CAPÍTULO VINTE



CAPÍTULO VINTE

Gina jamais tinha visto uma semana passar tão rápido. E se sentiu brutalmente só. Todos consideraram o caso encerrado, inclusive a promotoria e o seu próprio comandante. O corpo de Jerry Fitzgerald foi cremado e o interrogatório final, arquivado.
A mídia fez o alvoroço de sempre. A vida secreta de uma top model. A assassina por trás do rosto perfeito. Busca pela imortalidade deixa uma trilha de mortes.
Gina tinha outros casos para acompanhar, e certamente havia outras obrigações a cumprir, mas ela passava cada minuto de seu tempo livre revendo o caso, analisando minuciosamente as provas e experimentando novas teorias, até o ponto em que a própria Hermione lhe sugeriu que desistisse.
Ela tentou se desembaraçar de todos os pequenos detalhes do casamento que Harry lhe pedira para resolver. Mas o que sabia ela a respeito de bufês, seleção de vinhos e esquemas informando onde os convidados deveriam ser acomodados? No fim, engoliu o próprio orgulho e entregou toda a confusão aos cuidados de Moody e a seus olhares de desdém.
E teve que ouvir dele, em tons didáticos, que a esposa de um homem tão importante quanto Harry deveria aprender bons modos sociais.
Ela mandou que ele enfiasse os modos e foi cada um para o seu lado, satisfeitos por ficarem às voltas com o que sabiam fazer de melhor. Por trás de todos os conflitos com Moody, Gina estava quase temerosa com a possibilidade de eles estarem começando a gostar um do outro.

Harry saiu do seu escritório e entrou no de Gina. E balançou a cabeça. Eles iam se casar no dia seguinte. Em menos de vinte e quatro horas. E a noiva estava às voltas com seu vestido de casamento, banhando-se com perfumes e óleos aromáticos, sonhando acordada com a nova vida que ia começar?
Não, ela estava debruçada no computador, resmungando diante da tela, com os cabelos desgrenhados pelo constante enfiar dos dedos através deles. Havia uma mancha em sua blusa, no lugar onde ela derramara um pouco de café. Um prato com os restos do que parecia ter sido um sanduíche estava pousado ao lado, no chão. Até mesmo o gato evitava chegar perto daquilo.
Ele foi até junto dela e viu, como já imaginava, o caso Fitzgerald na tela.
A determinação de Gina o fascinava e o seduzia também. Ficou se perguntando se ela deixava que alguém mais soubesse o quanto estava sofrendo com a morte de Jerry Fitzgerald. Se conseguisse, ela teria escondido aquele fato até mesmo dele.
Harry sabia que o sentimento de culpa estava ali, e a pena também. E o senso de dever. Tudo aquilo a levava para a frente e prendia uma parte dela ao caso. Aquele era um dos motivos pelos quais a amava, a imensa capacidade de sentir emoções encapsulada em uma mente lógica e inquieta.
Ele começou a se inclinar para beijar-lhe o alto da cabeça no momento exato em que ela se levantou. Os dois soltaram um palavrão no instante em que a cabeça de Gina bateu com força no queixo de Harry.
- Minha nossa! - dividido entre a diversão daquilo e a dor, Harry pegou um lenço e o apertou contra os lábios. - Você faz uma cena romântica virar uma coisa perigosa.
- Você é que não devia chegar assim sorrateiramente por trás de mim. - Franzindo a testa, ela esfregou o alto da cabeça. Era mais um ponto que ia começar a latejar. - Achei que você, Neville e alguns dos seus amigos sedentos de prazer iam sair para saquear as casas noturnas e violar moças.
- Uma despedida de solteiro não é uma invasão viking. Ainda tenho algum tempo antes que as barbaridades comecem. - Encostando-se na quina da mesa, ele olhou para ela. - Gina, você tem que dar uma trégua nisso.
- Já vou fazer uma trégua de três semanas, não vou? - e sugou o ar ao ver que ele apenas levantou as sobrancelhas, com paciência. - Desculpe, estou sendo rabugenta... Não consigo engolir isso, Harry! Tentei deixar o caso de lado uma meia dúzia de vezes durante esta semana, mas ele continua voltando à minha cabeça.
- Diga o que está pensando em voz alta. Às vezes, ajuda.
- Certo. - Ela se afastou da mesa e quase pisou no gato. - Ela podia ter ido até aquela boate. Algumas pessoas elegantes às vezes freqüentam esse tipo de lugar.
- Cho freqüentava.
- Exato. E as duas faziam parte da mesma tribo. Então, sim, pode ser que ela tenha ido até a boate e pode ter se encontrado com Boomer lá. Pode ser até que ela tivesse um contato para avisá-la quando ele aparecesse. Isso tudo, supondo que ela o conhecesse, o que não foi definitivamente comprovado. E talvez ela estivesse trabalhando com ele ou através dele. Ela o encontra lá, e percebe que ele está entregando o ouro. Ele é uma ponta solta, deixou de ser útil e agora é um peso morto.
- Até agora, tudo me parece lógico.
Ela concordou com a cabeça, mas não parou de andar.
- Certo, - continuou ela - então ela o avista no momento em que ele sai do quarto com Hetta Moppett. Jerry fica preocupada em saber o que foi que ele contou. Pode ser que ele tenha se gabado, vangloriando-se de sua ligação com Jerry para impressionar a mulher. Como Boomer era esperto o bastante para saber que estava encrencado, some por uns tempos. Hetta é a primeira vítima. Foi eliminada porque devia saber de alguma coisa. Foi morta de forma rápida e brutal, e ficou parecendo um assassinato casual, causado por um acesso de fúria. Levaram a sua identidade. Isso significa que vai levar mais tempo para a polícia identificá-la e conectá-la com a boate e com Boomer. Se é que alguém vai se dar ao trabalho de pesquisar isso, o que é pouco provável.
- Só que eles não contavam com você.
- Aí é que está. Boomer tinha uma amostra da substância, conseguiu a fórmula. Ele tinha dedos leves quando queria, e era bom em furtos. Discernimento não era o seu ponto forte. Talvez ele tenha feito pressão para conseguir mais dinheiro, uma fatia maior do bolo. Mas ele era bom em seu trabalho. Ninguém mais sabia que ele era um informante, a não ser um punhado de pessoas ligadas ao Departamento de Polícia de Nova York.
- E aqueles que sabiam disso não devem ter imaginado o quanto você leva a sério, em nível pessoal, uma parceria. - e virou a cabeça para o lado. - Sob circunstâncias normais, eu diria que a morte dele seria atribuída a uma transação de drogas que deu errado, um ato de vingança de um dos comparsas dele, e a coisa seria deixada de lado.
- É verdade, só que Jerry não se mexeu tão depressa. Nós encontramos o bagulho no apartamento de Boomer e começamos a trabalhar por esse ângulo. Ao mesmo tempo eu tive uma apresentação em primeira mão do jeito que Cho tratava as pessoas. Você sabe da história e também já ouviu o resumo da situação na noite em que ela morreu. Jogar a culpa do crime em Luna foi um golpe de sorte e de azar. Deu mais tempo a Jerry e lhe trouxe um bode expiatório bem conveniente.
- Um bode expiatório que, por acaso, era amiga íntima e muito querida da encarregada do caso.
- Esse foi o azar da pessoa que cometeu o crime. Quantas vezes vou entrar em um caso já sabendo que a suspeita mais provável é completamente inocente? Apesar de todas as provas em contrário, apesar de tudo? Isso nunca mais vai acontecer.
