Vinte e dois



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Cinco meses depois...


- Hei, papai! – exclamou Sophie enquanto vinha correndo pela grama do jardim da pequena escolinha. Ela pulou no banco onde Harry estava sentado com seus materiais e entregou a ele uma pequena e delicada flor lilás. – Guarde essa flor que eu vou dar para a mamãe quando chegarmos em casa. Não é bonita? É a cara da mamãe, não é?


   Harry sorriu e ergueu a pequena flor na altura dos olhos.


- É a cara da mamãe. – concordou Harry abrindo um sorriso. Voltou-se para a menina e afagou seus cabelos. – Podemos ir então?


   Ela riu e pulou do banco.


- Não! – exclamou.


- Mas a flor vai murchar.


- Você não ira fazer ela murchar! – cochichou Sophie e lhe lançou uma piscadela antes de sair correndo de volta para o parquinho onde seus outros colegas brincavam.


 


   Suspirou, riu baixo consigo mesmo e voltou a pousar os cotovelos nos joelhos. Girou a flor entre seus o polegar e o indicador e seu sorriso tornou-se um sonhador. Hermione...

   Ergueu os olhos e focou Sophie que gargalhava alto enquanto seus cabelos dançavam ao vento com a velocidade em que estava seu balanço. Um menino da mesma idade, porém mais alto, chamava seu nome e implorava para que ela fosse para a gangorra com ele. Ela somente ria alto em seu balanço.

   Há quase um ano eles estavam vivendo assim. Harry, Hermione e Sophie.

   Hermione estava em seu sétimo mês, e para ela era uma grande vitória já que ao terceiro mês descobrira que sua gravidez era de alto risco.

   Sophie passara da creche para uma escola primária e estava sendo alfabetizada para que pudesse entrar em Hogwarts.


 


   Harry ainda tinha seu árduo e cansativo trabalho no St. Mungos. Visitava o castelo uma vez semana sim, semana não. A cada encontro com Voldemort tinha mais conhecimento sobre seus planos e notava que sim, ele finalmente parecia estar cedendo confiança. Mais confiança do que ele esperava e isso era certamente bom. Assim como a cada visita sabia dos planos de Voldemort, a cada visita ele trazia toda uma ata sobre Hermione e seu filho. Tudo já estava pronto para quando a criança nascesse, embora Harry ainda quisesse que Hermione ficasse grávida para sempre.

   Harry olhou para o céu limpo e estreitou os olhos quando chegou ao sol. Suspirou, levantou-se, pegou os materiais da menina e andou até o pequeno parque.

- Sophie! – ele a chamou segurando a grade. Ela virou-se rapidamente para ele com um sorriso no rosto. Ele fez um sinal com a cabeça em direção ao carro disse - Vamos?

   O sorriso da menina murchou.


 


- Não! – choramingou ela descendo do balanço.

- Eu queria poder deixar você ficar mais, mas sabe que não podemos deixar sua mãe em casa sozinha por muito tempo! – disse ele.

   Ela aproximou-se do padrinho.

- Mas ela não está sozinha! Vovó Weasley sempre fica lá em casa com ela de manhã. – retrucou a menina.

- Vovó Weasley não pode ir hoje, Sophie. Ela teve que ir ao ministério junto com o Sr. Weasley.

   Sophie arregalou os olhos.

- Mamãe está sozinha? – ela quase gritou. Harry assentiu. Sophie bateu uma das mãos na testa. – Mas por que não me avisou isso antes?

   Harry riu.

- Pensei que não fossemos demorar. – respondeu ele.

   Ela assumiu um ar desesperado e tomou os matérias das mãos de Harry. Saiu andando apressada em direção ao carro e Harry somente a seguiu.


 


- Por que demoramos tanto? Por que demoramos tanto? – ela ia indagando em murmúrios consigo mesma. – Você não devia ter demorado tanto papai! – exclamou em voz alta para Harry que somente riu. – E se James já tiver nascido? Nós perdemos o nascimento dele! – ela resmungou alto. – A mamãe deve ter passado um sufoco danado para chegar até o hospital sozinha!

   Harry riu abrindo a porta de trás do carro e acomodando os matérias da menina ali enquanto ela mesma abria a porta do passageiro e se acomodava resmungando.

