Quando a verdade é revelada

CAPÍTULO 17 - Quando a verdade é revelada

_AH MEU DEUS!

Imediatamente os dois se colocaram de pé e olhavam assustados para Lílian, que se apoiava no batente da porta, tremendo, as mãos no peito, indicando um princípio de infarto.

_Ma-mãe!! Eu... Posso explicar! _ Hermione tentou se explicar, em vão, pois Lilian gritou:

_TIAGO! VENHA AQUI! TIAGO!

Harry caminhou até a mãe, para ampará-la, mas Lílian parecia estar grudada no batente da porta e fez um movimento com as mãos, solicitando distância. Tiago surgiu no quarto ofegante, acompanhado de Will, olhava sem entender da esposa para os filhos, procurando algum motivo aparente para aquele alvoroço. Quando não encontrou nenhuma resposta imediata, ele foi até Lílian e a acompanhou até a cama de Harry. Pediu para Will preparar um copo com água e açúcar, enquanto Lílian balbuciava palavras desconexas:

_Eu sabia! Desconfiei... Sempre soube... Não queria ver... É castigo... Devíamos ter contado...

_Contado o que mãe? _ Hermione parecia a única a prestar atenção nos devaneios da mãe.

Lílian encarou a filha visivelmente assustada. Buscou o olhar de Tiago, mas este olhava fixamente o chão.

_Responda mãe! Contado o que? _ a jovem insistiu.

_Antes, _ a voz de Tiago sobressaiu. _ quero que alguém me conte o que está acontecendo?

Lílian ia responder quando Will apareceu segurando o copo com água e açúcar.

_Obrigada meu querido. _ ela disse. _ Mas agora, preciso que você me faça outro favor. Preciso que você fique quietinho na sala, assista algum filme no DVD ou jogue vídeo-game... Mamãe e papai precisam ter uma conversa séria com o Harry e a Mione... Ok?

Will não questionou ao pedido e saiu do quarto em seguida. Um silêncio incômodo caiu sobre os presentes. Harry permanecia estático, encostado na parede ao lado da porta. Hermione andava de um lado para o outro, o vestido arrastando pelo chão, produzindo um barulho engraçado. Tiago estava sentado ao lado da esposa, que, neste momento, dava um último gole no “calmante”.

_Eu preciso tirar este vesti..._ Hermione murmurou, sendo interrompida pela mãe:

_Fique quietinha aí mocinha! A nossa conversa vai ser longa!

O tom de voz foi severo, o que elevou os ânimos, já bastante alterados, de todos, até mesmo de Tiago.

_Bom, _ Lílian se colocou de pé, encarando um por um. _ Não sei por onde começar... Por quem começar _ ela fitou Tiago e, em seguida, Harry.

_Comece me explicando o motivo de tudo isso. _ Tiago interveio, impaciente e cansado.

_Eu cheguei aqui... E peguei esses dois... _ ela apontou na direção de Harry e Hermione, que se entreolharam. _ Se... Beijando!

Tiago permaneceu olhando a esposa, como se ela tivesse perdido a noção da realidade e muito menos do que havia acabado de dizer. Abriu e fechou a boca inúmeras vezes, buscando as palavras certas para prosseguir com aquela conversa, sem que esta parecesse maluca de mais. No entanto, acabou dizendo simplesmente:

_Como assim?

_Você nunca foi surdo Tiago, ouviu muito bem o que eu disse!

_Mas isso é impossível!_ ele soltou uma risada incrédula, no entanto, ao notar que ninguém o acompanhou naquele ato, voltou-se para os filhos, o sorriso se desfazendo aos poucos de seus lábios. _ Não é?

Os dois se trocaram olhares, esperando alguma reação de si mesmos, mas tudo que fizeram foi acenar a cabeça positivamente. No entanto, Harry acabou quebrando o silêncio em seguida:

_Nos perdoem, por favor!

_Pai, foi uma coisa... Isolada... Quero dizer... _ Hermione começou argumentando, mas o pai a interrompeu.

_Foi a primeira vez?

Lilian, que há alguns segundos estava inquieta, estacou de imediato e voltou a se concentrar nos filhos, a mão tapava a boca, como se, daquela maneira, evitasse que aquela tragédia aumentasse.

_Não. _ A voz de Hermione parecia falhar, mas seu corpo permaneceu firme. Ela continuou: _ não foi a primeira vez.

