Descobertas



Capítulo 3 – Descobertas.


 


  Naomi, a elfa real, estava arrumando a mesa de jantar da Mansão dos Potter, apesar de que somente ela, o marido e a filha iriam comer, quando escuta uma pequena explosão vinda do quarto dos quadros.


  Aparentemente, Mercúrio e Adhara escutaram também, pois juntamente com ela correram para a sala em que ocorrera o barulho.


  Quando acenderam as luzes puderam ver que todos os quadros das gerações de Potter estavam curiosos também, e um tanto surpresos.


  Não era por menos.


  No meio da sala, deitado no tapete de linho vermelho, tinha um garotinho. Não devia ter mais que três ou quatros anos. Os cabelos pretos completamente bagunçados, os óculos redondos no rosto. Com certeza era um Potter.


  Mercúrio e Naomi correram para ver o garoto, enquanto Adhara ficava mais atrás observando tudo curiosamente.


- Como será que ele veio parar aqui? – perguntou Naomi.


- HARRY! – gritou um dos quadros de repente.


  Todos viraram-se, inclusive as pessoas dos quadros, para a mulher.


  Ela estava em um quadro meio grande, de moldura dourada. Era ruiva, uma expressão um tanto surpresa e preocupada, os olhos verdes esmeralda estavam marejados. Ao seu lado, o marido da ruiva, os cabelos bagunçados, olhos esverdeados, os óculos redondos, e um sorrisinho.


- Harry? – perguntou Mercúrio – Seu filho, Lilian?


- Sim, sim. Filho meu e do Tiago. Harry Tiago Potter e por enquanto ultimo herdeiro vivo dos Potter – respondeu Lilian.


  Todos viraram-se para ver o garotinho, quando ele fez sinal de acordar.


  Harry piscou várias vezes antes de abrir os olhos, para se acostumar com a luz. Ajeitou melhor os óculos e olhou em volta.


  Estava numa grande sala redonda. Em cada parte da parede tinha um quadro. Alguns pequenos, médios e grandes. Mas ele pode reparar que cada quadro tinha um moreno de cabelos bagunçados e uma ruiva ao lado. Todo quadro era um casal assim.


  Exceto um quadro, o maior ali (mas na verdade tinha um do mesmo tamanho ao lado). No quadro tinha um homem loiro e uma mulher de cabelos loiro-dourados. O quadro ao lado, que também era o maior ali, seguia os padrões dos outros quadros, cabelos pretos e desgrenhados para o homem, e cabelos ruivos para a mulher.


  Mas ele não estava sozinho na sala, bem tirando os quadros, que estranhamente se mexiam.


  Uma mulher, um homem e uma garotinha estavam parados um pouco mais a frente olhando um pouco curiosos para ele.


  Todos os três tinham a pele num tom de cor que parecia ter pegado um pouco de sol.


  A mulher tinha cabelos castanhos-claros, olhos castanho-chocolate, além de um sorriso gentil. Usava um bonito vestido longo que ia até um pouco abaixo dos joelhos, era branco e liso.


  O homem tinha cabelos meio avermelhados, os olhos de uma cor azul piscina. Vestia uma roupa bem comum, uma calça jeans azul e uma camiseta preta.


  A garota, que devia ter uns dez ou nove, parecia a mais curiosa. E com certeza era filha do casal. Tinha os cabelos num castanho-avermelhado, olhos azuis, sendo que nas bordas eram castanhos. Sua roupa era um vestido rosa florido, que ia até os joelhos.


  Todos esses três poderiam parecer normais, se não fossem as orelhas meio pontudas.


- Quem são vocês? E... Onde estou? – perguntou Harry olhando novamente em volta.


- Eu sou Naomi Real, este – indicou para o homem – é meu marido Mercúrio Real, e – indicou para a menina – minha filha, Adhara Real. Você, Harry, está na Mansão dos Potter, em um lugar um pouco mais afastado de Londres, mas não muito distante. Enfim, as pessoas não podem achar esse lugar, a não ser que algum Potter dê permissão, ou já tenha entrado aqui.


- Ok... – disse ele meio hesitante. Voltou a olhar para Naomi – Como sabe meu nome? E, aliás, como vim para aqui?


- Bem, sua mãe sabe seu nome, Harry – dessa vez quem respondeu foi a menina, Adhara.


- Minha mãe? Ora, mas como é possível? Quero dizer, ela morreu – falou simplesmente.


  Mas ele conseguia acreditar em tudo que falassem agora, só de ver as pessoas dos quadros se movendo.