- James não vai nascer agora Sophie! – disse Harry entrando no carro e conferindo se o cinto da menina estava bem preso. – Ela só está no sétimo mês.

- Mamãe disse que faltam só dois! – resmungou Sophie.

- Hei! – exclamou Harry meio risonho meio revoltado. – Pare já com isso! Quem estava enrolando no parquinho era você!

   Sophie não retrucou. Apenas emburrou e cruzou os braços limitando-se apenas a mandar Harry ir mais rápido. Ela era como Rony, não havia duvidas.


 


   Bastou minutos para que ela voltasse a sorrir e contar disparada sobre sua tarde na escola. Harry ria da forma como a menina falava e gesticulava com entusiasmo, suas linhas de expressões lembravam hora Luna, hora Rony, embora boa parte de seus atos e até mesmo maneiras estivessem começando a se parecer com as de Hermione e certas vezes as dele. A forma como endireitava a postura e como lançava olhares reprovadores lembrava Hermione e a maneira silenciosa quando agia escondida se parecia inteiramente com ele. Um ano estava se tornando o bastante para ela aprender muita coisa com ambos.

   Quando Harry desligou o carro, já dentro da garagem, a menina logo abriu a porta e pulou de seu banco. Era acostumada a ser recepcionada pela avó que ficava com Hermione durante a tarde, porém, hoje ela foi obrigada a não receber abraços e beijos apertados. Harry lhe entregou os matérias e ela tomou a frente para passar pela porta da garagem que dava direto a cozinha da casa.

- Vá tomar logo seu banho. – Harry disse assim que Sophie adiantou-se para a sala em busca de Hermione.

- Mas eu tenho que entregar a flor a mamãe. – protestou a menina voltando-se para ele.

- Porque não entrega a flor a ela quando estiver limpa? – indagou ele.


 


   Ela baixou os olhos pensativa. Mordeu os lábios, bateu um dos pés no chão, abriu um grande sorriso, largou os matérias, fechou os olhos e abriu os braços para Harry.

- Faz uma mágica! – ela exclamou.

   Harry riu sem entender.

- Para que?

- Para me deixar limpa sem que eu precise tomar banho! – ela explicou.

   Ele riu. Adiantou-se e a pegou no colo. Ela abriu os olhos e passou os braçinhos em torno de seu pescoço.

- Não acha que a mamãe vai ficar mais feliz se ver que você foi capaz de tomar banho sozinha novamente? – ele indagou.

   Ela pensou.


 


- Não é que você tem razão. – e sorriu.

   Harry pegou os materiais da menina, cruzou o corredor e a deixou em seu quarto. Lançou-lhe ordens para que ela se organizasse melhor, fez uma brincadeira rápida com a garota e a deixou se virar sozinha a proibindo de querer levar o gato para dentro do chuveiro junto com ela. Voltou ao corredor e nenhum sinal de Hermione ainda.

   Ele caminhou até o quarto esperando encontrá-la lá, porém, assim que encostou a mão na maçaneta parou e sorriu ao saber que ele certamente não a encontraria ali. Bagunçou os cabelos enquanto tomava o rumo oposto do quarto. Passou pela porta de Sophie e escutou sua voz longe cantando uma canção bruxa que certamente Luna havia ensinado. Virou em um pequeno hall e viu a porta do novo cômodo da casa fechada.

   Encostou a mão na maçaneta e assim que ia girá-la hesitou. Como ele odiava hesitar. Ele sempre sabia o porque. Seu sorriso se desfez quase de imediato. Seus dentes cerraram e ele fechou os olhos com força, tudo ao redor daquela casa era perfeito demais para que ele pudesse acreditar que existisse. Tudo era perfeito demais para que ele fosse capaz de destruir com suas próprias mãos.


 


   Soltou um longo suspiro e abriu os olhos, ele sempre vencia tais pensamento. Girou a maçaneta com cuidado e entrou devagar dentro do cômodo. Ainda não estava completo. Havia um pequeno berço de madeira que a Sra. Weasley havia dado de presente, onde Hermione tivera todo o cuidado em arrumar as cortinas para cobri-lo. Um armário que Sophie havia escolhido, onde Hermione ajeitava e preenchia pouco a pouco e com todo o cuidado. Um baú ao canto da parede que a mãe de Hermione havia trazido da Alemanha e finalmente um sofá que a Sra. Weasley havia julgado essencial.

