Entre Erros e Acertos




N/A: Ai, naum resisti e acabei escrevendo a nota logo no início. Bem, quanto às coments: gente, vocês não fazem idéia de como eu fico feliz em saber que estão gostando tanto dessa fic. Sinceramente, nunca imaginei que ela teria tanta repercussão. Obrigados à Raíssa, a qual eu infelizmente não pude atender ao pedido porque estou muito, muito atribulada. Dexa eu ver, ao pessoal do msn - eh isso aê, venham falar comigo - e a tds os outros ao qual eu naum pude colocar o nome, pq soh tow entrando na net para atulizar a fic. Uffa. Eh soh.

N/A 2 : Depois de tanta espera....... a volta dos casais!! Ueba!! Vamos, leiam!

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“As bocas úmidas e os corpos ardentes dirão em silêncio o que não foi dito até agora.”




Por um rápido e longo instante não houveram barulhos, ruídos, respirações, nem nada que produzisse som. Ninguém se mexeu, porque todos ainda estavam digerindo informações sobre o que acabara de acontecer. A voz incerta de Courtney ressou como se um vidro frágil tivesse estilhaçado, despertando-os.


- Acho que sim. – respondeu Harry.

A respiração de Courtney foi diminuindo gradativamente, enquanto levantava-se com a ajuda de Cho. Ela analisou a garota, que parecia repentinamente fraca, mesmo que Harry estivesse perfeitamente bem.


- Férula!

Courtney ainda parecia prestes a chorar, porém não queria fazê-lo na frente de Cho e Harry. De alguma forma, ela ainda não sentia-se quieta nem tranqüila com a prova clara que Voldemort havia sido destruído e nenhum dos dois entenderia, caso Courtney tentasse explicar. Limitou-se a falar, apenas para quebrar aquele vácuo insuportável que pairava no ar:


- Harry... – ela hesitou – Você precisa ir atrás de umas garotas que estão lá em cima. Elas estavam com Draco Malfoy e... Acho que Luna Lovegood estava entre elas...

Harry olhou-a incrédulo.


- Você tem certeza que ela estava lá?

Courtney lançou-lhe um olhar cortante, mesmo ainda estando ocupada em sua dor particular.


- Não, na verdade eu estava tentando pregar uma peça em você e eu estou tentando saber como você descobriu. É lógico que ela está lá! Corre, seu desgraçado, esqueceu que parte dessa droga de castelo foi destruído?! Ela não vai esperar para sempre!

Cho repreendeu-a com um cutucão, mas Courtney não se importou.


- E você, Chang, – disse, de forma irritante – devia dar uma olhada naquela sala e procurar pelos Weasley e por Granger. – ela apontou para a sala anteriormente usada pelas duas.

Cho bufou, aborrecida por receber ordens nesse tom de alguém tão desagradável quanto Courtney. Helga não poderia Ter escolhido alguém menos petulante para ser sua herdeira, não?


- Oh, cale essa maldita boca, Thomson. – falou, apesar de obedecer e ir até a sala, que estava vazia e com uma grande cratera em parte de uma parede, por onde ela via todo o lado de fora.

Harry já havia deixado o Saguão e assim que atingiu o segundo andar, percebeu que a maior parte das salas haviam ruído. Seu coração bateu mais forte; quem quer que estivesse acompanhado Luna e Draco ele precisava encontrar rapidamente.

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Snape estava numa saleta do Unidade Anti-Magia Negra de Hogsmeade. A movimentação por ali era grande – muitas pessoas indo e vindo, uma confusão de vozes e sussurros que estava deixando-o louco – e ele procurava por toda parte pelos cabelos louro-platinados de Narcisa.

Então ele a viu-a entrar. Narcisa Malfoy. Ou Narcisa Black?

Ela parecia bastante aflita e angustiada. Snape tinha certeza de que Narcisa havia chorado, porém fingiu não Ter visto as marcas de lágrimas em seu rosto.


- Onde ele está?

Snape suspirou, levantando-se do sofá negro onde estivera sentado.


- Está sendo interrogado.

Ela arregalou os olhos ligeiramente e sua voz tremeu a seguir:


- Ele não vai para Azkaban, vai?


- Eu realmente não sei. – respondeu, tentando não parecer ácido como de costume.

Aquilo desmontou Narcisa. Ela abraçou-o inesperadamente, esquecendo da atmosfera ao seu redor. Danem-se os outros, pensou desesperadamente, porque quem estava sofrendo era ela e somente ela.


- Severo, eu não sei se vou agüentar ver meu filho sendo levado para aquele... aquele lugar.

A voz embargada e abafada de Narcisa fez Snape amolecer. Ele acariciou meio desajeitadamente o topo de sua cabeça que descansava sobre seu peito. Há quanto tempo ele não abraçava ou era abraçado por alguém?

Muito tempo. Respondeu uma vozinha incômoda na sua cabeça.

Narcisa não merecia aquilo. Ela estivera tentando reconstruir sua vida, longe de todo o seu passado e se Draco fosse levado, Narcisa sofreria um grande baque, certamente. Minutos depois ele sentiu que suas vestes negras estavam começando a ficar úmidas e Snape logo percebeu que ela chorava.

Deus, há quanto tempo alguém não chorava assim... nele? Há quanto tempo ele não se sentia assim, em relação a uma mulher?

