Animagia



N/A: O cap não está betado, então...leia por sua conta em risco..^^...ou melhor, perdoem qqr coisa e àqueles q quiserem esperar a betagem...


 


Uma última chance


 


Cap 7. Animagia


 


 


Que os marotos passavam pela Ala Hospitalar várias vezes durante o ano letivo, não era novidade para ninguém, mas todos eles ao mesmo tempo, tendo Remo Lupin aparentemente saído numa de suas viagens mensais misteriosas, com certeza foi motivo de fofocas em toda Hogwarts logo no dia posterior. E não se soube como, as pessoas acabaram descobrindo que eu estivera lá para levar o “ensangüentado James Potter” aos cuidados de Madame Pomfrey. No entanto, o resultado dessa descoberta acabou me rendendo momentos insuportáveis.


 


Perguntas me eram feitas, e eu não sabia como responder, ainda mais pelo que Dumbledore, que tinha nos encontrado imediatamente na enfermaria àquela madrugada, tinha dito a mim, e pela maneira aborrecida com que demonstrava diante de Potter e Pettigrew. O diretor recomendou que se as pessoas me perguntassem algo, eu só tinha de dizer que os tinha ajudado, nada mais, sem fazer menção à causa do acidente, como se eu, na ocasião, soubesse. O fato é: Dumbledore é realmente uma pessoa extraordinária, pois ele já previa que eu estava para descobrir.


 


Todos os integrantes do time da Grifinória me abordaram durante o dia, preocupados com o próximo e primeiro jogo da temporada – como se eu me importasse -, que seria a uma semana, já que seus principais jogadores, um deles sendo o Capitão, estavam inconscientes numa maca. Isso tudo tirando as inquisições chorosas e exageradamente preocupadas de um grupo feminino considerável, o que me irritava bastante. Imagine você, preocupada e estressada, tendo muitas coisas a fazer e um cérebro trabalhando intensamente, ter que agüentar as lamúrias melosas de algumas garotas.


 


Sim, James. Posso dizer que ali me senti um pouco incomodada, mas só um pouco. Talvez tenha sido a fase inicial de um processo de reconhecimento daquele que é o mais corrosivo dos sentimentos, o ciúme. Como você percebeu, “Sr. Bisbilhoteiro-Potter” já sei que lê esse diário escondido, desde a última vez que o peguei colocando-o embaixo de uma almofada, o que na ocasião fingi não ter visto. Mas, descobertas à parte, continuemos a narrativa.


 


Posso dizer com alguma certeza que a noite que passei, logo após o fatídico – em muitos sentidos- dia anterior, não foi fácil; fiz de tudo, mas dormir não me foi possível, pelo menos não um sono tranqüilo. Tinha muito a pensar. A conversa com James, minha vergonha - o que de longe tinha sido apagado com a cena que presenciei depois - ainda me rendia um mal estar interior, mas minha curiosidade não tinha como ser contida.


 


Era como se, descobrindo um modo de lutar contra Voldemort eu pudesse fincar raízes no mundo bruxo, me sentir completa e fazer parte de uma vez por todas daquilo que sabia ser meu destino. Eu precisava mais que tudo, sendo uma nascida-trouxa no tempo em que vivemos, provar para os outros e para mim mesma de que seria tão capaz quanto os puros-sangues. Era uma urgência que eu não sabia explicar. Aquele último ano estava de um modo ou de outro, atrasando as minhas aspirações, pois me sentia impotente vendo tantas coisas ruins acontecendo e eu nada poder fazer.


 


Era isso que James tinha de entender para poder confiar a mim o que sabia que ele escondia. Talvez fosse instinto, ou para as mentes mais racionais só o fruto do acaso – que havia trabalhado a meu favor em algumas descobertas - e de uma minuciosa observação de tudo o que fugia da cotidiana – porém não monótona - vida estudantil dos marotos; não sei dizer ao certo como foi o processo, mas acabei desvendando que ele tinha as respostas.


 


Além disso, ainda tinha o estranho acontecimento durante a Lua Cheia. Com Remo, em forma de lobisomen, lá fora, talvez na Floresta Proibida - já que me parecia improvável ele ter permanecido na Casa dos Gritos, visto tudo o que acontecera com os marotos – era totalmente insano o fato de James e Pedro estarem fora do castelo àquela hora da noite. E o modo como eles chegaram feridos do jeito que estavam, à menção a Sirius, que ainda estava lá fora e tudo mais... Como eles ainda poderiam estar vivos se, pensava eu, tinham estado com Remo? A companhia de Aluado não podia ter sido imposta a eles. Mas que resposta havia para a situação que se encontravam quando os vi no Hall do Castelo? Todas as pistas só mostravam esse caminho.