   Hermione estava deitada no sofá, parecia estar em sono profundo. Sua respiração era calma e ritmada. Sua barriga, apesar dos sete meses, não era grande. Harry dizia que era devido a ao fato de ser sua primeira gravidez e que era normal, mas ele ainda dizia que ela haveria de crescer o dobro.

   Harry caminhou com cuidado até ela. Abaixou-se e focou seu rosto com toda atenção. Abriu um sorriso e tocou sua têmpora com as costas de seu indicador.

- Hermione? – a chamou, porém não obteve resposta alguma. Não queria acordá-la, mas sabia que se não fizesse ela ficaria extremamente aborrecida. – Hermione? – Tentou novamente. Ela continuou dormindo. Harry sorriu, afastou alguns cachos e lhe deu um beijo carinhosos na têmpora. – Meu amor... – ela a chamou. Como era bom chamá-la dessa forma. Ainda sentia um frio na barriga ao dizer isso referindo-se a Hermione já que nunca havia dito isto a ninguém que não fosse ela. A fazia mais especial ainda.


 


   A testa da mulher franziu antes dela abrir devagar os olhos um tanto desnorteada. Sorriu e virou o rosto focando Harry assim que pode sentir seu cheiro e o quanto ele estava próximo.

- Eu sabia que dormiria. – comentou ela com a voz fraca e rouca. – Obrigada por me acordar.

   Ele sorriu, lhe deu um beijo rápido nos lábios e se levantou enquanto ela sentava-se com as pernas cruzadas sobre o sofá e pousava distraidamente uma das mão sobre a barriga.

- Algum problema por aqui? – ele indagou como de costume.

   Ela negou com a cabeça.

- Dobby passou algumas horas por aqui. – começou ela. – Parece que a Sra. Weasley pediu para que McGonagall liberasse ele da cozinha já que ela não poderia vir. Pelo menos ele me ajudou com a última gaveta. – disse ela olhando para o armário bem ajeitado ao canto da parede. Sorriu satisfeita e voltou seus brilhosos olhos cor de âmbar para Harry. – E Sophie?

- Tentando tomar banho sozinha de novo. – respondeu ele.

   Ela riu.

- Não acredito que fez isso novamente! – ela exclamou. – Se o banheiro virar uma piscina como da ultima vez quem vai limpar vai ser você!

   Harry riu.


 


- Não tente me fazer se sentir mal por isso! Eu estou pensando no melhor para ela, afinal, não vai ficar ajudando a menina a tomar banho para sempre! – exclamou ele. – Alem do mais. Não quero que fique se esforçando muito, nem andando demais por aí.

   Hermione revirou os olhos.

- Você não disse que a placenta já havia... – ela fez uma careta procurando em sua mente a palavra que Harry sempre usava com aqueles outros medibruxos, porém não foi capaz de encontrar. – ‘colado’?

   Ele riu.

- Mas pode descolar de novo. Ainda mais com as poções que usei com você. Foram as melhores, mas deve-se sempre ter cuidado.

   Ela desviou o olhar para sua barriga. Postou as duas mãos ali e notou o quanto ela era pequena para sete meses. Suspirou um tanto cabisbaixa.

- Ela não vai crescer mais do que isso, não é? – indagou ela num tom baixo.

   Harry sorriu.

- Claro que vai, meu amor! – exclamou ele. – Não confia em mim?

   Hermione o fitou.

- Não é isso... É que tenho a impressão de que ele vai nascer tão fraquinho com todo esse negocio de poções e tratamento, porque não posso ter uma gravidez normal como toda mulher? Ir trabalhar, fazer meus deveres...

   Harry levantou as sobrancelhas e ela parou de falar. Murchou os ombros e esperou por ele quando veio em direção a ela, sentou-se ao seu lado e a puxou. Ela se acomodou com a cabeça no ombro do homem que estendeu a mão e alcançou a barriga da mulher, deixando-a ali para que pudesse sentir qualquer chute, ou seja lá o que for de seu filho.

- Não confia em mim? – ele tornou a perguntar.


 


- É claro que confio, Harry! – ela respondeu.