- Não sei. Comigo não foi assim há alguns meses.
- No seu caso, eu não sabia, apenas pressentia. Depois de algum tempo, eu soube com certeza. - Gina enfiou as mãos nos bolsos e as retirou novamente. - No caso de Luna eu sabia, desde o início, eu sabia! Assim, abordei o caso todo a partir de um ângulo diferente. De repente, encontrei três suspeitos em potencial, e todos eles, como ficou provado, tinham motivos, oportunidades e meios de cometer o crime. Uma das suspeitas, comecei a desconfiar, está viciada na mesma droga que deu início a toda a história. Justamente quando eu estava achando que dava para tomar isso tudo como definido, um traficante do East End é eliminado. Mesmo modus operandi. Por quê? Esse é um dos lances dessa história que ficou na minha cabeça, Harry, um dado que eu não consegui entender. Eles não precisavam do Barata. As possibilidades de Boomer confiar nele e ter fornecido alguns dados são tão pequenas que chegam a ser microscópicas! Mas a verdade é que ele é eliminado e existem traços da droga em seu organismo.
- Pode ter sido um estratagema. - Harry pegou um cigarro e o acendeu. - Algo para distrair a sua atenção.
Pela primeira vez em muitas horas, ela sorriu.
- É disso que eu gosto em você, Harry. A sua mente criminosa. Vamos lançar uma pista falsa para confundir tudo. Deixe que os tiras fiquem suando para conseguir achar uma ligação lógica com o Barata. Nesse meio tempo, Paul Redford está fabricando uma variedade da Immortality, por conta própria, e a entrega a Jerry. Juntamente com um monte de grana. Só que ele consegue o dinheiro todo de volta, sugando o sangue dela em cada garrafa da substância, a partir dali. Sendo um homem de negócios muito esperto, ele se deu ao trabalho e assumiu o risco de encomendar um espécime da flor na colônia em Éden.
- Dois. - disse Harry, e teve o prazer de ver o rosto intenso de Gina ficar sem expressão.
- Dois o quê?
- Ele encomendou dois espécimes. Dei uma passada em Éden quando estava voltando para a Terra e conversei com a filha da doutora Engrave. Perguntei-lhe se ela tinha tempo disponível para fazer um cruzamento de informações. Paul Redford encomendou o primeiro espécime há nove meses, usando outro nome e uma licença falsificada. Só que o número das duas identidades é o mesmo. Ele pediu para que a planta fosse entregue em um florista de Vegas II, com reputação duvidosa por envolvimento com contrabando de plantas. - Fazendo uma pausa, ele bateu as cinzas do cigarro em um cinzeiro de mármore. - Eu diria que dali ela foi enviada para um laboratório, onde o néctar foi destilado.
- E por que diabos você não me contou isso antes?
- Estou lhe contando agora. Tudo isso só foi confirmado há cinco minutos. Você pode entrar em contato com a segurança de Vegas II e pedir que o florista seja interrogado.
Ela estava xingando quando ligou o tele-link e deu ordens para que aquilo fosse feito de imediato.
- Mesmo que eles consigam alguma coisa, vão se passar semanas antes que eu consiga me desvencilhar da burocracia para conseguir trazê-lo até a Terra, a fim de interrogá-lo pessoalmente. - Mas ela esfregou as mãos de contentamento, antecipando aquele momento. - Você podia ter mencionado que estava fazendo tudo isso.
- Se não desse em nada, você não ficaria desapontada. Em vez disso, você agora tem que demonstrar gratidão. - e seus olhos ficaram sérios. - Gina, isso não modifica a situação em nada.
- Mas significa que Paul Redford já estava trabalhando com isso há muito mais tempo do que queria que soubéssemos. Significa... - ela parou de falar e se atirou em uma poltrona. - Eu sei que ela podia ter feito tudo aquilo, Harry. Sozinha. Podia escapar sorrateiramente do apartamento de Justin sem ser vista. Podia tê-lo deixado dormindo para depois voltar e limpar tudo. Em todas as vezes. Ou pode ser que ele soubesse. Ele era capaz de ir até o fim por ela, e é um ator. Entregaria Paul Redford aos lobos em um piscar de olhos, mas não se isso envolvesse Jerry.
Abaixando a cabeça por alguns instantes, ela passou os dedos com força em cima da sobrancelha.
- Eu sei que ela poderia ter feito tudo. - continuou ela. - Sei que poderia ter pressentido a oportunidade para ir até o armário das drogas. Pode ter decidido acabar com tudo do jeito dela, isso combina com a sua personalidade. Só que nada disso me soa bem.
- Você não pode se culpar pela morte dela. - disse Harry baixinho. - Pelo motivo óbvio de que não tem culpa alguma e também por um motivo que você vai aceitar: o sentimento de culpa encobre a lógica.
- Sim, eu sei. - Ela tornou a se levantar, inquieta. - Eu estive fora do meu ritmo em todo este caso. Por causa de Luna, por causa das lembranças do meu pai. Deixei passar detalhes, insisti sem necessidade em coisas sem importância. Tudo por causa dessas distrações.
- Incluindo o casamento? - sugeriu ele.
- Estou tentando não pensar muito nisso. - e conseguiu dar um sorriso fraco. - Nada pessoal.
- Considere a cerimônia uma formalidade. Um contrato, se preferir, com alguns enfeites.
- Você já parou para pensar que um ano atrás a gente nem mesmo se conhecia? Que estamos morando na mesma casa, mas em grande parte do tempo é como se estivéssemos em andares diferentes? Que todo esse... lance que sentimos um pelo outro pode não ser, na verdade, o tipo de coisa que se sustente a longo prazo?
- Você vai me deixar irritado na véspera de nos casarmos? - perguntou ele, olhando para ela com firmeza.
- Não estou tentando irritá-lo, Harry. Foi você que tocou no assunto, e já que esta foi uma das coisas que me deixaram distraída nessas últimas semanas queria esclarecer tudo. São perguntas razoáveis que merecem respostas razoáveis.
Seus olhos ficaram sombrios. Ela reconheceu o aviso e colocou os braços em volta do corpo à espera da tempestade. Em vez disso, ele se levantou e perguntou com tanta frieza que ela quase estremeceu:
- Você vai desistir, tenente?
- Não. Já disse que vou me casar. Acho apenas que nós devíamos... pensar. - disse ela, com a voz fraca, e se odiou por isso.
- Bem, então fique aqui pensando e encontre suas respostas razoáveis. Eu tenho as minhas. - e olhou para o relógio. - Já estou atrasado. Luna está esperando por você lá embaixo.
- Para quê?
- Pergunte a ela. - respondeu ele, com uma ponta de irritação na voz, enquanto saía.
- Droga! - ela chutou a mesa com tanta força que Galahad ficou olhando para ela de cara feia. Deu outro chute, porque a dor a fazia se sentir melhor, e então foi mancando se encontrar com Luan.
Uma hora depois, ela se viu sendo arrastada para a Boate Baixaria. Agüentou todas as ordens de Luna para que trocasse de roupa, ajeitasse o cabelo e o rosto, a fim de melhorar o astral. No instante, porém, em que a música e o barulho a atingiram como um golpe, ela hesitou.
- Puxa Luna. Por que aqui?