- Sua mãe é uma das ruivas em um dos quadros – falou Mercúrio.


- Ah, então, se deduzi bem, esses quadros são gerações e gerações de Potters?


- Sim, deduziu perfeitamente. Agora, consegue descobrir quem é sua mãe e seu pai? – perguntou Naomi sorridente.


  Harry começou a analisar todos os quadros. Era difícil.


  Todas as mulheres eram ruivas, a única diferença eram algumas feições, algumas tinham sardas, e as cores diferentes dos olhos. Todos os homens pareciam iguais. Óculos redondos, cabelos pretos e sorriso no rosto.


  Mas tinha uma mulher ruiva que mais chamava sua atenção. Ela estava em um quadro grande, não o maior é claro, mas grande, de moldura detalhadamente dourado.


  Ela sorria largamente. Os olhos verde-vivo estavam meio lacrimosos como se fosse uma grande emoção tudo isso. O homem ao seu lado a abraçava pela cintura e sorria para Harry.


  Ele se aproximou devagar e sorriu. Virou-se para Naomi e disse:


- Estes são meus pais.


- Tem certeza? – perguntou não conseguindo conter um sorrisinho.


- Tenho. Eu sou parecido com meu pai, mas parece que todos os Potters aqui são parecidos, então tive que deduzir a partir da minha mãe. Mas fica meio difícil, pois não sou ruivo e todas as mulheres aqui são ruivas. Mais essa aqui é a única ruiva que tem olhos verdes. E olhos verdes iguais aos meus – finalizou confiante de que estava certo.


- Muito bem, Harry, querido – falou Lilian Potter, orgulhosa.


- É, conseguiu descobrir bem – concordou Tiago risonho.


- Mas ainda não entendo como vim parar aqui.


  Lílian analisou o colar no pescoço do filho. A fênix dourada.


- Está vendo esse colar que você está usando, filho? – perguntou Lilian, ela prosseguiu depois de ver o filho assentir positivamente – Eu coloquei em você pouco antes de morrer. Essa ave é uma fênix. Foi passada de Potter para Potter. Ela é uma chave para a Mansão, uma chave para um Potter que nunca entrou aqui, entende?


  Ele olhou bem para a tal fênix. Naturalmente, ela se mexia.


- Entendo. Bem, isso explica muitas coisas. Principalmente, a parte em que magia existe – falou animado.


- Ora, mas é claro garoto. Todos aqui são bruxos – falou alguém. O loiro, o único, do quadro enorme. Ao seu lado a loira de cabelos meio dourados.


  Harry se aproximou e leu em baixo da moldura do casal: Salazar Slytherin e Helga Hufflepuff.


- O que faz aqui? Você não é um Potter.


- Boa dedução, menino – ironizou. – Claro que não sou um Potter, mas sou criador da Sonserina e criador de Hogwarts.


- Ah, imagino que Helga tenha sido uma criadora com você – falou Harry.


- Por que acha isso? – perguntou Salazar mal-humorado.


- Não acho que você tenha inteligência o suficiente para criar algo sozinho – disse dando de ombros.


- Ah, moleque, se eu pudesse sair daqui, ia ter estrangular – falou o loiro raivoso.


- Pois tente – desafiou, antes de, infantilmente, mostrar a língua e virar-lhe as costas.


  Caminhou de volta para Naomi, Mercúrio e Adhara, sorridente.


- Ahn... Eu não quero ser... Insensível... Mas... O que.... São... Exatamente, vocês?


  Mercúrio riu um pouco antes de responder.


- Somos elfos reais. Diferentes dos elfos, ou elfos domésticos, somos mais humanos. O que revela sermos elfos mesmo são as orelhas. Claro que temos alguns poderes peculiares. Tipo cura, aparatação em qualquer lugar, entre outras coisas.


- Uuuu – fez Harry admirado. Os olhos brilhando – Bem...


  Harry abaixou a cabeça e sentou-se no tapete.


  Não sabia bem o que ia fazer. Seus pais eram quadros, e seus tios estavam mortos. E agora?


- Me diga uma coisa, Harry, Petúnia nunca lhe disse sobre você? Sobre magia? – perguntou Lílian.


- Não. Na verdade, ela morreu faz pouco tempo. Hoje mesmo pra ser mais exato. Bem, ela não exatamente morreu, mataram ela – falou olhando para baixo.


- Mataram minha irmã?! – quase berrou Lilian. Algumas lagrimas caíram antes dela as enxugar.


