Capítulo 1



CAPÍTULO I


 


 


Harry Potter entrou no apartamento, fechou a porta com violência, jogou a jaqueta de couro de dragão em uma cadeira. Então, se jogou no sofá, amaldiçoando tudo e a todos. Não ficou nem um segundo no sofá, logo se levantou e passou a andar em círculos, inquieto.


— Mulheres... — resmungou. — Quem precisa delas? São todas volúveis. Esquisitas. Totalmente irresponsáveis, imprevisíveis, incompreensíveis… in… in… ininteligíveis. Oh, céus, as mulheres me deixam maluco!


Estacou, passou as mãos nos cabelos bagunçando e caminhou até a parede da sala, na qual bateu três vezes com força.


— Esteja em casa! — murmurou, fitando a parede. — Em uma hora dessas, é preciso conversar com o melhor amigo. Vamos, vamos, avise que está.


Duas batidas abafadas soaram em resposta, e Harry bateu mais uma vez, confirmando a recepção.


Ótimo, pensou. Mensagem enviada, recebida e respondida. Três batidas indagando se havia alguém em casa, duas do destinatário em resposta e a última sua, pedindo ao amigo que se achegasse para conversarem. Primitivo, sim, mas funcionava. Além disso, era divertido, um código secreto conhecido apenas por ele e o vizinho.


Em poucos minutos, teria alguém para ouvir suas lamúrias, oferecer-lhe o ombro e bater em suas costas.


Sem dúvida, era adulto e perfeitamente capaz de lidar com as próprias emoções, lamber as próprias feridas, reerguer-se e seguir em frente. Sim, claro que era. Na verdade era o que estava fazendo nesses últimos 6 anos... Desde que tudo aconteceu...


 Os dois primeiros anos foram difíceis. Mas difíceis do que poderia imaginar...  Isolou-se.  Não sentia culpa, tristeza, só precisava de um tempo para colocar sua cabeça no lugar. Foi isso que alegou aos amigos, aos Weasley´s e todos pareceram entender.


Enfim, ficou dois anos afastado, viajando pelo mundo, tentando se encontrar, viver... Quando retornou a Londres, ficou um ano dedicado ao treinamento de auror, depois assumiu um posto no Ministério da Magia da Irlanda, ficando lá por dois anos e retornando somente a Londres no último ano.


Ter ficado um pouco afastado de Londres foi bom; nos outros lugares, poucos o conheciam. O nome Potter não tinha o peso que tinha na Inglaterra. Mas sentia muita falta de Hermione, Rony, todos os Weasley´s... A decisão de voltar estava relacionada, principalmente, a um sentimento se ausência, não sabia bem o que era, mas sentia que faltava algo em sua vida!


Passou novamente as mãos no cabelo. Droga! Mas por que sofrer sozinho se tinha com quem partilhar os acontecimentos tortos da sua vida?


Bateram na porta, e Harry apressou-se a atender.


— Que bom que estava em casa! Estou mesmo precisando de companhia… - Harry não bem abriu a porta e já começou a falar. - Opa, tem algo errado. Está de robe verde, o que significa que está se sentindo péssima a ponto de tirar esse desastre do armário. O que houve, Gina?


Harry estreitou o olhar, avaliando atentamente a vizinha.


Gina definitivamente não estava no normal, concluiu. A figura esguia se cobria do pescoço aos pés com aquele robe de malha horrível, verde-ervilha, um péssimo sinal. Aquele robe equivalia ao cobertor a que todas as crianças se apegam na infância, consolo nos momentos de debilidade física ou emocional.


Gina trazia uma caixa de lenço de papel de baixo do braço e assuava o nariz avermelhado, parecendo doente. Completavam o quadro o rosto delicado muito pálido e os olhos castanhos, normalmente brilhantes, meio embaçados.


— Posso entrar, Harry? — Gina suspirou e enxugou o nariz com um lenço de papel mais uma vez.


— Como? Oh, claro. Desculpe-me. — Ele se pôs de lado, abrindo passagem. — Só estava dando uma olhada em você. Parece péssima, Gi.


A amiga o fitou irada e entrou, os pés protegidos por velhas meias esportivas que na verdade pertenciam a ele.