- Porque é bem indecente, por isso. Despedidas de solteiro têm que ser indecentes. Nossa, olha só aquele cara no palco! O pinto dele é tão grande que parece uma estaca! Ainda bem que eu pedi ao Crack que reservasse a mesa bem da frente. O lugar parece uma lata de sardinhas, e a noite mal começou...
- Eu tenho que me casar amanhã! - explicou Gina, achando, pela primeira vez, que aquela era uma boa desculpa.
- Essa é a idéia! Puxa Weasley, relaxe! Olhe, lá está o nosso grupo.
Gina já estava habituada a levar choques, mas aquilo a deixou abismada. Era mais do que a sua credibilidade podia suportar ver uma mesa bem embaixo de um dançarino que balançava seus imensos dotes sobre as cabeças de Nymphadora Tonks, Hermione, uma mulher que ela imaginou que fosse Trina e, Deus Todo-Poderoso... a doutora Minerva!
Antes que conseguisse fechar a boca, Crack apareceu de repente por trás dela e a levantou no ar, dizendo:
- Oi, branquela magricela! Vamos cair na gandaia! Trouxe uma garrafa de champanhe para vocês, por conta da casa!
- Se você tiver champanhe de verdade nessa espelunca, meu chapa, eu juro que vou mastigar a rolha.
- Bem, pelo menos tem borbulhas... O que mais você quer? - ele a girou de leve no ar e a jogou para cima, para delírio da multidão, pegando-a de volta em pleno ar e colocando-a sentada em uma das cadeiras da mesa. - Senhoras, quero que todas se divirtam como nunca esta noite, senão eu vou ficar sabendo, hein?
- Você tem amigos tão interessantes, Weasley! - comentou Tonks, soltando a fumaça do cigarro. Ninguém ia se preocupar com restrições ao fumo ali. - Tome um drinque. - levantando a garrafa de uma substância desconhecida, ela a serviu no que pareceu ser um copo razoavelmente limpo. - Nós já estamos bem à frente de você, por causa da bebida.
- Tive que obrigá-la a trocar de roupa. - Luna forçou o caminho com os quadris para chegar na cadeira. - Ela empentelhou o tempo todo! - e então seus olhos se encheram de lágrimas. - E só acabou vindo por minha causa. - Pegou o drinque de Gina e o entornou de um gole só. - Nós queríamos lhe fazer uma surpresa.
- E conseguiram. Doutora Minerva. A senhora é a doutora Minerva, não é?
- Pelo menos era quando entrei aqui. - Minerva sorriu com todos os dentes. - Só que, a esta altura, eu estou meio confusa a respeito dos detalhes.
- Temos que fazer um brinde. - Meio bamba, Hermione usou a mesa para manter o equilíbrio. Conseguiu levantar o copo sem derramar mais do que a metade sobre a cabeça de Gina. - Para a policial mais porreta de toda esta cidade fedorenta, que vai se casar com o filho-da-mãe mais sexy sobre o qual pessoalmente já pus os olhos e que, por ser tão esperta, arranjou para que eu fique permanentemente ligada à Divisão de Homicídios. Que é o lugar ao qual pertenço desde o início, como qualquer panaca cego podia ver. É isso aí! - entornou o resto do drinque, caiu para trás de volta na cadeira e ficou rindo com cara de boba.
- Hermione, - disse Gina, passando o dedo sob os olhos - nunca fiquei tão comovida!
- Eu sou atrevida, Weasley.
- As evidências estão apontando para este fato. Dá para comer alguma coisa por aqui que não pareça ptomaína? Estou morrendo de fome!
- A noiva quer comer. - Ainda sóbria como uma freira, Luna se colocou em pé. - Deixe que eu cuido disso. Não precisa se levantar.
- Ah, e outra coisa, Luna. - Gina a puxou de volta e murmurou em seu ouvido - Arranje alguma coisa para eu beber que não seja letal.
- Mas Gina, isso é uma festa!
- E vou aproveitar. Vou mesmo, só que eu quero estar com a cabeça limpa amanhã. É importante para mim.
- Que coisinha mais doce! - Começando a chorar novamente, Luna escondeu o rosto no ombro de Gina.
- É... eu sou a substituta do açúcar. - Por impulso, ela levantou o rosto de Luna e pregou-lhe um beijo na boca. - Obrigada, Luna. Ninguém mais teria pensado em uma festa dessas.
- Harry pensou. - Luna enxugou os olhos com a franja cintilante que pendia de sua manga. - Planejamos tudo juntos.
- Ele é mesmo capaz de fazer isso, não é? - Sorrindo ligeiramente, Gina deu mais uma olhada nos corpos nus que giravam sobre o palco. - Ei, Tonks! - E completou o copo da repórter. - Aquele cara ali com penas vermelhas espetadas no traseiro está de olho em você.
- Ah, é? - Tonks olhou sem expressão em volta.
- Duvido!
- Duvida o quê? Que eu suba ali em cima? Ah, isso não é nada!
- Então faça! - Gina se inclinou e sorriu para ela. - Vamos ver um pouco de ação.
- E você acha que eu não vou? - Levantando-se, Tonks perdeu ligeiramente o equilíbrio, mas conseguiu se firmar. - Ei, gostoso! - berrou para o dançarino que estava mais perto. - Ajude-me a subir aí!
A multidão a adorou, Gina decidiu. Especialmente quando Tonks se empolgou e, entrando no espírito da coisa, tirou a roupa e ficou só de calcinha e sutiã roxos. Gina suspirou enquanto tomava água mineral. Ela sabia mesmo como escolher as amizades.
- E então, como vão as coisas, Trina?
- Estou vivenciando uma experiência extracorpórea. Acho que estou no Tibete.
- Hã-hã... - Gina lançou um olhar para a doutora Minerva. Do jeito que ela estava aplaudindo, Gina achou que era bem capaz de ela subir no palco também. Pensando bem, nenhuma delas ia querer guardar aquela lembrança de si mesma na memória. - Hermione! - Gina teve que apertar os dedos no braço de Hermione com toda a força para conseguir uma reação leve. - Vamos ver se a gente consegue um pouco mais de comida.
- Eu bem que gostaria de fazer aquilo! - murmurou ela.
Seguindo o seu olhar, Gina olhou para Tonks, que estava em uma dança do tipo bate-coxa com um negro de mais de dois metros de altura e corpo todo pintado.
- Aposto que gostaria, minha cara. Você ia fazer a casa vir abaixo.
- Só que eu estou com este pneuzinho. - Ela cambaleou e Gina a segurou pelo braço. - Draco diz que é a minha barriguinha de gelatina. Estou juntando dinheiro para fazer uma lipo.
- Faça alguns abdominais. Não precisa fazer lipo.
- É hereditário.
- Hereditário?
- É. - Hermione balançou o corpo para a frente e para trás e sacudiu a cabeça, enquanto Gina a levava em meio à multidão. - Todo mundo na minha família tem uma barriguinha dessas. Draco prefere as magricelas. Como você.
- Então transe com ele.
- Já fiz isso. - Hermione riu, e então se apoiou no balcão do bar. - Transamos até ficarmos vesgos! Só que isso não é o mais importante, você sabe, não sabe, Gininha?
- Hermione! - suspirou Gina. - Não quero socar a cara de uma colega de farda quando ela está fora do seu normal. Portanto, não me chame de Gininha.
- Certo. Você sabe o que é mais importante?
- Comida. - pediu ela ao andróide que servia de garçom. - De qualquer tipo, em grande quantidade, para a mesa três. O que é mais importante para quê, Hermione?