Harry levou as duas mãos ao rosto, desesperado. Hermione, por sua vez, começou um movimento frenético com as mãos: ora estalava os dedos, ora entrelaçava-os, mas os olhos estavam sempre fixos nos pais, que, neste momento apenas se comunicavam pelo olhar. Desesperada para saber o que eles estavam pensando, Hermione prosseguiu, ficando de joelhos:

_Mãe, pai, pelo amor de Deus! Me perdoem! Por favor! Nós sabemos que era errado... _ as lágrimas escorriam pelo belo rosto, antes contornado pela maquiagem. _ Tentamos parar, eu juro!

_Tentamos de tudo para concertar... _ Harry também tentou argumentar. _ Sério, nós tentamos! Ah pelo amor de Deus, falem alguma coisa! Olha... A...

O rapaz tentou amparar Hermione, que permanecia de joelhos, chorando compulsivamente. Agachou-se ao lado dela e tirou com delicadeza as mãos da outra que, neste momento, encobria o rosto.

Lilian estava completamente sem reação. Na verdade, milhares de coisas invadiam seus pensamentos naquele momento e ela não sabia bem que atitude tomar. Buscava apoio em Tiago, mas este estava tão atordoado quanto ela. Voltou seu olhar novamente para os filhos e sentiu uma emoção mesclada com um sentimento de culpa invadindo-a naquele momento, ao ver Harry tentando amparar Hermione, enquanto esta última, ainda ajoelhada, chorava e soluçava em desespero. Foi uma cena forte, a filha vestida de noiva, a cauda do vestido espalhada pelo chão, o coque do cabelo já não estava firme e se desfazia aos poucos. Ao seu lado, um rapaz com uma camisa social branca, arrastava o pano da calça social preta no chão coberto pelo carpete azul marinho. Era a cena de horror que ela nunca tinha imaginado presenciar em toda sua vida. E, talvez, a culpa daquela tragédia não estava no jovem casal humilhado à sua frente, mas sim nela e no homem ao seu lado, que respirava tão rápido a ponto de engasgar.

_Mãe... _ a voz de Hermione estava abafada e se confundia com os soluços. _ olha, eu prometo, prometo... Pro-prometo, que isso não irá acontecer mais!

_Hermione... _ Harry sussurrou, mas a irmã estava desesperada de mais quando elevou a voz:

_O QUE FOI? HARRY, NÓS ERRAMOS! NÃO VÊ O SOFRIMENTO QUE ESTAMOS CAUSANDO?

Finalmente, Tiago se colocou de pé. Em silêncio, direcionou-se até a filha e a ajudou a se colocar de pé. Em seguida, foi até Lílian, que mantinha o rosto escondido entre as mãos trêmulas. Seu ombro tremia, denunciando o choro inevitável.

_Lilian? _ ele chamou, um tom de voz calmo e baixo. _ Lili? O dia hoje foi muito cheio, não acha? Por que não dormimos um pouco e continuamos essa conversa amanhã?

Lilian ergueu o rosto, o olhar incrédulo. Como ele poderia pensar em dormir? Como ele se mantinha tão calmo perante àquela situação? Como se tivesse lido os pensamentos da esposa, Tiago disse:

_Não adianta prosseguirmos com esse assunto agora, concorda? Acho melhor conversamos amanhã, com mais calma. Além disso, você sabe muito bem que não será uma conversa fácil.

Lilian pareceu finalmente entender o que o marido queria dizer e isso despertou em si um desespero enorme. Então, havia chegado a hora. Ela sempre desconfiou que um dia teria que abrir o jogo com os filhos, mas nunca havia imaginado que seria daquela maneira. Na verdade, imaginou-se varias vezes em seu leito de morte, já bastante idosa, com Harry e Hermione lado a lado – ambos já muito bem casados e com filhos – e confidenciando-lhes aquele segredo que tanto lhe atormentava. A reação deles era sempre compreensiva. Mas, naquele momento, ela não conseguia imaginar como eles receberiam essa notícia. Estavam apaixonados, visivelmente apaixonados e Deus sabe desde quando!

