oitavo.




 


8



 O homem ergueu os olhos pra ela, por um instante sem entender, então sua expressão ficou alarmada. A varinha ainda estava na mão dele sob a mesa, inocentemente enfiada entre suas pernas. Ela havia entendido ao reconhecer os capangas dele olhando por trás as cartas do adversário e acenando para ele gestos quase imperceptíveis que deviam simbolizar o que os outros seguravam nas mãos. Malditos. Todos malditos.


 - Calma, garota. – ele colocou as cartas na mesa e se virou para o outro calmamente – Continuamos isso outra hora. Pode ficar com tudo.


 Lene nem reparou no outro. Estava raivosa demais, um ódio que cegava sua mente para pensamentos racionais.


 - Vamos conversar lá fora. – ele a convidou gentilmente. A varinha já havia sumido de suas vistas.


 Ela respirou fundo enquanto seguia ele e os capangas pelos corredores cheios de gente – tentando se acalmar e pensar racionalmente antes que cometesse qualquer loucura -, até que os corredores começaram a se tornar mais vazios e então deu pra uma única porta de metal bem ao final.


 - Sabe? Você tem sorte por eu ter esposa e filhos – ele começou a falar quando chegaram em um espaço fechado, cheio de latas de lixo, parecido com uma garagem abandonada.


 Marlene sentiu o sangue subir para a cabeça novamente. Mas não era possível.


 - Tenho? E eles sabem que você é o maior impostor da história dos bruxos, meu querido?


 - Por causa deles, eu sei como se deve tratar uma mulher, então não vai acontecer nada com você.


 Lene arrancou a peruca, irritada, e jogou-a ao chão com toda força.


 - Você vai me pagar cada centavo que eu te dei e que estava te devendo. – sua voz saiu como um rosnado na direção dele. Ela percebeu um movimento de um dos caras atrás de Ambruzzi, como se estivessem se antecipando para protegê-lo de qualquer ataque surpresa.


 - E por que eu faria isso? – ele perguntou calmamente.


 Então ela se estressou. Caminhou até ficar a centímetros do rosto redondo dele, e falou da maneira mais ameaçadora que conseguiu:


 - Quer mesmo saber por quê? Oh, vejamos. Eu sei que você é um bruxo em Vegas que muda as cartas com feitiço e é milionário por isso. E adivinhe? Essa é a coisa mais ilegal que existe! Você está ferrado até os ossos se eu resolver abrir a minha boca, meu pequeno trapaceador, então vamos deixar as coisas claras. Você não conseguiria apagar a minha memória porque eu sou mais rápida na varinha que você e seus capangas. Você está, senhor Ambruzzi, exatamente no centro das minhas mãos.


 Ele ergueu as duas sobrancelhas e explodiu numa risada alta.


 - Ah, eu odeio quando vocês caras fazem isso – ela revirou os olhos e, com toda a força que pôde, deu um chute com o joelho bem no meio das pernas dele.


 Atordoado, John cambaleou e ficou agonizando no chão até recuperar o fôlego. Lene sentiu-se mais segura depois disso – e principalmente mais calma e mais alerta. Bem, tinha as aulas de boxe. Ela teria algum tempo para tentar sobreviver.


 - Quem diabo pensa que é, mulher? – ele quis saber, a voz esganada.


 - Eu sou Marlene McKinnon. Ainda está achando engraçado ou eu vou ter que pegar uma agulha e enfiar na ponta do seu dedo?


 - Você é muito convencida, mesmo... – Ambruzzi começou a falar, e o olhar que lançou a seus capangas foi muito direto: segurem ela. Dois deles começaram a se aproximar pelas laterais, encurralando-a.


 Lene sentiu a espinha gelar. Não seria tão Mulher-Maravilha a ponto de lutar com dois caras com condições físicas francamente melhores que a do flácido no chão à sua frente.


 - Não!


 Aquela voz teria trazido alívio se fosse outro dia. Onde aquele maldito havia se metido? Josh se aproximou dela e dos dois caras que seguravam o seu braço. Eles obedeceram quase instantaneamente, soltando-a, fazendo Lene entender na mesma velocidade assustadora.


 - Maldito traidor – murmurou entre os dentes, sentindo uma vontade imensa de socá-lo.


 - Não, Len...


