Quando estou sem você..




 


 


Quando eu estou sem você...


 


 


Os primeiros raios de Sol estavam tão reconfortantes, que Hermione estava relutante para abrir os olhos e receber o novo dia que nascia. Era que como se acordar trouxesse à tona aquela realidade que relutava em aceitar: estava apaixonada pelo seu irmão.


Devagar ela rolou pela cama e se sentou na beirada da mesma, espreguiçando-se, enquanto sua mente turbilhava em pensamentos e raciocínios. Estava tentando decifrar, por exemplo, o estranho comportamento do irmão nos últimos dias desde aquela tarde em que se beijaram. Ultimamente ele a evitava mas, ao mesmo tempo, tinha um comportamento estranho... “Obsessivo”, ela pensou de repente, assustada com a própria conclusão.


Após um banho relativamente demorado, ela enrolou-se na toalha e saiu do banheiro. Sufocou um grito de susto ao ver Harry parado em frente à janela de seu quarto. Ficou em silêncio, esperando alguma reação dele, mas percebeu que ele estava muito quieto e pensativo.


_Humm... Harry?_ ela chamou, cautelosa.


Ele pareceu ter sido despertado e a olhou como se nem soubesse que estava realmente no quarto dela.


_Oi... Desculpe ter..._ ele se calou instantaneamente ao ver os “trajes” da outra, havia perdido a fala. Um rubor de vergonha subiu pela sua face e ele virou-se de costas para ela imediatamente, dizendo:_ Por Deus mulher, vista-se!


Hermione deu uma gargalhada e sentou-se em sua cama, ainda de toalha. Cruzando as pernas e fingindo tédio ela disse:


_Diga logo o que quer Potter e lembre-se de que foi você quem invadiu meu quarto.


Harry permaneceu de costas para ela, o corpo visivelmente rígido, como se ele estivesse tentando reprimir algo.


_Eu... Consegui uma entrevista de emprego.


_Que maravilha!_ ela sorriu com a notícia. _ Aonde?


_Um empresa de software, no centro na cidade, a entrevista será na próxima semana.


Hermione ia insistir na conversa, quando percebeu que não havia entusiasmo na forma como ele dava a notícia. Cautelosa, ela disse:


_Está tudo bem Harry?


_O lugar é longe..._ ele continuou falando, ignorando a pergunta dela. Por fim, virou-se para ela, sua expressão era de repulsa por si mesmo._ Acho que, se eu conseguir esse emprego, eu vou me mudar.


Hermione engoliu a seco e colocou-se de pé. Tentava transmitir a mesma tranqüilidade que ele pensava estar transmitindo, mas foi impossível.


_Você acha realmente necessário?_ ela perguntou, o tom de voz se alterando um pouco.


_Bom..._ ele suspirou, desviando seu olhar para algum ponto atrás dela._ Acho que sim, fiquei pensando no custo de ter de vir de ônibus todos os dias, seria complicado.


A voz dele falhava, como se aquela notícia fosse mais difícil do que realmente parecia. Ela não retirava seu olhar do rosto dele, ignorava o fato de que seu cabelo molhando já havia molhando toda a beirada da sua cama. Estava concentrada naquela decisão repentina do irmão de ir embora. Franzindo o cenho, disse:


_E você já informou isso ao papai e à mamãe?


_Não, eu queria... Que você soubesse primeiro.


_Por quê?


Ele não esperava essa reação dela: ela estava nervosa e sua voz falhava constantemente, como que reprimindo o choro. Após algum tempo sem nada responder, ele deu um suspiro longo, dizendo:


-Porque eu quis, achei que fosse ficar feliz por mim.


Hermione não estava entendendo aonde Harry queria chegar e isso já estava incomodando-a.


_Você não me engana. _ ela disse com um tom de ironia na voz._ O que está acontecendo Harry? Você não me olha direito mais, não conversa comigo como antes... Sei que o que está acontecendo entre nós é errado mas você prometeu que tudo ficaria bem, que ficaria do meu lado.


Ele fechou os olhos e levou as duas mãos ao rosto, depois as abaixou dizendo em um tom de voz baixo:


_Eu não quero... Não quero mais passar pelo o que estou passando Hermione._ ele abriu os olhos com muito esforço por que sabia que veria o olhar triste da irmã e isso era a pior coisa do mundo._ Hermione eu estou enlouquecendo, todos os dias conto os minutos para te ver, mas aí... Estamos no pátio do colégio e todos aqueles garotos te olhando e eu não posso nem correr para te dar um beijo simplesmente por que sou seu irmão... Não posso andar sempre de mãos dadas com você, não posso ir com você ao parque e me sentar ao seu lado em um daqueles bancos de madeira e te encher de carícias... Eu não posso ser seu namorado! Por tanto não posso agir como tal! _ ele deu um passo à frente, os olhos suplicantes._ E isso me mata por que vejo a forma como os outros caras te olham, principalmente o Malfoy. A cobiça no olhar dele, a forma como ele toca seu rosto quando conversam...


_Eu recuo..._ ela disse num fio de voz.


_Hermione, eu não estou acusando você._ ele deu mais um passo à frente. _ Estou protegendo você... Nos protegendo.