Muuuuuuito tempo. Retornou a voz em sua mente. “Cale a boca!” ordenou. Foi interrompido pelo barulho de alguém se aproximando. Era um Auror. Narcisa separou-se dele rapidamente, enxugando as lágrimas e levantando o queixo, tentando parecer tão imponente como sempre fora.


- E então? Onde está meu filho?

O Auror olhou de Narcisa para Snape, depois voltando a olhá-la.


- A Marca Negra desapareceu. – respondeu ele – Significa que Você-Sabe-Quem foi derrotado.


- Eu não perguntei isso!

Snape segurou o braço dela, como se dissesse para acalmar-se; Narcisa não lhe deu muita atenção.


- Bem, – ele suspirou – Draco Malfoy vai ser levado para a Unidade de Menores Infratores, numa ilhota próxima de Azkaban.

Narcisa abaixou os olhos, provavelmente para esconder as lágrimas.


- Oh, Deus.

Snape não sabia o que dizer, nem o que fazer. Ele não queria olhá-la.


- Pansy Parkinson, Alice Miller e Jennifer Hills também irão para lá, assim que anoitecer. – continuou o Auror – Estamos apenas esperando alguns membros do Ministério para registrar o ocorrido.


- Eu não vou deixar vocês levarem meu filho! – desta vez ela não se preocupava em esconder o choro. – Terão que levar a mim também!

Ele passou a mão pelo ombro de Narcisa, o mais gentilmente que podia, querendo confortá-la de alguma forma.


- Narcisa...


- Eles não podem, Severo, não podem... O meu filho...


- Desculpe, Sra. Malfoy, mas não há nada que se possa fazer.

Toda a pose da altiva Sra. Malfoy havia sido deixada de lado. Narcisa estava inconsolável; sua única família e a única razão de Ter agüentado Lúcio por tanto tempo era Draco. E agora...

Tudo o que ela mais temia era que seu filho seguisse os passos do pai, mas parecia que de nada adiantara. Ela estava amuada nos ombros de um Snape mais sensível, tentando reconfortar-se de alguma forma.

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Draco estava totalmente insatisfeito com a distribuição de salas para os quatro. Ele e Pansy dividiam uma sala sem nenhuma janela e cheia de proteções, e há pouco tempo haviam sido interrogados por um Auror. Jennifer e Alice provavelmente deveriam estar dividindo outra sala, próxima dali.

Ambos estavam sentados, de frente um para o outro com uma mesa entre eles, apenas se encarando. Por um longo tempo, nenhum dos dois falou nada. Porém Pansy, somente para irritar Draco, foi quem quebrou o silêncio.


- Você não ficou feliz, Draco, por Ter se tornado um de nós? – perguntou, analisando atentamente os olhos cinzentos dele. – É relmente uma honra entrar para o seleto grupo de nosso milorde...

Draco cerrou o maxilar.


- Sabe, eu me tornei uma Comensal por sua causa. – continuou ela, ao perceber que ele não responderia. – Aquele imbecil australiano me prometeu que eu teria você em breve e em troca eu lhe dei um fio de cabelo do lobisomem.

Draco continuou calado, olhando duramente para as feições da garota. Uma completa inutilidade, isso o que ela estava fazendo. A opinião dele sobre ela não iria mudar de forma alguma, por mais que Pansy se explicasse.


- Eu não sei onde ele foi parar, mas ele vai pagar sua promessa. Nem que eu o siga até o inferno...


- Que provavelmente é o lugar para onde você vai. – interrompeu-a.

Pansy olhou Draco por um segundo e então sorriu debochadamente.


- Eu encontro você lá.


- Não, Parkinson. Eu não faço parte do “seleto grupo de vosso milorde”...


- Não? – entortou o sorriso. – E o que é aquilo que tatuaram em nossos braços?


- Desapareceu, sua cega. Quer dizer que o seu “milorde” foi derrotado por Potter, idiota.

Pansy não tirou os olhos de Draco.


- Não importa se Cicatriz o matou. Os herdeiros irão morrer também; ele já havia planejado isso.

Draco revirou os olhos, visivelmente exasperado. Falou, num tom um pouco rude demais:


- E o que isso me importa?


Pansy sorriu com simplicidade.


- Nada, Draco. É só um aviso.

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Logo nas primeiras salas em que Harry procurou, ele não achou ninguém, o que fê-lo buscar um sinal das garotas mais rápida e afligidamente do que antes. Ele estava perdendo as esperanças de encontrá-las tão logo no meio daqueles destroços que eram as salas, mas não tardou para que visse uma mãozinha pequena no meio de escombros.


- Mobilicorpus! – desta vez ele usou sua varinha.

O corpo de Dylan foi suspenso no ar. Harry achou também Luna e por fim, Clarie. Ele tentou reacordá-las, mas elas não reagiam às suas tentativas. Ele apenas fechou suas feridas e levou-as para o andar de baixo, onde já haviam alguns Aurores presentes, entre eles Tonks.


- Hey, Harry. – ela correu até a escada, para analisar seu estado. – Você está bem? Consegue falar? Se feriu demais? Está se sentindo fraco? Quer descansar? – perguntou de uma vez.

Harry piscou.


- Eu estou bem. Elas, não. – mostrou as três.


- Oohh. Tudo bem, eu as levo.