- É, mataram. Foram uns tais de... De... Comensais da Morte – falou por fim, quando lembrou-se do nome.


  Naomi e Lilian ofegaram, mas somente Naomi se aproximou rapidamente de Harry checando se estava bem.


- Eles não fizeram nada ruim para você? Não lhe machucaram? – perguntou preocupada.


- Não, não. Foi estranho, uma visita estranha. Estava voltando do parque com Duda, e quando chegamos em casa, Tio Valter e Tia Petúnia estavam num canto e os Comensais lá. Eles ficaram falando que eu matei o mestre e iam vingá-lo, e blá, blá, blá. Depois matou Duda, Tio Valter e Tia Petúnia. Eles estavam bem próximos de matar, mas eu não conseguia sentir medo, não naquela hora pelo menos. Eu fiquei muita, muita raiva. E quando abri os olhos, os três idiotas estavam caídos no chão, tinham voado e batido com muita força parede. Eu ficaria impressionado se quando eles acordassem, se acordassem, lembrassem de algo, a não ser... Que são retardados – finalizou o relato.


  Lílian e Tiago arregalaram os olhos. Comensais!


- Mas eu pensei que os Comensais da Morte estavam presos! Pelo menos... A maioria – murmurou Lilian.


- Presos? Explique melhor essas coisas! Eu não sei de nada! Magia, Comensais, Hogwarts, Sonserina! Que coisas são essas? – perguntou Harry interessado.


  Naomi o puxou pela mão e pediu para sentar no elegante sofá vermelho que tinha ali. Sentou-se ao seu lado e Mercúrio ao lado dela. Adhara preferiu sentar no chão a frente.


- O Mundo Mágico, Harry, é um mundo onde existem lobisomens, vampiros, animais mágicos e, é claro, bruxos vivem nele – começou Naomi.


- Mas tem uma coisa que você tem que entender, Harry, e tem que entender bem. Nem todo bruxo é bom. E alguns anos um bruxo ficou tão mal que ninguém conseguia prendê-lo. Quem ficasse em seu caminho acabava morto. Ninguém sobrevivia a ele. A não ser, você – falou Mercúrio.


- E-eu? – gaguejou o garotinho.


- Sim, você mesmo, Harry. Quando você tinha um ano, Voldemort foi até sua casa, com o objetivo de te matar. Seus pais lutaram para te proteger é claro. Seu pai pediu para Lilian fugir com você, mas não dava tempo, então ela só se trancou no seu quarto. Tiago disse que ia atrasá-lo, mas Voldemort o matou sem piedade. Sua mãe morreu tentando lhe defender, mas Lord Voldemort a matou também. E por fim, tentou matar você.


- Como... Como ele tentou me matar?


- Da pior forma possível. No Mundo Mágico existem três feitiços proibidos. As três Imperdoáveis. Império, a maldição que controla quem é atingido. Cruciatus, a maldição da tortura. E Avada Kedavra, a maldição da morte – surpreendentemente explicou Adhara.


- Mas... Eu sou a única pessoa, que sobreviveu a Maldição da Morte? – perguntou inseguro.


- Sim, a primeira e única. Não existe contra-maldição para o Avada. Se acertar você, é morte, sem duvida – falou Adhara com um olhar de pena.


  Harry sentiu sua cabeça confusa. Parecia estar pesando mais, colocou a mão na testa.


- Está tudo bem, Harry? – perguntou Naomi.


- Me fale mais – pediu ainda meio tonto.


- Quando Voldemort lançou a maldição em você, ela repeliu nele e o matou. Dizem que Voldemort morreu, besteira na minha opinião. Bem, essa cicatriz na sua testa não é comum, só pode ser feita por um feitiço poderoso e letal – falou a mulher analisando Harry. Ele parecia pálido.


- Por que Voldemort estava atrás de mim?


- Existe uma profecia – falou Lílian, do quadro dela é claro – Uma profecia que se refere a você e Voldemort.


- Fale ela – estava confuso demais para pedir um simples por favor.


- Aquele com o poder de vencer o Lord das Trevas se aproxima... Nascido ao fim do sétimo mês... Nascido daqueles que o desafiaram três vezes... O Lord das Trevas o marcara como seu igual... Mas ele terá um poder que o Lord das Trevas não conhece... E um deverá morrer na mão do outro... Pois um não pode viver enquanto o outro sobreviver... Aquele com o poder de vencer o Lord das Trevas se aproxima... Nascido ao fim do sétimo mês... Nascido quando o sétimo mês acabar.