— Muito obrigada — ironizou Gina, atirando-se no sofá. — Era exatamente o que eu precisava ouvir. Você faz maravilhas para levantar o moral de uma mulher.


Harry sentou-se na mesinha diante dela, deixando-se avaliar pela vizinha, que, a exemplo dele, torceu o nariz.


— Você também não ganha nenhum concurso com essa aparência, Harry!  — vingou-se. — Seus cabelos estão despenteados, o que é normal, mas também significa que andou passando as mãos neles, nervoso. Está com olheiras...  Ainda é bonito,... Mas precisa cortar os cabelos. Francamente, são belos cabelos, castanho-escuros,... Mas, parece que você levou um choque elétrico. Numa escala de zero a dez, você leva cinco.


Harry ajeitou os cabelos com as duas mãos e inclinou-se para a amiga.


— Você está doente? — questionou, preocupado. — Por isso está assim, horrível e rabugenta? Mas é alguma doença terminal?


— Sim. Estarei morta à meia-noite. Adeus, Harry. Eu só queria que soubesse que foi um amigo maravilhoso nestes últimos dez meses, e que eu… bom, você sempre foi um bom amigo, desde a época da escola...


— Quer parar? — pediu ele. — O que você tem?


— Uma infecção nasal — resumiu Gina. Suspirou e apalpou o nariz. — Estava péssima ontem, fui ao medibruxo e ele me receitou uma poção curativa Mas, como sou muito corajosa... Bem, fui a um encontro às cegas ontem à noite,... Hermione não desiste de me arranjar alguém! – Falou dramática.


— Pensei que tivesse jurado que nunca mais aceitaria encontro que Hermione arranja! – Harry falou compreensivo. – Eu já desisti dos que ela me arruma!


— Estava desesperada — confessou ela, suspirando. — Trata-se de um amigo de um primo de um dos colegas dela no St Mungus. Ai... Foi um saco... Ficou o tempo todo me falando dele, da casa dele, da varinha dele,...


Harry riu, mas ficou sério quando Gina o fuzilou com o olhar.


— E sério! — protestou ela. — Na despedida, me disse que  eu era uma mulher de sorte por ele ter saído comigo! – Gina adquiriu um tom dramático e continuou. — Arrastei-me para fora da cama para conhecer um esquisitão! Nunca mais. Chega de encontro às cegas para mim. Nunca mais. Na verdade, posso até ter desistido dos homens…


— Bem vinda ao clube! — replicou Harry, desolado.


— Como assim? Você também está desistindo dos homens? — provocou Gina.


— Muito engraçado. — Harry levantou-se e levou a mão ao pescoço. — Estou por aqui com as mulheres. — Deteve-se e atentou à vizinha


— O que aconteceu? – Gina lhe lançou um olhar inquisidor.


— Cheguei hoje no final da tarde — contou Harry, fitando o teto. — Exausto. Procurei por Beverly e marquei um encontro. Estava mesmo ansioso, queria vê-la, divertir-me e… Ha! Que piada.


— O que aconteceu? – Gina insistiu.


— Beverly rompeu comigo, Gi. Conheceu outro enquanto eu estava fora, um corretor do Gringotes. Disse que era melhor namorar um cara comum do que eu, já que eu nunca dou atenção a ela!


— Não posso condená-la — falou Gina, pensativa.


— Oh, muito obrigado — ironizou Harry. — De que lado está afinal? Acabo de ser dispensado, Gi. Gostaria de um pouco de solidariedade, se não for pedir demais, amiga.


— Bem, o que quer que eu diga? Vamos analisar a questão com frieza. Você foi para  Escócia logo após o ano-novo, caçar aquele comensal!


— E daí?


— Ficou fora por quase dois meses — prosseguiu Gina, contando nos dedos. — Voltou para casa, conheceu Beverly em uma festa e saíram quase todas as noites por… quanto tempo?… Três semanas?


— Mas foram três semanas fantásticas! — assegurou Harry, saudoso. — Quando me lembro...


— Poupe-me dos detalhes. — Gina assou o nariz. — Então, partiu para Suíça e ficou lá um mês naquela conferencia. — Fez pausa. — O que esperava que Beverly fizesse? Só saíram juntos por algumas semanas e então… puf… você desaparece, nem sabe dizer quando estará de volta a Londres.