Ela abriu a boca para protestar, mas o orgulho falou mais alto. Recuando inconscientemente, ela baixou sua cabeça e disse, num sussurro:


_Eu preciso me vestir, por favor saia.


_Você não está me entendendo! Hermione, por favor! _ ele eliminou as distância entre eles, segurando os braços dela, que continuava de cabeça baixa. _ Eu amo você, mas também quero te ver feliz! Seria egoísmo meu viver em baixo do mesmo teto que você, controlar você, como venho fazendo ultimamente e não poder nem ao menos agir como seu namorado!


Hermione sorriu de forma triste e levantou seu olhar para o rosto dele, não tinha reparado no quanto ele voltou a ficar abatido desde que seu comportamento mudou. Com dificuldade, ela se livrou dos braços dele e disse, decidida:


_Saia.


Harry não podia julgá-la, não podia repreende-la por ficar com raiva, afinal ele mesmo não estava contente com aquela situação. Mas ultimamente vivia um dilema interno: lutar por ela e revelar à todos que estava apaixonado pela irmã ou agir como se nada tivesse acontecido e vê-la sendo conquistada por Malfoy, ou qualquer outro idiota que pudesse realmente trata-la como namorada... Futura esposa. Ele não queria estragar a vida dela, sabia que a irmã tinha sonhos de se casar e construir uma família “morar em uma casa no interior, com um belo jardim e um labrador!” ela dissera uma vez.


Com pesar no olhar, ele saiu do quarto, batendo a porta ao sair. Hermione se sentou na cama e sentiu seus olhos marejarem. “Não vou chorar!”, ela pensou, mas já era tarde. Mais uma vez chorava por ele. Talvez ele tivesse razão, já que nunca poderiam assumir o que sentiam, era melhor ficarem longe. Respirando fundo, ela se colocou de pé. Aquilo não iria abalar seu dia... Não poderia.


 


Para espanto de ambos, Tiago e Lílian haviam saído logo pela manhã: ele foi trabalhar mais cedo, ela deixou apenas um recado na geladeira dizendo que assim que voltasse teriam novidades. Foi uma situação chata: Hermione evitava trocar palavras com Harry, evitava olha-lo e agia como se não houvesse mais ninguém na cozinha. Era um pouco infantil, ela sabia, mas talvez fosse melhor se acostumar com a idéia de que um dia ele partiria.


 


 ---***---***


_Talvez pudéssemos ir ao cinema...


_Ah não, Rony! Eu gosto de lugares agitados, você sabe disso.


Rony olhou para Gina com raiva e ela entendeu o recado, calando-se.


Estavam no intervalo das aulas e, buscando uma socialização, Rony chamou Harry para se sentar à mesa com seus amigos, para total alegria de Gina que fez questão de se sentar ao lado dele. Ele também tentou arrastar Hermione, mas estava fingiu uma dor de cabeça, algo como “muita bagunça, vai piorar a dor...” e simplesmente sumiu, o que deixava Harry aflito: onde ela estava?


_Harry? Preste atenção na conversa?_ Gina chamou sua atenção, enquanto ele olhava pelo local procurando a irmã.


_Me desculpe, o que vocês estavam dizendo?


_Estamos pensando em sair para comemorar o fim das provas bimestrais nesse fim de semana, o que acha?_ disse uma Gina entusiasmada


_ Ahn... Bom, vou ver se posso ir, aviso com antecedência.


_Chame a Hermione. _ Rony fingiu desinteresse, mas seus olhos brilhavam._ Quem sabe ela não quer ir também?


Gina deu uma risadinha e fingiu tomar um gole de suco para disfarçar, mas Harry percebeu o sarcasmo da outra.


_O que foi?_ ele perguntou.


_Ahn... Bom, acho que ela já tem compromisso para esse fim de semana.


Harry endireitou-se no banco, visivelmente irritado. Rony percebeu que Gina estava adorando aquela situação, por isso disse:


_Não fale do que não sabe Gina!


_Estou dizendo alguma mentira? Você ouviu muito bem quando ele disse que fazia questão de convidá-la paraaHHHHHlkdsf a festinha nojenta dele nesse fim de semana. E se não perceberam eles são praticamente os únicos ausentes no refeitório.


A irritação de Harry aumentou e ele explodiu:


_De quem estão falando? Ele quem?


_Draco Malfoy, quem mais seria?_ foi Gina quem respondeu, mostrando um certo nojo ao falar do rapaz.


Harry não rebateu. Seu olhar vagou pela porta de entrada do refeitório, mas ela não estava ali... Nem ele. “Estão juntos!”, pensou desesperado.


 


 


Assim que o sinal bateu, anunciando o intervalo, Hermione se desviou de todos que a convidavam para o lanche e correu para a biblioteca. Agradeceu pelo lugar estar relativamente vazio naquela hora e se perdeu entre as estantes mais distantes, com maiores corredores e mais desertos.


O cheiro de livros antigos misturado com poeira não a incomodou, pelo contrário: ali era o lugar perfeito para fugir do mundo. Começou a caminhar devagar entre as estantes altas de madeira boa. Seus dedos deslizavam pelos livros e o silêncio ali era precioso! O piso de madeira fazia o barulho de seu tênis ecoar.


