Por essa eu não esperava!



Capítulo 2 – Por essa eu não esperava!


 


POV’s Petúnia Dursley


 


  Realmente, a minha vida mudou. Quero dizer, eu não esperava por aquilo, não foi uma surpresa “agradável”. Ela não bateu a minha porta, literalmente.


  Acordei no dia 1º de novembro pressentindo que não seria um dia normal.


 Balancei minha cabeça, claro que seria normal, não seria anormal, como minha irmã.


  Suspirei internamente.


  Por mais que não demonstrasse, eu sentia falta de Lílian. Ah, sentia sim. Minha irmãzinha mais nova. E pensar que eu estragara tudo pois sentira um ciúme infantil. Tudo por que eu não fora bruxa9.


  Cuidadosamente tirei a coberta de cima de mim e caminhei em direção a porta. Iria pegar a garrafa de leite na porta antes de acordar meu filho Dudinha.


  Desci as escadas fazendo o mínimo de barulho possível e andei em direção a porta de entrada.


  Quando a abri, qual fora minha surpresa? Um bebê ali.


  Estava enrolado em algumas cobertas, é ontem estava frio, em cima dele uma carta num envelope branco com uma caligrafia fina e elegante. A tinta era verde escuro.


  Mas essa não foi minha maior surpresa. Aquele bebê certamente que me lembrava alguém. Tiago Potter, o marido da minha irmã, Lílian.


  Os cabelinhos do bebê eram pretos e completamente desgrenhados. Harry, pelo menos sabia o nome de meu sobrinho, já estava acordado e mexia os bracinhos em minha direção. Olhei aqueles olhos, os de Lily, eu os reconheceria em qualquer lugar. Verde-vivo, verde esmeralda.


  Peguei Harry no colo e a carta na mão. Enquanto tentava acomodar o menino em meus braços, abri o envelope e comecei a ler a carta.


 


  Cara Sra. Petúnia Dursley,


 


  Sinto ser a pessoa que lhe da tal noticia. A Sra. Deve estar confusa por achar seu sobrinho a frente a sua porta. Mas receio lhe dizer que sua irmã, Lílian Potter, e o marido da mesma, Tiago Potter, faleceram esta noite, 31 de outubro.


  Um bruxo das Trevas, Lord Voldemort, assassinou-os nesta mesma noite com a Maldição da Morte. Lílian estava se escondendo com o marido e filho, pois tal bruxo estava atrás de Harry. Tentaram lutar, mas não fora possível. Um pouco antes de morrer, Lilian fez uma Magia Antiga e protegeu Harry com amor.


  Esta magia irá protegê-lo até atingir a maioridade, 17 anos no Mundo Mágico. Irá funcionar somente com alguém do mesmo sangue, neste caso a Sra, cuja é irmã dela. A magia protege Harry e, por um feitiço que eu fiz, sua casa. Esse feitiço funcionara enquanto Harry Potter puder chamar essa casa de lar. Caso contrario, os efeitos se perderam.


  Peço-lhe que acolha Harry e o trate como um filho próprio – com amor e carinho, é claro –, pois você é a única família que lhe resta.


  Com os anos, você poderá explicar quem ele é de verdade. Ou seja, um bruxo. Poderá dizer-lhe que seus pais foram bruxos e morreram por mãos de Voldemort, e como ele sobrevivera.


  Explique-lhe também sobre Hogwarts, cujo sei que a Sra. conhece como Escola de Magia e Bruxaria.


 


Cordialmente,


 


   Alvo Dumbledore


 


  Não sabia que estava chorando até sentir as lágrimas pingando do meu queixo e molhando minha blusa.


  Eu odiava Lilian, mas depois disso... Ah. Como poderia odiá-la? Como poderia não sentir pena, ou um pouco culpada?


  Iria cuidar de Harry.


 


Dois anos depois...


 


  Eu ainda cuidava do pequeno Harry, que agora tinha três anos.


  No inicio, meu marido, Valter, não entendia porque eu cuidava do garoto. Como ele mesmo dizia: “Ele é filho daquelas aberrações”. Mas com o tempo se acostumara que o garoto era seu sobrinho e agora o tratava como tal.


  Duda também era relutante, não queria dividir seus brinquedos, queria a atenção para si, mas aprendera a gostar do primo.


  Harry é um bom menino. Não mudara muito a meu ver. Era magricela, meio baixo, usava óculos redondos, o que me lembrava muito Tiago. Os cabelos pretos continuavam indomáveis, bagunçado para todos os lados. Ele tinha aquela cicatriz de raio na testa, que eu ainda não entendia o porque de estar ali, mas depois não ligava mais. E os olhos era o que me fazia sorrir, ainda era completamente verde esmeralda.


- Bom dia Harry – falou Duda quando chegou na cozinha aquela manhã.