   Por um instante aquilo o levou a outros pensamentos. Os mesmos que sempre o atormentavam, aqueles que o faziam sentir vontade de sair de perto de tudo e de todos pensando que talvez não fosse digno, não fosse justo estar em meio de todo aquele amor e felicidade que o rondava sempre dentro daquela casa.

- O que foi? – a voz de Hermione o trouxe ao quarto.

   Ele detestava perguntas como essa, embora não fosse a primeira vez que iria mentir para ela. Certas vezes tinha a impressão de que, sempre quando ele mentia, ela sabia que ele estava mentindo, porém, mantinha-se quieta.

- Nada. – mentiu ele, como de costume. – Por que?

   Ela negou com a cabeça.

- Não gosto quando você se perde na sua mente. – ela comentou. – Parece distante... demais...

   Ele desviou o olhar e a puxou mais para sim, ela tornou a se aconchegar. Imergiram num silêncio e ele novamente voltou a perder-se em sua mente.

- Confia mesmo em mim? – talvez seus pensamentos o tivessem levado a indagar aquilo novamente.

   Ela franziu o cenho.

- Sim... – o focou. – O que há com você afinal?

   Seus olhos verdes a fitaram e por um instante ela se assustou em vê-los tão claros, talvez evidentes para ela.


 


- Se por acaso, tudo um dia se voltasse contra mim. Se tudo me incriminasse e todos passassem a me odiar. Me amaria e confiaria em mim? – perguntou ele.

   Por um instante ela se viu duvidar da própria resposta, por mais que soubesse que sim, ela confiaria, porém, a forma como ele estava tratando o assunto, a forma como ele havia gesticulado as palavras, a fizeram rever sua confiança, como se não tivesse feito isso nunca, ou como se nunca precisasse ter revisto sua confiança sobre ele.

- E-eu... – ela gaguejou. Sentiu raiva de si mesma por não ter total confiança de dizer o seu “sim, com certeza”.

   A porta se abriu e Sophie entrou com os cabelos molhados e o roupão vestido ao contrário. A água pingava de seu corpo e Eugene vinha ao seu lado miando, com os pelos encharcados. Ambos a focaram intrigados.

- Papai... – ela começou com medo e receosa. – Acho que quebrei o chuveiro.


 


_****_


 


   Ela corria, corria e corria. Seus cabelos ruivos esvoaçavam enquanto seus pés se movimentavam rapidamente de um cenário completamente aconchegante para uma floresta densa e escura onde de repente deu-se em uma clareira e percebeu que o que dava toda aquela escuridão a floresta era o assombroso céu escuro do meio da noite. Nenhuma estrela, apenas nuvens pesadas de chuva.


- Gina... – ouviu seu nome ao longe de forma fraca.


   Ela olhou para os lados, mas estava sozinha ali, naquela escuridão.


 


- Gina. – escutou dessa vez mais claramente. Mas estava sozinha, quem estaria lhe chamando? Ela conhecia aquela voz. – Gina!

   A exclamação fez com que ela abrisse os olhos assustada. Logo os estreitou devido a luz que invadiu os invadiu. Ela continuou imóvel enquanto sua mente processava onde estava, o que estava fazendo dormindo ali e porque estavam a acordando.

- Gina! – a voz a chamou novamente, de uma forma impaciente. Era Harry.

   Seu corpo nu deslizou pelos lençóis enquanto ela virava-se preguiçosamente buscando entender o porque dele estar a chamando.

- Eu vou ter que sair. – ele disse.

   Ela se sentou trazendo o lençol consigo. Seus olhos ainda não haviam se acostumado com a luz ali, mas mesmo assim foi capaz de ver Harry caminhando pelo quarto atrás de suas roupas espalhadas. Ele já havia vestido a calça e estava atrás de sua blusa, ou talvez cinto.

- Que horas são? – ela conseguiu indagar com a voz fraca.

- Não queria saber. – ele disse. Sua voz tinha um certo tom irritado, mas ela sabia que não era com ela. Algo o deixara realmente aborrecido.

   Ela olhou pela janela. O céu ainda estava escuro. Ela procurou um relógio na cabeceira da cama e logo viu o de pulso dele. O pegou e ainda com os olhos cerrados analisou as horas. Olhou três vezes para q tivesse realmente certeza de que as horas eram mesmo aquela.