— Nunca sei quanto tempo vou ficar fora. Sabe como é… — resmungou Harry. — Depende do que eu encontrar lá depende dos problemas que irei encontrar, das pistas... Ah, Gina você sabe! Eu sou auror!


— Rony também é, mas ele quase não viaja! – Provocou. - Eu entendo, sinto sua falta quando você está longe. Imagine o que uma namorada sente... Beverly obviamente gostava de você, mas o relacionamento era muito recente para ela suportar esse tipo de separação. Provavelmente, resolveu romper antes que se magoasse. Lamento, amigo, mas entendo a posição dela.


— Não está me ajudando a sair da depressão, Gina. — acusou Harry, de cenho franzido.


— Lamento, querido, mas prefiro ser franca. — Gina deu de ombros. — Encare, Harry. Vai ter muita dificuldade em encontrar uma mulher com a qual se case e tenha filhos, se insistir nesse trabalho, quer dizer, nessas viagens para caçar comensais... - E continuou, franca. — Todas essas viagens estão malogrando suas tentativas de envolvimento romântico, devido à falta de atenção adequada…


— Agora estou oficialmente deprimido. E depois, não sei se quero ter uma família... — declarou Harry, fitando o teto novamente, esse era um assunto que ele procurava não pensar. — Que grande amiga você é, Gina Weasley. Lançou-me do limite da minha miséria a um abismo profundo.


— Não exagere, Harry!


— Bem, não quero mais falar sobre isso. — Ele se levantou. — Vamos comemorar!


— Comemorar o quê? — Gina espantou-se.


— Não faço ideia! — respondeu ele. — Mas havemos de encontrar um motivo.


Harry foi até um pequeno bar e pegou uma garrafa de whisky de fogo e dois copos de cristal.  Serviu a bebida, passou uma para Gina e ergueu a dele.


— A nós! — brindou. — Aos melhores amigos… nos bons e maus momentos… e esta noite de sábado definitivamente é um dos maus. — Fez pausa de repente. — Opa. Espere. Acho que você não deve misturar álcool com poções curativas.


— Há um aviso no frasco, mas isto não é whisky cem por cento. Não fará mal. Pode até me relaxar, e me sentirei melhor… porque estou péssima.


— Está bem — concordou Harry, cauteloso. — Mas vou limitar sua cota, senhorita.


Bateram os copos de leve e provaram a bebida. Harry sentou-se perto de Gina outra vez.


- Hum... Tá bom! — elogiou Gina. — A poção me deixa com tanta sede… O whisky  desceu como veludo, acariciando minha garganta ressecada.


Harry reabasteceu o  próprio copo.


— Srta. Weasley... Tirando o esquisitão que Hermione lhe arranjou... Ninguém mais? E o repórter bonitinho do Profeta que você andou saindo?


— Hum, Sr. Potter. Ele era legal, mas... Grudento demais! Depois de duas semanas, cansei! E depois... Tinha mau hálito! – Gina fez uma careta.


— Nada mal — avaliou Harry, satisfeito. — Nada mal mesmo!


Gina o olhou intrigada, mas achou melhor não comentar nada. Esvaziou a taça em três goles.


— Hum... Tá uma delicia... Me aqueceu toda. — Ergueu os pés e agitou os dedinhos, fazendo a meia escapar e cair no chão.


Harry observou a cena. Sentiu seu corpo todo esquentar. Devia ser o whisky, já estava indo para a terceira dose. Gina se serviu mais um pouco da bebida e se aninhou junto dele, enxugando o nariz enquanto buscava uma posição confortável.


— Pode me servir mais um pouco, por favor?


— Não. Não vamos nos arriscar misturando álcool e poção curativa, nunca fui muito bom e poções, mas sei que essas misturas não terminam bem.  Gi, isso me deixa preocupado.


— Só mais um dedo e está ótimo — prometeu ela. — Já estou bem alegre só com isso.


Harry mediu a dose para Gina e voltou a se aninhar junto dela no sofá. Harry esvaziou o copo, pousou-a na mesinha, voltou-se e deu um beijo rápido no nariz da amiga.