- O que é mais importante... É aquilo que você e o Potter têm. Isso é o que é mais importante. Ligações. Ligações internas. Sexo é apenas um fator extra.
- Claro. Você e o Malfoy estão com problemas?
- Não. Só que não temos nos encontrado muito, agora que o caso foi encerrado. - Hermione balançou a cabeça e lhe pareceu que as luzes explodiam diante dos seus olhos. - Nossa, eu estou mal! Preciso ir ao banheiro.
- Vou com você.
- Eu posso ir sozinha. - Mostrando dignidade, Hermione tirou a mão de Gina do seu braço - Não faço questão de vomitar na frente de minha superior, se você não se importa.
- Fique à vontade.
Mas Gina ficou vigiando-a com olhos de lince, enquanto Hermione caminhava, trôpega, pelo salão. Elas já estavam ali há quase três horas, avaliou ela. Apesar de a noite estar muito divertida, ela ia ter que levar um pouco de comida para as suas amigas e providenciar para que todas conseguissem transporte a fim de voltar para casa.
Sorrindo, ela se encostou no bar e ficou observando Tonks, ainda com as roupas de baixo roxas, sentada à mesa e tendo uma conversa muito séria com a doutora Minerva. Trina, com a cabeça sobre a mesa, provavelmente estava se comunicando com o Dalai-Lama.
Luna, com os olhos brilhando, cantava em cima do palco com a voz esganiçada, improvisando um número que estava balançando a pista de dança.
Puxa, pensou Gina, sentindo um bolo na garganta, ela adorava o bando todo. Inclusive Hermione, decidiu, e resolveu dar uma olhadinha no banheiro para se certificar de que a sua auxiliar não tinha desmaiado nem se afogado.
Já conseguira atravessar quase metade da boate quando foi agarrada. Como já vinha acontecendo praticamente a noite toda, quando os freqüentadores atacavam-na em busca de parceiros, começou a se desvencilhar do estranho, de forma natural.
- Hoje não, meu amigo. Não estou interessada. Ei! - A fisgada que sentiu no braço pareceu-lhe a dor de uma injeção. Aquilo não a machucou, mas deixou-a irritada. Só que a sua visão já estava falhando quando ela foi empurrada pela multidão que assobiava e jogada para dentro de um dos quartos privados da boate.
- Mas que droga! Eu já disse que não estava interessada! - Esticou a mão para pegar o distintivo, mas errou o bolso por completo. Levou uma leve cotovelada e caiu de costas em uma cama estreita.
- Relaxe um pouco, Gina. Temos que conversar. - Malfoy se lançou ao lado dela e cruzou as pernas na altura dos calcanhares.

Harry não estava muito disposto a se divertir, mas como Neville se dera ao imenso trabalho de criar uma atmosfera monstruosa que tentava transmitir uma sensação de prazer, ele fez a sua parte. Estavam em uma espécie de salão cheio de homens, muitos deles surpresos por se verem participando de uma festa que mais parecia um ritual pagão. Mesmo assim, Neville, com sua capacidade de mexer com eletrônicos, conseguira descobrir alguns dos sócios mais próximos de Harry, e nenhum deles queria correr o risco de ofender alguém da importância de Harry não comparecendo ao evento.
Assim, ali estavam eles, os ricos, os famosos e diversos outros tipos de pessoas, apertados em um salão fracamente iluminado, com telões que exibiam corpos nus em vários e criativos atos de frenesi sexual, um trio de dançarinas já devidamente despidas, além de cerveja e uísque suficientes para afundar a Sétima Frota e toda a sua tripulação.
Harry tinha que reconhecer que aquilo tinha sido um gesto simpático e estava dando o melhor de si para corresponder às expectativas de Neville, desempenhando o papel de um homem que aproveitava a sua última noite de liberdade.
- Aqui está, garotão, outro uísque para você! - Depois de tomar várias doses da bebida irlandesa, Neville falava, de forma descontraída, com o sotaque do país que jamais visitara. O país que, para falar a verdade, nem os seus bisavós conheceram. - Um brinde aos rebeldes, hein?
Harry levantou uma sobrancelha. Ele, sim, era natural de Dublin e vagara por suas ruas e becos durante a maior parte de sua juventude. Apesar disso, não tinha o apego sentimental que Neville exibia pela terra irlandesa e suas rebeliões.
- Slainte! - disse Harry, brindando em dialeto celta para agradar o amigo e provando a bebida.
- Isso, meu rapaz! Agora escute aqui, Potter, essas moças à nossa volta são apenas para olhar. Nada de pegar nelas.
- Vou tentar me controlar ao máximo.
Neville sorriu e deu um tapa nas costas de Harry, com força suficiente para desequilibrá-lo.
- Ela é uma jóia, não é? A nossa Gina?
- Ela é... - Harry olhou com cara feia para o uísque -... especial. - concluiu.
- Ela vai manter você sempre ligado. Ela mantém todo mundo ligado, o tempo todo. A cabeça dela parece a de um predador, sabe, focada em um objetivo, até conseguir alcançá-lo. Para ser franco, este último caso a deixou quase pirada.
- E ela ainda não desistiu. - murmurou Harry, sorrindo de modo frio quando uma loura nua chegou ao lado e começou a passar a mão em seu peito. - Você vai ter melhor sorte com aquele sujeito ali. - disse-lhe ele, apontando para um homem com olhos vidrados que vestia um terno risca-de-giz cinza-escuro. - Ele é o dono da Stoner Dynamics.
Diante do olhar sem expressão dela, Harry se desvencilhou com gentileza das mãos que já estavam começando a descer abaixo da sua cintura e explicou melhor:
- Ele é rico.
Ela saiu rebolando lentamente e passou na frente de Neville, que ficou olhando para ele com um ar sonhador.
- Eu sou um homem muito bem casado, Potter.
- Foi o que me disseram.
- É humilhante admitir, mas eu bem que sinto vontade de dar uma cavalgada rápida em um quarto escuro com uma dessas coisinhas lindas!
- Você está acima dessas coisas, Neville.
- É verdade. - suspirando baixinho, ele voltou ao assunto anterior. - Gina, com essa viagem de algumas semanas, vai deixar a história de lado. Quando voltar, vai se ligar no próximo caso.
- Ela não gosta de perder, e acha que perdeu. - Harry tentou colocar o assunto de lado. Não queria passar a véspera do casamento analisando homicídios. Xingando baixinho, levou Neville para um canto. - Escute, o que você sabe sobre aquele traficante que foi morto no East End, Neville?
- O Barata? Não tem muita coisa para saber. Traficante, um pouco esperto, um pouco burro. É incrível como muitos desses caras são espertos e burros ao mesmo tempo. Ele protegia o próprio território e gostava de uma grana rápida e fácil.
- Ele era informante também? Como Boomer?
- Antigamente, era. Só que o policial que utilizava os serviços dele se aposentou no ano passado.
- O que acontece com o informante quando um policial se aposenta?
- Outro tira continua a usar os serviços dele ou então ele é deixado de lado. Eu não encontrei nenhum tira novo para continuar com o Barata.
Harry queria esquecer o assunto, mas não conseguia.
- E o policial que se aposentou? Ele trabalhava com alguém?
- Ei, você acha que eu tenho chips de computador na cabeça?
- Acho.
Sentindo-se elogiado, Neville se aprumou, dizendo:
- Bem, para falar a verdade, eu me lembro que antes de se aposentar ele trabalhava com um velho amigo meu. Danny Riley. Isso foi há muito tempo, em 2041. Depois, passou a ser parceiro de Mari Dirscolli por alguns anos, até 2048. Ou será que foi em 2049?