 


E foi pensando nisso tudo, e elaborando respostas para o que havia ocorrido na noite anterior, que fui levada à Ala Hospitalar durante o almoço, e surpresa fiquei ao deparar com Remo em uma das quatro camas ocupadas, sendo este o único paciente acordado. Lá estava ele, fitando a janela deprimido. A aparência era digna de compaixão, os olhos fundos, a fisionomia cansada, alguns hematomas e cortes, e a mais triste das expressões. Quando notou minha presença forçou um sorriso, que me doeu intensamente pela forma de pesar como foi dado.


 


- Hey, Lil! Acho que já esperava sua chegada. – disse ele, não me encarando diretamente. Me dirigi à cadeira que havia perto de sua cama, sem saber o que dizer, desarmada diante daquela melancólica recepção. Antes, estava ávida, pronta para lhe lançar várias perguntas e não arredar o pé dali sem respostas, porém, não tive coragem de fazê-lo diante da figura arrasada de Remo. Tinha medo de que minha insistência pudesse lhe causar mais incômodos.


 


Ele notou isso.


 


- Soube o que você fez ontem. James me contou que você os ajudou, e acho que conhecendo bem nossa monitora-chefe, deve estar se corroendo por dentro de curiosidade.


 


Sorri sem graça.


 


- Lílian, antes de qualquer coisa, quero lhe dizer que tudo que aconteceu ontem foi minha culpa. – disse ele, agora me encarando seriamente.


 


Ele iria contar. Mas, como assim culpa dele? Isso confirmava minhas suspeitas. Porém, lembrei de James ter alegado a mesma culpa na noite anterior. O que quer que tenha ocorrido devia ter sido uma seqüência de mal-entendidos.


 


- Conversei com eles hoje de manhã, - continou ele, mirando os três amigos que dormiam a sono profundo. - são uns teimosos! Madame Pomfrey acabou de me dizer que ficaram acordados a noite inteira me esperando, o que eles negam, claro. - e suspirou, com ar de riso.


 


A revelação me surpreendeu. Claro que eu sabia o quão os marotos eram amigos, mas às vezes aquela amizade parecia ser conduzida mais por diversão que outra coisa. No entanto, a preocupação que a vigília deles significava, tinha me comovido, e Remo notou isso também.


 


- Eles são os melhores amigos que alguém pode ter Lil, - confidenciou emocionado, os olhos brilhando pelas lágrimas que ali se formavam - e ainda bem que estão dormindo. - riu-se, expulsando impaciente as gotas d’água da face. - Não seria capaz de dizer isso à eles, não mereço tudo que fizeram por mim. A história que lhe contarei vai provar isso que estou dizendo.


 


E então ele compartilhou comigo o segredo que não somente lhe pertencia, mas aos outros três também. Confiou a mim o que lhe era extremamente importante, arriscando a desaprovação dos amigos ao fazê-lo.


 


- Não demorou muito para eles descobrirem o que eu era, o que chamam de meu “probleminha peludo”. No nosso segundo ano James e Sirius me botaram contra a parede, e até hoje gostam de implicar comigo pelo modo “ridículo” com que recebi a descoberta deles. Você deve imaginar, foi assim quando você descobriu.


 


E tinha sido mesmo. A diferença entre a minha reação e a dos dois marotos foi que eles gargalharam com as hipóteses que Remo cogitou, e eu, me enfureci. Imagine, ele me disse que se eu o quisesse evitar, ele entenderia, se pedisse que ele fosse expulso, não poderia me recriminar, só pedia que eu não contasse à ninguém. O que a mim feriu, devido a ele ter duvidado de minha amizade, e principalmente, do meu caráter, pareceu ser uma grande piada aos garotos, e claro, o vislumbre de uma aventura e tanto.


 


- E então eles começaram a arquitetar uma idéia que me amedrontou, Lily – disse ele, parecendo viver as lembranças que me confidenciava. – James achou que o melhor remédio para aliviar minhas transformações era um pouco de “socialização”. Disse que eu devia ser um lobo “rude e primitivo”, acho que essas foram as palavras dele, – riu-se Remo, perdido em pensamentos, no que eu, instintivamente mirei Potter, que permanecia em sono profundo, as feridas de outrora cobertas por remédios ou tapadas com esparadrapos.


 


- Socialização?! O Potter é mesmo um cabeça-de-vento. A presença de lobisomens entre humanos é extremamente perigosa! – exclamei exasperada, interpretando mal a informação.