Ela caminhou até o fim do corredor, onde parou de andar e fixou-se em uma fila de livros sobre biologia, um mais antigo que o outro.  Não soube quanto tempo ficou olhando os nomes dos livros, até que passos chamaram sua atenção. Ela olhou para a direção de onde eles vinham e viu Harry, caminhando a passos lentos, vindo em sua direção. Seus olhares se cruzaram e ele sorriu, para desespero dela que voltou sua atenção para o livro à sua frente.


_Vai fingir que não me conhece agora? _ ele perguntou, parando à poucos centímetros de distância.


_Que bom que percebeu minha tática. _ela respondeu seca.


_Achei que estivesse em outro lugar. _ ele fingiu desinteresse, olhando os livros na mesma estante que ela.


_Aonde?


_Não sei bem. _ foi a vez dele ser seco. _Achei que estivesse com outra pessoa.


Hermione cruzou os braços e o encarou:


_Outra pessoa?


Harry confirmou e continuou sua caminhada pelas estantes. Ela, por sua vez, ficou estática, tinha algo errado na forma como ele agia.


_Por um acaso, recebeu algum convite? _ ele perguntou, o tom de total despreocupação na voz enquanto retirava um livro da estante e o folheava.


_Não... Quer ser claro por favor? _ o tom de voz dela se alterou visivelmente, do calmo para o irritado.


Harry devolveu o livro ao seu lugar e observou a jovem atentamente. Hermione permanecia com os braços cruzados, esperando uma resposta.


_Ouvi dizer que uma certa pessoa a convidaria para uma festa nesse fim de semana._ ele parecia estar escolhendo cada palavra para não deixa-la mais nervosa.


_Seja CLARO Harry. _ ela enfatizou a palavra “Claro”, as sobrancelhas fechadas.


_Olha, eu ouvi que Draco Malfoy dará uma festa e que sua presença é imprescindível. Ouvi dizer que ele a convidará hoje ainda. Imaginei que estivesse com ele.


Hermione esperou alguns minutos, tinha esperança que ele dissesse “Brincadeira!”, mas o rapaz permaneceu em silêncio, fixando seu olhar no dela o quanto podia, até ela o desviar e suspirar cansada.


_Isso ainda não explicou o que você está fazendo aqui.


_Eu não vim aqui atrás de você... Talvez sim... Olha._ ele estava confuso, para total diversão da irmã, que permaneceu séria._ Eu achei que você estivesse com ele, então...


_Então você veio aqui para me controlar, é isso?_ a revolta estava estampada no olhar dela.


_Não distorça as coisas!


_Distorcer as coisas? FOI O QUE VOCÊ ACABOU DE DIZER!


Ela alterou a voz, mas logo se repreendeu ao se lembrar de onde estavam. Por sorte o lugar em que estavam era tão afastado que não pareceu vazar som algum. Hermione respirou fundo antes de continuar:


_Quem te disse essa idiotice?


Harry não queria revelar sua fonte, sabia que, se o fizesse, os problemas entre os dois aumentariam.


_Responde Harry._ ela pressionou, dando um passo na direção dele de forma ameaçadora.


_Gina.


Ele respondeu tão depressa, que ela teve que prestar bastante atenção no movimento dos lábios dele para entender: Gina. Hermione não estava acreditando naquilo, aonde aquela menina queria chegar?


_Eu... Eu não acredito nisso..._ ela sussurrou e talvez fosse melhor se tivesse gritado, por que o som que a voz dela emitiu, mesclada com o riso de sarcasmo fez Harry sentir um arrepio._ Quer dizer que se ela dissesse que eu e Malfoy estávamos em um motel você acreditaria e iria até lá apenas para confirmar?


_Você tem a terrível mania de entender errado as coisas que eu digo._ ele bufou irritado, o que não a afetou em nada.


_Eu não te entendendo, hoje pela manhã você... Praticamente me deu um fora e agora está controlando com quem ando! Você é louco!


_Olha aqui..._ ele começou a falar, mas ela foi mais rápida.


_Olha aqui você: para de acreditar no que aquelazinha te diz e se o Malfoy realmente me convidar para uma festa, pode acreditar que eu vou, queira você ou não!


Sem mais, ela deu meia volta e caminhou de volta para o centro da biblioteca, seus passos firmes ecoavam entre as estantes. Harry a observou partir sentindo-se um completo idiota. Pelo visto Gina conseguiu o que queria: separa-los de vez.


Pensou em ir atrás da irmã e implorar perdão, mas seu orgulho gritou dentro de si: era melhor deixar como estava.


 


 


Quando entrou na sala, logo Hermione foi interceptada por Draco. Ele estava radiante ao dizer:


_Enfim encontrei você, tenho um convite a fazer.


Hermione já esperava aquilo, por isso foi direta:


_Draco eu adoraria ir à sua festa, mas não posso aceitar. Infelizmente tenho plano nesse fim de semana e...


_Olha, sei que minhas festas não são de seu agrado, mas garanto que essa festa não é só minha. Antes de continuar, pode me dizer como ficou sabendo disso?


