Quando tudo está confuso



 


 


 



 


Cap. 9- Quando tudo está confuso


 


 


_Eu estive pensando, acho que está na hora de eu arrumar um emprego... O que acha?


A voz de Harry ecoou na mente de Hermione, fazendo-a olhá-lo com raiva por ter desviado sua atenção.


Estavam sentados na sala de jantar, estudando. Normalmente, estudariam cada um em um quarto separado, mas perceberam que sempre tinha algo que lhes desviava a atenção. Já estava chegando a primeira remessa de provas, o que fazia com os nervos de todos se alterassem.


_Pergunta para sua namorada._ ela respondeu, voltando sua atenção ao livro.


_Não... Posso._ ele pareceu um pouco sem graça e desviou seu olhar para o caderno.


Hermione estranhou a reação do irmão.


Já fazia um mês desde que Gina Weasley tinha se tornado sua cunhada e Hermione ainda não tinha se acostumado com a história. Todos os fins de semana, lá estavam os dois, sentados na sala ou no quarto dele (com a porta aberta, é claro), trocando carícias e declarações.


Lílian estava achando tudo aquilo muito fofo e Tiago sempre dizia “esse é o meu garoto” quando Harry retornava da casa dela. Por falar na casa dela, a cada dia que passava estava mais próximo o almoço de “confraternização entre as famílias”... Ou foi assim que Gina batizou o dia que seus pais conheceriam os de Harry. O que Hermione achava disso? “Precipitado e ridículo! Vocês não estão se casando”, foi o que ela respondeu quando Harry pediu a opinião dela sobre o assunto.


Harry... Como tudo tinha mudado desde o dia em que Gina tinha vindo para aquele almoço. Já não conseguiam conversar abertamente, trocar confidências, se abraçar, dar beijos estalados no rosto, eram como dois estranhos. Só se dirigiam um ao outro para pedir opinião sobre futilidades ou para falar algo inútil. Se ambos estavam gostando daquilo? Não. Harry todos os dias perdia horas de sono pensando em Hermione e vice-versa.


É claro que Tiago e Lílian perceberam a mudança dos filhos, até tentaram conversar, mas a resposta que receberam foi: “Estamos bem, não se preocupem”.


Agora estavam ali, a poucos centímetros de distância um do outro, fingindo que nada tinha acontecido, que ele nunca beijou o canto da boca da irmã, que ela nunca chorou por vê-lo com outra. Tentavam ser civilizados.


_Por que você não pode perguntar para Gina?_ Hermione perguntou.


_Por que ela quer que eu trabalhe na loja do pai dela._ ele respondeu enquanto fazia algumas contas na calculadora.


_Hum, seria uma boa..._ ele a olhou imediatamente, fazendo-a repensar o que havia dito._ Não?


_Claro que não Mione, eu não quero trabalhar para o meu sogro! Que coisa mais... Humilhante.


Hermione riu e voltou a estudar, mas Harry pareceu estar gostando de finalmente manterem um diálogo por mais de um minuto e continuou:


_Além disso, eu quero trabalhar com computação. Lembra daquele curso que eu fiz? Então, quero colocar o que eu aprendi em prática.


_Faz muito bem._ ela respondeu simplesmente.


O silêncio caiu mais uma vez, mas nenhum dos dois estava estudando. Hermione o olhava ás vezes pelo canto do olho, admirando cada traço dele.


_Você conseguiu resolver a... O que foi?_ ele perguntou sorridente, quando percebeu que estava sob o olhar atento dela.


_Nada. Qual você quer?


 


O fim da tarde foi tranqüilo naquele dia, talvez o primeiro que conseguiram passar 3 horas seguidas sem discutirem, para a surpresa de Lílian, que a todo momento levava um lanche para os dois.


Aliás, ambos percebiam que Lílian já estava cansada de ficar em casa. Todos os dias ela parecia um pouco perdida, sem saber mais o que fazer afinal todo o serviço doméstico já estava pronto.


Uma noite, foi inevitável ouvir uma discussão vinda do quarto do casal. Hermione e Harry até chegaram a sair de seus aposentos para ver se estava tudo bem e, como ainda fazia pouco tempo desde a bendita tarde de domingo, quando se viram sozinhos ficaram extremamente desconcertados e correram cada um para seu quarto.


Agora sabiam que Lílian procurava um emprego na área que sempre trabalhou e, mais uma vez, Hermione voltaria a ser a dona de casa.


_Acho que ela consegue um emprego fácil, outro dia eu estava olhando o currículo dela no computador, a mamãe tem muita experiência._ Harry disse, enquanto juntavam os materiais para irem dormir._ Aliás, sabia que ela já trabalhou nos E.U.A.?


Hermione parou o que estava fazendo e olhou para o rapaz estupefata.


_Estranho, ela nunca comentou isso conosco...


_Quem nunca comentou o que?


A chegada repentina de Lílian fez os dois se sobressaltarem. Foi Harry quem respondeu:


_A senhora nunca nos contou que trabalhou nos E.U.A,  como foi lá?


Lílian parou imediatamente o ato de recolher as louças de cima da mesa. Ela ficou estática por um minuto até que conseguiu pensar em uma resposta rápida:


_Ah, foi uma época rápida em que eu tive que fazer um intercâmbio para lá... Enfim, _ ela se apressou para sair dali._ Nada de mais. Por que não vão descansar um pouco?


Ela saiu sem permitir que os dois respondessem ou que perguntassem mais coisas, o que os deixou intrigados.


Mais tarde, quando se aprontavam para dormir, Lílian contou o ocorrido para Tiago, que imediatamente sentou-se na cama lívido.


_Você acha que eles acreditaram na sua resposta?_ ele perguntou, observando-a se trocar.


_Não sei, acho que sim.


_Por falar nisso, recebi notícias do Sirius hoje.


_Verdade?_ Lílian se sentou ao lado dele e recostou-se na cabeceira.


_Sim, parece que ele arrumou uma namorada. Ele me mandou um email contando... Diz que quer vir nos visitar, você vê algum problema?


