quarto.




 


4


 


 O restaurante era um prédio com vários corredores, salas reservadas e salões separados pelo tipo de comida. Josh já havia reservado uma mesa em um dos salões, o que ela leu ser o de comidas marinhas. Tudo parecia realmente de luxo, e ela se perguntou se Josh estava se lembrando que eles tinham um acordo a fazer e que aquilo não era um encontro... de verdade.


 O garçom levou-os até a mesa, perto das grandes janelas de vidro que deixavam ver toda Vegas, e Lene agradeceu quando viu que era uma área para fumantes. Josh puxou a cadeira para ela sentar, e esta sorriu. O garçom estava esperando para que fizessem o pedido e Josh começou a dizer enquanto se sentava do outro lado da mesa:


 - Ahm... whisky, para começar a noite. Tudo bem pra você?


 Lene assentiu.


 - Pode trazer o cardápio?


 O garçom saiu desviando das outras mesas depois de anotar em um bloquinho de papel. Marlene deu uma boa olhada à sua volta e então encontrou o olhar de Josh. Os olhos verdes dele brilhavam com um tom que ela conhecia bem naquele território. Malícia. Mordeu os lábios, sorrindo torto para ele, e afastou os cabelos para trás dos ombros. O olhar dele lampejou para sua pele – sim, ela sabia que aquele era o começo certo. Com Josh as coisas eram bem previsíveis...


 - Quer falar de negócios depois do jantar? – ela perguntou suavemente, mais para lembrá-lo de que aquilo era o principal da noite.


 - É como eu costumo fazer com meus sócios. – Josh respondeu.


 - Estou orgulhosa por estar nessa posição.


 Josh riu pelo nariz.


 - Você é mais importante que eles.


 Antes que Lene pudesse pensar em responder alguma coisa à esse comentário constrangedor, o garçom chegou com os drinks. Ela deu um golinho, sentindo o líquido amargo descer por sua garganta e desviando os olhos dele para qualquer lugar. Josh a imitou, mas continuou concentrado nela. Marlene sentiu o olhar dele sobre si e de repente, não se sentiu tão segura quanto antes.


 - Me dá licença um segundo? Preciso fazer uma ligação.


 Josh assentiu e Lene se levantou, segurando a bolsa pequena de mão, ansiosa. Vasculhou com os olhos e notou que havia uma entrada à esquerda onde tinha plaquinhas de banheiros, com um espelho grande com moldura dourada. Ela foi até lá, e percebeu que era mesmo o lugar que tinha previsto, pois haviam dois homens de terno conversando nos seus celulares, parecendo importantes.


 Lene puxou o seu próprio da bolsa e discou. “Dorcas, Dorcas, atende...”


 - Fala, cachorra.


 - Ah, não sabe como soa bonito o som da sua voz agora.


 - E não sabe como isso me soa desespero, Marlene. – Dorcas riu, brincalhona – O que aconteceu?


 - Calma, não aconteceu nada... ainda. Onde você está?


 - Na casa do Remo. Ele disse que cozinharia esta noite e, bem... Quem sou eu contra os dotes culinários do meu namorado?


 - É, você tem sorte de não precisar fazer a janta. – Lene riu, olhando-se nervosamente no espelho.


 - Ah, com certeza. Mas você não me ligou para me perguntar o que é que eu estou fazendo. Eu já sei o que aconteceu, Lê.


 - Ahm, Dor? Podemos pular toda essa parte do fim do noivado? Eu meio que estou no meio de um encontro.


 - O quê?! – ela gargalhou alto do outro lado – E que raio está fazendo me ligando, puta de quinta?


 - Eu preciso... De um conselho – ela mordeu os lábios vermelhos, e xingou-se quando viu os dentes sujos pelo batom, apressando-se em pegá-lo na bolsa e correr para o banheiro enquanto Dorcas falava.


 - O que aconteceu? Onde você está?


 - Lily não te contou? Eu estou em Vegas. – disse, rápida, desviando das mulheres na porta.


 - Oh, meu Deus. Que bela amiga você é! Lembrar das outras deve ser realmente difícil e...


 - Ah, Dorcas? Você viria se eu te chamasse?


 - Não, você sabe que não, patética. Remo me mataria.


 - Então vamos ao ponto. Você deve se lembrar de Josh Miller.


 - O cara do banheiro do bar.


 - É, ele. Não lembro se eu te contei que ele é meio enrolado com os trouxas, ele mexe com transição ilegal de moedas, alguma coisa assim. – ela terminou de falar e passou o batom nos lábios.


 Uma mulher ao lado dela a olhou estranhamente, como se ela fosse uma louca. Lene sorriu simpática, ouvindo Dorcas gemer alguma coisa para ela continuar.


 - Então. Eu me meti em uma encrenca das feias no pôquer. Perdi cinqüenta mil... fiado.


 - Você é uma quenga.


 - E eles me deram um prazo de uma semana!


 - Você é uma puta quenga!


 - Dá pra entender? Eu estou saindo com Josh. Pedi ajuda a ele.


 - Então, querida, qual é o conselho? Problema resolvido.


 - Você sabe que ele não vai levar isso como apenas negócios, Dor.