_B-Bem, eu ouvi falar... _ ela não podia entregar o irmão, mas adoraria entregar Gina, porém preferiu ser superior à ela.


_De qualquer maneira, _ ele continuou._ é uma reunião da minha família, minha avó vai comemorar 80 anos e todos se reunirão em um restaurante para um jantar de confraternização. Eu poderia ir sozinho, mas acho que se você fosse ia ser tão melhor! Além disso, Donna está morrendo de saudades.


Hermione sorriu com a lembrança de Donna, a velha governanta dos Malfoy, que era tão doce quanto os bolos e quitutes que preparava. Não pôde negar aquele pedido:


_Me diga o endereço, estarei lá.


_Verdade? _ ele ficou entusiasmado por um momento, até se controlar e continuar:_ Eu faço questão de buscá-la no sábado às 19:30, tudo bem?


_Tudo bem.


Draco deu um outro sorriso animado e foi para sua carteira. Na porta, observando todo o ocorrido, ela avistou Harry. Não resistiu e foi até ele.


_Diga à sua “informante” que não é uma festa, é um jantar comemorativo. Da próxima vez que ela quiser fazer fofoca, o faça direito.


 


 


Chegaram em casa um tanto tarde, devido ao transito. Não trocaram nem palavras, nem olhares, foram direto para a cozinha onde esperavam encontrar um dos pais.


Lílian preparava um almoço maravilhoso, o que os fez olharem desconfiados para a mãe. Foi Hermione quem falou primeiro.


_Mãe, estamos comemorando algo?


_Ah sim, vocês chegaram! Que bom! Vão se trocar e lavar as mãos, o pai de vocês vem almoçar em casa hoje.


_E todo esse banquete é só por isso?_ disse Harry, ainda desconfiado.


_Não... Andem logo, daqui a pouco os chamo para almoçarem.


Em silêncio, eles seguiram para seus respectivos quartos.


Era estranho não conversar com Harry, preferia quando ele a ignorava mas ainda sim era educado e amável. Agora pareciam dois estranhos, dois inimigos vivendo na mesma casa. A culpa os sucumbia e o amor parecia uma utopia perto de tudo o que estavam passando.


Para Hermione, aquele amor sempre existiu, desde que começaram a diferenciar as coisas, desde que abandonaram a infância. Harry era o garoto perfeito, o homem perfeito. E ela queria tanto que ele fosse só dela...


O celular começou a tocar despertando-a de seus sonhos impossíveis e trazendo-a para a realidade um tanto agradável: Draco Malfoy.


_Oi Draco.


_Ah, oi! Então, estou ligando para saber se os nossos planos de sábado continuam de pé?_ a voz transmitia uma certa tensão.


_Mas é claro que sim, por que eu mudaria de idéia?


_Sei lá... Em todo caso, não sei se eu te disse, mas o evento é um tanto formal, então...


_Já sei. Acho que posso suportar algumas horas usando vestido longo e salto._ ela deu uma risada, sendo acompanhada por ele.


_Ótimo então. Até logo!


Hermione se despediu e desligou o telefone. Sentia-se bem quando conversava com Draco, só não sabia se isso era bom.


 ---***---***


_Eu espero que gostem do almoço, preparei com muito amor.


_Tudo o que você prepara é maravilhoso Lílian, um manjar dos deuses!


Estavam todos sentados à mesa, Harry e Hermione observavam os pais e sentiam uma certa inveja: formavam um casal tão lindo e tão apaixonado! Lílian agora servia os presentes, fazia questão e aquilo não era normal.


_Ok, agora será que a senhora poderia nos dizer por que tanta formalidade?_ Harry perguntou, espetando o garfo em uma batata assada.


Todos olharam para a mulher que sorria abertamente. Fazendo um pouco de hora, ela respondeu pausadamente:


_Hum... O que... Vocês acham.... _ela serviu um pouco de vinho para Tiago._ Conto agora... Ou..._ serviu a si mesma um pouco de vinho._ Não?


_Mãe! Fala logo!_ aquele suspense estava matando Hermione.


Lílian se colocou de pé e olhou nos olhos de cada um ali presente antes de dizer:


_Há alguns dias, eu fui fazer um exame, pois estava me sentindo mal, com enjôos. Pois bem... Hoje, pela manhã, a clínica me ligou para dizer que os resultados estavam prontos. Fui até lá bem cedinho. Enfim, _ ela suspirou._ Eu estou grávida.


O barulho de talher caindo no prato fez todos olharem para Tiago, que estava boquiaberto e pálido, mas essa reação não durou muito, logo um sorriso iluminou seu rosto, antes pálido e ele balbuciou:


__Gra-Grávida...


_Estou grávida meu amor! Finalmente teremos um filho!


Tiago saiu do seu lugar e correu para abraçar a esposa. Harry e Hermione se entreolharam, o som de risos sumindo aos poucos.


_Finalmente..._ ela sussurrou.


_Teremos um filho._ ele completou no mesmo tom.


Logo Tiago e Lílian perceberam que a alegria deles não estava sendo compartilhada pelos filhos, que permaneceram sentados em seus respectivos lugares à mesa. Foi Tiago quem tentou desvendar o motivo pelo qual os filhos não compartilhavam suas alegrias:


_O que foi? Não me digam que estão com ciúmes?