Tonks virou-se, fazendo sinal para um grupo de Aurores que era constituído de duas Aurores e um homem alto e robusto, que logo levou as garotas a um lugar mais afastado de tudo.


- Onde estão Rony, Hermione...?


- Eles estão bem. – garantiu, enquanto ele olhava os Aurores conjurando macas – Agora, por favor, acompanhe-me. Você precisa repousar. Dumbledore disse que você deve estar fraco.

Harry levantou uma sobrancelha, pensando que Dumbledore realmente não conhecia sua força, porque ele sentia-se ótimo.


- Eu não estou fraco.


- Ok, mas você precisa vir. – ele passaram por Cho e Courtney, que não parecia estar se recuperando, mesmo com os curativos.

Outros Aurores estudavam o corpo de Mary, no chão. Harry suspirou e foi levado por alguém que ele não se deu o trabalho de reconhecer para Hogwarts. Aos poucos as dores pelo corpo foram aparecendo e se alastrando, e mesmo que ele não tivesse dito nada à enfermeira ela continuava a lhe oferecer todos os tipos de poções.


- Tome. – Madame Pomfrey ofereceu-lhe pela centésima vigésima terceira vez um tônico fortificante.

Harry estava meio deitado meio sentado na cama da Ala Hospitalar. Por algum estranho motivo, uma chuva crepitante caía sobre a região e o céu, uma vez azul cobalto nesta época do ano, estava totalmente negro, como se um manto estivesse bloqueando a luz das estrelas e da lua.

A porta da saleta onde Harry estava abriu-se e uma pessoa de passos apressados estava vindo em sua direção.


- Sente-se bem? – perguntou, examinando-o com os olhos.

Um arroubo de desânimo e uma vontade de responder negativamente passou por ele, porém o que Harry disse foi:


- Pode-se dizer que sim, professora.


- Ótimo, você precisa vir comigo. – falou McGonagall, sem ver a cara que Pomfrey fizera.


- Mas ele está muito debilitado, Minerva. – protestou – Vários cortes, tortura, sua mente foi “mexida” por Você-Sabe-Quem...

McGonagall olhou Pomfrey.


- Não há razões para você continuar a chamá-lo assim, Papoula. E Potter precisa vir comigo até Hogsmeade; não irá demorar-se. Trago ele num instante.

Relutante, ela concordou e Harry foi levado até a sala de Dumbledore, onde eles iriam usar uma chave do portal para chegar no local desejado.

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- Sra. Malfoy? A senhora pode me acompanhar. – chamou um homem alto, que deveria trabalhar no Ministério.

Narcisa levantou-se e Snape seguiu-a com os olhos, vendo-a desaparecer no corredor negro, que era todo iluminado com candelabros pequenos, acima de suas cabeças. Ela analisou as sombras que tremeluziam nas paredes, perdendo-se em seus devaneios. Eles pararam em frente a uma sala de porta azul, onde entraram. Havia sofás, e um vidro emoldurado estava na parede oposta, próxima da porta. Por ali, podia-se ver Draco.


- Você pode ir. – falou o homem – Ele está sozinho, tiramos Parkinson de lá.

Narcisa deu passos decididos até a outra porta. Sua mão titubeou na maçaneta, que abriu vagarosamente, com medo de ver seu filho pela última vez antes de levarem-no para a Cornualha. Ela entrou, fechou a porta e olhou para trás temerosamente, avistando Draco sentado largamente na cadeira, com os braços sobre a mesa. Sentou-se quietamente a frente dele.


- Você está bem?

Draco levantou os olhos preguiçosamente.


- Eu preciso responder ou posso mentir?


- Draco.

Ele suspirou.


- Está tudo bem.

Narcisa balançou a cabeça, logicamente ainda não acreditando no que estava acontecendo. As palavras foram pronunciadas com um pouco de dificuldade, mas ela conseguiu dizer o que martelava em seus ouvidos:


- Como isso foi acontecer?

Ele sabia do que ela estava falando, sabia que sua mãe estava decepcionada, sabia que se contasse a verdade ela acreditaria mas Draco não estava com paciêcia para repetir o que havia acontecido.


- Mãe... – ele começou, surpreendendo a ela pelo seu tom usado. Geralmente soava mais ríspido, entretanto agora sua voz estava mais macia. – Já foi. Não dá mais para fazer nada, então para quê se martirizar de novo? Isso é totalmente desnecessário.


- Não, não é. Eu preciso saber onde foi que eu errei.

O tom áspero voltou.


- Mãe! – Draco aumentou a voz. Ele parou, engoliu e voltou a falar baixo – Não foi você quem errou.

Ela mexeu os cabelos minimamente, olhando a mesa em descrença.


- Será?

Draco não respondeu. Eles ficaram quietos, num silêncio sepulcral, digno dos antigos jantares da família Malfoy.


- A que horas vão levar você? – Narcisa encarou-o de um modo único.

Ele sustentou o olhar quando a porta abriu-se e uma voz conhecida disse:


- Não irão levá-lo, Sra Malfoy.

Draco desviou o olhar. Na porta, seu arquiinimigo estava parado – talvez meio pálido, mas ainda sim o odioso Harry Potter – e parecia determinado a não deixar que Draco fosse acusado e levado a Unidade.

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- Não tem jeito, vamos Ter que levá-la ao St. Mungus. – falou Madame Pomfrey, para Tonks.