 - Lene, e desde quando você liga pra isso? Saia com ele, continue negociando. Se você deixar realmente claro quais são as suas intenções com ele dessa vez, ele não vai te importunar como da ultima vez. Eu acho. Os homens às vezes são estranhos. O quê? Ahn, não, amor, você não está incluído nessa lista. – Lene riu daquilo, guardando o batom e ajeitando o cabelo enquanto Dorcas ainda tagarelava – Aliás, eu me lembro de quando ele te mandou aquela foto pelo e-mail. Gata, ele pode.


 Lene ainda estava rindo quando saiu para a mesma saleta onde os mesmos homens ainda estavam conversando no telefone, desviando das pessoas que queriam usar os banheiros.


 - É, bem, você tem razão.


 - Aproveite o seu jantar. Quer dizer, aproveite Vegas!


 - Você sabe que eu sei como.


 - Ah, danada, vou querer saber de tudo depois!


 - Obrigada, Dor. Depois eu te ligo.


 - Ok, beijo, garota. Se cuida.


 - Você também.


 Lene meteu o celular no bolso e deu mais uma conferida em si mesma no espelho, e, pelo reflexo, viu ao longe que Josh conversava com alguém no celular, também, rindo distraído. Bem, talvez ele tivesse alguém, quem sabe? Gostando da idéia, ela retornou à mesa. Ele estava desligando o celular no mesmo momento.


 - Então... Conseguiu falar?


 - Sim – Lene sorriu com todos os dentes, e então voltou a bebericar o whisky.


 - Acabei de contatar um amigo – ele falou, inclinando-se na mesa ligeiramente, uma sobrancelha erguida, sabendo que ela se interessaria – Que vai te ajudar com o seu pequeno problema financeiro.


 Lene ergueu as sobrancelhas, esperançosa.


 - Sério? Que amigo?


 - Isso não importa... eu só tenho que dar umas ligações e então o dinheiro começará a ser mandado para a sua conta. Depois você acerta comigo. – ele terminou com uma piscadela.


 E então ela se sentiu aliviada. Ah, finalmente uma noticia que valesse a pena.


 - Não íamos tratar de negócios só depois do jantar?


 - Tomei a liberdade de fazer o pedido... – ele sorriu, sem responder a pergunta.


 O-ou. Lene mordeu o lábio inferior, sem se importar a mínima com o jantar. Ele estava fugindo do assunto.


 - Tudo bem. – ela finalmente falou, recebendo um sorriso imenso de resposta dele.


 Mas não pôde evitar prestar atenção na conversa distraída dele pelo resto da noite e na proposital falta de interesse quanto ao assunto negócio que Lene sempre tentava abordar. Segundo ele, o tal do amigo só precisava de uma confirmação e então mexeria seus pauzinhos. E que porra você está esperando?, ela queria gritar na cara dele a cada risada alta que ele dava quando contava algum caso para ela. Mas Marlene decidiu quietar. Seria realmente chato ficar batendo no mesmo assunto se ele não desse moral.


 E assim eles jantaram e continuaram por boa parte da noite, entre conversas e flertes e drinks. Conversar com ele era fácil e divertido, tão fácil quanto flertar. Josh tinha aquele olhar demorado e piscava lentamente, para depois abrir um sorriso torto e gentil. Já passava da uma da manhã quando Lene bocejou discretamente. Não que estivesse com sono – qual é. Mas aquilo seria um sinal para ele. Josh sorriu e pediu a conta, e em segundos o garçom voltou com ela e recebeu o dinheiro trouxa, sorridente e dizendo que eles voltassem sempre.


 - Por que a gente não vai pra um lugar mais... Discreto?


 - Ótima idéia – ela disse, começando a se levantar com ele.


 - O hotel em que você está deve ter um cassino, certo? – ele perguntou, pousando uma mão na base das costas dela para guiá-la à saída.


 - Tem, mas não é muito bom – mentiu, passando as mãos pelos cabelos.


 Não podia chegar com outro homem lá. Não que uma hora daquelas Anne ainda estaria lá, mas haviam outros funcionários além dela que sabiam do seu... suposto casamento. Qualquer lugar longe dali.


 - Tudo bem, eu conheço uma boate. – ele sorriu para ela, acariciando levemente suas costas.


 Se Lene não o conhecesse bem o suficiente, poderia confundi-lo com um conquistador. E ela sabia, sabia que era quase a única mulher no mundo a desejar que um homem como aquele não ligasse no dia seguinte.


 - Claro que você conhece – ela sorriu torto, entrando pela porta que ele ofereceu.


 Josh riu e contornou o carro para pegar a direção. Ele dirigia por Las Vegas sem hesitar ao dobrar as ruas ou continuar em certos sinais vermelhos. Era tão acostumado a rodar de carro por aquelas ruas que nem precisasse raciocinar sobre isso – o mapa já estava em sua mente. Morar em Vegas devia ser fascinante, embora Lene soubesse que não se acostumaria com qualquer lugar que não fosse Londres tão cedo.


 - Joselito’s. Já ouviu falar?


 - Não. Você não me levou muito para sair da última vez que eu estive aqui. – ela fez um beicinho infantil, fazendo Josh rir.


 - Também, não conseguíamos nem sair da cama, quanto mais ir à boates.


