Quando ela disse "Não"

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_É agora...

Não teria como fugir. Enquanto saia do carro auxiliada pelo pai, Hermione pensou, por um momento, em fugir. No entanto, suas pernas, naquele momento, a guiavam para a porta da igreja e, ao seu lado, seu pai tentava lhe transmitir toda segurança do mundo.

Quando chegaram próximo ao grande portal de madeira antiga, agora fechada.

_Bom... Acho que é nossa vez meu amor. _ ele disse, sorrindo.

_Sim... Pai... _ a noiva virou-se para o pai, que lhe sorria um tanto nervoso. _ Eu te amo. Diga a mamãe que a amo muito também, sim?

Tiago rio baixo e respondeu emocionado:

_Eu também te amo minha filha. Nós amamos você.

E então, a marcha começou a ser entoada pela banda que ela mesma fez questão de contratar há alguns meses após várias pesquisas exaustivas. As portas foram abertas lentamente, para desespero de Hermione que já não aguentava de tanta tensão. Seu olhar foi ofuscado por um momento pelas luzes e pelos flashs do fotógrafo recomendado pela sogra - "Um grande fotógrafo! Vocês com certeza serão capa da revista da sociedade!" - até que aos poucos teve total vislumbre do interior da igreja: um corredor se estendia diante dos seus olhos, localizado entre duas fileiras de bancos. Cada flor, cada pedaço de seda, cada detalhe daquela decoração fora escolhido por ela e Draco com toda atenção e carinho do mundo! “Flores de todas as cores, quero uma igreja bem alegre!” ela disse há algum tempo e ele concordou “Acho que apenas um tipo de flor não basta, vamos misturar todos os tipos, rosas, margaridas, orquídeas!”.

À medida que entrava na igreja, Hermione não tinha coragem de olhar para o altar diretamente. Não tinha coragem de olhar para Draco. E sabia que o olhar dele, naquele momento, era totalmente voltado para ela. Não reconhecia ninguém naqueles bancos de madeira antiga, não reconhecia a si mesma, para falar a verdade. No entanto, reconheceu Harry, que estava em um dos primeiros bancos. Mais uma vez era como se com uma simples troca de olhares um pudesse dizer ao outro tudo que desejavam. O olhar dele era de pura mágoa e isso a machucou profundamente. Quando deu por si, já estava bem próxima ao altar, logo a terrível caminhada finalizou. Draco foi ao encontro da noiva, sorridente e galante. Tiago se despediu da filha com um beijo em sua testa. As mãos de Draco substituíram as de Tiago, e, agora, ela estava sendo conduzida aos degrais que antecediam o altar mor. Ela voltou o olhar para o pastor à sua frente e logo o reconheceu, era o mesmo homem a quem, há 10 anos atrás, ela recorreu no auge de seu desespero. Ao que tudo indicava, ele não a tinha reconhecido, o que ela agradeceu muito mentalmente.

A cerimônia estava linda, isso ela não poderia negar. Cada palavra dita pelo pastor tinha um fundamento maravilhoso que tocava e confortava seu coração. Mesmo de costas para o restante da igreja, ela podia sentir o olhar de Harry sobre si, ele era, aliás, o único evento naquela igreja que realmente distraía Hermione. E, quando se pegava distraída, ela forçava seus ouvidos e seu olhar a focarem novamente na cerimônia.

Para Harry, entretanto, as palavras estavam entrando por um ouvido e saindo pelo outro, sem deixar raízes. Não era que não estivesse gostando, mas sabia que toda aquela história sobre o amor, contada com maestria pelo pastor, não se aplicava à noiva. Ou talvez se aplicasse nos momentos em quem ela esteve com ele! Foram 30 minutos ou mais, ele não sabia ao certo, de total perda de tempo. Até que a pergunta crucial finalmente foi feita e finalmente ele começou prestar total atenção ao altar.

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Hermione oscilava entre a total atenção e o total desligamento. As vezes olhava de relance para Draco, que retribuía o olhar, acompanhado de um sorriso.

_Hermione, você aceita Draco Malfoy como seu legítimo esposo?