- Deixe pra lá. - resmungou Harry.
- Depois, ele trabalhou com Malfoy por uns dois anos.
A atenção de Harry voltou de repente.
- Malfoy? - perguntou ele. - Ele trabalhou com Malfoy quando usava os serviços do Barata?
- Trabalhou, mas só um dos dois tiras usa o informante, é claro. - murmurou Neville, com a testa franzida. - O procedimento usual é assumir os contatos do parceiro, quando ele se aposenta, mas Malfoy não fez isso, que eu saiba. Ele tinha os próprios informantes.
Harry disse a si mesmo que era bobagem sua, um ataque ridículo de ciúme, mas ele não se importava.
- Nem tudo fica registrado, Neville. Você não acha coincidência demais dois informantes que trabalharam com Malfoy terem sido mortos, sendo que os dois tinham ligações com a Immortality?
- Mas nós não estamos dizendo que Malfoy usava o Barata. E não se trata de coincidência. Se você trabalha na Divisão de Drogas Ilegais, sempre vai ter casos e informantes relacionados entre si.
- Que outra conexão você encontrou que possa ligar o Barata aos outros assassinatos, além de Malfoy?
- Nossa Potter! - e passou a mão no rosto. - Você é igual a Weasley. Olhe, um monte de tiras da Divisão de Drogas Ilegais acaba consumindo drogas. MAlfoy, porém, é limpeza total! Tem uma boa reputação, está para ser promovido a capitão, e não é segredo algum que isso é o que ele quer. Malfoy não ia entrar nesse tipo de furada.
- Às vezes, um homem se vê um pouco tentado, Neville, e não se segura. Vai me dizer que é a primeira vez que um tira da Divisão de Drogas Ilegais procura algum lucro por fora?
- Não. - Neville tornou a suspirar. Ele já estava ficando sóbrio com aquele papo. E não estava gostando disso. - Não há nada de que possamos acusá-lo, Potter. Weasley estava trabalhando junto com ele. Se ele fosse um tira suspeito, Gina teria farejado longe. Ela é boa nessas coisas.
- Ela tem andado meio distraída. Fora do ritmo. - murmurou Harry, repetindo as palavras de Gina. - Pense bem nessa história, Neville, não importa a rapidez com que ela se mexesse, sempre parecia chegar um passo atrás. Se alguém soubesse dos movimentos dela, poderia agir sempre à frente. Especialmente alguém com a cabeça de um tira.
- Você não gosta dele porque ele é bonitão, assim, que nem você. - replicou Neville, com um tom amargo.
Harry não deu importância a isso e perguntou:
- Quanto você pode cavar a respeito dele, esta noite?
- Esta noite? Meu Deus, você quer que eu vá remexer nos arquivos de um colega para procurar sujeiras e invadir os seus arquivos pessoais só porque alguém apagou dois dos informantes dele? E quer que eu faça isso esta noite?
- Podemos usar o meu equipamento. - disse Harry, colocando a mão no ombro de Neville.
- Vocês vão formar uma boa dupla. - reclamou Neville, enquanto Harry o empurrava pela multidão. - Os dois são predadores.

A vista de Gina ficou embaçada, como se ela tivesse acabado de cair em um reservatório cheio d'água. Através da névoa, ela conseguia enxergar Malfoy, dava para sentir o cheiro doce de sabonete que vinha de sua pele. Só não dava para entender o que ele fazia naquele lugar.
- O que aconteceu, Malfoy? Nós recebemos algum chamado? - Com o olhar sem expressão, ela olhou em volta, à procura de Hermione, e viu as cortinas vermelhas pregueadas que estavam ali para acrescentar um ar de sensualidade a um quarto planejado para sexo rápido e barato. - Espere um momento!
- Relaxe. - Ele não queria dar mais uma dose a Gina, ainda mais por cima das bebidas de sua festa só para meninas. - A porta está trancada, Gina, e você não pode ir a parte alguma. E já está ligada o bastante para facilitar as coisas. - e colocou uma almofada com a borda em cetim atrás das próprias costas. - Seria ainda mais fácil se você tivesse deixado tudo como estava. Só que você não fez isso. Jamais o faria. Meu Deus, não posso acreditar que você foi pressionar Lilligas.
- Quem... o quê?
- O florista de Vegas II. Assim já é chegar perto demais! Eu tenho usado os serviços daquele canalha, pessoalmente.
O estômago de Gina se contorceu de forma cruel. Quando sentiu um gosto de bile no fundo da garganta, ela se inclinou para a frente, colocou a cabeça entre os joelhos e começou a inspirar e expirar bem devagar.
- Ingerir drogas deixa algumas pessoas meio enjoadas. Da próxima vez, eu vou tentar algo diferente.
- Eu não saquei você! - Ela tentava se manter focada a fim de não colocar para fora a comida pesada e gordurosa que comera nas últimas horas, em vez de bebida. - Eu não saquei mesmo!
- É... - Ele sabia que ela não se sentia satisfeita por aquilo. - Você não estava à procura de outro tira. Afinal, por que estaria? E ainda tinha os próprios problemas para resolver. Você quebrou as regras, Gina. Sabia que a encarregada de um caso não deve nunca, jamais, se deixar envolver em nível pessoal. Mas você ficou preocupada demais com a sua amiga. Eu, no fundo, admiro isso, mesmo sabendo que é burrice.
Ele a agarrou pelos cabelos e puxou-lhe a cabeça para trás. Depois de olhar com atenção para as pupilas dela, decidiu que a dose inicial ia conseguir mantê-la inativa por mais um pouco. Ele não queria correr o risco de aplicar-lhe uma overdose. Pelo menos não até que tivesse terminado com tudo.
- Eu admiro você de verdade, Gina.
- Seu filho-da-mãe! - Sua voz estava arrastada e a língua parecia inchada. - Você os matou!
- Cada um deles. - Mais relaxado, ele cruzou as pernas na altura dos tornozelos. - Tem sido difícil segurar tudo isso só para mim, sou obrigado a reconhecer. É duro, para o meu ego, não conseguir mostrar a uma mulher como você o que um homem esperto como eu pode conseguir. Sabe Gina, eu fiquei um pouco preocupado quando soube que era você que estava encarregada da investigação da morte de Boomer. - Ele esticou a mão e fez deslizar um dos dedos do queixo de Gina até um ponto próximo dos seus seios. - Achei que podia jogar um charme em cima de você. Vamos lá, reconheça que você se sentiu um pouco atraída por mim.
- Tire os dedos de mim! - ela tentou dar um tapa na mão dele, mas errou por uma distância muito grande.
- Seu senso de espaço está alterado. - Ele riu. - As drogas deixam a pessoa zureta mesmo, Gina. Pode acreditar. Eu vejo isso todo dia nas ruas. Fiquei enjoado de tanto ver isso acontecer. Foi por causa disso que tudo começou. Todos aqueles caras metidos, enchendo os bolsos com lucros absurdos sem nem mesmo sujar as pontas dos dedos! Por que eu não podia entrar nessa também?
- Então foi por dinheiro...
- Claro, por que mais seria? Descobri todo o esquema da Immortality há uns dois anos. Parecia até coisa do destino. Bem no início eu esperei, segui as regras direitinho, usei uma fonte na Colônia Éden para me conseguir uma amostra. O coitado do Boomer farejou tudo e descobriu a respeito da nova droga através da minha fonte na colônia.