 Marlene sorriu e correu os olhos pela rua. Bem, talvez ela nunca fosse se acostumar mesmo. Já havia ido à Las Vegas pelo menos cinco vezes em sua vida, sem contar com essa. E todas as vezes se surpreendera com as pessoas e o estilo de vida. O seu estilo de vida, impregnado em todos os cantos e cheiros e sabores. E homens. Ela sabia que setenta por cento deles não eram solteiros. Mas se eles não estavam preocupados... porque ela estaria?


 - Aqui estamos. – ele entrou com o carro em um estacionamento subterrâneo.


 - Duvido você conseguir uma vaga aí dentro, Jo. – ela avaliou as dezenas de carros amontoados na passagem escura.


 - Ainda duvida de mim, querida? Estou decepcionado – ele ergueu uma sobrancelha e deslizou entre os carros devagar.


 E lá estava, entre dois carros esporte que quase não cabiam onde estavam, uma vaga com uma placa vermelha escrita: De uso exclusivo de funcionários.


 - Você trabalha nos lugares mais esquisitos. – ela falou quando ele parou o carro para remover a placa.


 Lene observou enquanto ele a levava para o fundo da vaga, encostada na parede de concreto.


 - Essa é a vantagem de ser esperto. – ele piscou para ela, ajeitando o carro na vaga.


 Saíram do carro e Josh a conduziu por um elevador de vidro que havia bem no meio do vasto estacionamento. Tudo ao redor deles ficou escuro e em silêncio por um segundo, e a única certeza que podia ter que Josh ainda estava ali era porque os seus dedos ainda estavam na base de sua cintura. Então, o elevador subiu mais e revelou a boate.


 Era fantástica. Lene sorriu torto enquanto a porta de vidro se abria e ela avaliava o lugar. Era cheio dessas mesinhas de madeira com bancos vermelhos estofados envolta, e a maioria delas já estava lotada de gente bem arrumada, que ria e bebia todo tipo possível de bebida alcoólica. As luzes também piscavam loucamente ali, mas principalmente em um lugar ao canto que parecia a pista, onde as pessoas estavam mais concentradas do que em qualquer outro lugar, movendo-se no ritmo da batida da música que estava muito alta.


 Josh sorriu com todos os dentes enquanto a puxava para o bar. Desviando das pessoas, Lene se perguntou como diabos nunca havia ouvido falar daquele lugar. Era demais. Sentou-se no banquinho alto que o seu acompanhante indicou, e ele se sentou bem na frente dela, já com um copo redondo entre os dedos, e oferecendo outro para ela.


 - Este lugar é demais! – ela disse, inclinando-se para ficar próxima o bastante para ser ouvida.


 - Eu sei, não é?


 Lene sorriu em afirmação.


 - Quer dançar?


 Ela virou todo o copo nos lábios fazendo Josh soltar uma exclamação animada, e puxou-o para a pista. Havia muita gente no mesmo ritmo da mesma batida, e ela sorriu torto quando sentiu o sangue correr pelas veias com rapidez enquanto se movia na direção que o som levava seu corpo.


 Marlene entendeu que estava se metendo em um caminho perigoso, mantendo aquele tipo de relação com Josh. Quando ele tocou sua cintura e a puxou para mais perto, instintivamente ela recuou, tensa, mas disfarçou e fez um passe de dança meio suspeito, voltando para perto dele. Ele segurou a base de suas costas e a manteve perto, tão perto que ela podia sentir o hálito quente dele em sua bochecha.


 - Você sabe pra que lado é o banheiro? – Lene perguntou perto do ouvido dele.


 Josh riu e se afastou para olhá-la, mas ainda tão perto que ela mal podia piscar, hipnotizada pelos olhos verdes.


 - Sei, mas, francamente, estava esperando uma pergunta mais cínica da sua parte no pé do meu ouvido.


 - Eu realmente preciso ir ao banheiro.


 - A porta à esquerda do bar. – ele disse, aproximando-se do rosto dela com um sorriso torto.


 Lene sorriu da mesma maneira e colou seus lábios, fechando os olhos por um instante, e então se afastou e piscou um olho enquanto começava a andar em direção à porta vai-vem que ele indicara. Ela desviou das pessoas que dançavam, animadas, e de outras que conversavam, e finalmente empurrou a porta com o ombro.


 Havia uma pequena saleta com espelhos e portas para o banheiro masculino e feminino. É claro que havia uma fila imensa para o último, então ela suspirou, virando-se para o espelho e jogando os cabelos negros para trás, retocando a maquiagem, enquanto esperava no fim da fila. Pelo reflexo, Lene viu que a fila para o banheiro masculino também parecia grande. Intrigada, começou a observar e encontrou o olhar de um oriental.


 Desconcertada pela intensidade com que ele a olhava, Lene jogou mais uma vez os cabelos para trás e virou-se para frente. Já haviam duas mulheres atrás dela conversando alto, e ela ainda sentia o olhar do homem sobre si. De onde é que ela se lembrava daqueles olhos rasgados... ? A sua respiração falhou quando ela se lembrou, evocando a imagem da noite de dois dias atrás.


 Full house. Um bendito e lindo e magnífico full house. Nem mesmo uma trinca poderia vencer aquela jogada. Nem mesmo um lindo flush – cinco cartas de qualquer valor do mesmo nipe. Era como diziam, sorte no jogo, azar no amor. Lene sentia seus olhos brilharem na expectativa, ao observar o par de rainhas e o trio de seis. Aquilo era Las Vegas – e ela tinha um full house nas mãos. Só podia ser all in.