Era como se um sinal de alerta fosse acionado na mente dela. Olhou assustava para o pastor, ela não esperava que fosse tão rápido! Sentia-se paralisada. Ou não. Sua boca estava se movimentando sim! “Ufa,” ela pensou, “achei que fosse ficar muda no momento mais importante do casamento!”.

O problema era que o som que estava sendo emitido pelos seus lábios era um firme e sonoro “Não.”.

A igreja caiu em um silêncio pesado. Era como se este silêncio fosse físico e estivesse sufocando a todos, principalmente à noiva. Um pouco distante ela conseguiu distinguir o gritinho abafado da mãe de Draco.

Hermione engoliu seco, os olhos focados no pastor, mas ciente do par de olhos cinzentos que a encarava, incrédulo. Em algum lugar atrás dela, um outro rapaz permanecia boquiaberto, mas um sorriso tímido brotava em seu rosto.

Tentando concertar a situação, o pastor repetiu a pergunta. Dessa vez, a resposta da noiva não foi imediata. Em vez de responder diretamente ao interlocutor, ela direcionou-se para Draco, que estava mais branco do que o normal.

_Não. _ repetiu, agora em um tom de voz mais firme.

Naquele momento o silêncio já não se fazia presente. Sussurros maldosos, comentários ofensivos de todos os tipos chegavam aos ouvidos de Hermione, mas ela não se importava. Apenas uma pessoa a importava naquele momento e, esta pessoa, estava neste exato momento puxando-a para algum lugar que ela não conseguiu identificar ao certo. Quando deu por si, estava no que parecia ser uma sala, enquanto Draco tratava de fechar a porta atrás de si, mas não adentrou mais no recinto, permaneceu estático, recostado na porta. Depois de vários minutos, ele finalmente conseguiu pronunciar algo:

_O que você está fazendo? _ o rancor saltava aos olhos dele...

_Draco, eu sinto muito! _ e o desespero margeava as reações dela.

_Sente...Muito? _ ele destacou. _ É só isso que você tem a me dizer?

Hermione deu dois passos em direção à ele, que, finalmente, saiu do lugar em que estava e caminhou para o centro da sala, afastando-se dela.

_Eu... Realmente, sinto muito! Mas, não posso prosseguir com isso...

_ISSO É NOSSO CASAMENTO HERMIONE!_ ele gritou, furioso.

Hermione se aproximou dele, ficando a poucos centímetros de distância. Não iria gritar ou elevar o tom de voz, a ultima coisa que queria era um espetáculo de baixaria. Por isso, quando começou a se explicar, seu tom de voz desarmou completamente o ex-noivo.

_Draco, infelizmente eu não posso me casar com você. Percebi isso hoje, ao longo do dia. Essa decisão já foi tomada.

_Por que não me ligou então? _ ele disse, a raiva dando lugar à dor e humilhação.

_Por que fui covarde. Mas eu simplesmente não posso deixar esse casamento acontecer para nosso bem.

_NOSSO bem? _ ele frisou bem o “Nosso”.

_Sim, NOSSO bem._ ela deu um suspiro, antes de continuar. _ Draco você tem duas opções: tornar essa situação fácil e aceitável, ou transformá-la em um show de horrores, que é o eles esperam. _ ela indicou a porta, onde, do lado de fora uma multidão aguardava ansiosa os desfecho da história.

_Vá direto ao assunto. _ ele foi ríspido.

_Bom, nós podemos sair daqui e dizer que a decisão foi tomada em comum acordo e sem ressentimentos, ou...

_Ou...?

_Ou, eu posso sair por aquela porta contando para todo mundo o quanto é difícil trabalhar com a amante do seu noivo... DIARIAMENTE. Ter que aturá-la fazendo piadinhas sobre traições constantes e do quanto algumas mulheres realmente não se tocam sobre o que está mais do que na cara. Mas o pior de tudo é ver seu noivo visivelmente excitado enquanto ela desfila pela sala dele com decotes e mini saias.

À medida que a morena falava, o rosto do outro ia assumindo um tom avermelhado interessante. Ao final do discurso, ele já não tinha forças para se defender. Mas Hermione não havia terminado.

_Você realmente achava que eu não sabia sobre seu caso com sua... “Assistente”?- ela fez um sinal de aspas com os dedos.

