Recuperações



Capítulo 10 – Recuperações


 


POV’s Lílian (do quadro):


 


         Eu acho que nunca chorei tanto na minha vida. Faz exatamente uma semana que Harry está desacordado.


         Sirius tinha conjurado uma cama grande, várias almofadas e travesseiros,  na Sala dos Quadros. Tinha conjurado uma cama ali, bem no centro, porque se ele acordasse qualquer quadro veria, já que tinham muitos Potter para vigiá-lo.


         Não que fosse o caso. Sempre tinha alguém (sem ser quadro) ao lado da cama. Geralmente Adie, que debrulhava-se em lágrimas ao olhar para o corpo do “irmão”, que não dava sinal de vida. Eu também, não podia dizer muito.


         Ele parecia mais pálido do que antes de desmaiar, seus olhos pareciam ter um transparente vivo, mas só os olhos. Ele já não respirava mais e sem coração não batia. Qualquer médico trouxa daria como morto, mas eu tenho esperanças.


         Xinguei pela bilhonésima vez o Ritual do Sangue Mágico, quando, Adie, inesperadamente, abriu um sorriso entre as lágrimas finas que escorriam pelas bochechas.


 


 


POV’s Harry: (uma semana depois de desmaiar)


 


         Pisquei, e isso doeu, como se eu não fizesse isso a séculos.


         Por mais que enxergasse, minha cabeça estava a mil. Sentia tontura, e não conseguia enxergar o vulto a minha frente. Eu não respirava, notei depois de um tempo. Era como se eu não soubesse mais fazer isso, mas reparei que também o oxigênio não fez falta.


         Eu também não conseguia mexer os pés, as pernas, os braços, o corpo.  Também não conseguia mexer a boca, mas a voz também não saía. Eu não escutava, não tinha nenhum som chegando aos meus ouvidos, pelo menos.


         Meus olhos me davam um leve incomodo ao piscar, ficava doendo. Então deixei-os abertos, e para minha surpresa, por mais que não conseguisse demonstrar pela falta de movimento, não era necessário piscar também.


         Depois de alguns minutos, ou me pareceu isso, consegui enxergar. Só o que havia a minha frente, não conseguia mexer a cabeça.


         Mas quem estava ali era Adhara. Seus olhos pareciam um pouco inchados, como se tivesse chorado um oceano. Seu cabelo castanho-avermelhado estava meio de pé, e, mesmo que parecesse ter chorado, sorria largamente para mim.


         Ela abriu a boca e, provavelmente, gritou. Entretanto, eu não ouvi nada.


         Adie abria e fechava a boca, e depois começou a me abraçar, mas eu não conseguia me mexer para retribuir o abraço. Ela bagunçava meu cabelo, gritava, provavelmente, me abraçava. Mas eu só conseguia enxegar quando ela ficava próxima, não podia erguer a cabeça.


         Não podia nada, só enxergar.


         Qual era meu problema? O que estava pensando quando fiz aquele ritual?


 


 


POV’s Adhara:


 


         A felicidade que senti ao ver meu irmãozinho abrindo os olhos, ele está vivo!


- SIRIUS! LENE! REMO! MÃE! PAI! – eu gritava eufórica, e logo eles apareceram. Eu abraçei ele, mas Harry não retribuiu, deveria estar em choque ou algo do tipo.


         Fiz cafuné em seu cabelo, enquanto os outros se aproximavam excitados e os Potter dos quadros espiavam, curiosos.


- Ele acordou? – perguntou minha mãe, Naomi, lágrimas de felicidade.


- Sim! Sim! – berrei feliz e lhe dei mais um abraço e um enorme beijo na testa.


         Todos demos abraços nele, até, finalmente, a ficha cair.


         Ele não se mexeu. Bom, ele tinha piscado algumas vezes, certo?


         Mas ele não se mexeu, nem falou, nem nada, nem piscou de novo. Minha boca entreabriu em pânico.


- Harry! Harry! – gritei em pânico visivel, e os outros me fitaram confusos, mas não dei atenção – Você está me escutando? Consegue falar? Se mexer?