 - Eu vou tudo. – ela empurrou o seu avantajado monte de pecinhas coloridas para o centro da mesa redonda.


 O carteador contou as pecinhas dela e disse “cem mil” para os outros jogadores. A mulher loira imediatamente abaixou as cartas e fez um gesto de que tinha se rendido com as mãos. Lene não sorriu – sorrir seria confiante demais. Tinha que atrair apostadores e... dito e feito. Com seu cabelo ralo e sua cara de buldogue, na melhor pose de mafioso que alguém poderia ter, o homem à sua frente empurrou as peças.


 - Eu vou.


 O carteador contou as pecinhas dele também e as separou. Só os dois foram. Lene ergueu uma das sobrancelhas para o seu oponente, contando o restante de pecinhas dele.


 - Ambruzzi, certo?


 Ele sorriu torto para ela e secou a testa com um lenço.


 - McKinnon, certo?


 - Certíssimo. Aceita aposta por fora?


 - Como? – ele ergueu as duas sobrancelhas juntas, interessado - Quanto?


 Lene sorriu, fingindo-se pensativa. Tamborilou os dedos na toalha verde da mesa, produzindo um som abafado. Bem, ela não tinha nada que perder. Só ganhar.


 - Cinqüenta.


 Os olhos escuros do homem brilharam, e ele inclinou ligeiramente a cabeça para o lado, estreitando os olhos. Do outro lado da mesa, Marlene sentiu-se uma caçadora atraindo sua presa.


 Então, ele fez que sim com a cabeça, e virou-se para chamar alguém atrás dele. Saindo das sombras, um oriental de ombros largos se apresentou e se abaixou para ouvir o que o seu chefe tinha para falar. E depois ele encarou Lene com os olhos divertidos.


 Mas os olhos dele não estavam nada divertidos ali, enquanto esperava para ir ao banheiro. Lene segurou um gemido de insatisfação e saiu da fila, voltando para a boate. Bem, poderia voltar mais tarde, quando...


 Antes que pudesse planejar qualquer coisa, uma mão segurou rudemente seu braço. Ela virou devagar só para poder torcer para um milagre acontecer de não ser o japonês – mas bem, a sorte não andava muito a favor dela ultimamente. O japonês estava perto demais, parecendo ameaçador.


 - Hey! – Lene cumprimentou, sorrindo com todos os dentes – De onde eu conheço você, mesmo?


 - Engraçadinha – o homem torceu o rosto, e Lene imaginou se não seria uma tentativa de sorriso sarcástico – Que coincidência te encontrar por aqui, hãn?


 - Desculpe a falta de memória, querido – ela piscou devagar, o olhando.


 - Meu chefe mandou alertá-la. – ele apertou ainda mais o braço dela.


 Sentindo a pele queimar, Lene entendeu que ele falava sério. Ah, que merda. Ele a estava seguindo? Em que porra tinha se metido?


 - Sobre... ?


 - Ele sabe que não tem jeito de você arrumar o dinheiro até sábado.


 Um vinco de formou entre as sobrancelhas dela enquanto maquinava sobre como raios um trouxa como John Ambruzzi poderia saber uma coisa dessas. Então, pensou que ele apenas estava achando que ela não poderia arrumar o dinheiro porque não o tinha, e sentiu-se mais aliviada.


 - Diga ao seu chefe, kamikaze, que eu vou pagar cada centavo do que eu devo a ele, e que ele espere até o dia marcado para vir fazer ameaças, está ouvindo?


 - Isto é só um aviso, madame – ele falou, sorrindo de uma maneira nojenta para ela.


 - E eu não vou esquecer. – ela disse com firmeza.


 E puxou seu braço da mão do outro. O lugar ficou dolorido, e, ainda o encarando ameaçadoramente, Lene deu três passos para trás, e enfim de virou para desaparecer na multidão. E procurar por Josh.


 Era mesmo uma maldição que ele não estivesse em parte alguma. Justo agora. Bufando de raiva, Lene saiu pela porta da frente e disse que estava tudo bem a um segurança que se aproximou dela. Nervosa, passou as mãos pelos cabelos e suspirou, fechando os olhos. Quem Ambruzzi pensava que era? Logo porque ela não tinha mesmo certeza se Josh poderia arrumar o dinheiro para ela. E onde diabos ele tinha ido parar?


 Ela abriu os olhos e percebeu que o segurança tinha chamado um táxi para ela. Lene sorriu para ele, sinceramente agradecida, e entrou no carro amarelo. Enquanto os pneus deslizavam pelas ruas até o hotel, ela encostou a cabeça no vidro da janela e suspirou. Queria ter podido aproveitar a noite. Quer dizer, as coisas estavam melhores do que ela imaginara entre ela e Josh, e francamente, ainda eram três e meia da manhã.


 Depois de uns bons vinte minutos, o carro parou na calçada do hotel, iluminado pela fachada que piscava loucamente. Só quando pagou o taxista, Lene percebeu que com toda a certeza do mundo, não poderia esperar encontrar Sirius no apartamento.


 Suspirando, atravessou a calçada sem dar atenção às pessoas à sua volta, e entrou no hotel. Por um segundo pensou em dar uma passada no apartamento, mas seria perca de tempo – de qualquer maneira, dirigiu-se ao saguão ao lado, onde ficava o bar. Sentou-se em um daqueles bancos altos e pediu whisky. Pra não misturar e não esquecer que havia sido praticamente ameaçada há alguns minutos.


