abandonado seus pensamentos escuros e parece realmente bastante feliz enquanto se movimenta no ritmo da noite.



* * *



Parece apenas alguns minutos mais tarde, mas deve ser horas, eu olho para o céu. O horizonte está rosado com a luz da madrugada.



- É melhor irmos andando - digo para Draco. - Nós não queremos ser apanhados no sol.



- Só mais essa canção? - ele pede. - Eu amo Oasis.



Eu rio. Foi-se o frio e irônico vampiro que ele finge ser. Agora ele é uma criança em uma loja de doces. Olhos brilhando. Vivos. (Bem, não está tecnicamente vivo, mais você sabe o que eu quero dizer). Missão cumprida.



- Tudo bem por mim. Você é o único que vai ser queimado como uma batata frita - eu zombo.



Ele suspira.



- Você está certa, claro. Vamos lá.



Voltamos para a limusine, que milagrosamente ainda está esperando por nós. Acho que se você pagar alguém o suficiente, ele fica aqui até o Dia do Juízo Final. Tão legal. Eu adoraria um destes motoristas para me trazer de volta da escola todos os dias. Buscar meu almoço na pizzaria local e tê-lo quente e esperando por mim na hora do almoço.



O motorista abre a porta para nós, e entramos. Se eu tivesse uma limusine, no entanto, eu refaria o chato interior. Talvez eu colocasse algumas luzes de discoteca. Tornaria realmente divertido. Pergunto-me, se a MTV nunca arrumou esse tipo de carro.



O motorista entra em seu lado e coloca a chave na ignição. Logo, estaríamos acelerando de volta para o Chateau du Vampire.



- Isso foi muito divertido - eu digo, depois de um longo bocejo, afundando novamente no assento de couro. Estou tão sonolenta repentinamente. Eu acho que muitas horas de dança em um campo faz isso com qualquer garota. Não que isso não tenha valido totalmente a pena.



- De fato - Draco concorda. - Tive um momento fantástico. O mais divertido que eu tive em séculos. - Ele sorri seu tímido sorriso. - Obrigado, Mione.



- Qualquer coisa por você, Draco - eu respondo, tentando manter o humor leve. Eu não posso suportar que ele fique todo sentimental novamente. Ele vai arruinar todo o meu trabalho em manter as coisas em um nível platônico.



Eu fecho meus olhos, fingindo dormir, mais principalmente para evitar olhar para ele. Mas, mesmo com os olhos espremidos fechados, eu posso senti-lo do outro lado da limusine. Seu olhar. Seu desejo por mim. Eu não sei se é uma coisa de companheiros de sangue, mas posso sentir que irradia do seu corpo.



Ele me quer. Eu tenho certeza disso. Tão certa como eu estou que Marshmallow Peep é o melhor doce do universo. E se eu estou sendo totalmente honesta aqui, eu também quero ele. Na verdade, eu gostaria de me aconchegar ao lado dele e trocar doces beijos sonolentos e carícias durante todo o dia.



Mas eu não posso. Eu não posso fazer isso. Eu devo permanecer forte. Romper tudo isso agora, antes que seja tarde. Antes que eu me apaixone.



Abro um olho e dou uma olhada nele. Ele sorri para mim.



Oh, Deus, será que eu já não estou?

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