         Ele nada fez, e o outros pareceram entender o que eu queria dizer.


         Eu já ia falar de novo, quando Harry piscou novamente, indicando ainda estar vivo.


         Suspirei. Aparentemente, tinha algo errado com ele.


         E, como se lesse minha mente, Rowena respondeu: (sempre a mais inteligente)


- Eu tenho um palpite – todos olharam para ela, inclusive eu.


         Ela continuou:


- Vocês sabem realmente o que é um Ritual do Sangue Mágico?


         O “não” foi sonoro e em uníssono, de todos.


- Ele faz com que seu sangue fique cheio de magia, e isso aumenta sua magia, seu poder. Claro que tem alguns preços, dor, por exemplo. Vai doer muito, muito na hora de fazer. E, como Harry já era poderoso antes de fazer, sua magia deve ter triplicado. Seu corpo com a descarga repentina de magia, não suportou.


- E então? O que acontece com ele? – perguntou Sirius ansioso e parecendo tão branco quando Tiago, do quadro dele.


- Ele tem duas opções. Por mais que tenha apresentado um melhora agora pouco por ter acordado, pode ter sido momentânea e ele venha a... – Rowena suspirou antes de dizer – ele venha a falecer. Ou – acrescentou rapidamente ao ver as expressões – seu corpo vai recuperar-se ao poucos, tornando-se mais forte, tanto fisicamente como magicamente.


         Subitamente, olhamos para o Harry paralisado na cama.


         Quanto tempo demoraria para ele se recuperar? Afinal, ele tem que se recuperar...


 


 


(Uma semana depois)


POV’s Harry:


 


         Era angustiante ver Adie, Sirius, Lene, Remo, Náh e Merk na minha frente e não poder falar com eles. Em geral, eu só consigo ver o teto da sala onde tem Família Potter em dourado.


         Eu não sei quanto tempo depois, mas minha audição voltou. Parecia mais sensível. Eu podia ouvir tudo. Me assustou no começo, é claro. Eu ouvi uma batida rápida, até me tocar que era o coração de minha madrinha, que estava ao meu lado nessa hora, batendo.


         Não que tivesse adiantado muito. Eu não podia fazer gestos de que estava ouvindo nem falar isso. Somente ficar ouvindo os sons. Às vezes eu ouvia passos no corredor, vozes falando pela casa, ou simplesmente as respirações e batidas dos corações ali.


         Imaginei um suspiro, já que, ainda não conseguia respirar, pelo menos meus olhos não duíam quando eu piscava agora. Gostaria que piscar sinaliza-se que eu escutava, mas acho que não entenderam quando fiquei piscando repetidamente durante meia hora.


 


(Uma semana depois – três semanas depois do Ritual)


 


         Hoje eu tive um avanço, depois de mais uma semana.


         Consegui abrir e fechar os dedos das mãos, o que fez Adie bater palminhas como se eu fosse um bebê aprendendo a dar os primeiros passos.


         Quando ela gritou chamando Náh, dessa vez, eu ouvi e – diga-se de passagem – que gritou bem agudo e alto, para meus ouvidos, agora, sensíveis.


         Não tive mais nenhum avanço depois dessa na semana, apesar de já conseguir mexer as mãos, o que era bom, de certa forma.


 


(Dois dias depois)


 


         Consegui erguer meu tronco do corpo (tórax). Consegui sentar! Enfim, podia ver, ouvir e sentar. Isso era o suficiente para me comunicar com as outras pessoas. Aluado conjurou uma caneta e uma prancheta trouxa onde eu escrevia o que queria dizer.


         A primeira coisa que escrevi? “Bosta”.


         O que me rendeu ouvir uns bons sermões de minha mãe, do quadro dela, de minha madrinha e de Náh, mas elas riram com os outros.


 


(Até o mês de Outubro – sendo que ele desmaiou em Agosto)


 


         Hoje foi um dia muito especial. Eu finalmente consegui tudo.


         Consegui ver, ouvir, me mexer, e, finalmente, falar. Consegui andar, pular, tudo. E o mais importante: usar magia.