 


- Sabe, Lil, eu tive a mesma reação, mas eles também partilhavam dessa opinião. É verdade que humanos não devem se submeter a tal risco, mas o que dizer de animais? – inquiriu ele sugestivo.


 


Nada daquilo fazia sentido, no entanto, obriguei minha mente a trabalhar junto com as pistas que Remo lançava. No estudo sobre lobisomens, lembrava que eles geralmente eram indiferentes aos animais, e que muitas vezes ambos podiam andar em bando sem problema, isto é, se um não atacasse o outro, o que seria uma experiência desastrosa. Mas aquilo não era socialização. Um lobisomem continuava a ser como era, pois os animais a nada contribuíam às suas peregrinações noturnas, ao não ser que não fossem animais comuns, que criassem um tipo de vínculo – não destrutivo - com ele.


 


Então uma luz pareceu se acender em minha mente. Mas não era possível! Está certo que os marotos eram muito inteligentes, e aprendi desde cedo a não subestimar sua criatividade, mas daí a... Não, era exagero. E além do mais, não tinha como fazer aquilo sem levantarem suspeitas, além do perigo, e eram muito jovens, e o Ministério controlava aquele tipo de coisa e...


 


- Lílian, eles se tornaram animagos no nosso quinto ano. – respondeu Remo com simplicidade, lendo minha luta mental, como se constatasse a coisa mais óbvia.


 


E lá estava eu, sem palavras novamente. Completamente boquiaberta, sem conseguir acreditar. Não sabia se me espantava mais com a genialidade dos garotos, que naquele momento admirava, ou com o que o ato que fizeram tinha significado. Era realmente a maior prova de amizade que já tive conhecimento. E de uma nobreza inquestionável.


 


- Foi só por diversão Evans, não queira atribuir adjetivos de louvor a isso tudo, mesmo que me lisonjeie. – ocoou a voz de Black, cuja cama era a mais distante da nossa. Remo e eu nos sobressaltamos com sua repentina demonstração de presença.


 


Dessa vez foi Remo quem ficou sem palavras.


 


- S-Sirius, eu não sabia que você estava acordado. – gaguejou o amigo, pego em flagrante.


 


- Eu sei fingir bem, Aluado, você já devia saber disso, mas antes de qualquer coisa, você se lembrou de usar o velho e simples, Abaffiato?


 


- Sim, claro, não iria...


 


- Menos mal, - cortou o outro friamente. – já que resolveu revelar nossos segredos para a Evans, seria realmente estúpido de sua parte deixar que uma coisa dessas fosse espalhada por aí. – comentou com um mal-humor fingido.


 


- Eu juro que nunca direi á ninguém, Black! – me precipitei nervosa.


 


- Como se eu não soubesse que você faria isso. – continuou Sirius em direção ao amigo. - Acho que ela merece a confiança, mas você poderia ao menos ter nos consultado primeiro, Remo. – disse ele sincero.


 


- Me desculpe, mas eu precisava me justificar por ontem à noite, afinal ela viu o resultado do que eu fiz, e me diga, que desculpa iria arranjar para explicar a ela?


 


- Foi mesmo você quem os feriu?- perguntei num ímpeto. - Então a culpa é minha. – constatei transtornada, afinal eu não havia dado a poção a ele, tinha me esquecido. Mas também eu não tinha conhecimento prévio das proporções de cuidado que ele devia tomar perto dos amigos - mesmo estes em forma animaga – o que aumentava a importância da poção.


 


- Lá vem, até você Lílian?! – perguntou Sirius indignado. – Desde ontem tenho ouvido tantas confissões de culpa, que acho que Azkaban já estaria lotada, se isso fosse caso de prisão. – disse irritado.


 


- Isso não tem haver com o fato de eu ter ou não tomado a poção, Lily. Foi falta de prudência mesmo. – revelou Remo com firmeza.


 


- Já que você vai vir com aquele discurso enfadonho de novo, me deixa explicar. – pediu Sirius, se sentando na cama, impaciente. – A questão foi falta de sorte, pura e simplesmente. Não foi culpa sua! – disse se dirigindo ao amigo com firmeza. – Não é sua responsabilidade cuidar da gente, o fato de querermos mudar um pouco o rumo do “passeio” foi escolha nossa e sabíamos o que estávamos fazendo, você não tem que tomar por sua conta os erros que cometemos! Afinal, você não tinha como controlar a gente, já que tentava controlar a si mesmo, o que era para supostamente estarmos ajudando a fazer.