- E então contou tudo a você.
- Claro que contou. Sempre que pintava alguma coisa nova no mercado de drogas ilegais ele me contava. Naquela época, ele ainda não sabia que eu já estava por dentro do lance. E eu fiquei na minha. Não sabia que Boomer tinha uma cópia da porcaria da fórmula. Nem suspeitava que ele estava só esperando para dar o bote, em busca de uma fatia maior.
- Você o matou. Fez picadinho dele.
- Não até a morte dele se tornar absolutamente necessária. Nunca faço nada drástico, até que seja necessário. A culpa foi de Cho, entende, aquela piranha linda.
Gina continuava ouvindo e tentando readquirir controle sobre o cérebro e a coordenação motora, enquanto Malfoy lhe contava uma história de sexo, poder e lucro.
Cho reparara nele na boate. Melhor dizendo, um reparou no outro. Ela gostou de saber que ele era um tira, especialmente o tipo de tira que ele era. Sendo daquela área, ele tinha como conseguir um bocado de mercadorias, não é? Por ela, ele seria capaz de fazer qualquer coisa. Ele se encantara por ela, estava obcecado e, sim, viciado nela. Não havia mal algum em admitir isso agora. Seu erro tinha sido contar a ela o que sabia a respeito da Immortality e depois dar ouvidos às idéias dela de conseguir um lucro com aquilo. Lucros gigantescos, ela previra. Mais dinheiro do que ele ia conseguir gastar ainda que vivesse três vidas. Além de juventude, beleza e energia sexual. Cho se viciou na droga bem depressa, queria sempre mais, e o usara para conseguir.
E ela tinha sido muito útil também. Com sua carreira e a sua fama, foi fácil para Cho viajar e trazer mais do que na época em que a substância ainda estava sendo fabricada exclusivamente na Estação Starlight, em um pequeno laboratório particular.
Foi então que ele descobriu que Cho colocara Paul Redford no negócio. Ficou furioso com ela, mas ela conseguiu enrolá-lo com sexo e promessas. Além do dinheiro, é claro.
Só que as coisas começaram a dar errado. Boomer começou a forçar a barra para conseguir mais dinheiro, e embolsou um pacote da droga sob a forma de pó.
- Eu devia ter conseguido lidar com ele. Aquele verme! Eu o segui até aqui. Ele estava circulando pela boate, falando demais e gastando o dinheiro que eu lhe dera como se fosse água. Eu não sabia o que foi que ele contara para aquela piranha safada. - Malfoy encolheu os ombros. - Deu para sacar, não é? Foi um caso típico de lugar certo, mas pessoa errada, Gina. Tive de eliminá-la. Já dera muitas mancadas, não podia arriscar. Ela era apenas uma prostituta.
Gina encostou a cabeça na parede. Ela tinha quase parado de girar. Agradeceu a Deus pela dose ter sido pequena. Malfoy estava envolvido com a história. Ela podia fazer com que continuasse a falar. Se ela não saísse dali por conta própria, alguém na boate ia começar a procurar por ela.
- Então você foi atrás de Boomer.
- Eu não podia ir até o apartamento dele e arrastá-lo para fora. Minha cara é muito conhecida naquelas bandas. Esperei algum tempo e entrei em contato com ele. Disse que estava a fim de negociar. Falei que precisávamos que ele continuasse do nosso lado. Ele foi burro o bastante para engolir a história. Então, acabei com ele.
- Mas primeiro o torturou. Você não o matou de forma rápida.
- Precisava descobrir o quanto ele deixara escapar por aí e com quem poderia ter conversado. Ele não suportava muito a dor, o nosso amigo Boomer. Contou tudo. Foi quando eu soube da fórmula. Aquilo me deixou realmente revoltado. Não planejei fazer um purê da cara dele, como no caso da piranha, mas perdi a cabeça. Simples assim. Pode-se dizer que fiquei emocionalmente envolvido.
- Você é um canalha frio. - murmurou Gina, fazendo a voz parecer fraca e arrastada.
- Ah, isso não é verdade, Gina! Pergunte só a Hermione. - Ele sorriu e passou a mão de leve sobre o seio dela, fazendo com que a raiva lhe revirasse ainda mais o estômago. - Comecei a dar em cima de Mionizinha quando percebi que não ia conquistar você, envolvida como estava com aquele canalha irlandês rico e ligada demais nele para olhar para um homem de verdade. E Mione, veja só, estava ali, prontinha para ser colhida. Só que, através dela, não deu para eu conseguir muita coisa sobre os seus planos. Hermione é uma policial certinha demais. Tive que colocar uma pequena ajuda no vinho dela para ela cooperar mais.
- Você drogou Hermione?
- De vez em quando, só para ver se conseguia um ou outro detalhe que você poderia ter deixado de fora no relatório oficial. E para deixá-la dormindo como um anjo quando precisava dar uma saidinha pela noite. Ela era um álibi perfeito. Continuando, você descobriu tudo sobre o caso de Cho. As coisas foram bem parecidas com o que você deduziu. Só que eu estava de tocaia na porta da casa dela naquela noite. Peguei-a bem na hora em que saiu do prédio, soltando fagulhas. Queria ir até o ateliê do figurinista. Naquela altura, nós já havíamos terminado o nosso relacionamento sexual. Eram só negócios. Então, eu pensei, por que não acabar com ela? Eu já sabia que ela planejava me deixar de fora do lance. Cho queria tudo só para si mesma. Achou que não ia precisar de um tira de rua colado nela, mesmo sabendo que era ele que conseguia o bagulho todo, para começo de conversa. E sabia de Boomer também, mas isso não a preocupava. Por que se importar com um rato de sarjeta? E jamais pensou, nem por um momento, que eu poderia machucá-la.
- Mas foi o que fez.
- Eu a levei até aonde ela queria ir. Não sabia muito bem o que ia fazer naquele momento, mas, no instante em que vi a câmera de segurança quebrada, aquilo me pareceu um sinal. Então, quando subimos, o lugar estava vazio. Estávamos só ela e eu. Todo mundo ia colocar a culpa no figurinista, não é? Ou naquela garota com quem ela se atracara. Então eu a atingi. O primeiro golpe a derrubou, mas ela conseguiu se levantar. Aquele troço a deixava mais forte e valente. Foi preciso que eu continuasse batendo, batendo sem parar. O sangue começou a espirrar. Até que ela ficou quieta, de vez. Foi quando a sua amiguinha entrou. O resto você já sabe.
- É, eu sei o resto. Você foi até a casa dela e pegou a caixa com os tabletes. Por que levou também o seu tele-link portátil?
- Porque ela sempre o usava para se comunicar comigo. O meu número devia estar registrado no aparelho.
- E o Barata?
- Foi só para colocar um ingrediente extra. Para tornar as coisas mais confusas. O Barata estava sempre doido para experimentar qualquer droga nova que aparecesse. Você estava atirando para todos os lados e eu precisava de mais uma morte, em um momento em que tivesse um álibi bem forte. Foi por isso que usei Hermione.
- E foi você que matou Jerry também, não foi?