 O barman de feições espanholas a olhou pelo canto dos olhos quando Lene apoiou a cabeça nas mãos e olhou para o próprio celular, pensativa e desanimada.


 - Ok, esta é nova, senhora Black.


 Lene ergueu os olhos para ele. “Ramones”, era tudo o que dizia seu crachá. “Huh, alguém está ilegal por aqui”, ela pensou, divertida, enquanto sorria simpaticamente para ele, ainda sem erguer a cabeça.


 - O que é nova, Ramones?


 - Essa sua cara. – ele disse, virando totalmente a garrafa quadrada em um copo redondo na frente dela.


 - Dois dedos, por favor – ela falou – As pessoas tem seus momentos.


 Ramones assentiu com a cabeça lentamente enquanto ria pelo nariz. Pegou uns cubos de gelo e perguntou se ela queria limão ou água para acompanhar, mas Lene apenas o observou enquanto virava quase todo o conteúdo do copo nos lábios vermelhos. Fechou os olhos com força quando sentiu o efeito, e depois sorriu, esticando o copo novamente para ele encher.


 - Normalmente, as pessoas guardam esses momentos melancólicos para refletir. – ele falou, enchendo novamente o copo.


 - Não há o que refletir. Está tudo feito.


 Ele a olhou bebericar lentamente.


 - Mas não se preocupe – ela sorriu torto, erguendo o copo na direção dele como quem brinda – Não vou ficar bêbada e começar a falar sobre a vida e suas razões com você.


 - Não podia ouvir coisa melhor – ele riu, divertido, e depois foi atender outra pessoa.


 Marlene ponderou se não devia esperar até que Sirius voltasse, na porta do quarto. Então, se lembrou que havia um cassino. E saiu da fossa. “Ah, que noite ridícula”, pensou, enquanto chamava o barman para pagar e seguir para o corredor que levava ao salão do cassino.


 Quando entrou no amplo recinto, correu os olhos e registrou a mesa de pôquer com poucos apostadores, a mesa de dados, de BlackJack, roleta russa, e as dezenas de máquinas de caça-níqueis. Não ter dinheiro para apostar era uma merda, mesmo. Ela soube que o destino a havia levado àquele lugar quando viu, rodeado por duas mulheres loiras de vestidos decotados, que acariciavam seus cabelos e pernas, Sirius Black. Marlene sorriu torto enquanto ia até seu suposto marido, perto do balcão do bar. Ele estava falando alguma coisa no ouvido de uma das loiras enquanto a outra acariciava com interesse sua coxa. A primeira loira riu do que ele falou e ia inclinar-se mais para beijá-lo quando Lene chegou perto o suficiente para falar:


 - Sirius? Querido?


 As duas loiras viraram-se defensivamente, uma de cada lado dele. Marlene exibiu um sorriso de todos os dentes para as duas.


 - O que está acontecendo aqui? – perguntou, inocentemente. A esposa burra. Lene segurou-se para não gargalhar. Aquilo estava mesmo sendo divertido.


 Uma das loiras revirou os olhos e segurou a mão de Sirius em sua cintura. Ele a olhou com as sobrancelhas franzidas, por baixo do cabelo negro, e então passou uma das mãos entre eles para afastá-los dos olhos. Ele sorriu com os lábios para ela.


 - Querida, essas são minhas amigas, Lianne e Lílian.


 Lene sorriu mais abertamente ainda para as duas, como se as cumprimentasse.


 - Oh, Lílian? – ela começou, a voz insuportavelmente doce – Eu tenho uma amiga que se chama Lílian, mas... O cabelo dela é verdadeiro. – e fez uma expressão penalizada, mordendo o lábio inferior.


 A mulher pareceu escandalizada e estreitou os olhos, se segurando para não fazer um escândalo. Olhou para os lados e, com o queixo empinado, girou os calcanhares e sumiu entre as mesas de jogos e as outras pessoas. A outra deu uma risadinha falsa e a seguiu. Sirius as olhou, sem acreditar, e então virou-se para Marlene. Ela esperou uma reação dele, mas ele simplesmente virou-se de frente para o balcão e fez um sinal para o barman, que logo trouxe um copo com alguma coisa.


 Lene sentou-se no banquinho ao lado dele. Depois de virar o conteúdo do copo nos lábios, Sirius a encarou com aqueles olhos profundos. Ele não parecia enfurecido, não que isso realmente fizesse alguma diferença para ela. E ela só sustentou o olhar, esperando que ele dissesse alguma coisa.


 - Desde quando você espanta minhas companhias? – ele perguntou, estreitando levemente os olhos de uma maneira que o deixava irresistivelmente malicioso.


 Lene ergueu uma sobrancelha para aquele pensamento, e respondeu:


 - Você deve mesmo ter algum problema de memória... não se lembra que andou espantando alguns aspirantes a companhia de mim?


 Ele ergueu as duas sobrancelhas e deu uma risada. Passou as mãos pelos cabelos e olhou para os lados enquanto falava:


 - Era só um aspirante... eu devia cobrar de você alguma coisa que tenha o mesmo efeito que uma noite em três.