 


Talvez o tom, um pouco mais alto que o normal, de Sirius tenha acordado os outros dois, que se viram de repente confusos, devido ao sono interrompido, no meio de uma discussão calorosa. O espanto, tanto de um como de outro, impediram que me notassem logo.


 


- Isso de novo não!- murmurou Pedro, ainda groge. Porém, James, tomando consciência do discurso de Sirius, tentou, na medida do possível – visto a condição que estava - tomar parte da conversa. E ao cogitar se pronunciar, ao mirar Remo, se deparou comigo, e instantaneamente se calou, surpreso e confuso.


 


- O que...?A Lílian está aqui, calem a boca! – exclamou ele exasperado.


 


- Ela já sabe. – disse Remo sem vontade.


 


- Como assim? Você contou? Tudo?Por quê?!


 


- O Aluado simplesmente se negou a esconder isso da confidente dele, mas, James, deixemos isso para depois, ok? – pediu Sirius, e em seguida continuou como se não tivesse sido interrompido. – Evans, posso te garantir que já saímos na lua cheia sem a ajuda da poção e correu tudo bem, portanto, você não tem nada a ver com isso.


 


- É, mas eu tenho. – disse James, um pouco menos espantado e mais consciente. – Se não fosse minha vontade ridícula de variar o percurso ao ter dado a brilhante idéia de adentrarmos mais na floresta, para “alargar o campo de ação” não teríamos encontrado os centauros e nada disso teria acontecido. Ainda bem que impedi aquele mais alto a tempo, porque o Aluado parecia estar a ponto de defender seu território. - terminou ele carrancudo.


 


- Vocês...vocês, sendo três animagos e um lobisomem, se depararam com os centauros na floresta proibida à noite?! – indaguei estarrecida.


 


- Sim. – responderam todos em uníssono.


 


Bem, aquilo era muita informação para mim.


 


- Teria até corrido tudo bem, se eles não fossem tão orgulhosos, e não tivessem se enchido de razão ao reclamar a nossa presença, - explicou Rabicho, também entrando na conversa. - e digamos que a agitação quebrou os esforços que fazíamos para manter a harmonia do grupo e...


 


- Eu ataquei um deles. – resumiu Remo, sombrio.


 


- Não, aquilo foi um modo de defender o grupo. – contradisse James, lançando um olhar divertido para Sirius, no que Remo revirou os olhos.


 


- Como é que vocês podem brincar com isso?! Poderíamos todos estar mortos agora! – exclamou Remo irritado.


 


- Mas não estão; tudo correu bem, certo? – arrisquei-me timidamente, temendo o resultado que aquela interrupção poderia causar.


 


Todos olharam para mim espantados, sobretudo James. Não era comum eu defendê-los, ainda mais numa situação em que naturalmente tomaria o partido de Remo, mas se assim o fizesse, estaria dando motivos para o seu martírio.


 


- É isso aí, Lílian! – encorajou Sirius vacilante, num misto de alegria e surpresa. – E corta essa Remo! Não estaríamos mortos, afinal somos grandes, esqueceu? Bem, tirando o Rabicho, mas ele serve para distrair os inimigos. – e lançou um olhar divertido a James. – O fato é que graças ao Pontas e de sua diplomacia animal, natural de um cervo, que Aluado não atacou o tal do Ronnan. – disse com uma pompa cínica, quase rindo, o que posteriormente todos fizeram, exceto eu, que ainda digeria a informação.


 


James era um cervo em sua forma animaga. Assim com seu patrono o era. Já o meu patrono era uma corça! Por maior que a coincidência tivesse sido, peguei-me tentando desacreditar que fosse só aquilo, que tivesse só um significado.


 


Quanto aos patronos eu já sabia e aquele fato era até motivo de zombaria às minhas amigas, dentre elas a atual Sra. Mackinnon, que para me irritar, quanto éramos mais jovens, insistiam que casais de patronos tinham um significado maior para seus donos. Foi lembrando daqueles pormenores - apesar da insignificância - sem a intenção de realmente faze-lo, que me vi imersa em pensamentos e por conta deles meu rosto foi novamente coberto pelo rubor.


 


- Mas uma coisa eu achei estranho James, - comentou Rabicho – você estava tão comedido ontem à noite, parecia tão distante... Acho que só se manifestou de verdade ao notar os centauros, e cara, me assustei com a sua mudança de atitude, se opor ao Aluado, atacado do jeito que estava, e tentar controlar o centauro...Claro que o Almaofadinhas estava lá, mas...