_Não, Harry e Hermione já o conhecem e gostam dele, por mim tudo bem.


Tiago sorriu e se deitou, mas Lílian ainda parecia estar preocupada e permaneceu no mesmo lugar.


_Ei,_ ele disse, tocando na mão dela._ Vai ficar tudo bem.


_Eu sei... Na verdade não era bem nisso que eu tava pensando._ ela o olhou seriamente.


_Então...?


Lílian pensou muito antes de dizer o que queria. Respirou fundo várias vezes e se deitou, virando-se de lado para ficar de frente para ele.


_O que você acha..._ ela começou a falar, acariciando o rosto dele._ De termos um filho... Nosso?


O rosto de Tiago se iluminou e ele não pensou duas vezes antes de dar um beijo apaixonado na esposa, que ria de felicidade.


 


No dia seguinte, Hermione mais uma vez evitou ficar próxima de Harry e da namorada, isso já era até comum. Como vinha fazendo há um tempo, foi direto para o campo e, como sempre, lá estava Draco sentando no mesmo banco.


Desde que ficara sabendo sobre a história dele e de Gina, Hermione tentava arrancar do rapaz a verdade, mas ele se recusava a contá-la, dizendo que não valia a pena mexer no passado. Para espanto dele, ela não acreditava que a história que a cunhada contava era verdadeira.


_Oi você._ ele disse, sem tirar os olhos do livro que lia.


_Oi, ta lendo o que?_ ela perguntou, sentando-se ao lado dele.


_Um livro que o meu pai me emprestou sobre softwares._ ele fechou o livro e o guardou na mochila._ Então, estudou muito?


_O suficiente.


_Gostei da resposta.


O sorriso dele a encantou de tal maneira, que a jovem foi obrigada a desviar seu olhar para o outro lado campo e se surpreendeu ao ver Gina conversando com outro rapaz. Os dois riam muito e ela parecia muito íntima dele.


_Sabe quem é ele?_ Hermione perguntou, apontando para o casal.


_David Watson, capitão do time de futebol e sim, ele já namorou a Gina.


Pelo visto não tinha um cara bonito naquela escola que não tivesse ficado com Gina. Mas Hermione preferiu não se intrometer naquilo e resolveu prestar atenção em outra coisa. Sentia-se sem motivação para a maratona de provas que teriam naquela semana. Precisava de algo que a estimulasse a seguir em frente. E foi Draco quem lhe deu o chá de ânimo.


_Eu vou dar uma festa nesse fim de semana... Quer ir?_ ele perguntou de repente.


_Eu adoraria._ ela respondeu mais animada.


O sinal soou e em um minuto não tinha mais ninguém no campo. Hermione chegou apressada na sala, sentando-se na frente de Harry e sob o olhar enciumado de Rony, ao seu lado.


_Onde você estava? Não combinamos que iríamos rever algumas coisas antes da prova?_ Harry bradou baixinho.


_Ah, então era por isso que a sua namorada estava de papo com o ex no campo? _ ela sussurrou maldosamente.


_Gina o que?_ ele perguntou um pouco alto de mais, chamando a atenção do professor que já distribuía as avaliações.


_Senhores, silêncio por favor._ ele bradou.


Hermione sorriu intimamente: pelo visto Harry não tinha idéia do que sua namoradinha fazia quando estava sozinha. E essa questão foi levantada no intervalo, quando se sentaram à mesa do refeitório.


_Gina, com quem você estava conversando enquanto eu estudava antes das aulas começarem?_ Harry tentou fingir desinteresse. E estava conseguindo.


_Com um amigo...


_Amigo ou ex?_ Hermione a interrompeu, atraindo os olhares de todos à mesa._ Olha, achocolatado!_ ela começou a tomar a bebida desesperadamente, esperando que atenção voltasse para o casal o mais rápido possível.


_Bom... Sim, eu já fiquei com ele, não nego isso._ ela fuzilou Hermione com o olhar, depois voltou-se para Harry._ Mas eu garanto, meu amor, que hoje somos apenas bons amigos.


_Hum..._ Harry murmurou e depois voltou-se para Hermione._ E você? Onde e com quem estava antes das provas?


_Eu estava no campo...


_Conversando com Draco Malfoy._ agora, foi a vez de Gina sentir o gostinho de entregar alguém. Assim como Hermione, ela imediatamente fingiu-se muito interessada no próprio sanduíche.


 Mas, ao contrário dela, Hermione respondeu, simplesmente:


_Sim. E daí?


A ira no olhar de Harry era visível a todos, inclusive à Gina, que percebeu que ele estava com mais ciúmes de Hermione do que dela. Ela tentou reverter a situação dizendo:


_Sabe, David foi sem dúvida nenhuma um dos melhores namorados que eu já tive, ainda gosto muito dele... Como amiga, claro.


Harry estava tão atordoado com o fato de sua irmã estar tão apegada à Draco que simplesmente ignorou o que a namorada estava dizendo.


_Harry, por favor, somos apenas amigos._ Hermione sussurrou, não queria chamar a atenção dos outros à mesa, já que estes estavam entretidos em seus próprios assuntos.


_Não gosto dele Mione._ ele respondeu no mesmo tom.


_Mas eu gosto, por favor, respeite minhas escolhas.


_O quanto você gosta dele?


A pergunta dele a despertou para esse fato: estaria gostando de Draco mais do que deveria e poderia?


_Me responda. _ o rapaz insistiu, ainda sussurrando.


_Eu... Não sei..._ ela balbuciou, seu olhar fixo na própria bandeja.


Harry não insistiu na conversa, para alívio de Hermione.


 


Após o término das provas, que resultou em uma saída mais cedo, a maioria dos alunos se dirigiu ou para as quadras ou para o campo, onde uma turma já treinava.


Como não se sentia com ânimo, Hermione sentou-se mais afastada na arquibancada e começou a ler um livro qualquer. Acabou se distraindo e não percebeu quando Rony sentou-se ao seu lado.