 Marlene não disse nada em resposta àquilo, apenas sorriu com tanta malícia quanto ele estava fazendo. Cruzou as pernas no banquinho e o olhar dele caiu ali no mesmo instante. Depois, ele ergueu os olhos para ela e inclinou a cabeça, como se perguntasse que diabo ela estava fazendo.


 - Aliás – ele recomeçou a falar depois de algum tempo – O que você quer dizer com “você deve mesmo ter algum problema de memória”?


 Lene riu alto, jogando os cabelos para trás. Bem, ele não tinha culpa de não saber de suas conversas com Anne Flinch.


 - Alguém acha que você é meio amnésico. Enfim, você não perguntou como foi meu encontro hoje.


 - Você é minha esposa, esqueceu? Eu não posso te perguntar qual posição vocês fizeram. Ainda mais em público.


 - Tem medo de alguém escutar a resposta? – ela provocou, mordendo o lábio inferior – De qualquer maneira, para o descontentamento geral da nação... não houve nada.


 - Como é? – ele quis saber, incrédulo – Você foi vestida dessa maneira e não houve nada?


 Lene estreitou os olhos para ele.


 - Como assim, dessa maneira?


 - Ah, você sabe... Dessa maneira. Sensualmente.


 Ela olhou para si mesma. Estava usando um vestido preto, um que não considerava assim tão sexy, mas que acentuava suas curvas e deixava seu ombro e suas costas à mostra, embora seu cabelo escondesse quase tudo. Ergueu uma sobrancelha para ele, intrigada.


 - A questão não foi como eu fui vestida. – ela continuou – Foi que eu fui ao banheiro e quando voltei, o homem tinha sumido.


 - Oh, isso é mau – ele fez uma careta.


 - Eu sei, péssimo.


 - Quer dizer, honestamente, que ele não dá a mínima pra você.


 - Ou que ele se perdeu no meio do povo. Ou que eu não procurei direito. Várias hipóteses.


 - Você não quer acreditar nisso.


 - Não, graças a Deus que Josh sumiu. Eu estava ficando preocupada, sabe, se talvez ele aparecesse com uma aliança no próximo encontro.


 Sirius riu.


 - E o dinheiro? Ele conseguiu?


 Lene suspirou.


 - Ele tem que fazer alguns telefonemas, mas vai conseguir. Só ficou me enrolando e depois me deu o fora.


 - Como se você se importasse, é claro. – Sirius sorriu torto.


 - Hey! Profundamente decepcionada – ela indicou a si mesma com o dedo indicador, fazendo Sirius rir.


 Depois, continuou:


 - De qualquer maneira, foi melhor do que ter tido que ficar. O clima estava... tenso.


 - Tenso como?


 - Tenso, assim... Tipo quando você está devendo pra alguém e os capangas do cara estão te seguindo. Só pra te lembrar, segundo eles, mas enfim...


 - Estão seguindo você? – ele perguntou, levando a conversa a sério pela primeira vez – O que ele fez? Te ameaçou? Você estava sozinha?


 - Teoricamente... Ninguém estava me acompanhando, mas tinha muita gente envolta, na boate. – ela fez um biquinho pensativo, de brincadeira, tentando despreocupar Sirius. Quer dizer, não era como se ele tivesse que se preocupar com isso. Aquilo era um problema dela.


 - Mas o que ele falou pra você? – Sirius perguntou, inclinando-se no balcão na direção dela.


 - Falou que Ambruzzi sabe que não tem como eu conseguir o dinheiro.


 - Mas não tem como ele saber disso, só se... – e a expressão dele se clareou com um sorriso – Só se ele pensar que você é uma pobretona viciada em apostas. E ele está errado quanto à primeira parte.


 - Na prática... Eu sou uma pobretona. – ela deu de ombros devagar.


 - Ah, sim, claro. Conta essa pro Diggory, vai. – ele piscou um olho.


 Lene deu um soco em seu ombro, rindo.


 - Eu ainda estou tocada pelo meu ex-noivado, ok? – perguntou, divertida.


 Sirius riu alto e a abraçou de lado, beijando sua cabeça enquanto ela ria.


 - Ah, Lene... Ninguém vai te ameaçar mais enquanto eu for seu marido. – ele falou, e ela riu mais ainda.


 - Obrigada, meu herói.


 - Oh, olha o casal – uma voz feminina muito reconhecível os chamou.


 Marlene e Sirius se viraram para ver quem era, e ele não a soltou do abraço quando viram Anne Flinch com uma roupa de noite curtíssima e de um rosa que chocava. Ele até a puxou para mais perto enquanto acariciava seu braço, e Lene teve vontade de socá-lo por estar se aproveitando dela, mas manteve a pose com um sorriso largo para a loira.


 - Anne! – ele cumprimentou primeiro – Você, por aqui!


 Ela riu mais do que a graça. Lene olhou significativamente para Sirius enquanto a outra passava as mãos pelos cabelos e esticava o corpo para frente, se insinuando descaradamente, mas ele estava ocupado avaliando o volume no decote de Anne.


 - Pois é, que milagre. – ela finalmente falou, sentando-se em um banquinho e acenando para o barman com um sorriso.


 - Você dorme aqui? – perguntou Lene, soltando-se de Sirius. Quer dizer, se ela era mesmo a esposa, não podia permitir tais secadas sem ao menos ficar... que seja.