Harry continuou olhando para Hermione, buscando apoio, quando resolveu dizer:


_A mamãe disse...


_A mamãe disse que percebeu na semana passada não é? De quantos meses a Senhora acha que está?


Harry não entendeu por que a irmã o interrompeu e claramente mudou o rumo do que ele ia dizer. Enquanto Lílian respondia alegremente que pensava estar grávidas há algumas semanas, Harry colocou-se a pensar no que a frase que martelava na sua cabeça queria dizer. “Finalmente teremos um filho”. Será que os dois estavam tentando ter mais um filho há muito tempo? Era claro que ambos eram novos e um filho não atrapalharia os planos de ninguém, mas por que usar a palavra “Finalmente”?


Assim que o almoço terminou e Harry conseguiu ficar um pouco sozinho com Hermione (fizeram questão lavar as louças, um presente para a mãe), ele perguntou:


_Posso saber por que motivo você me interrompeu naquela hora? _ a voz dele era tensa, temia que o ouvissem.


_Por que eu sabia a pergunta que iria fazer e não achei o melhor momento._ ela respondeu , o rosto encoberto pelas mechas grossas de seu cabeço enquanto ensaboava um prato.


Harry a observou atentamente e deu um suspiro, apoiando-se na bancada ao lado da pia.


_Mas você concorda comigo que foi estranho, não concorda?


_Sim... Ou não._ ela abriu a torneira e começou a enxaguar os pratos._ Há um tempo que eles estão tentando ter um filho, por isso mamãe falou daquela maneira. _ à medida que o sabão saia das louças, ela foi passando para Harry secá-las. Ele reparou que a jovem fazia um esforço enorme para não olhá-lo e tampouco tocá-lo.


_Hum... _ ele murmurou, conformando-se.


Ficaram em silêncio o restante da tarefa, ambos se olhando pelo canto do olho, mas nunca deixando que um percebesse que o outro o observava.


 


 


Sábado chegou com extrema rapidez e, naquela manhã, Hermione não se sentiu muito bem. Um aperto no peito a fez ficar deitada grande parte da manhã, até que sua mãe, preocupada, veio ver como ela estava.


_ Estou bem mãe, é só um cansaço. E como está meu irmãozinho?_ ela tocou a barriga de Lílian, que sorriu radiante enquanto respondia:


_Está ótimo, mas quero que você e Harry saibam que nunca vou deixar de amá-los.


Hermione riu e sentou-se na cama. Lílian estava tão linda, emanava alegria.


_Tenho reparado que você e seu irmão não têm conversado muito, aconteceu alguma coisa?


_Nada de mais, discussões bobas, a senhora sabe como é.


_Não tem nada a ver com a sua saída hoje com Draco Malfoy, tem? Por que se tiver, eu vou lá agora mesmo e...


_Mãe, não é por isso. Apenas não somos mais tão unidos como antes, acho que é normal isso acontecer. A senhora nunca teve irmãos, por isso não compreende.


O Lílian sentiu um baque ao ouvir isso da filha e desviou seu olhar para a janela. Havia um tempo que não pensava em Petúnia. Será que ela ainda a procurava? A perdoaria um dia? Será que algum dia poderiam conviver juntas, com seus respectivos maridos, em harmonia, sem segredos?


_Tá tudo bem mãe?


Lílian deu um sorriso, disfarçando a tristeza e disse, caminhando para a porta:


_Levante-se logo, está um dia lindo.


Ela saiu sem dar tempo à Hermione para dizer mais nada.


Hermione sempre pensou em como seria ter uma família grande. Não costumava comentar muito isso porque entendia que os próprios pais deveriam ter sofrido bastante ao perderem praticamente toda a família. Uma vez ela e Harry conversavam sobre o assunto. Sempre brincalhão, ele perguntou “Será que você teria um caso com algum primo?”. Ela sorriu ao se lembrar daquela conversa, como se divertiram. Logo se lembrou do momento mais lindo daquela última noite em que conversaram civilizadamente, foi no mesmo em que se beijaram pela última vez.


 


“Estavam no quarto dela, observando a noite silenciosa chegando. Harry a abraçava fortemente, sentindo o perfume de seu cabelo encher suas narinas de forma sensual e delicada ao mesmo tempo. Sorriu ao ver que a irmã acordou assustada.


_Desculpe. _ ele disse. _ Te acordei?


_Não… Eu acho… _ ela respondeu sorridente e aconchegou-se mais ao peito dele.


Harry sorriu sonhador enquanto dizia:


_Podemos fugir.


A sugestão repentina fez a jovem gelar. Entre risos nervosos ela respondeu:


_Acho que não...


_Por que? Poderíamos descobrir  o mundo, conhecer vários países...


_Harry, por favor.


_Você nunca me levou a sério.


Hermione riu e fechou os olhos mais uma vez, não queria dormir, apenas curtir o momento. Porém, Harry estava disposto a dialogar:


_Fica do meu lado amanhã?_  ele pediu.


Mais uma vez ela ficou em silêncio antes de retrucar a pergunta:


_Como assim?