 


- Rabicho, por favor... – pediu James, corando. A menção de seu estado de espírito na noite anterior o fez, assim como a mim, voltar à suposta causa daquilo, uma determinada conversa na Torre de Astronomia com certa pessoa. Me assustei ao cogitar aquela possibilidade, mas ele me pareceu confirma-la, pois sua atitude ao repreender o amigo o entregara.


 


- Sabe, James, ele tem razão, você estava estranho mesmo. O que aconteceu para ter ficado tão aéreo? – perguntou Remo, curioso, trocando um olhar com Sirius. James estava notavelmente nervoso àquela altura, e eu procurava manter o máximo possível de distância dos holofotes.


 


- Eu...- começou ele gaguejando. – Foram as preocupações de sempre, vocês sabem, - continuou, alcançando a firmeza na voz e tentando ser convincente. – Eles ainda não deram notícias.


 


Naquele ponto eu duvidava muito que os marotos deixariam passar aquela desculpa, mas suas expressões, antes jocosas, se tornaram sérias e de completa aceitação, arriscaria dizer que mudaram tanto a ponto de deixar transparecer preocupação. Quem seriam eles? Devia-se estar entrando num assunto delicado, que eu não conseguia acompanhar. James tinha achado a desculpa correta, e para tentar desviar o rumo da conversa mudou de assunto ao se dirigir, mais confiante, a mim.


 


- Ah! Já que lhe contaram tudo, Evans, acho que não faz mal explicar só mais um pequeno detalhe, para que essa maluquice faça sentido para você.- disse James, depois de um tempo, lembrando que eu ainda estava sem me pronunciar. – Caso queira saber, nossos apelidos explicitam o que somos, quando estamos sob forma animaga. Aluado, - disse apontando para Remo, que balançou a cabeça desconcertado, pelo motivo óbvio de seu apelido. – Rabicho, - e apontou Pedro, que sorriu timidamente. – pois é um rato; Almofadinhas, que é um cachorro.


 


- Hey! – interveio Sirius com ar de riso. – Sem duplo sentido, viu, Srta.Evans!


 


- Quanto a mim, - continuou James como se não tivesse sido interrompido. - você já deve ter deduzido o porquê de Pontas, Evans, caso contrário, me recuso a explicar, isso renderia mais uma seção de zombaria. – disse ele com simplicidade.


 


Não pude conter um sorriso. Aquilo tudo era extraordinário. Quem diria que os marotos, que eu antes julgara irresponsáveis, inconseqüentes – tudo bem, eles ainda o são – e sem muitos escrúpulos chegariam a se tornar animagos, e por um motivo digno de admiração. Ultimamente eu notara que aos poucos eles estavam deixando escapar as mudanças que haviam ocorrido consigo mesmos, ou simplesmente as qualidades que se negavam a denunciar. Mas porquê esconder o que se tem de bom só para provar coisas irrelevantes, que os outros julgariam futilidade? Eu havia reconhecido meu pré-julgamento, e me sentia envergonhada, mas não o bastante, ainda não o bastante.


 


- Eu devo parabenizar vocês, sinceramente, nunca vi melhor prova de amizade e me envergonho por ter duvidado disso. – disse timidamente, porém, sem mais delongas.


 


- Você está superestimando nossos atos, Evans. – exclamou James, sério. – Achamos que a aventura valia isso. Garanto a você que foi mais pela emoção, a adrenalina, a chance de fazer algo novo e perigoso. É claro que foi pelo Remo, mas...Você nos elogiando pareceu que foi um ato muito nobre, quando não foi bem assim.


 


Sirius o lançou um olhar de profunda reprovação, algo como “você é tão idiota, aproveite a oportunidade” - sei disso devido a conversas posteriores e esclarecedoras com Almofadinhas - , enquanto eu não conseguia acreditar. Como é que ele, que adorava ser admirado no quadribol se recusava a receber um elogio de algo que valia a pena. Eu, Lílian Evans, havia massageado seu ego sem ele ter dado crédito a isso. Como podia ser tão obtuso? Como podia tentar a todo preço esconder o que tinha de melhor?


 


Modéstia? Não, James nunca fora modesto. Eu tinha consciência de que aquelas poucas palavras de admiração poderiam comprometer minha sanidade – pensei que ele se permitiria a ter alguma esperança comigo – no entanto, ele foi indiferente.


 


Estava ficando difícil de prevê-lo. Então, eu nada acrescentei àquele seu comentário, e caímos todos num silêncio constrangedor, até que Sirius se levantou, alegando precisar de um banho, e Pedro, devido a morte da conversa e a falta de algo mais interessante para fazer, simplesmente puxou um livro para ler, o título me divertiu, “ Doze maneiras infalíveis de encantar bruxas”, acho que foi a primeira edição, e presente de Sirius, claro. James, por sua vez, mirou a janela, contemplativo, e Remo ao perceber isso me fitou intrigado.