- E ela se refere a mim, então? – perguntou.


  Lílian hesitou um pouco antes de responder.


- Bem... Sim. Poderia se referir a Neville Longbottom, filho de dois grandes amigos meus e de seu pai, Alice e Frank Longbottom. Mas Voldemort escolheu você. Eu e seu pai, então, nos escondemos em Godric’s Hollow. Colocamos na casa o Feitiço do Fidelius.


- Que feitiço é esse? O que ele faz?


- Ele esconde algo ou alguém. É necessário ter um fiel do segredo. O fiel guarda a localização do objeto ou da pessoa. Guarda no intimo dela, é impossível de ser tirado a força, ou seja, só saberão a localização se a pessoa contar, se quiser – explicou dessa vez, Tiago.


- Quem era o fiel? – perguntou Harry.


- No inicio íamos usar Sirius Black, seu padrinho e meu melhor amigo. Mas no ultimo minuto, Sirius deu a idéia de trocar, pois ele seria muito óbvio. Trocamos para Rabicho, Pedro Pettigrew. Outro amigo nosso. Mas Pedro nos traiu, e Voldemort nos achou – falou Tiago.


  Os quadros dos Potter pareciam com pena, não surpresos. Já sabiam da historia daquele peculiar Potterzinho.


  Harry, entretanto, estava explodindo de dor de cabeça. Era coisa demais, acontecimentos demais. Ele só tinha três anos!


- Harry, sei que parece muita coisa... – começou Lilian.


- E é. Tenho três anos, como pode ter acontecido tanta coisa? Em quanto tempo? Um ano?


- Na verdade Voldemort nos atacar foi um dia só – corrigiu Tiago, ele ia continuar, mas viu que não estava ajudando.


- Por que a Maldição da Morte não me afetou? – perguntou Harry para os pais.


- Morri por você, Harry, querido. Por amor. E amor... É muito poderoso. Voldemort não pode te tocar, nem te ferir – falou Lilian simples.


  Harry jogou a cabeça para trás. Podia ver o teto. Era muito bonito. Pendia um lustre de cristal, que pareciam gotinha de água cristalizada caindo. No teto estava escrito ‘Família Potter’ em ouro, numa letra bem curva e redonda.


  Suspirou.


- Ok. Bem, não sei nem mais o que fazer – admitiu Harry.


  Naomi levantou, parecia um pouco brava. Mas quando falou, parecia uma mãe cuidando do filho.


- Como assim? Você vai ficar aqui conosco. Eu, Mercúrio e Adie somos sua família. Aliás, sua família está toda aqui!


  Harry olhou em volta e sorriu com a imagem. Era verdade.


  Podia ver vários morenos e ruivas, sorrindo para ele. Gerações e gerações de Potter. Até mesmo Salazar sorria um pouco.


- Olha, somos elfos reais. Servimos a família Potter a séculos, faz tanto tempo, que eles nos consideram da família. Então, agora que você não tem família, você faz parte da nossa – falou Naomi.


- E Sirius, seu padrinho também não se incomodaria de você fazer parte da família dele – falou Tiago.


- E você também faz parte da família de Remo Lupin, nosso amigo. Ele gostava muito de você e da gente – falou Lilian.


- Os Potter são descendentes de Godric Griffindor – disse o próprio, do quadro dele.


- E de Rowena Ravenclaw, já que ela é casada com Godric – falou a própria, sorrindo.


- E, por fim, você é da família Potter. E, apesar de estarmos em quadros e você ai, somos todos uma família – lembrou Tiago sorrindo.


- Então, você é Harry Tiago Real Lupin Black Ravenclaw Griffindor Potter – finalizou Adie (Adhara) rindo feliz – E você é tão fofinho e baixinho, que você será meu irmãozinho.


  E ela riu mais.


- É, meu nome ficou comprido, mas... Eu gosto – e sorriu largamente.


- Então venha, Harry, estávamos indo jantar – falou Naomi quase saltitando para a porta e passando por ela. Mercúrio foi atrás.


  Mas Adie ficou ali olhando curiosa para ele.


- Você não se importa de ser meu irmão mais novo não é? Sempre quis ter um – e deu uma risadinha.


  Harry brincando fez cara de pensativo.


- Hum... Não sei, não – mas riu – Brincadeira. É claro que não me importo. Mas...


- Mas... – incentivou Adie.


- Melhor correr, antes que Naomi nos arraste para lá – falou Harry, rindo e correndo, com Adie logo atrás.

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