   Devolveu o relógio a cômoda e Harry não demorou chegar lá, pegá-lo e colocá-lo no braço.

- Desculpe, mas... – ela começou receosa. – Você por um acaso disse mesmo que precisava sair?

   Harry a focou enquanto enfiava os braços na camisa.

- Sim e você não vai ficar aqui enquanto eu estiver fora. – ela falou de modo grosseiro.


 


   Ela o olhou incrédula pelo tom que ele usara com ela. Mas que diabos estaria acontecendo com ele?

- Merlim, Harry! – ela exclamou. – O que há com você? Tem noção de quantas horas são? – ele não deu atenção a ela entretido com os botões de sua camisa. – SÃO 2:30 DA MADRUGADA! – ela gritou irritada.

- Não grite! – ele apenas disse.

   Como assim “...E você não vai ficar aqui enquanto eu estiver fora” e “Não grite”? Será que ela realmente não era digna de confiança? Ele ao menos poderia ter sido mais amigável ao enxotá-la, afinal, ela era namorada dele!

- Você está me enxotando... No meio da noite... – ela sussurrou ainda incrédula. Aquilo tudo parecia ainda seu sonho.

   Ele parou suspirou e voltou seu olhar para ela.

- Ok, Gina. A questão é a seguinte: Eu preciso resolver meus problemas. Eu sei que não é nem um pouco educado eu fazer isso com a minha namorada, mas você realmente não vai poder ficar aqui enquanto eu não estiver aqui...

- Hermione pode...

- Pare de sempre por Hermione em nossas conversas...

- Pare de sempre tirar Hermione de nossas conversas! – ela quase gritou novamente. – E sempre tenta tirá-la porque sabe que eu tenho razão quando a ponho no meio e NÃO estamos conversando! Estamos brigando! – ela suspirou. – Você não é mais o Harry Potter que eu conheci! Quem é você afinal? Esta sempre cheio de coisas estranhas pra fazer, dá uma atenção insuportável para Hermione, sai para resolver problemas as duas e meia da manhã... Mas que droga! – ela exclamou. – Você está me enxotando!


 


   Ele suspirou, enfiou as mãos nos cabelos e os bagunçou mais ainda. Deixou os ombros caírem e olhou Gina.

- Vamos, Eu te deixo em casa...

- Você não vai sair daqui. – ela falou rispidamente. – Nem eu.

   Harry franziu o cenho. Gina estava ficando louca?

- Não é você quem decide isso, Gina. – deu as costas e saiu atrás de seus sapatos.

- Não se resolve assuntos as duas e meia da manhã!

   Harry a ignorou e continuou em sua busca.

- Será que você poderia me dar atenção? – ela insistiu. Ele continuou a ignorá-la. – Harry? – nada... – Harry!

   Como aquilo a deixava irada! Ela seria capaz de voar em seu pescoço naquele momento, mas o que a deixava quieta era o fato de ainda estar assustada. Quem teria problemas para resolver as duas e meia da madrugada? Que tipo de pessoa teria problemas a resolver a essa hora? Ela sabia que não era a Ordem e sabia que Harry não se envolvia em nada que não fosse a Ordem da Fênix. Nada de Ministério... Nada sobre Auror... O que ele teria para fazer a essa hora da noite? Ele costumava sair no meio da noite só quando Voldemort ainda era vivo. Naquela época... Hei! Espere um instante...


 


   Como se tivesse acordado de um pesadelo ela se levantou abruptamente, catou seu Hobbie no chão e o vestiu. Caminhou decidida até Harry enquanto amarrava o cordão em torno da cintura para mantê-lo fechado e antes que Harry pudesse sequer lhe empurrar ou lhe lançar alguma palavra de ofensa, ela puxou seu braço e esticou a manga de sua blusa o máximo que pode.

   Ali estava ela, a marca negra. Visivelmente escura e a pele ao seu redor vermelha e inchada. Ela fez uma careta como se aquilo tivesse passado a doer nela.

   Harry recuou o braço quase instantaneamente. Eu seus olhos verdes havia um misto de susto, surpresa e raiva.

- MAS QUE DIABOS PENSA QUE ESTA FAZENDO? – ele gritou cheio de um ódio confuso.

   Ela foi se afastando assustada. Suas mãos começaram tremer de uma forma que ela não era capaz de controlar.