- Mas... é tão grave assim?

Tonks sentou-se numa poltrona numa sala da Ala Hospitalar.


- É. Mas do que pensei. Ela está ficando cada vez mais cadavérica. – continuou, com urgência. – Se perder mais sangue pode mor...


- Tudo bem, eu apenas tenho que pegar uma chave de portal, com Dumbledore. – avisou Tonks, que saiu correndo logo em seguida.

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Demorou algum tempo para que a situação fosse esclarecida, porém depois de tudo o que acontecera naquele dia, ninguém ousava duvidar de Harry. Não se podia dizer que Draco estava felicíssimo com a defesa que Harry havia preparado para ele, no entanto uma ponta de gratidão parecia estar assomando-o.


- Eu não acredito que aquele marginalzinho foi solto por causa de um depoimento de Potter! – praguejou o Chefe da Seção de Leis de Uso da Magia – Quem ele pensa que é para impôr as regras aqui?


- Depois do que houve hoje, McKinnon, você deveria agradecer por Potter Ter aparecido aqui, hoje. – falou Alastor. – Seria injustiça prender um garoto que foi forçado a juntar-se a Lord Voldemort.

O homem estremeceu um pouco, então continuou.


- Veja o pai dele! Em que ambiente você acha que Malfoy cresceu?


- Ele não é o pai dele.


- Ah, que seja. Eu não vou mais discutir, apesar de não compactuar com isso. Passar bem. – e foi embora.

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Harry estava de volta à Ala, deitado novamente e sendo entupido por poções fortalecedoras que Papoula dava a cada cinco segundos. Ela estava andando de um lado para o outro, apressada e atribulada, quando lembrou-se de comunicar a Harry:


- Seus amigos estiveram aqui, aqueles dois... – comentou a enfermeira. – Mas você tinha acabado de ir com Minerva...

Harry sentiu-se satisfeito que eles não estivessem lá. Mal conseguia andar, imagine conversar com Rony e Hermione. Tomou outra poção azeda de Pomfrey e depois de algum tempo caiu em sono quase profundo.


- Não, não acabou Godric. Não acabou...


- Quem está ai? – perguntou uma voz assustada.


- Eu a levarei comigo... E não há nada que possas fazer.

Harry não acordou de imediato, contudo assim que o fez notou que sua respiração estava bastante rápida, como se ele tivesse corrido quilômetros. Não havia mais ninguém no lugar e o único som ouvido era o do fogo dos archotes laterais. Pelo jeito, o resto do castelo ainda estava dormindo. Ele virou-se para o lado, e tentou dormir mais uma vez. Por que ainda tinha sonhos estranhos, mesmo depois de tudo o que havia acontecido?

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- Perdemos pulsação! Perdemos pulsação! – reclamou um assistente – Vita Flamae!

Um jato laranja saiu da varinha do medibruxo e entrou no peito de Courtney. Suas mãos, que estavam frias, começaram a esquentar, assim como o resto do corpo. Mas não demorou muito até que a pulsação dela diminuísse de novo. O curandeiro responsável trouxe vários potes diferentes, com líquidos, pastas e pós. Ele pegou um pozinho azul e passou nos pulsos de Courtney e pegou um líquido amarelado e pingou nos seus lábios.


- Ergos!

Ela não reagiu.


- Pegue mais fortalecedores, rápido. – mandou o medibruxo, analisando um pote de pasta prata. Pegou-o e passou sobre o corte em Courtney – Gen Vitae! – mas ela nem se mexia – Radius!

O peito de Courtney subiu e desceu e, um segundo depois, Courtney começou a respirar devagar e com dificuldade. Havia algo errado com ela, apesar de nenhum dos medi-bruxos saber explicar ao certo o que era.

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O homem andava pelos corredores, ouvindo os próprios passos e olhando desconfiadamente por cima do ombro. Esperava não encontrar nenhum de seus alunos enquanto atravessava o castelo, procurando por sua amada. Parou em frente a porta do aposento dela, pronto para entrar.


- Ars Amandi. – falou, com pouco entusiasmo.

A porta abriu-se devagar e ele avistou-a sentada em frente a livros, os cabelos negros brilhando com o reflexo do sol.


- Como descobriste a senha? – perguntou Rowena, estupefata, virando-se para ele e fechando alguns livros, enquanto a porta voltava a trancar-se.

Ele sorriu benevolentemente.


- Esqueces que conheço-te como a palma da minha mão – disse, com a voz distante – O que estavas a ler? – perguntou interessado, olhando os livros que ela fechara.


- Oh, - exclamou ela como se tivesse dado-se conta apenas agora de que eles estavam ali – esses aqui? – apontou.


- Sim.


- Erm... – ela suspirou – São alguns livros de Helga e... – ela hesitou.


- Salazar, não? – completou Godric, com uma ponta de azedume. – Ainda pensas nele?

Rowena olhou Godric, que agora sentava-se.


- Nunca pensei em Salazar como achas que penso. – ela desviou o olhar para o chão – Só estava a ver porque.. porque Helga disse que entenderia tudo se lesse o diário dela.


- E por que estás a ler o de Salazar?


- É possível que Salazar também tenha escrito algo sobre Helga. Pelo menos é o que ela esperava... – Rowena voltou a pegar um livro dourado, com uma fita preta que prendia sua capa.