_Na escola._ ele foi rápido na resposta.


_Claro.


_Digo, em todos os momentos, desde a chegada até a partida? _ ele parecia aflito. Hermione posicionou-se melhor na cama, deitando-se de lado de modo a olhar para ele, o que não foi retribuído por que ele olhava para o teto, como sempre fazia quando estava preocupado. Ela respondeu com cautela:


_Sim... Por que está me pedindo isso?


_Não sei..._ ele finalmente a fitou, preocupado._ Sinto que algo mudou e que devemos ser cautelosos.


O olhar dele transmitia tanta paz que contradizia o que ele tinha acabado de responder. Ela suspirou pausadamente e novamente fechou os olhos. Sentiu um toque suave correndo de sua teste, descendo pela ponte do nariz, passando pela ponta do mesmo e parando nos lábios. Sentiu os mesmos sendo contornados e, depois, o toque desceu para o queixo e sumiu.


_Você... É tão linda... Seus traços em nada lembram os meus. _ ele sussurrou por fim.


_É por que você não quer encontrar algo em mim que lembre a você que somos... Ir-Irmãos. _ ela praticamente cuspiu a última palavra, um estranho gosto amargo surgindo em sua boca.


Ela estava certa. Quando via algo nela que lembrasse a si mesmo, Harry negava o que tinha visto. Mas, tinha que confessar, era tão raro isso acontecer! Afastando os pensamentos da cabeça ele se aproximou mais dela, de modo que a respiração dela fosse uma resposta a sua. Ela abriu os olhos devagar e o observou. O silêncio, cúmplice de todas as maluquices, tomou conta do quarto, sendo substituído aos poucos pelo som delicado dos lábios se tocando, de dois corações batendo acelerados.”


 


Foi como despertar de um sonho, um sonho maravilhoso. “Estou morrendo de saudades de você... Harry.”


 


Hermione abriu a porta do quarto e, como sempre, foi no mesmo momento em que Harry resolveu sair de seus aposentos. Pararam instantaneamente na porta de seus respectivos quartos, se olhando. Foi Hermione quem quebrou o longo silêncio:


_Bom dia.


_Bom dia.


E foi ele quem rumou diretamente para a cozinha.


Já sentados à mesa estavam Tiago e Lílian. Olhavam um catálogo com acessórios para recém nascidos e pareciam absortos no mesmo, até Harry dizer em um tom relativamente alto:


_Pois é, acho que conquistamos nossa independência sem ao menos pedir ou implorar por ela.


Hermione foi obrigada a dar um risada, sufocando-a assim que ele a olhou, também sorrindo.


_Por que está dizendo isso? _ Lílian perguntou.


_Chegamos há um bom tempo e vocês nem repararam._ ele respondeu, tomando um gole de seu café.


Todos riram, até que a campainha soou quebrando o clima. Foi o próprio Harry quem atendeu a porta, segundos depois ele retornava trazendo uma caixa relativamente grande. Ele olhou para Hermione, desconfiado.


_É para você.


Ela olhou para os pais antes de ir até ele e pegar a caixa. Tinha um bilhete anexado na mesma, a letra ela não reconheceu. Apenas quando leu o conteúdo do mesmo, pôde compreender, pelo menos um pouco, aquilo tudo. Ele dizia “ Para você usar hoje à noite,espero que goste. Seu admirador nada secreto”. Harry já havia lido o bilhete, mas fez questão de não dar sua opinião sobre o assunto. Naquela noite queria se esquecer dela, de tudo que a envolvia.


Durante o resto do dia ele observou o entusiasmo da irmã ao experimentar o vestido, escolher a maquiagem, o penteado, o perfume, o esmalte, o colar, o brinco, a pulseira, a sandália...


_Você também não ia sair hoje? _ perguntou Tiago quando o Sol já estava se pondo.


_Sim, já vou me arrumar.


Ele se levantou do sofá em que estava assistindo Tv, mas foi barrado pelo pai que disse:


_Sua irmã vai ficar bem, eu confio nela. Ela está linda, por que não vai vê-la e dar sua opinião?


Harry ia negar, mas já estava sendo arrastado escada acima pelo pai. Pararam na porta do quarto, onde puderam ouvir gargalhadas.


_Gosto de ver como as duas se dão bem, isso não é tão comum sabia?


Sem esperar resposta do outro, Tiago bateu à porta e aguardou as risadas cessarem para ser recebido. Assim que abriu a porta um perfume maravilhoso invadiu as narinas de Harry, que fechou os olhos, sentindo-o. Ele conhecia aquele perfume. Tiago não entrou no quarto, apenas empurrou o filho que já não via saída: teria que dar sua opinião sobre a roupa dela. Pretendia ser breve, mas assim que a viu sentiu como se esquecesse como se fala.


Parecia um anjo, mas ao mesmo tempo estava tão sedutora que ele preferia realmente que ela fosse humana. E pensar que ela passaria o resto da noite com Draco fez seu ciúme crescer de forma que chegou a doer em seu peito. Uma coisa ele não podia negar: o rival tinha um gosto excelente para roupas. O vestido azul-marinho, na altura do joelho, marcava bem a cintura, sendo levemente rodado, nada escandaloso. O tecido fino, que ele não soube distinguir, ajudava a destacar o tom de pele dela. O cabelo estava preso em um elegante coque e Harry teve que se segurar para não correr até ela e beijar seu pescoço e sua nuca até que ela implorasse para ele parar.