 - Você sabia de tudo, então?


 - Ele? – John gargalhou, levantando-se e sacudindo as roupas – Ah, francamente, você foi espertinha até agora, pense um pouco. Volte um pouquinho atrás. Ele estava por trás de tudo desde o início, querida.


 - Ah, cale a boca – ela riu, sentindo o sangue ferver – Como ele poderia saber que eu apostaria com você? Como ele poderia saber que eu iria atrás dele?


 - E quem mais te socorreria, McKinnon? – o outro perguntou.


 Lene espreitou na direção de Josh, que a olhou de uma maneira arrependida. Uma expressão de cachorro que caiu da mudança tão verdadeira que, se ela não tivesse passado por Amos Diggory uma vez, teria acreditado. E se ela não a tivesse presenciado tantas vezes em Sirius Black, não saberia o quanto aquilo só combina com aquele homem. Sentiu um arrepio na espinha. Ah, Sirius, maldito.


 - Ótimo, então eu sou a grande traída da história. Quem vai ser o primeiro a jogar ovos em mim? – ela deu uma risadinha sarcástica.


 - Lene, oh meu Deus... – Josh passou as mãos pelos cabelos, começando a se aproximar.


 - Por favor, mantenha uma distância considerável. Está tudo bem. – ela olhou pros dois – Eu quero apenas a quantia que paguei de volta. Você é mesmo um grande canalha – ela deu um sorriso torto na direção de Ambruzzi – Quem poderia ter a porra da sorte de ter uma quadra em mãos em Vegas?


 Ele deu um sorrisinho, deixando Lene ainda mais enfurecida – quer dizer, não estava fazendo piadas com ele! - e se aproximou para cuspir em seu rosto redondo. O sorriso dele desapareceu instantaneamente enquanto se arroxeava de raiva. Ela sentiu um medo estranho tomar conta de si mesma. Pronto, agora estava ferrada. Porque se tinha mesmo que ferrar com tudo, era fácil tentar ferrar mais um pouco.


 - Eu estou achando que você não está dando a mínima importância para o fato de eu ter mulheres e filhos. Que tal eu fingir que você é um homem perturbado e te dar uma lição pra você não esquecer quem é o dono de Las Vegas?


 - Vá se foder – Lene murmurou com a voz rouca e os olhos faiscando.


-


  O táxi estacionou na frente do hotel, e Lene pagou com o dinheiro que tinha acabado de tirar da maletinha preta. Ali estava tudo o que tinha apostado antes de dever a John Ambruzzi. Ela caminhou pela calçada apressada enquanto enfiava a peruca loira na bolsa e a ajeitava no ombro. Já tinha planejado: Sirius devia estar no bar ou no cassino do hotel, e ela o convidaria a acompanhá-la até o quarto. Ele daria aquele sorriso torto malicioso e faria uns comentários sensuais perto do seu ouvido, e então a puxaria pra lá. Deixou um sorriso escapar pelos lábios só de imaginar. Ah, céus. Estava ficando maluca por aquele homem.


 Atravessou com pressa o hall de entrada. O elevador estava aberto. Se desse uma corridinha até o apartamento e pudesse deixar todas aquelas coisas lá, além de retocar a maquiagem e... Merda. Sirius estava lá dentro, ela reconheceria aquelas costas fortes sob a camisa de linha em qualquer lugar, além daquele cabelo negro minimamente mais cumprido que o adequado. Ela também reconheceria aqueles braços volumosos puxando um corpo para si. Sua expressão ficou impassível enquanto reconhecia Anne Flinch, completamente afogueada nos braços dele, sendo beijada no pescoço. Ela viu Marlene e acenou simpaticamente irônica antes que o elevador se fechasse e ela perdesse a visão do beijo voluptuoso.


 Lene suspirou antes de morder o lábio inferior, encarando as luzes do elevador que mostravam que ele subia, pulando de número em número. Então, surpreendentemente, ele não parou no sete, e continuou subindo até que chegasse no térreo. Lene ergueu uma das sobrancelhas – oops, alguém estava fazendo coisa errada. Sabia que o senhor Stuart estava fora do país. Dando uma risadinha, ela foi até o bar.


