Um erro de delírio



Capítulo 20



Um erro de delírio



Durmo como uma pedra e acordo quando o sol se põe, sentindo-me bem descansada, embora vorazmente faminta. Abro meus olhos. De alguma forma no meio do dia, Draco mudou de postura em seu sono e agora esta deitado com o braço envolto em mim, abraçando-me a ele. Surpresa com a proximidade e mais do que um pouco desconfortável, contorço-me para fora da cama, acordando-o no processo.



Ele esfrega os olhos sonolentos.



- Já é noite? - ele pergunta.



Eu olho para o relógio de cabeceira.



- Sim. Oito horas da noite em ponto. - Eu me pergunto se ele tem alguma idéia que eu estava em seus braços. Espero que não, pois isso seria muito embaraçoso.



- Excelente. - Ele se levanta da cama e agarra a camisa do chão, puxando-a sobre sua cabeça. - Chegou a hora de irmos para Glastonbury.



Uma vez que nós dormimos com nossa roupa, não temos muito tempo para ficarmos prontos e momentos mais tarde, eu o sigo para fora do quarto e descemos as escadas.



- Como Glastonbury é, afinal? - Eu pergunto quando saímos da mansão. A limusine ainda está a nossa espera, vai entender. Gostaria de saber se o motorista dormiu.



- É um povoado muito calmo, é o lar de muitos artesões e espíritas. - Draco explica quando entramos na limusine. - É pitoresco, na verdade. Ideal para umas férias agradáveis para a maioria dos turistas.



- Legal - eu sempre quis visitar uma dessas cidades estereotipadas do interior da Inglaterra, com casas de pedra e antiquários.



- Uma vez por ano eles fazem um grande festival com grandes nomes da cena musical - continua ele. - As multidões descem para a cidade em massa. Normalmente, mais de cem mil pessoas aparecem, se você puder acreditar. Eles acampam durante três dias em um campo, ouvem música, dançam, e fazem Deus sabe o quê com drogas. É feito para ser muito insano.



- Parece legal. Quando é o festival?



- Oh, não acontecerá até o final de junho ou algo assim. Nunca, em maio.



Eu faço uma carranca, decepcionada.



- É uma pena. Parece uma explosão.



- Acredite em mim, é o melhor. Com cem mil pessoas se aglomerando na cidade, a ordem Druida esconde-se. Nós nunca os encontramos, e assim, nunca encontramos o Graal.



- Ah. Bem, então eu acho que seja uma coisa boa não ser essa época do ano. Obviamente, encontrar o Graal é muito mais importante, do que participar de um grande festival inglês.



- Certamente.



- Ainda assim, seria muito legal se eu pudesse ver. Cem mil pessoas em pé em um campo, todos com uma música. Você não consegue ir a um desses na América. -



Draco para por um momento, e então diz - Se você realmente quer ver, eu posso trazê-la em junho, se você quiser.



Eu olho para ele, completamente surpresa. Ele está fazendo planos de vampiro comigo? Será que ele honestamente acha que iremos sair um com o outro quando eu me tornar humana? É mesmo possível manter algum tipo de relacionamento... de amizade entre um vampiro e uma humana? E se é possível, o que é que eu quero fazer?



Eu quero sair com Draco depois que eu voltar a ser humana novamente? Eu só o conheço a poucas noites, mas se eu estou sendo totalmente honesta aqui, eu meio que gosto de ficar perto dele. Ele é engraçado e interessante, leal e cavalheiro, e gostoso. O que eu não gosto? Então, novamente, o que eu vou fazer quando ele for atribuído a outra companheira de sangue? Será que ele vai me deixar como um dente de alho quente quando o Conselho lhe atribuir uma verdadeira companheira? Sua verdadeira rainha? E como vou lidar com isso?



Não, eu decido. É melhor fazer uma ruptura clara. Depois que eu voltar a ser humana, isso é tudo. Cortarei todos os nossos laços. Esquecerei que os vampiros existem mesmo e voltarei para a minha chata vida normal diária.



- Hm, Mione? Você ouviu o que eu estava dizendo sobre levá-la ao festival? - Draco diz, interrompendo meus pensamentos. Olho para cima. Ele está olhando para a janela escura.



Okay, aqui vai. Hora de fazer a ruptura. Engulo com dificuldade.



- Sabe, Drak, você realmente não tem um...



- Acho que nós podemos ver, afinal.



- Huh?



Draco se inclina para trás em seu assento.



- Olhe pela janela.



Eu passo sobre ele, traçando minhas mãos sobre o vidro e vejo o grupo do lado de fora. Então, eu arquejo.



O festival, pelo que parece, foi adiantado em um mês.


Para onde quer que eu olhe, há pessoas. Todos os tipos de pessoas. Pessoas jovens. Pessoas velhas. Pessoas com dreadlocks. Pessoas com moicanos. Pessoas vestidas com roupas de grife e pessoas vestidas de gótico. Hippies, ravers¹, maconheiros, metaleiros. Toda a multidão nas ruas com um copo de plástico cheio de cerveja.


- Oh, meu Deus - eu grito. - O festival é... agora? - No segundo em que eu faço a questão, eu percebo quão óbvia é a resposta. Estamos no meio de uma multidão de pessoas.



Eu volto a sentar no banco de couro. Ótimo. Simplesmente maravilhoso. Eu viajo todo o caminho para a Inglaterra e acontece que eu estou no único dia do ano, em que os druidas que estou procurando se escondem. Mais uma vez, a minha falta de sorte me surpreende.