 


- O que foi agora Remo? – perguntei num tom mais baixo, impaciente, compreendendo seus olhares astutos.


 


- Não sei por que, mas estou achando que você não veio aqui só para descobrir o que aconteceu ontem à noite. Eu te conheço Lil, você andou muito calada essa semana, o que não é de seu feitio, além do que notamos que andou prestando atenção a nossas conversas ultimamente. Fora o que o Almofadinhas me falou logo antes da transformação. Você andou rondando ele. – disse apontando para o amigo, que permanecia sem tomar conhecimento de nossa conversa sussurrada.


 


Aquilo me pegou desprevenida, Remo era um observador melhor do que eu julgara, e no momento eu não tinha um meio de fugir de suas constatações sem ser traída por minha surpresa. Não pude responder nada, só tentei manter a aparência inocente, o que não deu muito sucesso.


 


- Lílian, você está obcecada com algo, e tenho notado isso desde que te neguei a resposta sobre a mudança de comportamento dele.


 


Não pude negar, apenas suspirei.


 


- Você está certo, não vim aqui só por um motivo.- confidenciei a meu amigo derrotada. – Mas entenda, tem coisas que eu preciso saber, e sei que ele pode me dizer. - baixei a cabeça e suspirei, e ao voltar a encara-lo meu tom era inseguro. - Remo, você acha errado eu o rondar tanto e usar de alguns artifícios para arrancar-lhe uma informação, sendo esta muito importante? – perguntei vacilante.


 


- Ele não pode te recriminar, já fez coisa pior, isso eu garanto. – e lançou um sorriso divertido.


 


Àquela altura eu já havia perdido tanto o almoço quanto a primeira aula da tarde, e se alguém me descobrisse ali seria no mínimo constrangedor uma monitora-chefe matando aula, mas fora por algo de maior importância. Então, ao notarmos que Madame Pomfrey, que estava na saleta da frente, tencionava entrar na enfermaria propriamente dita, Remo se levantou de súbito e se dirigiu até a senhora, antes que esta o fizesse, com o pretexto de tomar algum tônico, e ao sair para a entreter me lançou um olhar encorajador.


 


Então entendi que era aquele o momento. Me dirigi à cama de James decidida a lhe arrancar as respostas, porém, insegura quanto a sua atitude, depois de tudo que acontecera na noite anterior. Por fim achei melhor começar esclarecendo as coisas.


 


-Potter? – chamei temerosa, no que ele antes distraído, me mirou com uma tranqüilidade invejável, e fez menção para que eu sentasse na cadeira que havia ao lado de sua cama.


 


- Bem, eu gostaria que você entendesse o que realmente houve ontem. Eu queria explicações, e sei que mesmo contrariado, você me deu algumas, mas precisava saber mais, digo, preciso, então não medi as conseqüências... Quero dizer, não queria que você interpretasse errado a minha atitude...


 


Eu estava nervosa, e com isso comecei a falar sem parar, porém, ele estava entendendo, só fingia o contrário, me forçando a ser mais e mais específica, como que numa tortura. Ele simplesmente adora me ver constrangida, nervosa, irritada, e o pior, adquiriu uma qualidade detestável, ele sabe contornar essas situações muito bem agora, é incrível como consegue me enrolar. As conseqüências dessas ocasiões acho desnecessário ou mesmo inapropriado relatar.


 


- Não entendo Evans, se acalme primeiro. Acredite, você sabe confundir as coisas. – disse ele com a cara mais deslavada possível, eu corei intensamente.


 


- Tudo bem. Eu sinto muito ter feito aquilo ontem, ter tentado te seduzir para que me contasse a verdade, acredite, me senti horrível depois, bastante estúpida para falar a verdade. Só achei que você deveria saber que não tive a intenção, não foi verdadeiro...Mas, mesmo assim, entenda através disso o quanto é importante para mim que você me confirme as suspeitas. – disse numa voz meio suplicante.


 


- Eu sabia que você estava fingindo desde o início. Eu te conheço muito bem, sei que não teria feito aquilo, daquela maneira repentina, apesar de querer ter alimentado esperanças. – revelou honestamente, sem desviar o olhar do meu.


 


- Você sabia o tempo todo e mesmo assim se aproveitou da situação?! – indignei-me.


 


-Ora, entenda, não é todo o dia que se tem Lílian Evans tão... digamos...acessível. Bem, é preciso aproveitar as oportunidades. – respondeu ele na defensiva, mas um tanto brincalhão.