_Atrapalho?_ ele perguntou baixinho, temendo assustá-la.


_Hã? Ah, oi... Claro que não._ ela fechou o livro e o guardou na bolsa.


_Então... Como você acha que foi nas provas?_ ele perguntou.


_Não sei, eu tenho a terrível mania de nunca saber como eu me saio nas provas e o pior: eu sempre esqueço tudo o que eu fiz.


_Como assim?_ ele riu.


_Você pode me perguntar o que eu respondi na questão 5, por exemplo, que eu não saberia responder. Simplesmente não me lembro.


_Memória ruim?


_Não, acho que é mais uma forma que minha mente arrumou para não me deixar preocupada, tipo, o que está feito, está feito, não tem como reverter e discutir o ocorrido é perda de tempo.


Rony devia realmente estar muito apaixonado, por que estava totalmente hipnotizado com a garota à sua frente. A forma como as palavras dela eram articuladas, o tom de voz suave, as covinhas que surgiam na bochecha dela toda vez que ela falava. Ela era perfeita.


_O que foi?_ ela perguntou assustada, pela forma como ele a olhava.


_Me desculpe, eu...


Nesse momento, eles ouviram vaias vindas das arquibancadas e, quando olharam para o campo, viram um motinho se formando a redor de dois rapazes.


_HARRY!


Hermione fez menção de ir até lá, mas Rony a segurou e disse:


_É perigoso, eu vou ver o que está acontecendo. Fique aqui.


Hermione o assistiu descendo as escadas correndo e ela foi ao encontro de Gina, que parecia estar se divertindo com aquilo.


_Gina, o que está acontecendo?_ ela perguntou, se aproximando da ruiva.


_Parece que o Harry e Draco estão discutindo.


_Por quê?


_Por que, não, por quem! Por mim!


Hermione a olhou com desprezo e continuou:


_Como você sabe que é por você?


_A Lilá estava lá, chegou aqui dizendo que ouviu meu nome no meio da discussão.


Hermione preferiu não insistir naquela conversa, não acreditava que o mané do seu irmão estava brigando por causa daquela garota fútil.


 


No campo, Harry e Draco se encaravam com fúria nos olhos. Rony se aproximou do amigo e tentou acalmá-lo, mas Harry não lhe deu atenção.


_Fique longe dela, estou avisando._ Harry bradou.


_Por que você não pede para ela ficar longe de mim? Ah, eu sei por que, você é só o irmão, não é o pai.


_Estão brigando por causa de Hermione?_ Rony perguntou a um rapaz que estava assistindo a discussão.


_Sim, parece que o Malfoy falou algo sobre a Hermione ir a uma festa na casa dele nesse fim de semana e o Harry não gostou nada, aí o Draco falou para ele ir cuidar da namorada dele e deixar a irmã em paz, aí o Harry partiu para cima dele e... Virou isso aí.


Rony achava que o motivo da briga seria Gina, mas se enganou completamente. Ele pensou em ir até Harry novamente e o arrastar para longe dali, mas alguém já empurrava os rapazes e se colocava entre o loiro e o moreno. Era Hermione.


_Já chega Harry, para já com essa briga idiota!_ ela colocava a mão no peito do irmão e tentava acalmá-lo.


Por um momento, o olhar suplicante dela até o amoleceu, mas ao ver Malfoy atrás dela, rindo, a ira lhe subiu como um vulcão em erupção e ele disse, tirando a mão dela de seu peito.


_Por que você não me disse que iria a uma festa na casa dele?_ ele perguntou, segurando o braço dela.


_O que? Como... Espere um momento... É por isso que vocês estão brigando?_ ela olhou para Malfoy curiosa_ Por causa de uma festa?


_Olha Hermione, ele veio para cima de mim, falando que eu queria seduzir você, que era para eu ficar longe de você..._ Draco tentou se justificar.


_Ah, e vem me dizer que não era isso que você estava falando para seus amigos?_ Harry disse, furioso.


_Claro que não! Eles sabem que eu gosto da Hermione e era isso que eu estava falando para eles, que estava feliz por que a tinha convidado para a festa, você é paranóico?


Hermione ficou surpresa com a revelação de Draco, mas não tinha tempo para pensar nisso agora. Virou-se para Harry e segurou o rosto dele, o forçando a olhá-la.


_Vamos embora, em casa conversamos. Por favor!


Ele não teve como recusar e ia se dirigindo para fora do campo, quando ouviu uma gargalhada e uma voz debochada dizendo:


_Eis aí, meus caros, um típico exemplo de um pau mandado!


O que aconteceu a seguir foi muito rápido para a compreensão de qualquer um: Harry se soltou de Hermione, que segurava o braço dele, e partiu para cima de Draco.


 


_Nessa idade... Eu não acredito até agora que A DIRETORIA ME LIGOU PARA IR BUSCAR VOCÊS POR QUE VOCÊS ESTAVAM BRIGANDO NA ESCOLA! PELO AMOR DE DEUS! VOCÊS JÁ ESTÃO BEM GRANDINHOS PARA ESSAS COISAS!


O sermão de Lílian parecia não ter fim. Harry e Hermione apenas escutavam, ele deitado na sua cama, em seu quarto, e ela sentada ao lado dele.


_Fiquem aqui, eu vou até a farmácia comprar um curativos, alguns analgésicos, por que já vi que sua noite, mocinho, vai ser longa!


Lílian saiu do quarto e bateu a porta ao fechá-la. Hermione o olhou e se assustou: o irmão tinha um olho muito roxo, vários hematomas pelo corpo, a boca cortada.


_Acho que eu não vou te perguntar como você está, por que estou vendo.


Ele sorriu, mas logo seu sorriso se transformou em uma expressão de dor. A jovem riu e acariciou o rosto do rapaz, que fechou os olhos ao sentir aquele toque.


_Por que você não me contou sobre a festa?_ ele perguntou, num sussurro.


_Por que eu acho que você não tem nada a ver com isso._ ela respondeu, ainda o acariciando.