- Fácil como tirar doce de criança! Agitei um pouco um daqueles pacientes da ala dos violentos, com uma dose rápida, e fiquei só esperando o caos se instalar. Apliquei um estimulante em Jerry, tirei-a da cama e levei-a para o armário das drogas antes mesmo que ela compreendesse o que estava acontecendo. Prometi-lhe uma dose de Immortality, e ela chorou como um bebê! Dei-lhe um pouco de morfina antes para que ela não se recusasse a cooperar. Depois, a Immortality e, por fim, o Zeus. Ela morreu feliz, Gina, me agradecendo.
- Você é um sujeito humanitário, Malfoy...
- Não Gina, eu sou um cara egoísta que quer ser o melhor, e não tenho vergonha disso. Já passei doze anos andando pelas ruas, vendo sangue, vômitos e sexo. Já paguei tudo o que devia. Agora, esta droga vai me dar tudo o que eu sempre quis. Vou ser promovido a capitão e, com conexões como as minhas, vou encher o bolso por uns quatro ou cinco anos. Depois vou me aposentar, mudar para uma ilha tropical e tomar mai tais o dia inteiro!
Ele já estava terminando a história, dava para perceber pelo tom de sua voz. A empolgação e a arrogância haviam dado lugar ao lado prático.
- Você vai ter que me matar primeiro. - afirmou ela.
- Sei disso, Gina. É uma pena... Eu lhe entreguei Jerry Fitzgerald na bandeja, mas você não se convenceu. - e passou a mão pelo cabelo dela, quase como um gesto de afeição. - Vou tornar as coisas mais fáceis no seu caso. Trouxe um troço comigo que vai apagar você bem devagar. Não vai dar para sentir nada.
- Puxa, quanta consideração, Malfoy!
- Eu lhe devo isso, querida. De tira para tira. Se você tivesse deixado as coisas como estavam, depois que conseguiu livrar a sua amiga... Mas você não fez isso. Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes, Gina, eu estava realmente interessado em você. - e se inclinou na direção dela, colocando o rosto tão perto que deu para ela sentir a respiração dele acima dos seus lábios, como se ele realmente estivesse disposto a beijá-la.
Lentamente ela semi-cerrou os olhos, olhando através das pestanas para o rosto dele, e disse baixinho:
- Malfoy.
- Oi. Fique bem relaxada agora. Não vai levar muito tempo. - e levou a mão ao bolso.
- Vá se foder! - e levantou o joelho com toda a força. Seu senso de distância continuava ligeiramente alterado. Em vez de acertá-lo entre as pernas, atingiu-lhe o queixo, com toda a violência. Ele caiu de costas na cama e o injetor por pressão que estava em sua mão escorregou pelo chão.
Os dois mergulharam para pegá-lo.

- Mas onde é que ela se enfiou? Gina não ia cair fora da própria festa. - Luna fazia barulho com o salto-agulha no chão, sem parar, enquanto continuava a olhar em volta, por toda a boate. - E o pior é que ela é a única do grupo que não está de porre.
- Quem sabe no banheiro? - sugeriu Tonks, enfiando a blusa por cima do sutiã rendado, meio a contragosto.
- Hermione já foi lá olhar duas vezes. Doutora Minerva, será que ela vai fugir da raia? Eu sei que ela está nervosa, mas...
- Não, ela não é do tipo que foge da raia. - Embora sua cabeça estivesse ainda girando, Minerva fez um esforço para manter a fala compreensível. - Vamos dar mais uma olhada. Ela deve estar por aqui, em algum lugar. A boate está tão cheia!
- Continuam à procura da noiva? - rindo de orelha a orelha, Crack se movia pesadamente. - Pelo jeito, ela quis aproveitar uma última transa antes de casar. Um cara lá atrás viu quando ela entrou em um dos quartos privados acompanhada por um sujeito bonitão.
- Weasley? - Luna soltou uma risada só de pensar naquilo. - Duvido!
- O que é que tem? Ela está celebrando! - Crack levantou os ombros. - Ainda temos um monte de quartos vazios, meninas, se vocês também estiverem a fim.
- Qual foi o quarto em que ela entrou? - quis saber Hermione, já sóbria, depois de colocar para fora tudo o que tinha na barriga, inclusive, lhe pareceu, uma boa parte da mucosa estomacal.
- Número cinco. Ei, se vocês estiverem a fim de uma festinha em grupo, posso arranjar uns rapazes legais para vocês. Temos caras de todas as cores, tamanhos e formatos. - e balançou a cabeça enquanto saía, resolvendo que era melhor ir tomar conta do salão.

Os dedos de Gina escorregaram do injetor e a cotovelada que levou no rosto lhe enviou ondas de dor por todo o rosto, atingindo até os dentes. Ainda assim, ela dera o primeiro golpe, e o choque de ver que ela estava pronta para lutar o havia abalado.
- Você devia ter me dado uma dose maior. - e acompanhou a afirmação com um direto violento na traquéia de Malfoy. - Eu não bebi nada esta noite, babaca! - e conseguiu cair por cima dele. - Vou me casar amanhã. - e pontuou esta informação arrancando sangue do nariz dele. - Este aqui foi por Hermione, seu canalha!
Ele a agarrou pelas costelas e a atirou para o lado. Gina sentiu o injetor passar junto do seu braço e ser atirado para o ar pelo impacto de sua coxa no momento em que ela tombou. Ela jamais vai saber se foi por pura sorte, pela falta de senso de profundidade ou simples erro de cálculo, mas o fato é que ele se desviou para evitar o chute na barriga e os pés de Gina, subindo como dois pistões hidráulicos, o atingiram direto no rosto.
Os olhos de Malfoy subiram e sua cabeça foi projetada para trás, batendo no chão com um baque forte e muito satisfatório.
Mesmo assim, ele ainda conseguiu injetar um pouco mais da droga nela. Ela se arrastou de gatinhas, deixando-se levar pela sensação de estar nadando em uma calda dourada, afundando lentamente. Conseguiu chegar à porta, mas a fechadura e o cartão magnético pareciam estar a três metros acima da sua mão esticada.
Foi quando arrombaram a porta e instalou-se a confusão.
Ela se sentiu sendo levantada e acalmada. Alguém dava ordens com a voz alta e descontrolada para que ela recebesse oxigênio. Ela começou a dar risadinhas descontroladas. Sentia-se voando agora, e isso era tudo em que conseguia pensar.
- O canalha matou todos eles. - repetia sem parar. - O canalha os matou. Eu não saquei nada. Onde está Harry?
Suas pestanas foram abertas à força e ela podia jurar que seus olhos começaram a rodar como duas bolas de gude flamejantes. Ao escutar a palavra "hospital", começou a se debater como uma tigresa.

Harrye desceu as escadas com a boca apertada e um ar sombrio. Ele sabia que Neville ainda estava no andar de cima, catando em todos os lugares, mas ele já se convencera. Um esquema de distribuição para uma droga com o potencial da Immortality exigia um especialista no assunto e a coordenação feita por alguém dentro da polícia. Malfoy preenchia os dois requisitos.
Era possível que Gina nem quisesse ouvi-lo mencionar esta possibilidade; portanto, ele não ia dizer nada a ela. Neville ia ter três semanas para xeretar tudo o que quisesse, enquanto eles estivessem em lua-de-mel. Se é que ia haver realmente uma lua-de-mel.
Ao ouvir a porta se abrir, virou o rosto. Eles iam ter que resolver aquele assunto naquele instante, de uma vez por todas, decidiu ele. Ali e agora. Desceu mais dois degraus e então se precipitou correndo pelo resto da escadaria.