_Como você soube disso?

_Eu vi. Dá próxima vez que quiser ter uma aventura, certifique-se de que a garagem estará realmente vazia.

Imediatamente ele se lembrou de umas das vezes em que havia ficado com a assistente na garagem do prédio em que trabalhavam. Realmente foi um descuido, ele pensou, mas não imaginava que Hermione estivesse lá, na verdade, esperava estar completamente sozinho. A "assistente" o deixava louco à meses e ele já não aguentava esperar pelo grande dia: a lua de mel. Por isso, naquele dia extremamente frio, aceitou o calor da bela morena que havia contrato inicialmente sem segundas intenções.

Sentindo-se derrotado, ele perguntou:

_Por que você não me falou isso antes?

_Por que finalmente eu acordei para a realidade. _ um brilho diferente nos olhos dela estava surgindo. _ Até ontem, eu tentava justificar suas traições, dizendo que você era homem e que já não era mais virgem, logo tinha suas necessidades e eu não poderia supri-las tão cedo. Aliás Draco, eu agradeço muito seu respeito pela minha decisão de me manter virgem até o casamento... Eu sempre fui romântica sabe? Mas hoje eu percebi que essa situação já estava virando humilhação. _ ele abriu a boca para se defender, mas ela o interrompeu. _ Fico imaginando você e suas amantes rindo de mim enquanto estão na cama! Isso é humilhante Malfoy.

Há muito tempo ela não o chamava pelo sobrenome. Visivelmente alterado, ele disse:

_Eu nunca quis humilhar você!

_Imagino que não, por isso eu espero que você retorne para a igreja e diga educadamente a todos que sente muito mas o casamento realmente está cancelado. Ressalte que a decisão foi tomada em comum acordo e que nós dois sentimos muito. Diga também que, apesar deste desastre, a festa continua de pé!

Draco endireitou-se. Começou a andar em círculos pela sala, pensativo. Hermione estava disposta a dar ao rapaz o tempo que fosse necessário. Mas realmente queria que fosse rápido. Precisava resolver outra situação. Por isso, insistiu:

_E então? Draco?

Ele parou de andar em círculos e foi até ela. Tomou-a nos braços e a beijou profundamente. Hermione correspondeu ao beijo, mas tinha que confessar: já não sentia nada em relação à ele. Afastando-se dela novamente, ele caminhou até a porta e saiu, dando fim aos murmúrios dos convidados que se calaram de imediato ao vê-lo.

Era como se um peso enorme finalmente tivesse desaparecido para Hermione. Respirou fundo, buscou forças para encarar a todos lá fora, quando visualizou uma porta mais ao fundo da sala, quase escondida. Curiosa, ela se dirigiu para o local e abriu a porta, deparando-se com a rua. Uma brisa gelada tocou seu rosto, era como um sopro de vida... Vida nova! Sem demora, ela saiu. Andou alguns quarteirões, atraindo olhares para si mesma (não era todo dia que uma noiva caminhava pelas ruas da cidade) até encontrar um ponto de taxi. Parou em frente a um dos carros, fazendo o taxista observá-la desconfiado.

_Boa noite! _ ela sorriu abertamente. _ Preciso que o senhor me leve até minha casa.

_Ok... _ ele a olhou dos pés a cabeça, tirando suas próprias conclusões.

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Na igreja, Draco havia acabado de sair da sala em que estava com Hermione e se deparou com centenas de convidados, todos o encarando de volta. Demorou um pouco até que ele escolhesse as palavras certas:

_Bom... Pois é... Infelizmente. _ ele pigarreou, nervoso. _ Infelizmente, o casamento não irá acontecer. Quero deixar claro que foi uma decisão em conjunto e que, com certeza, continuaremos amigos...


Harry não estava com paciência para ouvir aquele discurso idiota.

Disfarçadamente, ele se dirigiu até a sala onde imaginou que encontraria Hermione, mas, para sua surpresa, a sala estava vazia. Começando a ficar preocupado com o sumiço da irmã, ele viu a porta ao fundo da sala aberta. Sentindo o coração disparar, preocupado, ele saiu pela mesma porta, indo direto para seu carro e dirigindo em alta velocidade para casa.