Durante a noite tentou relevar o quanto eles estavam sofrendo escondendo aquele romance. Pensou ser uma espécie de castigo divino por ter mentido para a própria filha e para o enteado por tanto tempo. Mentiu também para a própria família. Naquele momento lembrou-se de Petúnia, sua irmã e sentiu o coração apertar. Sentia saudades da desengonçada irmã que sempre a apoiou por ser a mais velha, sempre a defendeu. Imaginou se continuava à procura da caçula e o quanto aquilo a desesperava. Secretamente, durante todos aqueles anos, Lilian tirava algum tempo de seu dia para escrever-lhe cartas longas, em que contava mentiras sobre sua vida, ressaltava que continuava mãe solteira e morava em um pequeno condado isolado. Nunca revelava o nome desse condado e pedia sempre para que a irmã não a procurasse, mas prometia uma visita. Por algumas vezes pensou se a irmã ainda morava no Canadá, mas isso não a impedia de continuar escrevendo.

Tiago, por sua vez, desligou-se completamente da família. Não tinha irmãos e seus pais haviam falecido há tempos. Por isso para ele foi mais fácil cometer aquela loucura. Considerava apenas Sírius como irmão, por isso sempre fez questão de contar tudo para ele. Já Harry tinha a avó materna, três tios, alguns primos... Todos por parte da mãe biológica.

Em meio aos seus devaneios, Tiago percebeu alguns soluços vindos da companheira. Sem demora, ele a consolou, amparando-a em seu peito.

_O que faremos agora Tiago? _ ela perguntou, em meio aos soluços.

_Faremos o correto: contaremos a verdade. A partir daí, Deus irá tratar do resto. Só não podemos manter essa farsa...

_Você viu como eles ficaram? Não consigo parar de pensar nos dois ali, sentindo-se humilhados... E a culpa nem ao menos era deles! Meu Deus, me sinto um monstro!

Hermione não conseguia dormir. Na verdade estava sentada na beirada da cama, tirou apenas o vestido que incomodava, substituindo a peça pela primeira peça de roupa confortável que encontrou, mas o rosto permanecia borrado com a maquiagem e o cabelo ainda tinha alguns grampos que antes sustentavam o penteado. Ouviu a porta do quarto se abrir, mas não seu deu ao trabalho de olhar para ver quem era, pois já imaginava. A pessoa sentou-se ao seu lado e começou a retirar delicadamente alguns grampos do cabelo, liberando alguns cachos.

_Sempre temi que isso aconteceria um dia. _ ela sussurrou.

_Eu também. _ Harry respondeu no mesmo tom.

A jovem dirigiu seu olhar ao rapaz, que parou de imediato o ato de retirar grampos emaranhados. A dor que ela transmitia era tão grande, que ele sentiu-se inútil e fraco.

_Por favor, vá embora. _ ela pediu, os olhos sendo invadidos por lágrimas insistentes.

_Acho que esse não é momento de você me afastar, Hermione.

_É o momento de cairmos na realidade e percebemos de uma vez por todas que isso é uma loucura sem tamanho!

O tom de voz dela permaneceu baixo, mas forte e rancoroso. No entanto, Harry permaneceu sentado ao seu lado, o olhar fixo nela.

_Eu te amo Hermione e isso é algo que nunca vai mudar. Eu tentei de todas as maneiras ignorar esse fato, mas isso sim é loucura! Vou lutar por nós dois, mesmo que você não tenha mais forças, eu vou lutar sozinho por nós dois. Só não me afaste novamente! Não me deixe sozinho novamente... _ Hermione o abraçou forte e ambos foram às lágrimas. _ Não me deixe Hermione, por favor!

Não havia como ela se afastar dele, nunca mais. Observando-o muito séria, ela afirmou que enfrentariam juntos o que estava por vir.
 

O dia seguinte parecia um pós-guerra. Will observava os pais e os irmãos na mesa do café da manhã buscando respostas paras as lágrimas e discussões da noite anterior, mas ninguém parecia interessado em coloca-lo a par dos acontecimentos. O silêncio incômodo foi quebrado pelo som da campainha e o rapazinho foi correndo atender. Ao longe, ouviu-se um comprimento e, momentos depois, Sirius surgia na cozinha correndo o olhar rapidamente por cada um ali presente. Era claro que ele estava a par do ocorrido na noite anterior, por isso cada palavra dita em seguida foi medida cuidadosamente:

_Bom dia pessoal! _ dirigiu-se para Hermione. _ Querida, sinto muito pelo ocorrido mas acho que foi o melhor para você!

_Obrigada Sirius. _ ela respondeu com um sorriso triste.