 


- Como?! O que você quer dizer exatamente com “acessível”, Potter? Olhe lá como fala...


 


- Hey!- exclamou ele exasperado, interrompendo o início de uma discussão explosiva. – Calma, não quis ofender, foi apenas modo de expressar.


 


Seu tato, ao tentar me acalmar, me surpreendeu pela rapidez com que foi tomado, e isso trouxe à tona meu pacote especial de vergonha, pois acabei percebendo que eu devia estar parecendo àquelas pessoas que com tudo se ofendem, e que por isso os outros precisam ter o máximo de cuidado com o que falam. Preferi então permanecer calada, apenas esperando o rubor passar e os nervos se acalmarem. No entanto, James começava a formar uma feição contemplativa, e logo verbalizou o que lhe incomodava intimamente.


 


- Sabe, me pergunto se a idéia lhe é tão repugnante, pois você a levou a frente, e devo dizer que foi bastante cruel de sua parte fazer aquilo, me dando falsas esperanças...


 


-Você não é tão inocente assim, e eu nunca tive outros motivos para, bem, para ter feito o que fiz. – respondi na defensiva, e me negando a acreditar nele. Se ele soubera minha intenção desde o início não havia motivos para atribuir falsos sentimentos agora, ou será que não eram tão falsos assim?


 


-Sei, sei, foi tudo encenação, era só por interesse, não precisa explicar. Talvez eu estivesse merecendo. – comentou numa voz monótona, porém mais sincero do que havia se mostrado anteriormente.


 


-Não! Como assim só interesse?- exclamei tentando me justificar. - Você interpretou errado, eu não queria... Assim você faz parecer que sou uma pessoa sem escrúpulos!


 


- Interpretei errado? – perguntou ele devagar, esperançoso. - Então havia algo a mais? – arriscou ele, o olhar intenso, um meio sorriso se formando. Eu estava perdida.


 


-Não! Ora, você está fazendo isso de propósito, destorcendo tudo, James! – guinchei rapidamente, muito aborrecida.


 


Então tomei consciência do que tinha dito, de como o havia chamado. E ele evidenciou isso através do brilho de seu olhar e o sorriso maroto, crescente.


 


- James? – repetiu ele surpreso, mas radiante. Senti minha face arder.


 


- Você está fazendo de novo, quer me deixar confusa, me fazer esquecer a história que estávamos discutindo, a pergunta que quero fazer.


 


- Você não desiste nunca, não é? – bufou ele impaciente, o sorriso prévio dando lugar a uma expressão aborrecida. Ele buscava meios para me fazer esquecer, mas não seria tão fácil. Nós dois somos suficientemente teimosos para entrarmos em conflitos com freqüência, mas nada que não tenha remédio, certo? Acho que sabemos bem resolver as brigas...


 


-Não!- respondi convicta. Ninguém iria ceder ali.


 


- Dá pra’ você parar de proferir negativas?! Isso é irritante. – disse ele cansado enquanto eu amarrava a cara.


 


- Você me força a isso, está sempre provocando, arranjando furos na conversa para me pôr à prova. Isso é injusto, eu só quero uma explicação... O que há de tão ruim nisso?


 


- Não é tão fácil como você imagina, não dá simplesmente para... - começou ele hesitante, e um pouco desapontado, mas em seguida um sorriso maroto começou a se expandir em sua face, me levando à sérias dúvidas sobre aquela mudança repentina de expressão. –Bem, eu posso tentar, se você...


 


- Não adianta! – exclamei cortando-o, já podia imaginar aonde uma barganha com James Potter iria dar. –Não vou à Hogsmead com você!


 


- Mas eu nem ia te pedir isso. – exclamou ele rindo descaradamente, num misto de incredulidade e regozijo. Meu rosto queimou de vergonha mais do que nunca, e pela centésima vez àquele dia.


 


- Isso é demais para mim! – exclamei ao mesmo tempo em que levantava da cadeira. – Já me humilhei o suficiente. – e virei em direção à porta quando sua mão agarrou meu braço firmemente.


 


- Hey, calma, eu só estava me defendendo, afinal foi você quem me acusou.


 


Meu olhar o fuzilou e tentei me esquivar de seu aperto, no que ele ao perceber isso, largou meu braço rapidamente.


 


-Só me escute, - pediu ele com certa urgência. – depois você faz o que quiser.


 


- Espero que valha à pena.