 - Ah, não. O meu prédio é a algumas quadras daqui, a duas da fonte do Bellagio. Vocês já devem ter passado por lá, não é? – ela cruzou as pernas mais ou menos do mesmo jeito que Lene havia cruzado antes.


 Mas ela percebeu a diferença instantaneamente, e não pode deixar de pensar que Sirius também o havia feito. Afinal, os olhos dele voaram para as pernas dela no mesmo instante. Fascinada com a própria descoberta, Lene jogou os cabelos para trás, dando um sorriso irônico, antes de responder à pergunta.


 - Não, não fomos à fonte.


 - Oh, meu Deus – a loira fez-se de boquiaberta, colocando a mão na frente da boca pintada de vermelho – É tão romântico! Deve ser o primeiro ponto turístico que os casais apaixonados visitam.


 O drink de Anne chegou e quando ela se virou para dar o primeiro gole, Lene olhou para os lados, incomodada com aquela provocação. Tudo bem a esposa fazer joguinhos e se gabar do marido gostoso. Agora, a vadia tentar fazer casinho? Antiético. Mas bem, se fosse mesmo pensar, estava levando muito à sério essa coisa de provocação com o casamento. Qual é. Estava em Vegas. Pra que perder tempo tentando deixar uma loirinha atirada pra baixo?


 Foi segurando este pensamento que Marlene quase engasgou com a garganta seca quando Sirius a abraçou de lado e disse, perto do ouvido dela, de uma maneira que Anne escutasse:


 - Era uma surpresa, amor... você sabe que eu te amo, certo?


 O “eu te amo” de Sirius havia sido tão... impensado, que ele mesmo pareceu estupefato ao falar. Lene teve vontade de rir quando a loira arregalou os olhos para eles, atenta aos movimentos que o polegar dele fazia no ombro dela.


 Exagerando nas provocações ou não, aquilo estava funcionando bem.


 - A gente também estava pensando em renovar nossos votos de casamento no Graceland Wedding Chapel... sabe, onde o rei se casou. – ele continuou falando, sorrindo esporadicamente para Anne.


 A loira sorriu e ergueu o copo para eles:


 - Então, que vocês sejam felizes! – e voltou o copo aos lábios, virando todo o conteúdo nos lábios e saindo sem se despedir.


 Marlene soltou-se do abraço de Sirius com um sorriso malicioso, mas não se afastou do corpo dele.


 - Você está começando a entender o jogo, gracinha. – ela passou o indicador no nariz dele rapidamente, o fazendo sorrir.


 - Eu entendi desde ontem quando você abusou de mim com uma toalha – ele piscou um olho para ela, aproximando-se mais ainda de seu rosto.


 Os olhos de Marlene instintivamente foram para os lábios dele. Ávidos e insanos. Quer dizer, ela não precisava fazer aquilo e... mas que raio era aquilo. Quando é que o hálito dele havia começado a fazer aquele efeito em seu cérebro? Lene teve que juntar todas as forças que podia para não excluir a distancia entre seus lábios ao observar os de Sirius, perfeitos, com uma curva sensual quase irresistível no lábio inferior. Ela engoliu seco, tentando juntar as forças que ainda restavam para olhar para qualquer canto que não fosse a boca dele. Mas estava difícil.


 - Se eu não te conhecesse bem, Marlene... – ele começou a falar, um canto do lábio repuxado para cima em um sorriso malicioso – Eu diria que está louca para me beijar.


 A voz macia dele fez algum efeito para acordá-la do transe. Mas que... diabo. Lene ergueu uma sobrancelha para ele, apressando-se em aproximar ainda mais as suas bocas. Se um dos dois fizesse um movimento em falso, os lábios se tocariam.


 - Você diz isso demais, de conhecer as pessoas. – ela mordeu o lábio inferior, ciente que as mãos de Sirius já estavam em sua cintura, quentes.


 - Eu só estou dizendo – ele disse com a voz rouca. Porque era a vez dele encarar os lábios de Marlene com uma volúpia poderosa.


 - Nunca passou pela sua cabeça... – Lene inclinou a cabeça para falar bem rente ao ouvido dele, apoiando-se em seus ombros suavemente – Que você pode não conhecer bem as pessoas?


 As mãos de Sirius subiram para as suas costelas, e ela fechou os olhos, sem conseguir conter um suspiro.


 - É um erro você falar isso, Lene... – ele vingou-se, falando perto demais do ouvido dela, tão perto que as próximas palavras foram com a boca colada à sua orelha: - Porque você está admitindo o quanto está atraída por mim.


 E mordeu devagar o lóbulo da orelha dela. Aquilo só podia ser uma vingança, certo? Pela toalha e tal. Deu certo. Ela afundou as unhas no ombro dele e aproximou-se mais do corpo dele, sentindo a pele queimar.


 - Você é mesmo um convencido de merda, Sirius – ela falou baixo, e se afastou dele.


 Lene ainda o ouviu rir baixinho quando se virou para pedir uma dose de whisky ao barman, mas ignorou qualquer outro comentário. Aquilo não podia acontecer. Assim, simplesmente, não podia.


 E eles passaram o resto da noite ali, conversando sobre coisas idiotas e algumas até que surpreenderam Marlene ao descobrir a maneira de Sirius pensar. Ele era mais esperto do que ela imaginava, sem maldade. E nenhum momento como aquele rolou de novo, só aqueles apelidos provocantes e piadas nada inocentes.