Ela sentiu os olhos de Godric em suas mãos, enquanto ela desamarrava a fita. Rowena folheou um pouco e abriu na página onde estivera lendo.


- Leia. – pediu Rowena, entregando o diário aberto para Godric.

“Segunda-feira, 15 de outubro.

Hoje foi um dia árduo. Salazar esculpiu o Anel onde a Primeira Pedra do Poder se encaixa. Dá medo só de olhar. Confesso que senti-me mal a princípio por estar escondendo tal coisa de meus amigos tão queridos, Rowena e Godric.

Mas o que posso fazer? Simplesmente não consigo dizer ‘Não’ a Salazar quando ele lança-me aquele olhar firme. Tentei livrar-me disso com bruxaria, mas isso não cura minha dor.

Cheguei a dissuadí-lo a parar com isso, mas ele não ouve-me. Há alguns dias trouxemos a Caixa de Pandora para a nossa escola, sem que Rowena ou Godric soubessem; Salazar convenceu-me que seria melhor assim...”


- Helga não fala sério, fala? – Godric olhou-a com uma expressão aterrorizada.

Rowena baixou os olhos.


- Penso que sim. – começou, com a voz falhando – Lembra-te daquela vez que ambos sumiram, quando deveriam estar ensinando aos pequeninos? – ela olhou Godric diretamente nos olhos – Helga disse-me, na ocasião, que Salazar estaria indo à Floresta Proibida, e que ela fora atrás dele somente para Ter certeza de que ele não faria besteiras...


- Helga traiu-nos! – esbravejou Godric, fechando o diário e levantando-se.

Rowena piscou em surpresa, sentindo que algumas lágrimas lhe escapavam.


- Não culpe-a. Ela apenas amava demais.

Mas Godric parecia não ouvi-la; andava de um lado para o outro.


- Ele fez tudo isso para competir com minha pessoa... – pensou alto – O que pretende ele com isso? E o que é essa “Pedra do Poder”? – virou-se para Ravenclaw.

Rowena estendeu a mão e pegou uma caixinha almofadada e abriu-a. Dentro dela havia um inofensivo anel.


- Estavas com isso no teu aposento? – Godric levantou uma sobrancelha.


- Estava analisando-a. – defendeu-se – De todo modo, a Pedra do Poder parece-me ser – Rowena tirou o anel e girou-o, mostrnado uma pedra vermelha que brilhava sinistramente – isso.

Godric agachou-se e ficou ajoelhado diante de Rowena. Ele tocou o ouro do Anel e em seguida, a Pedra. Um segundo depois, ele havia se afastado, abanando a mão e fazendo cara de dor.


- Queimou-me. – falou, olhando para Rowena como se ela soubesse de algo e ele não.


- Pensei que faria isso. – disse, tomando a mão de Godric e examinando-a – Apenas eu e Helga somos imunes à queimadura que a Pedra proporciona a quem não deve tocá-la.


- Sazalar certamente não confiava em mim.


- Também não confiavas nele... – Rowena lembrou


- Ele nunca deu-me motivo para tal.


- Nunca destes motivos para ele confiar em ti, também.


- Rowena, - Godric aprouximou o rosto, soando levemente ameçador e malicioso ao mesmo tempo – estás a defender Slytherin?

Rowena pareceu insultada por um instante e disse um sonoro “Não” a Godric.


- Certo, então. – Godric mostrou o diário de Helga e Rowena soube imediatamente do que ele estava falando – O que vamos fazer quanto a isso?


- Eu não sei.


- Pois eu sei. – Rowena sentiu um tremor ao perceber o excesso de determinação no tom dele – Salazar quer afrontar-nos com esta Pedra do Poder. – ele enfatizou as últimas palavras, como se elas fossem alguma mentira deslavada – Vamos criar algo que possa embatê-lo, que possa enfraquecer o herdeiro dele...

Rowena fez pouco caso.


- Ainda acreditas nessa estória de herdeiros?

Godric olhou-a.


- Helga garantiu-me que um Slytherin e um Gryffindor enfrentariam-se futuramente. Resta-nos saber quem irá vencer... E sabes que eu prefiro que esquartejem-me a redimir-me a um Slytherin.


- Devias levar menos a sério essas... o sexto sentido de Helga.


- Sabes, - a voz dele transbordava ansiedade – penso que uma Segunda Pedra do Poder não seria má idéia. Nossos herdeiros competiriam em pé de igualdade, e então veríamos quem seria melhor. Além do mais, podemos usá-la como um empecilho para o herdeiro Slytherin, quanto à Caixa de Pandora: fazêmo-la necessária para abrí-la, e somente eu a terei e ele não poderá espalhar todo o mal contido nela.

Rowena olhou-o desconfiada.


- Pode ser uma boa idéia, Godric. – e então sua voz ficou firme – Mas não envolva-me nisso como Salazar envolveu Helga.


- Lógico que não farei isso; amo-te demais para sacrificar-te como ele fez. – falou, enquanto chegava mais perto para dar-lhe um beijo.

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Draco estava voltando para Hogwarts, com Snape e Narcisa mais atrás. Ele passou pelos portões sem esperar pelo professor; não ouviu os passos de Snape ao longe, e revirou os olhos só de pensar no que aqueles dois estariam fazendo agora.