Harry se sentou com dificuldade na cama, ficando da mesma altura que ela.


_Hermione, eu não gosto daquele Malfoy, e acho que ele não é uma boa companhia para você.


_Harry, ninguém aos seus olhos é uma boa companhia para mim.


_Não é isso._ ele se irritou.


_Claro que sim! Me responda por que?


_POR QUE EU TE AMO!


Ela o encarou estupefata, as mãos, que antes acariciavam o rosto dele, caíram trêmulas no seu colo.


_Ah... Q-Quero dizer..._ ele balbuciou, desviando seu olhar._ Como irmão... Claro.


_Eu também te amo._ ele a olhou, sério._ Como... Irmão.


Os corações batiam acelerados, as mãos frias se uniram em um aperto desesperado. Não sabiam o que queriam passar um para o outro: confiança, carinho, companheirismo... Amor. Harry levou a mão dela aos lábios e depositou ali um beijo, que ardeu ao entrar em contato a pele delicada da jovem. Ela fechou os olhos, uma lágrima escorrendo silenciosamente pela sua face, como se quisesse lavar todo aquele sentimento mundano que nascia dentro dela e irradiava como uma chama.


_Eu te amo..._ ela sussurrou._ Harry eu te amo...


Sem mais, ele a beijou delicadamente. Seus lábios tocando os dela, como se estes fossem um artefato muito frágil e proibido. Hermione queria sair correndo, queria se afastar, mas o beijo dele era como um ímã que a mantinha estática, sem mover um músculo.


O barulho de buzina os trouxe de volta à realidade. Ela se levantou imediatamente, chorando compulsivamente. Harry se levantou, as dores no corpo pareciam ter sumido.


_O que... Meu Deus... O que..._ ela gaguejava, tocando seus lábios assustada.


_Hermione... Eu não..._ Harry foi até ela, mas não tinha coragem de tocá-la.


_Sai... De perto de mim..._ ela sussurrou, o olhando com desprezo.


_Você me disse... Que me amava... Eu..._ ele tentava falar algo, mas as palavras eram inúteis ante o desespero que brotava em ambos.


_E você acha que eu queria que isso tivesse acontecido?_ Ela gritou, desesperada.


_Hermione, por favor!_ tentava acalmá-la, mas ele mesmo estava atordoado com o ocorrido.


Ela o olhou com nojo, e saiu do quarto. Harry não tentou impedir, pelo contrário. Seu coração batia forte e o arrependimento o arrebatou, fazendo-o cair na cama, de costas, chorando de forma descontrolada.


 


Hermione não queria permanecer naquele lugar. Pegou um casaco e saiu, debaixo de uma chuva que ela nem sabia quando tinha começado. Parou na porta de casa e deixou a chuva cair sobre si, na esperança que levasse embora tudo o que sentia, mas seus lábios ainda guardavam o calor dos lábios dele.


Ouviu um barulho de carro que a alertou. Era Gina, que corria para se esconder da chuva.


_Ta fazendo o que na chuva sua louca!_ ela perguntou, abrindo a porta da frente da casa e entrando, sem cerimônia.


_Eu... Ia dar uma volta e a chuva me pegou.


_Hum... O Harry, onde está?_ a ruiva indagou.


_No quarto...


Gina não esperou o fim da resposta, subiu correndo as escadas. Bateu à porta delicadamente e ouviu um “Entre.” abafado. Entrou cuidadosamente e tomou o cuidado de deixar a porta aberta.


Harry estava deitado de costas para a cama, seu olhar fixo em algum lugar no teto.


_Oi amor... Vim ver como você está?_ ela perguntou, tomando cuidado ao se sentar na beirada da cama, ao lado dele.


_Estou ótimo._ ele respondeu, seu olhar fixo no mesmo lugar.


_Claro... Aconteceu alguma coisa?_ ela reparou no nariz avermelhado e nos olhos inchados devido às lágrimas que com certeza ele tinha derramado.


_Tive uma discussão com a Hermione, acabamos brigando feio e... Você sabe..._ ele enxugou uma lágrima que escorria._ Não gosto de brigar com ela.


_Vai ficar tudo bem, tenho certeza._ ela respondeu.


Harry a olhou pela primeira vez. Percebeu que a tinha traído e isso agora pesava na sua consciência também.


_Então... Brigou por causa dela não foi?


Ele balançou a cabeça positivamente. Ela prosseguiu:


_E ela ainda briga com você? Nossa, a Hermione não tem coração mesmo.


_Não fale isso dela._ ele retrucou.


Gina não falou mais nada, percebeu que por mais que ela tentasse mostrar como Hermione era ingrata, ele iria defender a irmã a todo momento.


 


Enquanto isso, Hermione mantinha seus planos de sair, mas deparou-se com Rony. Estava encharcado também, e parecia não se importar em se molhar mais um pouco.


_Aonde vai nesse temporal?


_Não sei._ ela foi sincera.


_Posso te fazer companhia?_ ele se aproximou, tirando uma mecha de cabelo que pendia no rosto dela e a colocando atrás da orelha da jovem. A chuva continuava.


_Não._ ela respondeu, mal humorada.


_Tem certeza?_ ele parecia estar se divertindo ao vê-la encharcada.


_Rony, acho que está na hora de deixar algumas coisas claras. _ ela alterou a voz, tanto por causa da chuva, quanto por causa da raiva que sentia naquele momento._ Eu não estou a fim de você, eu não pretendo ter um relacionamento amoroso com você.


Rony ficou em silêncio. Queria que um buraco se abrisse sob seus pés, para que ele pudesse se enfiar, devido a vergonha que sentia. Hermione o olhava decidida e segura. Apenas naquele momento, ele percebia como os olhos dela estavam vermelhos devido à lágrimas recentes.


_Aconteceu alguma coisa?_ ele perguntou, preocupado.


_Não, apenas acho que está na hora de parar de fingir que não percebo seu interesse por mim, acredite, fico lisonjeada, mas infelizmente devo deixar claro que não quero nada mais que uma amizade sincera com você. Só isso._ ela disse isso tudo automaticamente, na verdade seus pensamentos insistiam em estar com Harry e o ocorrido.