- Uau. Isso é uma droga - digo, tristemente.



- De fato - Draco concorda, como sempre ele não é o companheiro de sangue dos mais otimistas.



- O que vamos fazer.



- Bem, não há maneira de encontrar os druidas nessa confusão - ele diz, olhando pela janela novamente. - Eles devem estar escondidos. Nós só temos que esperar.



- Mas já é noite de quinta-feira. E eu vou virar um vampiro no sábado. Isso não nos dá muito tempo.



Draco chega mais perto e aperta meu joelho. Eu sei que ele está tentando ser reconfortante, mas isso é totalmente um não.



- Eu sei, Mione - ele diz. - É um desastre completo. Eu sinto muito.



Eu olho para fora da janela novamente, sentindo as lágrimas nos meus olhos escorrendo pelo meu rosto. De todas as coisas infelizes que poderiam acontecer, este tinha que ser o pior. Minha única oportunidade de transformação foi arruinada por um bando enorme de crianças inglesas ravers. Eles não têm escola? Não tem vida? Por que estão aqui, para arruinar a minha?



Eu tento me resignar a minha vida como vampiro. Não vai ser tão ruim assim, vai? Quer dizer, eu vou ter riquezas além da minha selvagem imaginação e poderes inimagináveis. Isso vai ser divertido, certo? E, ei, se estamos sendo honestos aqui, a luz do sol é completamente super valorizada. Como é a faculdade. E se casar e ter uma família. E...



Oh, o que eu estou fazendo? Não importa como imagine, isso é totalmente um golpe. Eu não quero ser um vampiro. Eu tenho certeza que isso é uma opção de vida para algumas pessoas. Mas não é para mim.



Os soluços vêm com força total agora. Sufocando-me, é um duro golpe de tristeza que atormenta meu corpo. Logo, eu estou chorando tão forte que estou realmente tremendo. Todo esse tempo eu tinha esperança que de alguma forma, o processo poderia ser revertido. E agora que eu sei que estou condenada, a magnitude da minha situação me bate como uma bigorna da Acme do desenho animado Papa-Léguas.



Isso é uma droga.



Isso é totalmente uma droga.



Isto é totalmente, absolutamente e inacreditavelmente uma droga.



De repente, sinto braços em volta de mim, puxando-me para longe do meu poço escuro de desespero e envolvendo-me em um morno e seguro abraço. Eu pressiono a minha cabeça contra o ombro de Draco e apenas deixo ele me abraçar enquanto choro. Deixo que ele esfregue minhas costas com seus dedos enquanto me afogo em soluços.



- Shh, shh - ele me acalma. - Vai ficar tudo bem.



- Não vai ficar tudo bem- eu grito. - Eu vou ser uma vampira para sempre!



- Isso não é necessariamente verdade - ele sussurra. - Nós podemos encontrar um caminho. Ou esperar até o festival acabar. O lugar vai ser completamente evacuado amanhã, isso nos dará tempo suficiente para encontrar o Graal.



Eu fungo, desejando que eu tivesse um lenço de papel para limpar meu nariz. Eu odeio ficar com coriza assim. Eu afasto-me do abraço de Draco, de modo que eu possa olhar nos olhos dele. Ele olha para mim, parecendo solene e preocupado.



- Você realmente acha que nós temos uma chance? - eu pergunto, secando minhas lágrimas com a manga.



Ele acena lentamente.



- Eu acho - ele diz. - E, Mione, eu não quero parecer negativo aqui, mas mesmo se não conseguirmos, o que não acredito que vai acontecer - acrescenta ele, provavelmente em resposta ao meu rosto amassado -, mas no pior dos casos - ele chega mais perto e segura meu rosto em suas mãos. Eu sugo uma respiração. - Eu quero que você saiba que eu nunca vou abandonar você. Eu não vou deixar você se virar sozinha. Se você tiver que ficar como vampira, eu prometo para você agora, que eu vou ser seu companheiro de sangue em todos os sentidos da palavra. Enquanto você quiser ou precise de mim, eu irei mantê-la segura. Você não precisa ter medo. Eu nunca te deixarei.



Esta promessa, esta confissão, o ultimato da bela criatura diante de mim, é quase demais. Meu coração se aperta e tudo rompe ao mesmo tempo. Eu não sei se vomito ou se jogo meus braços ao redor dele.



- O-obrigada - eu murmuro. - Isso significa muito para mim.


Ele não responde. Bem, não com palavras de qualquer maneira. Ele apenas se inclina e me beija.




***




¹ Termo usado para pessoas que dançam em raves. Raves são aquelas festas de música eletrônica.


Capitulos 19 e 20.


03 de Outubro de 2011.


Devo dizer que esse e o próximo são os meus capitulos preferidos... Drak é tão romantico... (suspira)


Enfim... Agora a Fic entrou em reta final... MAS não chorem...


Ainda tem muito mais, e em breve vou postar a história da irmã gótica... AGUARDEM!!

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Comentários (1)

  • Mione03

    Ai como o Drak é lindo,fofo e perfeito!Já disse que se a Mione não quiser ficar com ele, eu fico numa boa!!!A fic é maravilhosa!!!Parabéns mesmo pela adaptação!!! Estou amando a história!!!Até mais!Beijosmione03

    2011-10-07
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