         Tentei conjurar um livro qualquer, e bom, deu certo. Quero dizer, tirando o fato de que apareceram dez livros, ao invés de um, deu certo.


         Rowena não brincou quando disse que a minha magia aumentou muito.


         Eu fiz magia sem varinha e pode ver a diferença, quando usei minha varinha de azevinho e pena de fênix, ela praticamente soltou uma explosão, bom, foi mais “manso” do que sem a varinha.


         Quando fui usar Magia Elemental, tentei fazer um leãozinho de fogo aparecer, e, com certeza, não foi um leãoZINHO, que apareceu.


         Fui duelar com Remo, só para testar, e, bom, ele acabou desacordado por vinte minutos.


         Não precisei fazer outras coisas para saber que minha mágica tinha aumentado.


         Outra coisa que me chocou, foi minha aparência.


         Minha pele estava pálida como se eu tivesse morrido. Meus cabelos estavam bem, bem pretos e mais revoltados do que nunca. Eu certamente crescera alguns centímetros, mas ainda era baixo para minha idade, quatorze. E meus olhos não tinham cor, o que fiquei em dúvida entre espanto e confusão. Confusão porque não sabia o que fazer, já que essa cor “incolor” nunca existiu. Espanto porque os olhos era uma das únicas coisa que eu tinha de minha mãe.


         Mas, para minha imensa satisfação, minha metamorfomagia resolveu isso e eu deixei minha pele na cor de antes e meus olhos no verde esmeralda de novo. Porém, eu sempre saberei que aquela não é minha verdadeira aparência.


         Certo, muitas coisas bizarras acontecem quando se faz um Ritual do Sangue Mágico. E acho que ficar dois meses recuperando os sentidos, a mágica e ficar com a aparência bem mudada, são algumas dessas coisas bizarras.


 


Em Hogwarts – 18 de Outubro


 


         Gina suspirou mais uma vez. Nunca mais recebera uma carta de Harry Potter, ou “Black”. Bom, a única que tinha recebido era aquela:


 


“Desculpe.


            H.P.”


 


         Fred e Jorge disseram-na para desistir.


- Você não vai mais achá-lo, Gininha! Nem os bruxos que estão procurando por ele acharam! – foi o que disseram ao ela revelar o que pensava.


         Rony e Hermione pareciam tão curiosos quanto ela, mas não ligavam tanto. ‘Algum dia irão achá-lo’ disseram.


         Claro que muitos Profetas Diários nesses dois meses e meio só falavam sobre ele, sua vida, sobre Você-Sabe-Quem e sua derrota.


         É dificil me recuperar dele. Como se ele tivesse me lançado um feitiço, ou me dado uma poção. Ou eu simplesmente gostasse dele numa paixonite.


         Não. Não é uma paixonite – é mais que isso. Amor, sinto isso. E para me recuperar de meu amor seria dificil, mas não acho que possa viver sonhando...


         Uma coruja branca como a neve bicou meu dedo chamando minha atenção. Desviei os olhos do meu bacon e ovos de café da manhã, e olhei para a coruja.


         Nunca a vi, mas, enfim. Peguei a carta e, me segurei para não sorrir largamente ao ler de quem era.


 


Olá, Gina


            Tudo bem? Sinto não ter lhe escrevido, estava me recuperando de minha saúde.


            Já estou bem, é claro. Espero que me perdoe.


            Desejo um bom dia e um bom estudo. Só peço, por favor, que não conte a ninguém que lhe escrevi. Vejo que o Profeta Diário, o Ministério da Magia e Dumbledore estão atrás de mim.


            Não irão me achar.


 


                                   H.P


 


            E aquele raio verde ao lado.


- De quem é a carta? – perguntou Luna, que sentara-se a mesa da Grifinória esta manhã.


- De minha mãe perguntando se estou bem – mentiu Gina, antes de dobrar cuidadosamente o pergaminho escrito em tinta verde-esmeralda.


         Ela disse que ia ser dificil se recuperar do “feitiço” que Harry lançara nela? Esqueça.


         Ia ser impossivel.

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