_Pois bem... Hã... E então rapazinho? _ voltou-se para Will, que finalizava seu café. _ O que acha de irmos a uma exposição sobre aviação que está acontecendo aqui na cidade?

Os olhos de Will brilharam de expectativa e ele pediu permissão para os pais.

_Claro que você pode ir querido! _ Lilian respondeu, colocando-se de pé. _ Venha, vamos procurar uma roupa bem legal para você.

Mãe e filho subiram as escadas conversando de maneira bem animada, que contrastava com o clima de constrangimento que permanecia na cozinha.

_Bom, trarei o Will de volta no fim da tarde, acho que é tempo suficiente, não? _ Sirius dirigiu-se a Tiago.

_Sim meu amigo, muito obrigada mais uma vez pela ajuda...

Harry e Hermione trocaram olhares de surpresa: então, aquele passeio era totalmente planejado para deixar os dois e os pais a sós? Agora sim sentiam um medo enorme do que o futuro reservava. Alguns minutos depois, ouviram passos na escada, indicando que Will já estava pronto para sair e deixar a bomba explodir em casa.

Após se despedirem, Sirius saiu, acompanhado de um Will extremamente animado. Lilian fechou a porta da sala e voltou-se para os outros ocupantes da sala.

_Bom, acho que nós temos muito o que conversar não é? _ ela disse, soltando um suspiro longo em seguida, enquanto caminhava até o sofá mais próximo.

Tiago seguiu a esposa e sentou-se ao seu lado. Como se tentasse afugentar os medos dela (e os próprios receios), ele entrelaçou suas mãos às dela.

Sem escolha, Harry e Hermione sentaram-se em um sofá oposto ao dos pais, mas se preocuparam em manter distância um do outro. Foi Lilian quem iniciou a conversa:

_Eu realmente não queria que essa conversa acontecesse. Nunca imaginei que seria necessária, mas pelo visto me enganei.

_Mãe, me perdoa! _ Hermione realmente pensou em dizer mil coisas, argumentar, mas tudo que conseguia fazer era isso: pedir perdão.

_Hermione, não estamos aqui para falar exclusivamente disso. _ Lilian respondeu. Buscava se manter firme, mas vacilava algumas vezes.

_Não? _ Harry interveio, confuso.

_Não, na verdade... _ Lilian parou bruscamente de falar, buscando apoio de Tiago, que prosseguiu.

_Na verdade, tem outro assunto que devemos conversar com vocês.

Hermione, que antes estava totalmente ereta no sofá, recostou-se no mesmo. Já Harry, curvou-se um pouco para frente, apoiando os braços nas pernas, como se, dessa maneira, pudesse ouvir melhor.

_Antes, eu quero que vocês me respondam uma coisa muito séria e quero que sejam sinceros, ok? _ Lilian perguntou e, após a confirmação dos filhos, prosseguiu:_ Quero saber se vocês se amam... De verdade?

Harry abriu a boca para responder, mas Hermione foi mais rápida ao dizer:

_Sim mãe, nos amamos... De verdade.

E, em seguida, segurou a mão do irmão, fazendo-o abrir um sorriso em agradecimento.

_Sabemos que é errado... O famoso incesto, não é? _ ele perguntou, voltando sua atenção para os pais, mas ainda segurando a mão dela firmemente. _ Mas estamos dispostos à  enfrentar tudo e todos para ficarmos juntos.

Era impressão dele ou Hermione havia ficado extremamente tensa de uma hora para outra? Ignorando a reação da outra, ele prosseguiu:

_Mas precisamos muito saber a opinião de vocês.

Tiago e Lilian trocaram olhares desesperados. A hora havia chegado. O que diriam? Como contariam toda a história, por onde iriam começar? Conforme as perguntas se formavam, os ânimos iam se alterando e isso não passava despercebido para os filhos, que insistiam nas perguntas “O que vocês acham?”, “Estão com raiva?”, “Irão nos perdoar?”. Finalmente, Lilian tomou as rédeas da situação e iniciou:

_Meus queridos, temos algo para contar, que mudará a vida de vocês completamente. Antes de mais nada, quero que saibam que tudo que fizemos foi por amor... Amor à vocês, à nossa família. Bom_ ela fez uma pequena pausa, tomou fôlego e voltou seu olhar exclusivamente para a filha, dizendo em um tom brando:_  Hermione você nasceu tão linda... Seu pai te idolatrava! Dizia que era a obra de arte mais perfeita do mundo! Nos amávamos muito e você foi o fruto desse amor.