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Chegou em casa mais rápido do que o normal, estacionando o carro de qualquer maneira na porta de casa. A procurou desesperado, por todos os cômodos, inclusive no quarto dela. Desistindo de procura-la e realmente preocupado ele foi para seu quarto. Entrou nervoso no local, batendo a porta furioso, nem acendeu a luz. Retirou o smoking, jogando-o em algum canto, desfez o nó da gravata com a mesma violência e também abandonou-a em qualquer lugar. Ia desabotoando a camisa, quando sentiu que não estava sozinho. Virou-se na direção da janela e a viu ali, apoiada no batente, banhada para luz da lua que ressaltava a cor branca do vestido de noiva.

Era uma visão tão perfeita, que ele imaginou ainda estar dormindo e sonhando.

_Agora eu entendo por que você gosta tanto de ficar olhando pela sua janela. _ ela disse, sonhadora. _ A vista daqui é perfeita!É fantástico o horizonte... Passa um sentimento de calma... Que é tudo que eu preciso nesse momento.

Harry estava definitivamente sem reação. Sentia cada milímetro do seu corpo tremendo, sua respiração estava tão pesada e entrecortada, que ele teve que se controlar inúmeras vezes. Com um sorriso doce, ela o olhou nos olhos e ele já não precisava de mais nada.

A passos largos foi até a jovem e a tomou em seus braços, colando seus lábios aos dela em desespero, tirando-a do chão! O beijo foi profundo e um tanto desastrado, pois ambos riam ao mesmo tempo em que se beijavam. Tentavam dizer algo entre um beijo e outro, mas era impossível! Quando deram por si, Harry pressionava Hermione contra a parede, tocando cada milímetro de seu corpo, queria sentir a textura da pele dela, ter certeza de que era real! Ela por sua vez percorria todo o rosto dele, fazendo uma trilha de beijos desesperados. Separaram-se depois de um bom tempo, para buscar fôlego.

_Eu te amo. _ ele disse, ofegante._ Eu te amo, eu te amo, eu te amo!

_Eu te amo muito! _ ela respondeu, sorrindo. _ Harry eu sempre te amei! Me perdoa por ter esquecido de tudo...

Ele a calou com um beijo, dessa vez mais contido, mais calmo, e ela retribuiu prontamente. Após mais algum tempo, eles se separaram novamente, dessa vez mais calmos. Colando sua testa à dela, ele fechou os olhos.

Sentia-se flutuando, seria possível? Era como se fosse um adolescente dando seu primeiro beijo, sentia um frio na barriga constante.

_Eu senti tanto a sua falta! _ ele sussurrou.

Hermione sorriu e retribuiu a resposta com um selinho.

_O que vamos fazer agora? _ ela questionou.

Harry abriu os olhos e encontrou o olhar preocupado dela. Ela não imaginava o quanto ele queria ter a resposta para aquela pergunta. Mil coisas passavam pela sua cabeça naquele momento, palavras como “fugir” e “sumir do mundo” se destacavam. No entanto, ao se lembrar dos pais, ele sentiu a consciência pesar.

_Meus Deu!_ finalmente ele se afastou dela. _ Papai e Mamãe ainda estão na igreja! Devem estar desesperados!

Hermione levou as mãos ao rosto e sentou-se na cama, sendo acompanhada em seguida por Harry. Ficaram em silêncio por um tempo, ele concentrado na porta do quarto e ela analisando profundamente as próprias mãos entrelaçadas, repousadas no colo. Tomando coragem ele segurou as mãos dela e levou-as aos lábios. Traçou uma trilha entre a mão direita, em seguida para o braço coberto pela seda do vestido, deu uma atenção especial ao ombro nu, depositou um beijo ardente no pescoço delicado – arrancando suspiros femininos – e, finalmente, capturou os lábios rosados. Era um amor sem limites... Que desmoronou quando uma voz vinda da porta exclamou alto:

_AH MEU DEUS!

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Olá pessoinhas!

Finalmente alguém descobriu o grande segredo de Harry e Mione... Mas quem será hein?

Prometo não demorar mais a postar os capítulos rsrs

bjs e a todos e comentem, como sempre!!!

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