 Não podia negar que havia sido incrivelmente estranho. Estranho de uma maneira que faz apertar alguma coisa por dentro, como uma leve pressão. Não, melhor dizendo: como um verdadeiro aperto de quebrar as costelas. Virou de uma só vez o drink nos lábios, sem prestar atenção em outra coisa além da reação dos próprios olhos no espelho do outro lado do balcão. Marejados. Pudera, havia realmente sentido alguma coisa diferente ali. Afinal... era Sirius Black.


-


 - Ah, querida, como senti a sua falta – o abraço de uma ruiva foi muito bem-vindo no momento em que ela pousou as malas enormes de rodinhas no chão do aeroporto – Sua mãe me ligou e disse que está naquela festa dos Tanner, e é claro que eu fiquei feliz em saber que novamente minha melhor amiga me traiu e esqueceu de dizer que voltava... Que porra de ressaca é essa?


 - Ah, Lily – Lene inclinou a cabeça para o lado, sentindo uma pontada – Vegas só serviu pra me...


 - O que Sirius fez? – Lily perguntou enquanto começava a puxar uma das malas da outra.


 Desviando das pessoas, elas foram conversando.


 - Bem, tente chutar. Foi tão clichê.


 - Hm, ele te traiu. – ela se fez de pensativa.


 Lene riu.


 - Uau, você é boa com romances clichês. Quando na verdade eu nem sabia o que a gente tinha e... ah, ele ficou chateado com uma coisa totalmente idiota. Eu tinha que resolver os meus problemas financeiros e do nada ele ficou fazendo charminho, sem querer que eu fosse me encontrar com Josh.


 - Nós duas sabemos as intenções do Josh, querida.


 - E no final ele foi o mais traidor de todos... ah, é tão irônico que eu fuja para Las Vegas tentando fugir de problemas e encontrar exatamente os mesmos lá!


 - Eu fiquei mesmo entusiasmada com esse seu romance com o Sirius... quer dizer, eu meio que previ. – a outra suspirou enquanto atravessavam a porta abarrotada de gente.


 - Eu disse a ele que me esperasse... o que ele é? Surdo? Burro? Sinceramente, que se dane agora. Estou em outra sessão renove sua alma, e oficialmente parei de fumar.


 - Wooa! Isso é um grande passo, normalmente você dá uma risadinha e fala “ah, amanhã, talvez haja... uma possibilidade menos remota que hoje”.


 - Já que a minha vida amorosa está uma desgraça, pelo menos da minha saúde eu tenho que cuidar, certo? E caramba, tinha umas revistas no avião sobre câncer que me arrepiaram e...


 - Ah, Lene – a ruiva riu – as coisas não estão tão ruins assim. Poderiam estar piores!


 - Oh, sim. Poderia estar chovendo. – ela brincou.


 Lily fez uma careta e olhou pra cima. Incrivelmente, o céu londrino estava tão claro quanto... um dia de céu limpo.


 - Você não esperou que começasse a chover, não é mesmo? – perguntou Lene, rindo e tentando parar um táxi.


 - Seu motorista não pode vir buscar a gente? – perguntou a ruiva.


 - Eu te deixei mal acostumada com isso. Agora eu sou uma mulher independente e...


 - Senhorita McKinnon! – alguém a chamava de um ponto do calçadão.


 Sem acreditar, Lene girou os calcanhares para encarar Fred com seu terno impecável e seu chapéu estilo eu-sou-um-motorista-burguês. Ela passou as mãos pelos cabelos e ajeitou os óculos no rosto enquanto a ruiva entregava, rindo, as malas para ele, que a elogiava como sempre fazia. Lily encaixou o braço no de Lene e a puxou para o carro.


 - Você deveria parar de falar coisas proféticas, Li.


 - Ah, Lene, a gente tem tanta coisa pra conversar!