Ele andou pela propriedade e avistou um vulto ao longe, sentado próximo à uma parede. Ao perceber que Draco se aproximava, o vulto levantou rapidamente, apesar de cambalear um pouco antes de fazê-lo. A figura veio andando lentamente, até que seu rosto pudesse ser visto. Mas Draco não demonstrou nenhuma surpresa ao ver Luna. Eles ficaram a pouca distância quando ele falou, de modo incolor:


- Veio me socar de novo?

Luna suspirou em arrependimento. As palavras demoraram para sair, já que Luna não sabia o que exatamente deveria falar.


- Não. Eu só... queria falar com você.


- Muito obrigada, mas eu sei como termina o que você chama de “conversa”.

Draco precisava ser tão... irritante? Era incrível como ele sabia como deixá-la irada apenas com frases curtas porém de efeito seguido.


- Você pode calar a boca por um segundo? – disse, num misto de impaciência e pressa.

Ele silenciou, mas ainda olhava Luna de um modo que a perturbava.


- Eu queria pedir desculpas... por tudo. Você sabe, os socos que eu te dei. – ela alisou o braço direito, onde, Draco percebeu, ela estava machucada.

Ótimo. Luna estava nervosa. Ele poderia tomar o controle da situação facilmente.


- Lovegood, - ele disse, de um jeito horroroso na opinião dela. Luna já estava tendo coragem o bastante para vir aqui, mas isso era tudo o que recebia dele. Por que ela não estava surpresa? – a gente “conversa” depois, tá bom? Eu preciso descansar porque hoje foi um dia muito agitado. Eu me tornei um Comensal, quase poderia Ter morrido, quase fui preso e estou quase caindo de sono.

Luna fez um barulho nasal.


- Você está brincando quanto ao “me tornei um Comensal”, não?


- Eu estou morrendo de dor de cabeça. É sério. – falou, deixando-a para trás.

Por um minuto Luna ficou parada, sem ação, vendo-o ir embora. Todo seu esforço estava sendo esnobado e jogado ao vento, como qualquer coisa. Ela não podia Ter chegado tão perto de dizer tudo e desistir justamente agora. Luna não podia deixar para depois.


- Malfoy. – chamou, enquanto ele continuava andando – Malfoy! – ela correu até ele, puxando-o – Isso não pode ser adiado.

Draco perfurou os olhos dela, de um modo que ela achava atraente. Droga. Luna se perdeu naquele mar cinza e acabou esquecendo o que deveria dizer. Procurou por frases objetivas para terminar logo com aquilo.


- Você realmente não pode esperar até amanhã mesmo, não? – ele falou, com malícia, levantando uma sobrancelha.


- Se é isso que você quer ouvir: não.


- É, era isso que eu queria ouvir.


- Malfoy, – ela chegou mais perto – eu... eu...


- Você pode ser um pouco mais---

Luna fechou os olhos e crispou os punhos, segurando-se para realmente não socar a cara dele uma outra vez.


- Cale a matraca e me deixe terminar, ou você vai sair daqui sem um membro muito importante.

Ela poderia Ter rido da expressão duvidosa que passou por Draco.


- Eu só queria... queria dizer que...

A mente de Luna praguejou alto. Draco olhou-a.


- Lovegood, você é péssima com palavras, sabia?


- Eu sei. – Luna não saberia dizer o que impeliu-a a fazer isso, mas só soube o que estava acontecendo depois de pronunciar decididamente – Não vamos conversar, então.

Os segundos pareciam Ter congelado-se quando a mão de Luna se entendeu e agarrou a gola do casaco de Draco para sua direção, para que posteriormente suas bocas se encontrassem num duradouro beijo voraz. Ela sentiu-o aturdido, no entanto no momento seguinte ele estava segurando-a e acariciando seus fios dourados e correspondendo de bom grado. Se Luna morresse agora – o que poderia acontecer, levando-se em conta que seu coração pulava descompassado sob seu peito – ela morreria feliz, poderia garantir.

Quando Draco deixou sua boca para explorar seu pescoço e mordiscar sua orelha, Luna mandou interiormente os outros se danarem. Ela gostava dele e ninguém mudaria isso.

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A sala onde ela estava encontrava-se sem barulhos. Totalmente tedioso. Suas pernas precisavam ser esticadas ou ela não agüentaria andar novamente. Cho, que também estava no St. Mungus apenas para observação, levantou-se de sua cama e observou a sala vazia, apenas com seu leito. Ela foi até uma mesinha, onde vários frascos com conteúdos coloridos haviam sido postos. Ela pegou uma poção com cor de asfalto e colocou-o num copinho para tomar. Quando estava levando-o até a boca, sentiu a cabeça latejar.


- Eu o vi. – disse a voz grossa de um homem.

Uma mulher riu desdenhosa e silenciosamente.


- Não podes tê-lo visto. Está morto.


- Por que não acreditas? – explodiu.


- Porque é impossível que isso tenha acontecido.


- Apega-te demais a fatos concretos. Eu disse que o vi. E sabes bem que bruxos mesquinhos como ele, com assuntos pendentes não morrem até que tenham feito o que desejam.

A mulher o olhou, por entre os fios negros de seu cabelo.


- O que ele disse?


- Disse que queria-te, mas eu não vou deixar ele levar-te.

Desta vez ela ficou calada.