 Voltaram para o apartamento aos primeiros sinais do sol. Lene debruçou-se na janela, a cabeça girando por causa das doses modestas de whisky, e as pernas fracas, mas mesmo assim alguma coisa dentro de si esquentou ao ver os feixes de raios de sol pincelarem os prédios altos e modernos, ao mesmo tempo que as sombras ainda deixavam as luzes e fachadas muito coloridas e chamativas piscarem sem perder o brilho. Na opinião dela, aquela era a hora mais linda para se apreciar Las Vegas, mesmo que se tenha voltado de uma noitada com a cabeça estourando e os pés insuportáveis por causa do salto. Era jogar os sapatos para o lado e se abraçar para se proteger do vento gelado.


 - Estupidamente fantástico – Sirius murmurou ao seu lado, com aquela voz irresistivelmente rouca.


 Marlene não respondeu. Estava se perguntando quando é que havia começado a achar a voz de Sirius tão macia, como veludo, aos ouvidos. Principalmente quando estava rouca daquela maneira. Tinha que parar com aquelas besteiras, definitivamente. Mesmo que ainda achasse que o homem ao seu lado era exageradamente sensual.


 - Não pense que eu vou esquecer que me fez perder uma noite daquelas em Vegas.


 Lene sorriu, estreitando os olhos e se abraçando ainda mais enquanto olhava as pessoas na rua, voltando para casa.


 - Você precisa ter um dia para refletir, Six. – ela suspirou – Um dia sem ninguém pra você ficar com você mesmo e seus problemas na cabeça.


 Sentindo o olhar dele sobre si, Lene encolheu os ombros, sentindo a pele arrepiar.


 - Eu não estou sozinho. Não dá pra pensar... Sobre os meus problemas com você do meu lado.


 Lene ergueu as duas sobrancelhas e, dessa vez, teve que se virar para encontrar os olhos dele. Azuis piscina, límpidos e brilhantes. Por causa da risada que veio a seguir, claro.


 - Não foi isso que eu quis dizer, como se você não me deixasse com a cabeça no lugar ou coisa parecida... É mais que a gente conversa tanto que... Ah, você entendeu!


 Ela riu baixinho e voltou a olhar a rua.


 - Você está certo... Sou eu quem está metida em problemas por aqui. – ela fez uma pausa para perguntar: - Isso não soou muito dramático, não é?


 - Só um pouco. – ele sorriu – mas, Hey. – Sirius a abraçou de lado, mais como um ‘amigão’ do que qualquer coisa, e acariciou seu braço: - Vai dar tudo certo, você vai ver.


 Marlene tentou imaginar se Sirius estava sentindo a temperatura daquele abraço como ela estava. Quer dizer, o vento gelado da manhã havia praticamente parado de fazer efeito. Melhor, havia se tornado morno.


 - Você vai ficar mais ou menos um mês aqui, para estar falando isso. – ela riu, divertida, e Sirius soltou-a e passou as mãos pelos cabelos.


 - O plano é três semanas. O plano do meu chefe, é claro.


 - Mas como você é um empregado excepcional...


 - Deus sabe como eu daria tudo para ficar um mês.


 Marlene riu.


 - E você, planeja quanto tempo? – ele quis saber, apoiando-se pelo cotovelo na janela também, se aproximando mais dela.


 - Depois que eu pagar o que eu devo – ela deu uma risadinha irônica – Eu vou decidir. Sabe, isso de viajar para clarear pode ser confuso.


 - Eu poderia morar aqui. E viver nessa vida para sempre.


 - Seu cérebro atrofiaria por causa da bebida e das mulheres incrivelmente inteligentes com quem você sai.


 - Tem razão. – Sirius fez uma careta – Acho que eu preferiria trabalhar duramente todo dia a passar a vida toda em Vegas.


 Lene riu e deu um soco de brincadeira no braço de Sirius.








 


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n.a: volteeeeei de viagem, queridos. e eu sei que eu prometi que tentaria responder todos os comentários e pans no próximo cap., mas podemos deixar pra depois? tô tão cansada (sem ironia), e louca pra ler os capítulos novos das fics que eu acompanho, entãaaao. :D gostaram desse capítulo? cara, eu francamente me decepcionei terrivelmente com o Josh hoje (essa sou eu, de novo, discutindo sobre as atitudes dos meus personagens, alguém entende?). quer dizer, caras tão gatos não podem simplesmente sumir! ninguém pode ser tão gato e tão cachorro ao mesmo tempo, só o SIRIUS! ele a gente deixa, certo? hahaha e como sempre, me apaixonei ainda mais pelo Six, huh. hm, acreditem, eu estou cansada a ponto de parar de falar idiotices na n.a e deixar vocês em paz. tá, mentira, lembrei de uma coisa. queria dizer uma coisinha pra todos os meus friends da floreios:


Um sincero feliz 2010 pra todo mundo. 2009 não teria sido nada sem vocês e 2010 não pode ser diferente, então eu espero que continuemos aqui ligados por esse amor louco à personagens lindos e antepassados e que esse laço demore pra se romper. isso é pra todo mundo, desde os mais queridos e até se você está lendo essa p*** de fic hoje pela primeira vez, sinta-se incluído. Magia pra todos nós! :D


Beijo queridos! Continuem comentando porque se expressar é uma arte! haha
Nah Black.

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