 


- Eu converso com você sobre o que quer saber se me disser a verdade... - começou ele ainda hesitante. – Bem, sei que o que você fez ontem, o seu jogo sujo, foi para obter uma resposta, mas, lá no momento você estava só encenando? Absolutamente nada foi verdadeiro? Você sentiu alguma coisa, por menor que tenha sido? – perguntou ele com a expressão suplicante, mas sem nenhum sinal do divertimento prévio, só o olhar penetrante, que me deixou confusa e embaraçada.


 


- Me nego a responder a isso. – afirmei tentando manter o máximo de firmeza possível na voz.


 


- Por favor Lily, preciso saber.- disse num tom exasperado – Posso continuar insistindo?


 


Aquilo me desconcertou mais que tudo, não sabia o que dizer e ele evidentemente esperava uma resposta. Nos encaramos por um tempo. O que eu queria era fugir dali, e rápido. Por que ele me forçava a encarar aquelas perguntas capciosas? E o mais importante, porque eu estava achando mais difícil soltar negativas incisivas ao ter que encontrar nos seus olhos um quê de esperança? O que estava acontecendo?


 


- Não quero ter essa conversa. - disse num tom um pouco desesperado e evasivo. - E...você já sabe a resposta. – e irrompi pela porta, deixando-o com suas frustrações, talvez na mesma posição a qual ele havia me deixado no dia anterior, na Torre de Astronomia.


 


N/a: olá leitores queridos!


 


Sei que demorou mtoooo ate eu atualizar, e saibam desde já q o cap não está betado, porem como achei q a demora da betagem esta sendo mais longa, resolvi postar assim mesmo, então desde já peço mil desculpas a qqr errinho q vcs encontrarem por aqui. Por hora, espero q perdoem meus deslizes e que tenham, mesmo assim, apreciado a leitura...


 


Vamos às respostas dos coments, a parte mais fácil e agradável de fazer uma fic (^^) :


 


Bella Mariia: *autora emocionada* fic mais que perfeita? Ow, bell, mto obrigada viu? Seus coments me inspiram...Espero q tenha curtido esse cap tmbm, e não deixe decomentar.


 


Ayla Teresa: Aylita, fico taaao feliz q vc esteja curtindo a historia, irmãzinha de famy, puxa, qndo falei da minha fic procês fiquei super receosa, afinal estão tds acostumados com a maestria de estilo da Lore, e quem sou eu...Puxa, o que posso fazer é torcer para q tenhas gostado ainda mais desse cap. Bjao! E...adorei ler teu coment ^^


 


JooOOoo Potter: leitora nova! Q legal, que BOM que você  tah gostando, jô, espero q esse cap te convença a continuar acompanhando a fic, viu?, e não deixe de manifestar sua opinião! Bjs


 


Lucienne Machado: Luuuu, sei q já tinhas lido o cap, e fico mto feliz ao dizer q foste a primeira a me dar uma critica sobre ele, já q eu estava suuper nervosa e insegura qnto a maneira q escrevi sobre a animagia, sei lá, eu quero tanto fugir dos clichês e ao mesmo tempo volto e tento manter o maximo de fidelidade possível aos personagens...ai ai, essa fic da um trabalhinho, mas adoro escreve-la. E Lu, mto obrigada pelo incentivo, viu?nao esquente q não vou desistir, não!


 


Nath krein: Leste em 2 horas? ^^ aim, to toda besta aqui, acho q eh um bom sinal, neh? Poxa, espero q tenhas gostado desse cap aqui! À propósito, menina, adorei tua song! Escrever e lê T/L’s legais é sempre mto bom. Continue acompanhando, viu? Bjs


 


Lari_sl: cap chegou, e ai, gostaste? Me diz o q achas, to esperando tua opinião, e obrigadao pelo coment, como vivo dizendo, eles fazem a alegria de qqr autor! ^^


 


Dany Kon: Dany, mtao obrigada pelos elogias, adorei lê-los, e a cena da profecia foi difícil de escrever, tentei buscar as medidas certas, mas como para um autor nada esta bom o suficiente, sempre dá vontade de reescrever, o maior desafio é abadonar o texto...Mas q BOM q vc gostou, e q tas curtindo a fic toda! Mas e ai, o q achaste desse cap?


 


Então é isso, meus agradecimentos especiais à td mundo que lê esta fic q com carinho mantenho, que se dispõe a comentar, o que aprecio profundamente, já que se dispuseram a falar sua opinão, ao meu beta, entendo q é ocupado, e eu, inquieta não esperei e postei logo...ai ai, ow pessoa imediatista, hein? Ao pessoal que me motiva e td, valeu mesmo...


E ate a proxima att, com cap betadinho e bonitinho, bjao!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.