— Céus, estou exausto. Fiquei dezesseis, dezoito horas direto interrogando um comensal no Ministério da Holanda e, na volta, ainda levo um fora de Betty. A vida realmente é uma mer… às vezes.— Com isso, Harry abafou um bocejo.


— Harry, o nome dela era Beverly. Beverly, não Betty!


— Oh, sim… Beverly — corrigiu ele, e franziu o cenho. — É a vida: vem fácil, vai fácil. Será? Não. Se acredito que às vezes a vida é uma grande mer…? Sim.


— Ora, não fique tão deprimido — consolou Gina. — Eu estou doente, sai com um esquisitão...


— Hum... — cobrou Harry. – Isso quer dizer que seu dia foi pior que o meu? O que ganho de prêmio de consolação?


— Um beijo da perdedora! — ofereceu Gina. Fez um beicinho exagerado e fechou os olhos.


Harry deu um beijo sonoro nos lábios da amiga, hesitou por uma fração de segundo e, então, beijou-a novamente, com mais gentileza.


Gina sentia os lábios se derretendo a pressão suave. Ele a provocava com a língua gentilmente, pedindo passagem. Ela correspondeu ao beijo sensual e às carícias com a língua em total abandono.


Gina? Recriminou uma voz interna O que estava fazendo? Beijando na boca seu melhor amigo, Harry Potter?


Claro, sempre trocavam "bitocas"… mas, oh, céus, não se tratava de uma bitoca entre amigos. Tratava-se de um homem beijando uma mulher, de verdade. Ok! Já tinham se beijando antes... Na época da escola, quando namoraram... Mas foi só um namoro de escola, tinha uma paixonite por Harry desde que o viu embarcando no Expresso Hogwarts junto de seu irmão Rony para a escola. Alimentou essa paixão durante anos... Até que um dia Harry a percebeu, namoram pouco tempo, logo ele terminou alegando que precisava protegê-la. Depois da guerra, o assunto “namoro” nunca mais veio à tona. Harry viajou e ela tratou de viver a vida dela. Achou que a paixonite por Harry havia ficado no passado, como uma boa lembrança, nada mais.


Não deviam estar fazendo aquilo. Não. De jeito nenhum. E ela poria fim à cena em um instante. E logo. Dali a pouco. Na semana seguinte… Mas apenas emitiu um gemido feminino de puro prazer, enquanto o beijo prosseguia. Lembrou como eram bons os beijos dele, que sentiu saudades... Talvez a paixonite por Harry não tivesse ficado no passado como ela gostava de pensar!


Potter! Pare com isso, repreendia-se Harry. Não pode beijar Gina assim. Não desse jeito. O problema era que ela correspondia plenamente, deixando-o excitado. Tinha lábios tão macios, tão solícitos, tão… Droga! Recordava dos beijos de Gina... Da época da escola, mas isso havia ficado lá trás... Tentou mentalizar que ela ainda era irmã de Rony! Tratava-se de Gina, sua amiga, sua melhor amiga. Era loucura. Era… sensacional.


Harry gemeu e abraçou Gina com mais força. Ela o enlaçou ao pescoço, e aprofundaram o beijo. Tombaram no sofá macio sem interromper o contato, ela deitada sobre ele. O cinto de seu robe afrouxara durante a movimentação, expondo seus ombros.


Harry piscou, incrédulo ante a extensão de pele nua a centímetros de seus olhos, em uma imagem ligeiramente desfocada. Segurou Gina com firmeza e a ajeitou sob seu corpo, assumindo a posição superior. Suportando-lhe o peso com um braço, passou a beijar o tentador ombro desnudo e foi baixando rumo ao seio.


— O que… o que vestiu por baixo do robe? — indagou, audacioso.


— Hum? — Gina parecia sonhadora. — Oh, não vesti nada. Nada. Acabava de tomar um longo banho de espuma quando você bateu na parede. Não tive tempo de me vestir, apenas peguei meu velho robe confortável e vim. Estou como vim ao mundo por baixo do robe, Harry.


— Ouuu! — observou ele, meneando a cabeça. — Não chega nem perto. Vou beijar você de novo, Gina, porque estou mesmo precisando…


Com isso, segurou-a pela nuca e beijou com tal intensidade que ela perdeu o fôlego. Gina sentia o calor aumentar e a pulsação se acelerar, impossibilitando qualquer raciocínio… Só era capaz de sentir, de saborear… de desejar.