- Quem é você? – ela conseguiu indagar fracamente. Não houve resposta. – QUEM É VOCÊ? – ela gritou.

   Uma luz fluorescente envolveu o quarto e a fez cerrar os olhos quase que instantaneamente. Um vulto e então...

   Ela abriu os olhos assustada e logo os estreitou devido a luz do sol que os passava. A primeira coisa que notou foi o fato de sua boca estar seca. Queria água. Engraçado... talvez fosse pelo fato de ter sonhado que podia respirar debaixo dela.

   A porta do banheiro se abriu e ela pode ver Harry sair de lá com a toalha amarrada nos quadris. Ele sorriu ao vê-la acordada e voltou-se para o armário.

- Eu ia te chamar agora. – ele comentou enquanto procurava nos cabides sua camisa. – Hoje não era seu primeiro dia no St. Mungos?

   Ela arregalou os olhos e levantou-se num pulo trazendo os lençóis consigo.

- Obrigado por me lembrar. – ela saiu catando suas coisas pelo chão e entrou no banheiro, porem, antes que fechasse a porta ela voltou-se para Harry e falou. – Acordei duas vezes essa noite e você não estava na cama. Onde esteve?

- Precisei sair. – ele respondeu, seu tom era calmo e normal.

   Ela franziu o cenho.

- No meio da noite? – ela indagou.


 


   Silêncio...

- Rony... – ele pareceu pensar por poucos segundos. – Me chamou na ordem.

- Está tudo bem com ele? – perguntou assustada.

   Harry assentiu voltando-se para ela.

- Nada de mais. Só alguns casos importantes que devíamos ter revisto a um bom tempo e que podem ser preocupantes mais tarde. – ele falou. – Mas está tudo resolvido. Foi a melhor hora que ele encontrou.

   Gina abriu a boca para fazer sua próxima pergunta, porém a fechou e apenas continuou com sua expressão confusa.

- Certo... – ela murmurou incerta e fechou a porta do banheiro.

   Ele soltou o ar e voltou-se para o armário. Procurou sua roupa e a vestiu enquanto o barulho do chuveiro soava.

- É melhor que venha logo. – ele disse alto para que ela pudesse escutar do banheiro. – Tenho que voltar a Ordem daqui a pouco.

- Eu já vou! – ela respondeu.

- Vou preparar o café. Quer algo? – indagou enquanto ia saindo do quarto.

- Não.

- Certo. – e saiu.

   Ele chegou a sala. Puxou o primeiro pergaminho que viu pela frente, catou uma pena e um tinteiro e rabiscou com pressa:

   Se Gina perguntar algo diga que você me chamou na Ordem essa madrugada pra resolver alguns casos que precisavam ser revistos.


   Harry acordou Edwiges e entregou o pergaminho a ele.

- Entregue somente para Rony. Somente para ele entendeu bem? – a coruja piscou em concordância. – Vá rápido.

   Sem muitas demoras a coruja já voava em sua velocidade máxima pelo céu aberto.


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Comentários (2)

  • Isis Brito

    Do jeito que eu esperava: FANTÁSTICO!!Harry tá apaixonado, cara... Por que ele não se volta contra o Voldemort e o mata de vez? Afinal, o que o prende ao bruxo das trevas mesmo?? o.OHermione no sétimo mês... Tomara que a barriga cresça mais sim!! *-*E ela hesitando pra responder se confiava nele ou não... Ela tem razão em não confiar, apesar de não saber... =/E essa lembrança... O Harry a confundiu enquanto estavam namorando, certo? Para que ela não "desconfiasse" que ele tinha se juntado ao Voldemort, mas... Ela descobriu! Harry apagou a memória dela? o.O Meu Deus, ele tá mesmo muito mudado... 8|Louca para descobrir por que ele está tão diferente, por que tem que dar seu próprio filho ao Voldemort, e por que diabos eles está junto desse bruxo perverso!!Por favor, não demora a atualizar!! *-* 

    2012-09-17
  • Isis Brito

    Atualização!! Merlin, nem acredito!! *---------------------*Imagino que esteja super-mega-incrível (vc teve bastante tempo para aperfeiçoar, rsrs), então vou ler e depois comento o capítulo!! xD 

    2012-09-17
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