- Prometes que não? – perguntou com ansiedade.


- Prometo.

A próxima coisa que ela sentiu, foi alguém chacoalhando seus ombros.


- Garota! Garota Chang, acorde!

Cho abriu os olhos e viu uma mulher loira à sua frente. Sua visão estava bastante embaçada e ela não podia distinguir alguns pontos a sua frente.


- O que... aconteceu? – piscou ela.


- Você desmaiou, eu acho. Está tudo bem?

Cho balançou a cabeça e deitou-se. Aquilo que ouvira... queria dizer alguma coisa?

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Rony desceu as escadas do dormitório masculino infeliz. Uma das feridas em seu braço direito recomeçara a sangrar, mesmo ele seguindo à risca as instruções de Madame Pomfrey. “Quando ela souber...” pensou ele. Seu devaneio sobre a bronca da enfermeira foi interrompido por uma visão, no mínimo, peculiar. Hermione estava dormindo no sofá, com um livro aberto em seu colo. Rony andou até o sofá e fez a volta para poder ver o que ela estava lendo, ficando muito próximo da nuca dela. Antes mesmo que pudesse ler, Hermione deu um salto para o lado, após sentir a respiração quente dele perto de si.


- Rony? – ela virou-se para olhá-lo e ele afastou o rosto e endireitou-se – O que você...?


- O que eu estou fazendo acordado à essa hora? – perguntou, sorrindo.

Em resposta, ele mostrou o antebraço que estava sangrando. Hermione estudou a ferida por alguns segundos, tocando-a; Rony sentiu como se o resto do corpo não existisse, apenas o lugar onde ela tocava parecia não estar dormente.


- Meu Deus, Madame Pomfrey vai...


- Me matar. É, eu sei.

Hermione retirou sua mão e olhou-o, parecendo desperta em um segundo.


- Você não quer que eu faça alguma poção para melhorar isso? – perguntou, hesitante.

Rony deu de ombros.


- Se você puder...

Ela bufou, como se ele a tivesse insultado.


- É claro que eu posso. – ela levantou-se e foi até o dormitório feminino.

Rony contornou o sofá novamente e sentou-se, esperando Hermione. Ela voltou segundos depois, trazendo os ingredientes e o caldeirão para fazer a poção. Direcionou-se à mesa do outro lado do Salão sem falar nada. Ficaram em silêncio, apenas ouvindo o crepitar do fogo da lareira e do caldeirão, enquanto Rony fechava os olhos, parecendo meio adormecido.


- Dói muito? – perguntou ela, olhando-o pelo canto do olho.


- Só um pouco... – disse ele, no meio de um bocejo.


- Bem, - começou ela, com um ligeiro tom ríspido – isso não impede você de me ajudar. Sabe, essa poção é bastante difícil.


- Eu ouvi direito? – Rony abriu os olhos, sorrindo sarcasticamente – A grande Hermione Granger, pedindo ajuda?

Hermione lançou um olhar mortal a ele, que riu mais abertamente.


- É uma poção medicinal. Complexa, devo acrescentar. Se você pelo menos descascasse as patas de salamandra, já estaria ajudando. Ou você não pode fazer esse sacrifício?


- Ohhh, certamente que posso. – continuou rindo.

Ele levantou-se e sentou-se ao lado dela e começou a descascar as asas quietamente, enquanto Hermione mexia na poção com a sua varinha ocasionalmente. A poção exalava um cheiro familiar e agradável, mesmo tendo uma cor escura e soltando uma fumacinha espessa.


- Isso vai demorar? – resmungou Rony.


- Hum, só um pouco. Daqui a – ela olhou no relógio – dois minutos deve estar pronta. Quando a fumaça ficar mais negra.

Dois minutos se passaram, cinco minutos se passaram, dez minutos se passaram... e a fumaça não mudava de cor.


- Hermione, você fez algo errado. – falou Rony, observando atentamente o caldeirão.


- Eu? – indignou-se – Você não deve Ter descascado direito as asas. Francamente, um trabalho tão simples e você não cons...

A poção chiou e... PAM!

Hermione foi puxada por Rony, ao mesmo tempo em que a poção borbulhou no caldeirão fervorosamente. A poção voou para todos os lados, o caldeirão tremeu e caiu para um lado da mesa, que foi devastada. E Hermione estava em completo estado de choque.


- O que... aconteceu? – pestanejou, ainda no chão, totalmente descabelada e um pouco suja.


- Está bem claro, não? – disse Rony, que parecia prender o riso.

Ele também estava sujo, porém menos que Hermione. Ambos pareciam esperar que o Salão Comunal explodisse. Rony riu.


- Mas... – recomeçou ela, desconjuntada – por que diabos você está rindo? – ela praticamente gritou, enquanto ia em sua direção e batia no ombro de Rony com os punhos fechados.

Rony ainda ria, mesmo sendo empurrado levemente pelas batidas de Hermione. Ela provavelmente achava que estava doendo.


- A sua cara... – Rony praticamente arfava pelas risadas.


- Você... Você É LOUCO! – ela bradou, batendo com mais força em Rony.