- Mas o que foi que aconteceu com Gina? Ela está sangrando! - seus próprios olhos estavam vermelhos no instante em que ele a pegou, ainda tonta, dos braços de um sujeito negro de mais de dois metros de altura e que usava apenas uma sunga prateada.
Como todo mundo começou a falar ao mesmo tempo, Minerva bateu palmas com vigor, como uma professora em uma sala lotada de alunos bagunceiros.
- Ela precisa ir para um lugar calmo. - explicou. - Os paramédicos já resolveram o problema da droga que ela ingeriu, mas ainda há efeitos residuais. E ela não deixou que eles tratassem os cortes e contusões.
- Que droga? - perguntou Harry, com a cara fechada. Seus olhos se voltaram para Luna. - Onde foi que você a levou?
- Não foi culpa dela. - Ainda com os olhos vidrados, Gina envolveu o pescoço de Harry com seus braços. - Malfoy. Foi Malfoy, Harry. Sabia?
- Bem, para falar a verdade...
- Fui burra, muito burra por não ter percebido. Trabalhei muito mal. Posso ir para a cama agora?
- Leve-a para cima, Harry. - disse Minerva, com toda a calma. - Eu posso ficar para cuidar dela. Acredite em mim, ela vai ficar bem.
- Vou ficar bem. - concordou Gina, enquanto subia, flutuando, pelas escadas. - Vou lhe contar tudo. Eu posso contar tudo para você, não é? Porque você me ama, seu bobo!
Havia apenas uma pequena informação que Harry queria naquele momento. Colocando Gina sobre a cama, deu uma boa olhada na marca escura em seu rosto, examinou a boca inchada e perguntou:
- Ele está morto?
- Não. Mas eu arrebentei a cara dele. - Ela sorriu, notou o olhar dele e balançou a cabeça para os lados, lentamente. - Não, não, de jeito nenhum. Nem pense nisso! Vamos nos casar em poucas horas...
- Vamos mesmo? - e colocou para trás um pouco do cabelo dela que lhe caíra sobre o rosto.
- Eu cheguei à conclusão... - era difícil para ela se concentrar, mas muito importante. Levantando as mãos, colocou-as dos dois lados do rosto dele para mantê-lo em foco. -... de que não se trata apenas de uma formalidade. E também não é um contrato.
- E o que é então?
- Uma promessa. Não é tão difícil prometer algo que é exatamente o que a gente já quer. E se eu for uma esposa relaxada, você vai ter que agüentar isso. Eu jamais quebro minhas promessas. E tem mais uma coisinha...
- Que coisinha, Gina? - Ele podia ver que ela estava quase apagando quando virou ligeiramente o próprio rosto para que Minerva pudesse tratar do corte na bochecha.
- Eu amo você. Às vezes, pensar nisso me dá dor de estômago, mas até que eu gosto. Estou cansada, vou para a cama. Eu amo você.
Ele se afastou um pouco para deixar Minerva continuar cuidando dela e perguntou:
- É aconselhável que ela durma assim, direto?
- É a melhor coisa para ela. Vai estar bem quando acordar. Talvez com uma espécie de ressaca, o que é injusto, já que ela passou a noite sem beber nada. Disse que queria estar com a cabeça limpa para a cerimônia.
- Ela disse isso? - Ela não parecia calma enquanto dormia, notou Harry. Era sempre daquele jeito. - Ela vai se lembrar de alguma coisa do que aconteceu aqui? Das coisas que ela estava me dizendo?
- Talvez não. - respondeu Minerva, com ar divertido. - Só que você vai, e isso já é o bastante.
Ele concordou e deu um passo para trás. Ela estava novamente a salvo. Escapara mais uma vez. Ele olhou para trás para Hermione, perguntando:
- Policial, posso contar com você para me explicar todos os detalhes do que aconteceu?

Gina acordou com ressaca e não ficou muito satisfeita com isso. Seu estômago parecia ter vários nós engordurados, e seu maxilar doía. Com os produtos de Minerva e a magia de Trina no uso dos cosméticos, as marcas roxas nem apareciam. Para uma noiva, ela avaliou, observando o reflexo, até que ela estava passável.
- Você está demais, Weasley! - suspirou Luna, dando uma volta completa ao redor da obra-prima de Leonardo. O vestido reluzia, deslizando por seu corpo com elegância, como era para ser. O tom de bronze acrescentava calor à pele de Gina, e o feitio ressaltava sua silhueta alta e esbelta. A simplicidade do vestido longo era como uma declaração de que a mulher dentro dele é que importava.
- O jardim está lotado! - continuou Lunab, alegremente, enquanto o estômago de Gina se revirava todo. - Já olhou pela janela?
- Já vi gente amontoada antes.
- Ainda há pouco, havia até uns sujeitos da imprensa voando por cima da casa, gravando tudo. Não sei o que Harry fez, mas eles pararam na mesma hora.
- Que bom!
- Você está legal, não está, Gina? A doutora Minerva garantiu que você não ia ter nenhum efeito colateral, mas eu...
- Estou legal, sim. - Aquilo era mentira só em parte. - Encerrar o caso, conhecer toda a verdade, afinal, tornou as coisas mais fáceis. - Gina pensou em Jerry e sofreu com a lembrança. Olhou para Luna, seu rosto fulgurante, o cabelo com pontas prateadas, e sorriu. - Você e Leonardo estão mesmo pensando em morar juntos?
- Estamos na minha casa, por enquanto. Vamos procurar um lugar maior, onde ele tenha um espaço melhor para trabalhar. E eu vou voltar a trabalhar novamente, também, cantando em casas noturnas. - Pegando uma caixa na penteadeira, Luna a entregou para Gina. - Harry mandou isso aqui para você.
- É?... - Ao abrir a caixa, Gina sentiu fisgadas de prazer e preocupação. O colar era perfeito, é claro. Duas voltas de cobre trançado, entremeado com pedras coloridas.
- Eu comentei com ele, por acaso... - explicou Luna.
- Aposto que sim. - Dando um suspiro, Gina o colocou sobre a cabeça e prendeu os dois brincos em forma de pingente, que completavam o conjunto, nas orelhas. E se sentiu assim como uma estranha. Uma guerreira pagã.
- Ah, e tem mais uma coisa!
- Luna, eu não agüento mais nada! Ele precisa entender que eu... - e parou de falar no momento em que Luna pegou a caixa branca sobre a mesa e tirou lá de dentro um elaborado buquê de flores brancas. Petúnias. Petúnias simples, do tipo que se via em jardins caseiros.
- Ele sempre sabe... - murmurou Gina. Todos os músculos em sua barriga começaram a relaxar e os nervos se acalmaram. - Ele simplesmente sabe.
- Acho que, quando alguém entende você assim completamente, - comentou Luna - pode-se dizer que é muita sorte.
- É... - Gina pegou as flores com todo o carinho. O reflexo no espelho já não parecia mais o de uma pessoa estranha. Parecia apenas, pensou ela, Gina Weasley no dia de seu casamento. - Harry vai engolir em seco quando colocar os olhos em mim.
Rindo, ela pegou o braço de Luna e saiu apressada para fazer as promessas.





N/A: Um aviso pra quer comentar galera, sinto muito não ter respondido aos comentários do capitulo anterior, mas eu não tive tempo nem de entrar na net depois de terça feira e apenas agora eu consegui tempo para entrar na floreios e aproveito pra postar o ultimo capitulo da fic. Aviso a todos que respondo aos comentários no próximo capitulo de Êxtase Mortal. Abraços a todos.


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