_Então... Acho que confundi as coisas?_ ele disse, a olhando decepcionado.


_Eu sinto muito._ ela finalizou, a chuva os inundando a cada segundo daquela dolorosa conversa.


_Diga à Gina que arrume um táxi para voltar para casa... Obrigado pela sinceridade.


Ele se dirigiu ao seu carro cabisbaixo. Nesse momento, um outro carro estacionava na garagem da casa. Eram Lílian e Tiago.


_Minha filha, você enlouqueceu?_ Tiago correu para cobrir Hermione com o guarda chuva._ Venha, vá tomar um banho quente.


Ela foi automaticamente. Entrou em baixo do chuveiro, sentindo a água quente escorrer pelo seu corpo. Encostou-se na parede e fechou os olhos e imediatamente as lágrimas começarem a escorrer entre as gotas do chuveiro.


 Ela se sentia suja, se sentia a maior de todas as pecadoras! Como podia ter beijado seu próprio irmão? Como, Deus, como?


Em um gesto de desespero, Hermione pegou a esponja de banho e começou a esfregá-la com força por todo o corpo, inclusive nos lábios. Queria se lavar de qualquer paixão... De qualquer fruto do mal que insistia em nascer nela.


 


O jantar estava pronto e Lílian convidou Gina para ficar, mas esta não aceitou por que ainda tinha que chamar um táxi para levá-la para casa.


Harry e Hermione não quiseram descer para jantar. Ela preferiu ficar no seu quarto, sentia-se mais segura ali. Ele não tinha fome, seu estômago revirava toda vez que se lembrava do beijo. Não era nojo, de forma alguma, não tinha nojo de algo foi tão maravilhoso. Sentia uma mistura de medo, repulsa por si mesmo pelo o que tinha feito.


Ambos pensavam em como seria o dia seguinte, como se encarariam. Teriam coragem para tanto?


Não, e isso ficou provado no dia seguinte, quando Hermione desceu as escadas e simplesmente deu um bom dia para sua mãe, fingindo que Harry nem estava na cozinha.


_Bom dia minha querida... Ei? Não vai tomar café?_ Lílian perguntou ao vê-la sair correndo pela porta da cozinha.


_Não, quero chegar mais cedo. Tchau!


Ela saiu sem dizer mais nada. Lílian olhou para Harry buscando uma resposta, mas este respondeu, em um tom de voz amargurado:


_Sinto muito mãe, mas ela não me disse nada. Eu vou indo também.


Ele se levantou, deu um beijo na mãe e saiu. Conseguiu pegar o ônibus e percebeu que Hermione não estava nele. Não pôde evitar uma preocupação surgindo em seu peito, mas preferiu ignorá-la, o que foi impossível. Ao chegar à escola percebeu que a irmã ainda não tinha chegado.


_Oi amor! Como se sente?


Gina tinha acabado de chegar e o encontrou na porta da escola, procurando a irmã com o olhar no meio daquele monte de alunos.


_Gina, que bom que chegou. Precisamos conversar.


Eles foram até a quadra de esportes e se sentaram na arquibancada, que estava vazia. Harry procurava as melhores palavras para dizer o que queria, mas sentia que não importava o que dissesse, Gina não iria aceitar facilmente.


_Olha... Eu preciso te contar uma coisa._ ele começou, com o tom de voz ameno e calmo.


_Pode falar._ ela respondeu sorridente.


_Gina... Eu..._ ele respirou fundo e passou as mãos no cabelo, em um puro sinal de desconforto._ Eu traí você.


O silêncio mortal, seguido pela expressão de espanto da ruiva, piorou a situação. Parecia que a qualquer momento ela iria explodir. Harry a olhava implorando para que ela falasse algo, mas esta ficou calada, em choque. Apenas depois de muito tempo, foi que ela disse:


_Quem é ela? Quando foi isso?


_Foi... Há um tempo atrás e quem é ela, acho que não convém dizer, o caso é que eu não quero pedir você para me perdoar e nem para continuar o namoro. Eu quero terminar...


_Cala a boca!_ ela bradou, em um tom de voz assustador._ Você é um estúpido, arrogante! E quer saber? Eu te traí também, pois é. E não foi apenas uma vez.


_Ótimo, mais um motivo para terminamos.


Harry se levantou e ia descendo as escadas da arquibancada, quando a ouviu dizendo:


_Você está acabado Potter! Você não me conhece!


Ele estacou e virou-se para ela, o rosto incrivelmente calmo.


_Estou conhecendo agora e sinceramente não estou gostando nada. Adeus Gina.


E continuou seu caminho, ignorando os barulhos de choro vindo de algum lugar acima de sua cabeça. Quando se viu fora da quadra, começou a procurar por Hermione desesperadamente, mas nem sinal da jovem.


 


O dia estava ensolarado. Era incrível como o céu caprichava no dia seguinte após uma noite chuvosa. Hermione tomava um sorvete, sentada em um banco de uma praça qualquer. Sentia os primeiros raios de sol tocando seu rosto e fechou os olhos para senti-los melhor. De longe, Draco a observava encantado. O contraste dos raios dourados no seu cabelo castanho era incrível! Ela parecia uma menininha com aquele sorvete na mão e fechando os olhos ao sentir o contado do sol com sua pele. Pagou o sorveteiro e juntou-se à ela.


_Aproveitando o Sol?_ ele perguntou sorrindo.


_Ai!_ ela suspirou e abriu os olhos._ É maravilhoso! Parece que me revigora, amo isso!


_Podemos fazer isso todos os dias, se quiser._ ele perguntou, fingindo muito interesse no próprio sorvete.


_Eu adoraria, mas hoje é um dia atípico. Eu precisava disso, dessa fuga. Que bom que você apareceu aquela hora.


_Sim, agora você me explica por que estava indo para a escola a pé? É bem longe sabia?