Rony, rindo um pouco menos, segurou os pulsos dela com facilidade e Hermione jogou seu peso contra o dele e ele caiu, trazendo-a consigo. Repentinamente, ele parou de rir e Hermione ofegou, seus cabelos caindo sobre ele, fazendo cócegas em seu rosto. A mão de Rony sobre Hermione afrouxou, mas ela não se mexeu. Eles se olharam por um instante e então Hermione sentiu Rony puxá-la; a respiração acelerada, os olhos fechados e os lábios se tocando.

Como ela havia esperado por isso. Depois de tanto tempo brigados e separados, foi como se uma onda de calor e frio passasse por ela ao mesmo tempo, trazendo algo extasiante, junto com ansiedade. Hermione esperava desesperadamente pelo dia em que pudesse voltar a sentir a quentura de Rony em sua pele, e isso a angustiava. Lembrar dele era como se uma chama pudesse ser acesa, mas não a aquecesse. Era como ver uma linda pintura sem poder distingüir suas cores. Era como provar algo delicioso sem sentir seu gosto.

Ela rolou sobre as próprias costas e notou que Rony empurrava o cabelo dela para trás da orelha dela e o toque na região fez a garota arrepiar-se. Perdeu a conta de quantas vezes ficou sem ar, mas... o que isso importava? O familiar odor, toque e lábios de Rony estavam de volta, trazendo à tona sensações sepultadas no fundo de sua mente, retornando ao estado de entorpecimento que ele trazia.

Vê-lo com Mary era quase tão aflitivo quanto beijar Bernard pensando estar beijando-o. Ela sentia o toque de Bernard, mas queria que na verdade fosse Rony. Todas as vezes que ela abria os olhos depois de algum beijo com ele, ela esperava ver os olhos azuis daquele ruivo que a conquistara desde que ela ainda era uma criança. E agora ela estava sendo pressionada contra o chão do Salão Comunal, correndo o risco de que alguém a visse, mas nada interromperia aquele momento mágico que ela experimentava novamente... Com Rony.

A intensidade aumentou, tão velozmente como se um balão estivesse se enchendo rapidamente. E quando este balão estourou, Rony percebeu que não queria parar, não queria deixá-la ou simplesmente afastar-se dela por nem menos um segundo. Somente ela era capaz de fazer sentimentos praticamente esquecidos emergirem, somente ela era capaz de brigar com ele e deixá-lo alegre com isso, somente ela era capaz de fazê-lo ler Hogwarts, Uma História. Rony não sabia quanto tempo mais poderia sobreviver sem Hermione. Não como amiga, afinal eles eram amigos há sete anos e tudo o que Rony sempre quisera nesse tempo foi tê-la como sua garota. E tê-la e depois ser privado dessa maravilha o torturava todo dia, desde o Baile do Dia das Bruxas. Percebera que gostava dela desde o quarto ano, e agüentar até o ano passado, quando beijaram-se pela primeira vez, havia sido árduo. E depois de experimentar tantos sentimentos novos juntos, ele havia pisado na bola com ela, mesmo não sendo intencional.

Agora era hora de recomeçar.

Ele percebeu uma leve arfada de Hermione e sorriu contra os lábios dela, que sorriu também. Os frios dedos dele deslizando sobre a face pequena dela, indo para o pescoço, ombros e braços e, com assombro, ele sentiu ela arrepiar-se ainda mais. A mão quente de Hermione em sua nuca, em seu cabelo, fazia ele incendiar-se; e ele já havia se esquecido de seu braço.


- E se... – Rony tomou ar – alguém chegar?

Hermione não respondeu por um segundo, então disse, num tom despreocupado quase nunca usado por ela:


- Ninguém vai chegar.

Eles riram mais uma vez, sem desgrudar os lábios, enroscando uma perna na outra, as mãos tateando um ao outro, sem sequer lembrar que estavam no chão do Salão da Grifinória e que ela estava completamente suja de poção medicinal. Ambos beijaram-se por tantos minutos que perderam a noção do tempo, mas... quem se importava?

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A porta do quarto do hospital abriu-se lentamente, enquanto alguém entrava, como um gás intoxicante sem ser percebido. Avistou a garota deitada, com uma mecha negra incomodando-lhe visivelmente. Andou até uma mesinha cheia de potes com remédios, poções e afins e levou-a abaixo. O barulho trepidante do vidro atingindo o chão foi o suficiente para acordá-la; agora ela tinha uma expressão de terror no rosto.


- Você... Você não pode... – gaguejou – Isso não pode ser...


- Ah, posso sim. – disse uma voz. E então ele tirou punhal de dentro de seu casaco e mostrou-o à garota – Você devia Ter se sacrificado por mim! Tantos quiseram essa oportunidade e você desperdiçou-a. Uma pena eu Ter que fazer isso quase pessoalmente, se ainda estivesse vivo.

A menina engoliu, arrastando os pés e sentando-se, porém ainda assim nervosa. Ele andou até ela.


- Mas antes... – ele abaixou-se e encarou-a, seus narizes quase se tocando.

Ela olhou no fundo de seus olhos negros e, pega de surpresa pelo beijo que ele deu-lhe em seguida, nem teve tempo para respirar. Ele beijou-a com tamanha força que ela sentiu gosto de sangue na boca. Sorrindo nos lábios dela, enfiou-lhe o punhal no estômago, fazendo escorrer sangue pela fronha branca. Ela arregalou os olhos, empurrando-o e vendo o líquido vermelho manchar a sua cama.


- Seu maldito! – bradou. – Maldito filho da mãe!




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