_Mãe, eu sei disso...

_Não minha querida... Você não sabe. Seu pai faleceu pouco tempo após seu nascimento.

Hermione ficou pálida e voltou seu olhar para o pai... Ou quem ela pensava ser seu pai. E assim começava a história. Ao longo da conversa, as reações foram as mais diversas, ora eles se sentavam no sofá, ora levantavam completamente confusos e andavam de um lado para outra da sala. Tiago e Lilian foram os únicos que mantiveram a mesma posição com a qual iniciaram a conversa. Hermione chorava compulsivamente, enquanto Harry passava as mãos pelo cabelo, bagunçando-o mais ainda.

Finalmente, Tiago e Lilian encerraram as revelações e, apenas naquele momento, pararam para analisar o estrago. Encontraram uma Hermione chorando, sentada no sofá oposto ao deles e um Harry encarando a rua através da janela, não parecia estar chorando, mas estava concentrado de mais em alguma coisa, enquanto sua respiração estava rápida. Foi o próprio quem perguntou, em seguida:

_Por que esconderam isso de nós?_ girou nos calcanhares, dirigindo-se aos pais.

_Na época achamos que era o mais sensato. _ Tiago respondeu.

_O mais sensato? _ a voz de Harry aumentava aos poucos. _ MAIS SENSATO PARA QUEM? VOCÊS ESTÃO LOUCOS?

Hermione soltou um soluço alto, mas não disse nada. Nem concordou nem discordou com o que o outro havia acabado de dizer. Sussurrou algo como “Não quero mais saber” e retirou-se da sala, subindo as escadas correndo. Lilian não aguardou nem mais um minuto e foi atrás dela, encontrando-a no quarto, revirando a última gaveta da cômoda. Jogava longe alguns cadernos, fotos, cartas e cartões até que pareceu, finalmente, encontrar o que procurava. Sentou-se no chão com caderno na mão.

_Isso, é um diário. _ ela disse em um fio de voz, acariciando a capa do diário. Era simples, apenas uma rosa enfeitava a capa e o nome “Hermione” escrito com caneta vermelha se destacava.

Lilian não entendia o que a filha pretendia com aquele gesto, até que a própria filha começou a explicar:

_Eu quero ler uma coisa que eu escrevi aqui quando tinha... Não me lembro bem... Uns 14 anos... Sei lá... _ trêmula, ela abriu o diário e folheou até encontrar o que procurava. _ Ouça bem... Mãe... Não vou ler tudo, acho que apenas isso aqui é importante:

“Fui à casa da Meg hoje, foi aniversário dela e teve uma festinha lá. Conheci os irmãos dela (dois gatos) que moram em outra cidade, onde estudam. Conheci alguns tios e os avós dela. Sabe, eu sempre quis saber como é ter uma família grande, não estou reclamando da minha família, amo muito a família que tenho. Mas não vou negar que sempre quis saber como é um fim de semana na casa dos avós, ou ter uma tia descolada, primos chatos e primas confidentes... Um sonho...”

Ela fechou o diário devagar, as lágrimas gotejavam nas folhas e posteriormente na capa do objeto, manchando a tinta. Ao longe ela ouviu um soluço e pareceu voltar à realidade ao ver a mãe chorando compulsivamente.


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Uau... Como dizer isto... Vamos lá:
Desde meu último post aqui, eu iniciei o ultimo período da minha faculdade. Trabalhos de final de curso (temidos TCC's) simplesmente ocuparam 100% do meu tempo e não estou brincando!
Deste tempo para cá, muita coisa aconteceu: eu me formei (Ciência da Computação, obrigada!), fiquei noiva, fui promovida mas mudei de emprego (me lembro de uma vez em que postei aqui informando que tinha conseguido um estágio!), comprei um apartamento, virei ministra de louvor na igreja que frequento... Enfim, em 1 ano minha vida deu uma reviravolta enorme, fazendo com que infelizmente eu deixasse essa história fantástica de lado.

Mas agora, resolvi finalizá-la e é uma promessa que faço a vocês, caros leitores!
Agradeço muito os recados de carinho, a vocês que não desistiram! Estes são os capítulos finais desse romance escrito com muito esforço e amor.

Espero que gostem, mais uma vez peço perdão pela ausência!

Da amiga de vcs: JaqueS 

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