  Harry já estava na mesa comendo seu café da manhã, ovos e bacon. Eu estava terminando de fritar mais ovos e preparar mais salsichas. Parei por um instante e coloquei um prato com torradas crocantes, queijo e presunto, salsicha e por fim, bacon para Duda. É, ele comia mais que meu sobrinho.


- Oi, Duda – falou Harry sorrindo. Me lembrava o sorriso doce de Lily.


- O que vamos fazer hoje, mãe? Eu e o Harry podemos ir ao parque aqui perto? – perguntou meu filho.


- Ah, mas é claro – respondi. Não via problema algum nisso, não é mesmo?


- Vamos fazer o que lá, Duda? – perguntou Harry, curioso.


- Não sei, vemos lá, ué – respondeu meu filho tranquilamente.


  Duda e Harry comeram todo o café muito rápido, subiram para se arrumar  e em menos de dez minutos já estavam se despedindo com um breve Tchau!, e correndo para a porta.


  Ouvi a porta bater e soube que eles tinham saído.


  Realmente, a minha vida mudou. Para melhor? Quem sabe.


 


ooOoo


 


POV’s Harry


 


  Duda caminhava animado ao meu lado. Como dissemos para Tia Petúnia, íamos ao parquinho próximo ali.


  Eu não entendia muitas coisas. A primeira: meus pais. Quero dizer, eu morava com meus tios desde que me conheço por gente. Tenho três anos, e, se minha tia não tivesse dito que meus pais morreram num acidente de carro, eu ia jurar que nasci ali. Fala sério!


  Segunda coisa que não entendia: o colar de ave. Eu tenho um colar de uma ave, que eu nunca vira na vida, no meu pescoço. Eu nunca o tiro para nada, desde que eu me lembre ele está ali. Mas ele é, de fato, diferente – por falta de uma palavra melhor. Digo, ele é estranho. Ok,ok, péssima escolha de palavras. Só porque é diferente, não quer dizer que é estranho. Eu sabia bem dessas coisas.


  Mas voltando ao pingente... Ele é DIFERENTE. Com certeza é bonito.


  Eu não sei o nome da ave no colar. Mas é, no mínimo, maravilhosa. É dourada, cheia de detalhes. Você pode ver perfeitamente o bico da ave, e por mais que pareça loucura, as vezes ele abre. Os olhos da ave me encantam, acho que essa é a palavra certa, são da mesma cor que os meus. Na ponta das penas das asas, que por incrível que pareça, se movem toda vez que olho, tem rubis, de verdade, enfeitando.


  E parece que esse peculiar colarzinho sempre sabe meu humor. Se estou feliz, canta uma musica alegre. Se estou triste, canta uma musica reconfortante. Se estou bravo, canta uma musica calmante. E assim vai.


  E por fim, e não menos importante, a terceira coisa que eu não entendo: minha cicatriz. Ela é uma intrusa na minha testa, é isso que eu penso. Uma intrusa, uma não-convidada, uma penetra, uma clandestina.


  Aquela forma de raio perfeito em minha testa. Não entendo como ela parou ali, simplesmente não faz sentido! Mas, de acordo com Tia Petúnia, eu iria saber com o tempo. Quando? Queria poder saber!


  Eu e Duda passamos uma boa parte da manhã no parque, jogando bola.


  Gosto do meu primo, apesar de ele parecer um porco gordo. É, mas fazer o que? Não escolhemos a família. Mas, ele até que é legal. Um pouco mimado, mas legal.


  Perto da hora do almoço, tivemos que voltar.


  A volta foi silenciosa devido ao nosso cansaço. Eu somente olhava para o chão, garantindo que eu não tropeçasse e nem trombasse com alguém, pois veria os pés da pessoa.


  A rua estava estranhamente silenciosa. O dia não estava exatamente bonito. Tinha nuvens no céu, meio escurecidas. Tapavam o sol, não permitindo o calor entrar e a luz iluminar. Um vento batia incomodo em meu rosto. Balançava, ritmado, as folhas das arvores.


  Quando chegamos em casa, Duda abriu a porta e andou em direção a sala, mas estacou de repente. Andei até lá para perguntar o que era, mas olhei para o que ele via.


  Tia Petúnia e Tia Valter estavam encolhidos em um canto da sala. No meio do cômodo tinham três homens. Eles vestiam capas pretas, uma capuz na cabeça e uma máscara – horrorosa, diga-se de passagem – de caveira cobrindo o rosto, não podíamos identificar suas identidades.


  O que me intrigou foi que eles seguravam gravetos e apontavam para meus tios. Bem dois apontavam para eles, um apontava para Duda.


  Não entendia muito bem, quer dizer, o que poderiam fazer com gravetos? Atirá-los em nossos olhos para furá-los? Sem noção!