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n.a: também achei nada a ver o final desse capítulo maas, whatever. estou postando mais rápido do que eu previ por causa da parada da alegria/quaseretardadismo, lembram? pois é, passei em um vestibular! vocês estão lendo palavras de uma futura engenheira, babies! :D cara, MUITO OBRIGADA a todo mundo que me desejou sorte e apenas leu o drama do vestibular aqui, não é muito fácil não pra quem tá na pele, e saber disso ontem me deu um alívio tão grande! tipo dissipou toda a tensão de meses, a melhor notícia ever. só não sei se daqui alguns meses eu vou ter muito tempo de escrever e ler e tals, mas eu vou tentar. afinal, é da feb que estamos falando, certo? hm, chega de falar de mim! vamos aos comentários.. é, tô animada o bastante pra responder um por um, HAHAHA! me aguentem.
eugênio: haha não dá pra saber quem é mais safado, o Sirius às vezes ganha mas daí vem a Lene e faz esses comentários! huh! :* Feh Potter: passei passei! haha obrigada pela força garota, tô acompanhando a sua SM, ok? tomara que tenha gostado desse cap.! Carol Peeters: ah, será que o Six tava com ciúme? hahaha só a anta da Marlene mesmo pra não perceber, putz! ok, eu paro de tirar meus personagens, é só que..eles estavam fofos juntos *-* não me mate! Sophie P. Black: que bom que você tem um capítulo preferido :D acho que esse não vai ser o seu, eu sei, o Six foi cachorro total. bisho, você falou que suspira com ele aqui. então o que eu faço com ele na sua Uma noite com Sirius Black? ofego? hahaha adoro!  Lúuh McKinnon Black: Lúuh linda, também to esperando um desse pra mim! quando achar o seu me avisa, que eu vou atrás no mesmo lugar. se bem que se um já não existe, imagine 2 :/ essa vida é dura, cara. ah e me avisa se o seu irmão passou quando sair o resultado! eu passei em uuuum :D tô feliz demais! haha obrigada pela força! tomara que goste desse (eu sei que não vai gostar, o Six tá tri cachorro, SHIT!)  MMcK: você não tem noção de como eu adoro seus comentários meeu! hahaha e PUTZ muito obrigada pela força, você abraçou quantas arvores? cara, funcionou. e eu nem sabia que abraçar árvores dava sorte, acredita? vou começar a fazer isso, é tipo pá e pum. (ignora a gíria idosa! haha) siiiiiiiiiim o Sirius é HOT e nós queremos ele. menos se ele fizer isso que fez aí em up com a gente. ele ZUOU! hahaha :* Lara Zabine Pena : aêêê :D que bom que vc gostou! obrigada pela força, garota.. continua comentando, ok? beijo! LúH .Potter : menina, te entendo TO-TAL quanto a parada de ter um treco.. eu quase tive um aqui esperando. ainda to esperando o resultado de outros vestibulares mas tô bem felizona que passei em um já :D e obrigada pelo comentário! hahaha tomara que você goste desse também! :*  lizzie b.: heshaesa eu ri quando tu disse que não gosta que provoquem o Sirius :P acho que você vai mudar a opinião aqui, né? raivinha dele agora. hahaha mas ele tinha que aprontar qualquer coisa pra ferrar tudo, mesmo.. e BIIISHO to amando a tua nova fic, atualiiiza! tomara que goste desse independente dos fatos! :*  Anna.Weasley: hei! tava com saudade dos seus comentários, sério. hahaha nah, eu entendo sabe, fui viajar também e acabei perdendo muita coisa por aqui.. enfim, tomara que goste do que essa fic está virando! continue comentando, garota!  Cecília Potter.: Cissaaaa! amo seus comentários amiga *--* tomara que tenha gostado desse (embora eu tenha uma leve impressão de que alguém vai xingar muito um personagem.. dica: ele é HOT e muito bem comentado anteriormente. hahaha que tosco foi isso, meu Deus!)
Larissa McBlack: que bom que gostou! já te disse que amei teu sobrenome? hahaha perfeito! SM total!
é claro que eu tinha muito mais gente à agradecer, mas por enquanto só respondi os comentários mesmo. vou deixar tudo aquilo de imensa mensagem para o último capítulo, que, me matem, não está nada longe. e não, eu não to conseguindo tirar o negrito dessa porra por isso que tá tudo mal configurado, mas faz parte!
vamos lá! libertem seus pensamentos e xinguem o quanto quiser! porque eu fiquei com vontade de fazer isso quando terminei de ler tudo e PUTZ, que puta sacanagem do Sirius, velho. e do Josh. e da Anne. e tadinha da nossa protagonista linda! :/ ok, já pirei aqui. beijo beijo. a velocidade dos comentários é proporcional à da nova atualização, amores
! Nah Black.

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