Afastando esses pensamentos rapidamente, ele se recompôs. Disse em seguida,dando um pigarro:


_Er... Bom, parabenize o Malfoy, ele acertou em cheio no vestido._ ele esperava que isso soasse o mais despreocupado possível.


E soou. Hermione o olhou triste, mas o que ela esperava? Que ele dissesse “Você está maravilhosa” ou “Case-se comigo?”.


_Agora, se me dão licença. Também tenho um compromisso, não quero me atrasar. E eu dispenso comentários sobre meu visual.


Ele deu meia volta e saiu do quarto o mais rápido que pôde. Tiago e Lílian olharam para Hermione que encolheu os ombros e disse:


_Mãe, me ajude a escolher a pulseira?


 


Draco foi pontual: às 19:30 minutos ele estava na porta da casa dela, tocando a campainha. Foi Harry quem atendeu, dizendo:


_Ela já está descendo. Com licença.


Ele passou pelo rapaz dando-lhe um empurrão proposital. Até que parou, no meio do jardim, virou-se para Malfoy e disse, a foz um tanto confusa:


_Por favor, cuide dela.


Draco assentiu e o observou partir. O barulho de salto alto indo de encontro ao chão chamou sua atenção e ele voltou-se para a escada. Hermione descia os últimos degraus, emanando elegância. Ele suspirou e disse:


_Minha nossa, como você é linda!


Hermione deu um sorriso e foi até ele. Seus pais vieram logo atrás, Tiago um tanto sério.


_A que horas vocês voltam?_ ele perguntou, de braços cruzados.


_Hum... Ás onze? _ foi Draco quem respondeu, olhando para Hermione.


_Sim pai, as onze?


Tiago e Lílian trocaram olhares, pareciam que estava lendo a mente um do outro, até que ele confirmou:


_Às onze.


Hermione se despediu dos pais e seguiu com Draco para o restaurante. Por algum motivo, sentia que algo não estava certo.


 ---***---***


Harry chegou ao pub no horário combinado com Rony, que já o aguardava. Gina estava ao lado irmã e conversava alegremente com outra amiga. Ao vê-lo, ela interrompeu a conversa bruscamente e disse:


_Harry! Que bom que chegou, trouxe uma amiga minha. _ ela apontou para a garota de cabelo muito preto e olhos puxados com quem conversava há pouco._ O nome dela é Cho Chang... Acho que já se conhecem...?


Harry lembrou –se de quando se sentou com ela em uma das aulas químicas, já fazia um tempo. Cho não escondeu o encanto ao vê-lo, pelo visto não sabia que a ruivinha já se sentia dona dele. Rony reparou isso e disse:


_Vamos entrar logo? Está esfriando e o resto do pessoal já está lá dentro, nos esperando.


O pub estava cheio, uma fumaça baixa tornava o ambiente um tanto fechado, mas agradável. Foram para uma mesa que já estava com 4 pessoas ao seu redor: duas meninas e dois rapazes. Harry os reconheceu como amigos de Rony e Gina, mas realmente não se lembrava do nome de cada um. Sentou-se em qualquer lugar, um aperto em seu peito surgindo do nada.


_Vai beber algo Harry?_ Gina perguntou, sentando-se ao seu lado.


_Nada por enquanto.


Ele respondeu monotamente. Sua mente vagava para Hermione, o que fez o aperto em seu peito aumentar ainda mais.


 ---***---***


 


_Então, gostou do vestido ou apenas está usando-o para me agradar?


A pergunta de Draco a fez sentir-se desconcertada: realmente estava usando apenas para agradá-lo, mas havia gostado do vestido. Com um sorriso amável, ela respondeu:


_O vestido é lindo, muito obrigado.


 


---***---***


Harry olhava para todos os lugares, a dor em seu peito aumentava, triplicava a cada segundo.


_Harry, está tudo bem?_ Gina perguntou.


_Sim... Eu acho.


_Talvez devesse desabotoar o primeiro botão de sua camisa, aqui está um pouco abafado.


Foi a voz de Cho que o tirou de alguns devaneios. Apenas naquele momento havia notado que estava sentado no meio das duas “amigas”. Cho sorria para ele, lançando olhares sedutores.


_Você está muito bonita._ ele a elogiou, sem ser verdadeiro. Por que Hermione não saía de sua cabeça?


 


 ---***---***


Draco dirigia tagarelando a todo momento. Hermione tentava acompanhar as coisas que ele dizia, mas de repente sentiu uma vontade repentina de voltar para casa. “Não posso decepcioná-lo... Não posso!”


Estacionaram em frente ao restaurante, uma das poucas vagas restantes. Hermione saltou para fora do carro, as pernas trêmulas. Sentiu uma forte tonteira e cambaleou, dando passos desconexos para trás.