Hermione não respondeu de imediato. Antes experimentou seu sorvete de morango (divino!) com toda a calma do mundo.


_Então?_ Draco insistiu.


_Eu tive uma briga em casa e não estava agüentando mais ficar lá. Resolvi sair mais cedo e ir caminhando... Na verdade nem me lembrei o quão a escola é longe de casa. Só queria sair.


Draco não queria se envolver muito nos problemas dela, na verdade já se sentia envolvido de mais com ela. Preferiu mudar o rumo do assunto.


_Como está seu irmão?


_Melhor. E você? Seu rosto está intacto!_ ela o analisou.


_Pois é... Mas garanto que do pescoço para baixo é uma cena de terror, hematomas por todos os lados.


Os dois começaram a rir. Ela se sentia um pouco culpada estando ali, com o rapaz que quase acabou com seu irmão, mas se sentia tão bem com ele que não queria que aquele passeio acabasse tão cedo. Estava ciente de que estava perdendo aula, mas não queria ver Harry tão cedo. Não sabia se teria forças para ficar sozinha com ele, se teria forças para trocar alguma palavra com ele. Harry era o fruto proibido, o pecado em pessoa. Era insano tudo o que sentia quando estava perto dele e sabia que aquilo tinha que acabar. E diria isso a ele assim que tivesse uma oportunidade. De onde tiraria forças? Não tinha idéia.


_Ei? Quer dar mais algumas voltas, essa praça é bem grande, tem várias flores._ Draco a despertou de seus pensamentos.


Hermione assentiu e o acompanhou. O rapaz não tinha mentido, a praça era bem arborizada, com lindos canteiros de flores. Alguns velhinhos liam jornais embaixo dessas árvores, algumas pessoas faziam caminhada, outras apenas passavam o tempo. Draco mostrava cada canto com muito entusiasmado, estava disposto a fazer Hermione esquecer qualquer problema e estava conseguindo. Pararam ao lado de um lago, com carpas lindas.


_Draco, esse lugar é lindo!_ ela disse encantada.


_Que bom que gostou.


Ele a olhava muito sério agora. Estavam de frente um para o outro e a distância entre ambos era mínima. O sorriso de Hermione foi se dissipando ao ver como ele estava sério.


_Você é tão linda._ ele disse num sussurro, enquanto tocava seu rosto.


_Obrigado._ ela respondeu no mesmo tom.


O rapaz se aproximou mais, sendo possível, agora, sentir o hálito quente dele tocando seus lábios devagar e sedutoramente. Instintivamente Hermione fechou os olhos e inclinou-se na direção dele, mas logo recuou e disse:


_Não acho que podemos..._ ela começou a falar, mas ele levou o indicador aos lábios dela, calando-a.


_Não só podemos como devemos.


Com um movimento rápido e forte, ele a enlaçou pela cintura e a beijou. A beijou como se nunca mais tivesse oportunidade para tanto. Hermione se surpreendeu com o que estava sentindo, em como Draco Malfoy tinha efeito sobre si. Os lábios dele eram delicados e insinuantes ao mesmo tempo e a cada toque macio da língua dele, ela sentia arrepios em lugares que nem sabia que poderia sentir algo.


Quando se separaram, não emitiram som algum. Apenas os olhares revelavam tal cumplicidade. Por fim ele disse, num sussurro sedutor, ao pé do ouvido dela:


_Você... É incrível Hermione... Nossa...


A abraçou forte e ela retribuiu. Até que se lembrou de Harry e de como o simples toque dos lábios dele, um roçar de lábios apenas, a levou para um lugar novo, com sensações novas. Ficou pensando se o beijo fosse mais aprofundado, o que sentiria?


 


Harry chegou em casa e, para sua surpresa, Hermione ainda não tinha chegado. Preferiu não comentar nada com Lílian.


_Onde está sua irmã?_ ela perguntou.


_Está chegando._ ele respondeu, indo direto para seu quarto.


E realmente, minutos depois, o carro de Draco estacionava na frente da casa de Hermione. Harry a olhava pela janela e cerrou os punhos quando viu o beijo de despedida que eles trocaram. Pensou em ir até lá e arrancá-la daquele carro, mas seu bom senso o alertou: ela é sua irmã. Nada além disso.


Retornou cabisbaixo para sua cama e deitou-se, até que a porta abriu com um estrondo forte. Hermione entrou no quarto e imediatamente fechou a porta. Virou-se para Harry, respirou fundo e disse:


_Precisamos conversar.


Harry, que permaneceu deitado na sua cama, a olhou com a expressão calma. Estava sem camisa, o que dificultava as coisas para Hermione, que evitava olhá-lo.


_Eu cheguei a uma conclusão hoje. Quero dizer..._ ela pigarreou e continuou, sem olhá-lo._ Eu pensei muito e cheguei a uma conclusão.


_Ah é?_ ele ironizou, seu sorriso encantando ainda mais a garota._ E como chegou a essa conclusão? Na boca do Malfoy?


Hermione o olhou com desprezo e decidiu entrar no jogo dele:


_Sim, e acredite eu amei encontrar a resposta que eu precisava lá. E procurarei várias vezes...


Harry a olhou e começou a rir descontroladamente. Ok, ela tinha contato alguma piada sem perceber? Tinha algo de engraçado em ouvir que ela tinha beijado outro homem e que pretendia repetir o ato?


_Ta bom... Já chega... Esse jeito de menina atirada não combina com você Mione._ ele disse, recuperando o fôlego.


Hermione acabou achando engraçado também e se sentou ao lado dele, recostando-se na cabeceira. Ficaram em silêncio por um tempo, olhando para a parede oposta à cama. Foi Harry quem quebrou o silêncio:


_Vocês estão namorando?


_Não.


_Então... O que queria me dizer?


Hermione ponderou várias vezes o que queria dizer, até que percebeu que não tinha mais jeito, tinha que falar, por mais que fosse difícil.