  Mas o que vi me impressionou, apesar do medo.


  Com um movimento, de graveto, Duda foi arrastado por cordas invisíveis e jogado ao lado de meus tios, que se encolheram ligeiramente.


- Ora, ora. Harry Potter – disse o primeiro homem mascarado.


- Quem são vocês? – perguntei. Minha voz saíra um pouco trêmula, mas alta e sem gaguejos.


- Não sabe quem somos? Que peculiar. Somos os Comensais da Morte. Somos aqueles que irá vingar nosso mestre. Aquele que você destruiu, aquele que você matou – falou outro homem encapuzado.


- O que? Eu não matei ninguém! – exasperei. Ok, ok. O cara, estranho, entra na minha casa, aponta um graveto para meus tios e meu primo e depois fala que eu matei/destruí alguém? Loucura, estou dizendo, loucura!


- Matou sim! Matou nosso mestre, matou o Lorde das Trevas! E agora vai pagar caro! – berrou, sem paciência, o homem. Bem vamos dizer que foi o mané-encapuzado nº 1.


  O mané-encapuzado nº 3 – eles eram isso sim! – virou-se para meu primo, que a esse ponto devia estar borrando as calças, e falou:


- Avada Kedavra! – e uma luz verde em forma de relâmpago, devo dizer, voou até Duda. Quando acertou, ele caiu para trás.


  Ele não se mexia mais. Tia Petúnia deu um gritinho e pegou o filho no colo. Pelo que conseguia ver, Duda estava morto.


  Quem eram aqueles caras?!


  O assassino-encapuzado nº 2 – sim, o “apelido carinhoso” mudou depois dessa! – virou-se para meu tio e berrou com prazer:


- Crucio!


  Tio Valter se contorceu de dor. Deu berros, que parecia um hipopótamo em agonia, e quando aquele tal de “Crucio” parou, ele respirou, ofegante.


  Mas não demorou muito e o mesmo homem que lançara aquilo em meu tio, falou, com um prazer evidente:


- Avada Kedavra.


  E Tio Valter, assim como Duda, morrera.


  Sem cerimônias, o assassino-encapuzado nº 1, apontou o graveto para minha tia e fez a mesma coisa. Por fim, meus tios e meu primo jaziam mortos no canto da pequena sala.


  Ah, mas eu senti uma raiva! Como eles ousam! Entram aqui, apontam esses... Esses... Esses gravetos para minha família, me acusam de matar alguém, e depois eles matam os únicos familiares meus restantes.


  De repente, não sei como, os três homens voaram pela sala e bateram com as costas e a cabeça na parede. Fora uma pancada tão forte, que saía sangue da cabeça. Provavelmente, nem teriam mais memória quando acordarem, se é que iam!


  Eu não entendi o que aconteceu! Quer dizer, o que aconteceu ali! Como, seria a pergunta melhor. Por que, também servia. Aliás, qualquer pergunta servia. Por que, como, quando, quem, onde.


  A única coisa que eu sabia era: não podia continuar ali. De acordo com o que eu entendera, aqueles assassinos-encapuzados queriam vingança. E se a vingança era tão doce e prazerosa como a morte de meus tios, eu não ia querer senti-la.


  Corri para a porta, mas ela estava trancada, não abria com meus esforços, nem com a chave.


  Ok, Harry pensa, pensa..., murmurei em minha mente.


  Corri para o armário em baixo da escada. Tinha um espaço ali. Poderia me esconder, até os homens saírem de minha casa. É eu ia fazer isso.


  Abri a portinha e quando entrei a fechei a trás de mim. Sentei até onde os degraus permitiam e me encolhi até as costas doerem, no canto.


  Estava com medo. Não conseguia admitir muito bem, mas estava.


  Segurei o colar daquela ave dourada em minhas mãos pequenas. Estou apavorado, era tudo que conseguia pensar. Alias, não conseguia pensar muito bem. Tudo estava tão silencioso que podia ouvir meu sangue pulsando furiosamente em minha cabeça, que estava doendo. Conseguia escutar meu coração batendo acelerado como se fosse sair voando de dentro de mim.


  E por fim, as lágrimas quentes e salgadas que saltaram dos meus olhos.


  Chorei bastante. A água salgada das lagrimas manchava minha camisa.


  Olhei para meu colar desejando por tudo que era sagrado sair dali. Pelo amor de Deus!


 Com minha olhadela, sem querer uma lágrima pingara nos olhos verde-vivo da ave.


  A coisa que senti, foi um puxão no umbigo e a visão de dentro do armário em baixo da escada sumindo. Os pés deixando o chão.


  E por fim, meu corpo caindo desajeito num tapete quente.


  Então, a escuridão me envolveu.

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