 


 ---***---***


Cho definitivamente não sabia da queda de Gina por Harry. Após o elogio que ele lhe fez, ela se aproximou mais, o decote gritando aos olhos de qualquer um, exceto aos olhos de Harry, que agora havia parado falar do nada. Olhava para algum ponto fixo no chão, o aperto em seu peito agora era de matar, mal podia respirar. Foi Rony quem reparou que o colega não estava normal.


_CHAMEM UM MÉDICO!


 


---***---***


Hermione queria voltar para casa. Agora sua mente estava uma bagunça e parte dela era composta por Harry. Harry beijando-a, Harry nervoso, Harry chorando quando eram mais novos, Harry jogando futebol e dedicando um gol à ela, Harry beijando outra garota, Harry, Harry, Harry....


_Harry..._ ela sussurrou.


Um barulho alto de buzina a assustou.


Foi tudo muito rápido. O barulho alto a assustou e a última coisa que ela ouviu foi o grito desesperado de Draco:


_HERMIONE, CUIDADO!


---***---***


Harry sentiu a dor em seu peito sumindo do nada, como um baque. Um soluço alto saiu do fundo de sua garganta e ele se colocou de pé. Todos no pub o olhavam assustados.


_Você está bem? Harry?_ a voz de Gina o despertou.


Seu celular começou a tocar, chamando sua atenção. Como se já soubesse que algo havia ocorrido, ele atendeu o telefone:


_Hermione..._ ele murmurou, sem sentido.


Um som de choro veio do outro lado da linha, seguido por um soluço. Após um breve silêncio, a voz embargada de seu pai disse:
_Ela sofreu um acidente filho. Foi levada para a emergência do pronto socorro. Eu e sua mãe estamos...


_Estou indo para lá.


Ele desligou o telefone e correu para fora do pub. Rony foi atrás dele e o segurou pelo braço.


_Aconteceu alguma coisa?


Harry não havia derramado uma lágrima, mas a dor de algo ter ocorrido com a irmã estava matando-o.


_Hermione sofreu um acidente. A levaram para a emergência de um pronto soco... AH DROGA!


Apenas agora ele havia percebido que não tinha perguntando ao pai em qual pronto socorro ela estava. Rony percebeu o ocorrido e disse:


_Fica calmo, provavelmente a levaram para o pronto socorro central, acidentes assim são comuns lá. Vamos.


Harry não esperou nem mais um minuto, o acompanhou até o carro.


 


Lílian e Tiago estavam na sala de espera, ambos com os olhos vermelhos devido às lágrimas.


_Graças a Deus, você chegou._ ela disse, o abraçando fortemente.


_Como ela está? Aonde ela está? Como foi o aci...


Harry parou de falar de imediato. Um rapaz loiro estava recostado em uma parede ao lado da entrada da sala de espera, os olhos também denunciavam sua dor. Sem pensar no que estava fazendo, Harry caminhou à passos largos até ele e lhe deu um soco tão forte que a própria mão doeu. Tiago e Rony o seguraram, acalmando-o, mas isso parecia um tanto impossível naquele momento.


_SEU IDIOTA! COMO PÔDE DEIXAR QUE ELA SE FERISSE?_ ele gritou.


Draco nada respondeu. Não queria se defender, sabia que a culpa foi sua, devia ter prestado mais atenção nela, como não notara a palidez no rosto dela quando ela desceu do carro?


_Não se culpe meu querido._ Lílian disse, sua voz se sobressaindo aos urros de raiva de Harry._Tenho certeza de que a culpa não foi sua.


Harry continuava bufando de raiva, até que a chegada de um médico chamando pela família Potter chamou a atenção de todos.


_Eu... Eu sou a mãe dela doutor, como ela está?_ Lílian tentava se controlar, mas era impossível. Todo seu corpo tremia.


O médico lançou a cada um, um olhar preocupado antes de dizer:


_A senhorita Granger sofreu algumas fraturas, está inconsciente e respirando com a ajuda de aparelhos, mas temos esperança que o quadro se reverta dentro de algumas horas. Porém, ela perdeu muito sangue e será preciso fazer uma transfusão com urgência.


Todos se entreolharam apavorados. Exceto Harry que logo deu um passo à frente dizendo:


_Sou irmão dela doutor, posso fazer a doação._ ele não estava pergunto, estava afirmando, decidido.


Lílian sentiu o corpo gelar. Pela primeira vez, desde que o acidente ocorreu, ela não pensou na filha em específico. Agora, sentia que tinham chegado a um limite, o limite da mentira. Tiago, ao seu lado, pensava o mesmo.


Estavam em um beco sem saída.


Era a vida da filha ou a perpetuação de uma mentira, com a morte dela.


A escolha devia ser feita e foi Lílian quem tomou a decisão e a iniciativa:


_Harry... Eu preciso contar uma coisa muito importante para você.


Não importava se Tiago concordaria ou não. Era a hora da verdade.


 


 


__________________________________________________________________________________________________


 


SIM!


 


EU ESTOU VIVA E POSTEI O NOVO CAPÍTULO! (ah jaque, eu sabia que vc era capaz!)


 


Galera aproveitem bastante, comentem muitoooooooooooooo


 


bjs p/ cada um que não desistiu da fic.


 


 


 


 

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Comentários (2)

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