Desejar Harry.


De queimar de desejo por Harry Potter. Uma chama apagada reacendeu dentro dela...  Porque mesmo eles haviam terminado? Porque mesmo eles não reataram o namoro depois da guerra... Isso não vem ao caso agora. Não mesmo!


Porque você se afastou de Gina? Vozes internas repreendiam Harry, mas ele as ignorava solenemente, permitindo que a paixão consumisse seus pensamentos e se apoderasse de seu corpo.


Sentia-se incendiar.


Nada mais importava, exceto a intensidade do desejo por Gina, algo que jamais experimentara. E ela também o queria. A ele. Era tão deliciosa… com aroma perfumado do banho de espuma recente.


Gina… nua na banheira… com milhares de bolhas de sabão sobre a pele macia, grudadas aqui e ali, e acolá, e… Harry afrouxou o cinto do robe, afastou as abas e expôs toda a parte superior do corpo maravilhosamente feminino.


Bolhas aqui, pensou vagamente, enquanto se abaixava para abocanhar um mamilo e provocá-lo com a língua. Desceu mais um pouco. E bolhas aqui, anotou mentalmente, beijando a pele refrescante no abdômen de Gina. Que bolhinhas sortudas…


Retornou ao seio, o qual abocanhou voraz. Gina enterrou as mãos nos cabelos espessos dele, apertando-o contra o peito, ofegante.


Os cabelos castanho-escuros de Harry eram realmente gostosos, deliciou-se ela, forçando o raciocínio em algum ponto do cérebro anestesiado. Tão espessos e sedosos… Cabelos maravilhosos. Divinos.


Oh, sentia-se tão estranha. Mas maravilhosa. Nunca experimentara uma paixão tão infinita, tão forte, tão ardente. Depois de Harry, saiu com outros rapazes, namorou por quase dois anos com Phillip, também teve Brian... Mas sempre que a relação começava a se tornar mais intima, ela tratava de terminar. Porque mesmo fazia isso? Eram caras legais...


Harry começou a beijar sua barriga. Não suportava mais, tinha de aplacar aquele fogo antes que não sobrasse nada além de cinzas dispersas ao vento.


— Harry, por favor! — implorou, abafando um soluço. — Eu o quero tanto. Por favor…


— Também quero você, Gina — confessou ele, sem reconhecer a própria voz. — Mas…


— Não pense. Não temos de pensar, temos, Harry? Diga-me que não temos de pensar.


— Não temos de pensar... — repetiu ele, tentando se convencer. — Não pensar… Oh, espere. Controle de natalidade. É melhor pensarmos nisso.


— Eu tomo poção contraceptiva — informou Gina. — Não precisa se preocupar.


— Isso dispensa mais raciocínio — concluiu ele intensificando os carinhos em suas pernas.


— Isso mesmo! – Gina arfou ao sentir um toque mais intimo.


Harry levantou-se e despiu-se rápido, jogando as roupas no chão. Gina avaliou cada centímetro formoso dele como se nunca o tivesse visto antes... Quadribol! Santo quadribol! Harry tinha os músculos bem definidos, nem parecia aquele menino magricelo da época da escola! 


Mas agora era diferente, observou Gina. Não estava com o Harry camarada, amigo, parceiro. Tratava-se de Harry, o homem, e… oh, misericórdia, ele era tão másculo que dispensava qualquer descrição.


Era como se de repente ganhasse óculos mágicos que lhe permitiam ver o que nunca vira antes. Incrível. Quer dizer, já tinha visto isso sim! Mas sempre tratava de desviar o pensamento, quando aquela vozinha interior dizia que Harry estava bonito, quando sentia uma pontada de ciúmes toda vez que ele falava de uma garota nova.


Harry inclinou-se e tomou Gina nos braços, puxando-a contra o peito, o robe abandonado no sofá.


Beijou-a de forma exigente, e ela retribuiu agarrada a seu pescoço. Erguendo-a nos braços, ele tomou o corredor, direto ao quarto. Pousou-se de pé no chão, afastou a colcha e instalou-a no centro da cama imensa. Deitou-se a seu lado sem perder tempo.