_Eu estive pensando... Acho que não dá mais para mantermos essa situação._ ela se endireitou e virou-se para ele, que e olhava com pesar nos olhos._ Harry o que aconteceu aquele dia, não pode acontecer mais! É errado... Acho que...


Ela se calou de repente. Percebeu que não tinha argumentos contra o que sentiam. Harry continuou a analisando e ela daria de tudo para saber o que ele estava pensando.


Era estranho estarem ali, tão próximos um do outro, nem parecia que há pouco tempo atrás ela tinha se levantado durante a noite e ido para a cama dele, por medo da chuva. Agora, mas conseguiam se olhar.


_Acho que eu vou indo... Eu esqueci o que eu ia te dizer._ ela disse, se levantando.


Harry a observou caminhando até a porta e a viu parar, com a mão na maçaneta. Foi aí que ele percebeu que tinha que dizer algo, fazer algo!


_Hermione, espera._ ele se levantou e caminhou até ela, parando a poucos centímetros de distância. Ela permaneceu na mesma posição._ Eu sinceramente sinto muito pelo o que aconteceu, mas me recuso a dizer que me arrependo, por que, por mais insano que possa parecer, e eu sei que é; eu não me arrependo. Não sei o que está acontecendo e adoraria saber, acredite eu também estou muito confuso. Tanto que... Terminei com a Gina hoje.


Hermione virou-se para ele de imediato. Não pôde conter um sorriso tímido que brotou em seus lábios.


_Sério? Por quê?_ ela perguntou.


_Bom, de uma forma ou de outra, eu a traí e me senti muito mal por isso. Então, resolvi terminar.


O sorriso da jovem se alargou e ela o abraçou forte. Por um momento se esqueceram de tudo o que tinha acontecido, do que haviam dito um para o outro.


 


Parecia estranho mas, depois dessa conversa, Harry e Hermione enfim puderam voltar às boas. Brincavam, conversavam, trocavam confidências, carinhos. È claro que algo nesses carinhos tinha mudado, um já não olhava o outro da mesma forma, e, mesmo quando trocavam um simples beijo no rosto de bom dia, percebiam como esses beijos se tornaram mais demorados e com o acréscimo de um abraço.


Hermione estava tão feliz, que tinha até se esquecido de Draco. Já fazia três semanas que não o via, por que, assim que chegava ao colégio, não se desgrudava de Harry, além de irem embora juntos.


_Acho que você não fica muito bem de camisa branca... Tipo, você já é branco, então... Sei lá.


Agora, ela estava no quarto dele, o ajudando a escolher que usaria para sair com os amigos. Seus pais estavam fora, tinham tirado um dia para curtirem um romance e anunciaram que só voltariam no dia seguinte. Como Harry já tinha marcado essa saída com os amigos antes do anuncio da saída dos pais, Hermione insistiu para que ele fosse. “Vou dormir cedo, fica tranqüilo.”, ela disse quando ele insistiu em ficar.


_Seria bom se você desse uma opinião também._ ela se irritou, ao vê-lo deitado na cama, com apenas uma toalha na cintura o cobrindo.


_Ah não, você insistiu para que eu fosse então, você escolhe a roupa._ ele respondeu rindo.


_Posso escolher qualquer roupa então?_ ela retrucou, maliciosa.


_Olha, não me mande ir nu que as garotas não me deixaram em paz hein?


Os dois riram e ele, enfim, levantou-se. Parou ao lado dela e começou a analisar o próprio closet.


_Que tal... Essa camisa..._ ele pegou uma camisa pólo azul marinho._ e essa calça._ depois pegou uma calça jeans preta.


Hermione o observou, com o dedo no queixo, o que a deixou muito engraçadinha.


_Então?_ ele insistiu.


_Tá lindo._ ela sorriu, satisfeita.


_Ok, então agora, se a senhorita me der licença, eu tenho que me trocar._ ele apontou para a porta do quarto.


Ela concordou e ia saindo, quando um barulho de carro estacionando os alertou. Ambos correram para a janela e viram Gina descer correndo de um taxi e indo até a porta da frente. Segundos depois ouviram a campainha. Eles se entreolharam confusos.


_Você não tinha terminado com ela?_ Hermione disse, se afastando da janela.


_E terminei, sinceramente não sei o que ela está fazendo aqui.


Mais uma vez a campainha soou, acompanhada de um “HARRY!”.


_E o que você vai fazer?_ Hermione perguntou a um Harry lívido.


_Eu não sei... Não posso deixá-la lá, não é?


_Não?


Harry a olhou como se a repreendesse, fazendo-a recuar.


_Vai se trocar, eu vou atender a porta._Hermione sentiu-se vencida.


Ela ia saindo, quando a segurou pelo braço, fazendo-a retroceder e parar bem próxima a ele.


_Eu juro que terminei com ela._ ele sussurrou, acariciando o rosto dela.


_Eu acredito em você.


Harry sorriu e uniu sua testa à dela. Ambos fecharam os olhos e se esqueceram de tudo por um minuto, inclusive que eram irmãos. Ele acariciava seu cabelo, fazendo-a sentir-se em outro planeta. Quando os lábios dele se direcionaram aos dela, a campainha soou mais uma vez, fazendo Hermione o empurrar bruscamente e sair correndo do quarto.


Ela desceu as escadas o mais rápido que pôde e abriu a porta da mesma maneira, assustando Gina.


_Oi..._ a ruiva cumprimentou, se recuperando._ O Harry...


_Está se arrumando, mas entre e sente-se._ Hermione a interrompeu.


Gina seguiu o conselho da jovem e se sentou em uma poltrona, enquanto Hermione sentava-se em outra, de frente para ela. O silencio durou enquanto Harry não desceu as escadas.


_Oi Gina. O que faz aqui?_ ele evitava olhar para Hermione.


_Harry, precisamos conversar..._ ela se levantou e olhou para Hermione, que entendeu o recado e disse:


_Por que não a leva para seu quarto Harry? Só não demorem... Vocês sabem...


Gina agradeceu e olhou para Harry, mas este tinha o olhar fixo na irmã. Parecia que ela queria que os dois ficassem sozinhos, ou algo do tipo. Sem o que dizer, ele subiu para seu quarto, acompanhado da ex. Hermione permaneceu no mesmo lugar, pensando no que tinha acontecido há alguns segundo atrás. Fechou os olhos e pôde visualizar cada traço dele, os lábios dele, o peito nu, as mãos firmes, o cabelo molhado e as costas com algumas gotas de água que caiam deste.


_Deus!_ ela suspirou, se levantando e indo até a cozinha.


Pegou um copo com água e a bebeu. Ficou um tempo com o copo na mão, recostada na pia, pensando no que faria a respeito de Harry. Foi quando sentiu uma curiosidade nascendo e crescendo rapidamente em seu peito. Decidiu subir e ir ver, ou ouvir, o que estava acontecendo.


Subiu o primeiro degrau e parou. “Melhor deixar isso para lá”, ela pensou, mas seus pés já estavam subindo o segundo, o terceiro, o quarto... Quando chegou ao sexto, estacou.


Naquele momento, o corredor que se estendia parecia enorme e o silêncio que pairava no local era atormentador. A cada passo que dava, travava uma batalha interna: e se estivessem se beijando? Mas também podiam estar brigando e feio. Harry poderia ter dito algo horrível e Gina estava agora sentada na cama, chorando descontroladamente, enquanto ele passava a mão pelo cabelo, nervoso.


Se aproximou do quarto dele, mais dois passos e estaria na porta. Mas que silêncio era aquele? Hermione já deveria estar ouvindo choro, berros, palavrões, xingamentos... “Amassos?”


Ela ficou estática, na porta do quarto. O que via era horrível e orava muito que fosse tudo um pesadelo, que sua ida para Manchester tivesse sido um pesadelo, que Gina fosse uma ilusão! Mas não, era tudo real e estava ali, na sua frente: Harry deitado em cima de Gina, a beijando com paixão, as mãos, que antes acariciaram seus cabelos de forma doce, agora tentavam arrancar a blusa da ruiva, que também não ficava atrás e levantava a blusa dele de forma possessiva.


Hermione ficou sem fala, sentindo as pernas bambas. As lágrimas já rolavam sem restrições. Foi impossível conter um soluço, que alertou o casal. Harry imediatamente pulou para fora da cama, olhando de Gina, que sorria maldosa, para Hermione, que chorava.


_Her-Hermione..._ ele tentava se explicar.


Hermione limpou as lágrimas com força nas mãos e desceu as escadas correndo, sendo seguida por Harry.


_HERMIONE ESPERA! ME DEIXA EXPLICAR!_ ele descia correndo, ajeitando a camisa.


Ela não olhou para trás, muito menos respondeu algo. Saiu e fez questão de bater a porta.


 


 


Seus passos ecoavam pela rua deserta. Nem tinha percebido que estava apenas de tênis, calça jeans surrada e uma blusa de manga comprida fina. Se assustou quando um farol forte a iluminou e percebeu que era um táxi. Sem pensar, Hermione praticamente pulou na frente dele, fazendo o motorista frear e os pneus cantarem no asfalto.


_Tá maluca?_ ele gritou, colocando a cabeça para fora do carro.


_Me... Me desculpe. Pode me levar á casa dos Malfoy?_ela perguntou, cruzando os braços de frio.


_Sim, entre.


Hermione correu e entrou no taxi. Apalpou o bolso e deu sorte por encontrar algum dinheiro neste, era uma mania de comprar as coisas e guardar o troco nos bolsos das calças e esquecer de retirá-los de lá em seguida.


 


As ruas de Manchester estavam tranqüilas para uma noite de sábado. O tempo foi mudando aos poucos e uma chuva fina começou a cair. Hermione tentava pensar em outra coisa mas a imagem de Harry e Gina não saía da sua cabeça. Perdeu-se em pensamentos, até que percebeu que o carro estava parando. Olhou para a o lado de fora e viu uma mansão surgir à sua frente. A noite dava um ar sombrio ao local.


Ela pagou o motorista e saiu do carro. Caminhou em direção ao portão principal e parou. Não tinha ninguém que pudesse anunciá-la, mas percebeu o interfone em uma coluna de pedra ao lado.


Draco estava na sala mexendo em seu notebook, quando ouviu a campainha do interfone soar.  


_Donna, atenda por favor?_ ele disse, mas não obteve resposta, apenas mais um chamado do interfone._ Ok, pode deixar que eu atendo.


Ele foi até cozinha e atendeu ao interfone e se surpreendeu ao ouvir a voz do outro lado, que dizia:


_Oi... É que ta chovendo muito aqui fora... Me deixe entrar, por favor?


Draco sentiu seu coração disparar. Liberou a entrada dela e a aguardou na porta principal. O que ela estava fazendo ali?


Hermione viu o portão se abrindo e permitindo sua entrada. Sem esperar, ela correu para dentro, seguindo o caminho de pedras que ia até uma grande porta de carvalho. Parou em frente desta e deu três batidas leves.


Draco abriu a porta e a olhou espantado. Estava toda molhada, tinha o rosto pálido e inchado devido às lágrimas.


_Oi..._ ele disse, enfim.


Hermione começou a chorar e o abraçou.


 


Pois o amor é tão forte quanto à morte, e o ciúme é tão


inflexível quanto à sepultura. Suas brasas são fogo ardente,


são labaredas do Senhor. - Cantares de Salomão 8:6


 


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Está aí, o tão aguardado capitulo 9.


Peço desculpas pela demora, meu modem queimou com as chuvas recentes aqui em minas e fiquei louca sem internet! Graças a Deus conseguimos comprar outro e estou de volta!


Vamos aos agradecimentos:


Almofadinhas Pink Black


Mah.Potter


Pâmela H.H 


Ananda Malfoy Lupin


Luce Black


kássia bell


Chics


Aymee



Muito obrigado à todos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Por favor, comentem pq esse cap. foi importantíssimo!


bjs e até a próxima!(se o meu modem ajudar)

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