Tão linda, pensou Harry, ao beijá-la novamente. Gina era diferente, delicada e feminina, a conscientizá-lo demais da própria masculinidade.


Sempre a achara bonita de uma forma juvenil, mas, naquele momento, Gina revelava-se a mulher mais sensual, tentadora e sedutora que já conhecera.


Sabia, desde que a conhecera naquele dia fatídico que embarcava para seu primeiro ano em Hogwarts, que Gina era divertida, zelosa e carinhosa. Mas, por que, raios, nunca reparara em como Gina era encantadora? E feminina? E sensual? Quando namoram na escola... Estava cego mesmo! Gina estava desabrochando naquela época... Mas depois? Porque afastou Gina, porque não fez nada para reatarem o namoro? Tinha vontade de matar aquele tal de Phillip, e, intimamente, ficou muito satisfeito quando terminaram o namoro; e todos os rapazes que Gina saia, sempre achava um defeito. Por que fazia isso?


Porque se tratava de Gina apenas, sua melhor amiga, irmã de Rony, aquela que sempre o acompanhava às festas da família Weasley à beira do lago, aquela que ouvia suas lamurias, aquela que fazia seu bolo de chocolate favorito,... Mas, naquelas ocasiões, reuniam-se todos, enquanto agora… estavam sozinhos, e ele a desejava tanto.


Não pense, Potter, avisou o cérebro. Não pense.


Continuaram se beijando, acariciando, explorando, descobrindo. Com as mãos, refaziam a trajetória dos lábios, e a paixão só fazia crescer. De tão ofegantes, a palpitação do coração atingia níveis alarmantes.


— Oh, Harry, por favor! — implorou Gina.


— Sim — cedeu ele, rouco.


Harry posicionou-se sobre ela e a penetrou, sentindo a umidade cálida da feminilidade recepcionando-o, festejando o que ele lhe trazia. Passou a se mover, devagar a princípio, depois aumentando o ritmo da dança, até atingir sincronia com seus corações disparados. O contato tornou-se mais quente. Mais pulsante. Até atingirem o momento de êxtase.


— Harry!


— Gi… ah, Gina.


Permaneceram abraçados, à mercê das ondas do orgasmo que os levava de volta à realidade. Harry relaxou em cima de Gina, exausto, saciado, e então rolou para o lado, com o pouco de energia que lhe sobrara. Aninhou a amante contra o peito e puxou a coberta.


Não conversaram ambos consumidos pela sensação de espanto e encantamento, cientes de que haviam partilhado uma experiência única. A simples essência do ato… a intimidade, a intensidade e perfeição… fazia com que parecessem virgens.


Finalmente, tornaram-se cientes da complexidade do que haviam feito, percebendo que haviam trilhado um caminho que amigos geralmente não tomavam, pois não eram amigos; só tentaram camuflar os sentimentos que tinham um pelo o outro por detrás daquela amizade.


— Não pense! — murmurou Harry.


— Não! — concordou Gina, um leve tom de pânico na voz. — Não pense.


Adormeceram sobre o mesmo travesseiro, de mãos dadas.


 


**************


N/B: Mais um projeto maravilhoso!!! Eu nem senti que betava! Estava mais no papel de leitora, que quer saber o desfecho, que torce pelo reencontro... Ahhh, Day! Ficou lindo demais! Beijos, Alessandra.


 


 


N/A: Mais uma fic para vocês... espero que gostem, pois como já disse é uma história inspirada em um livro que li e adorei, não resistindo e adaptei para o fantástico mundo de HP...  A fic terá entre 10 e 12 capítulos, é curtinha, é um romance água com açúcar bem gostosinho de ler. Totalmente independente das minhas outras fics. Situa-se 6 anos depois que Harry derrotou Voldemort, no decorrer da fic tentarei explicar o que aconteceu nesses seis anos. As atualizações ocorreram de 15 em 15 dias. Bom, quero agradecer a Alessandra, que mais uma vez topou betar mais uma fic minha, a Anny que com quem compartilhei a primeira ideia e ficou com um pouco de raiva do Harry... Agradeço a todos que já deram uma espiadinha, comentaram( Issis, Dressa, Dani W. Potter, Istefáni M.) Beijos e nos encontramos nos próximos capítulos!


 


Daiana


 

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