Dezenove



Harry reprimiu seu ar de alivio e limitou-se somente a dizer.

- Obrigado, mestre.

Voldemort fez novamente o sinal para que ele se fosse e ele assim o fez.

_****_

Já era noite quando Harry andava a passos ligeiros pelos brancos e bem iluminados corredores do St. Mungos. Sophie praticamente corria para tentar manter seus passos juntos aos do homem para evitar que sua mão soltasse a dele que estava fria.

Assustou-se quando abruptamente Harry parou, virou-se, a ergueu alguns centímetros do chão e a sentou em uma cadeira que ela sequer havia reparado, quem sabe por seus olhos estarem cheio das lágrimas que ainda não haviam escorrido por sua face junto com as milhares que já derramara do caminho de casa até o hospital.

Ele abaixou-se e pousou suas mãos nos joelhos da menina ficando no nível de seus olhos.

- Pode me esperar algum tempo aqui fora? – indagou cuidadosamente.

Ela fungou.

- Não! – exclamou a menina decidida.

Harry suspirou cansadamente e pareceu busca dentro de si somente paciência.

- Sophie, - começou ele calmamente. – Sei que quer muito vê-la neste exato momento, mas nem tudo é como queremos sempre. E quando as coisas acontecem do jeito que não desejamos é porque de alguma jeito essa era a melhor forma. Eu preciso falar com Hermione agora, vai ser rápido. Eu lhe chamo quando terminarmos e você poderá ficar com ela até a hora que quiser.

Sophie ponderou por alguns segundo enquanto soltava seus soluços.

- Promete que não vai demorar, papai? – choramingou.

- Eu prometo. – concluiu.

Ela assentiu e fungou enquanto Harry, sem demorar, lhe deu um rápido beijo na testa e se levantou dirigindo-se a porta que havia bem ao lado da cadeira.

Ele entrou no quarto bem iluminado. Hermione estava sentada na beira da maca. Estava de costas para ele e observava através da janela. Não se virou ao menos para saber quem era.

Harry afundou suas mãos no bolso da calça e andou calmamente em direção a ela sentando-se ao seu lado e observando a janela, assim como ela.

- Você conversou com o bruxo que me atendeu? – ela apressou-se a perguntar.

Ele assentiu.

- Sim.

- O que ele disse?

- Que anda muito estressada.

Hermione assentiu parecendo aliviada e satisfeita. Harry a olhou e deu um riso fraco.

- O que está escondendo de mim dessa vez, Mione? – indagou ele calmamente.

Ela prendeu a respiração e apertou o colchão fino da maca. Tentou sorrir, porém, lhe saiu um nervoso. Respirou fundo e olhou Harry.

- Por que tentaria esconder algo de você? Logo você! – disse num ar um tanto incerto.

Harry olhou em seus olhos castanhos ponderou por um segundo. Certo, ela não iria lhe falar tão cedo. Não havia curiosidade alguma em si, afinal, ele já sabia do que se tratava, por tanto, o que custava esperar? Suspirou e voltou-se para a janela.

- Verdade. – concordou ele.

Ela abaixou o olhar e mordeu os lábios certa de que ele não havia acreditado nela.

- E Sophie? – perguntou.

- Ainda está assustada.

- Eu não queria...

Harry riu.

- Tudo bem, Mione. Você só desmaiou, não podia simplesmente ir contra isso! Eu já expliquei a ela que sabe que você esta bem agora.- apressou Harry a dizer.

- Onde ela esta?

- Sentada lá fora.

- Por que não a deixou entrar? – indagou Hermione curiosa.

Harry suspirou e se levantou passando a ir em direção a porta.

- Por que eu tinha a esperança de saber o motivo pelo qual mandou o bruxo que te atendeu mentir para mim. – respondeu Harry abrindo a porta e chamando por Sophie.

Hermione mordeu os lábios e por um momento seus olhos encheram-se de lágrimas que logo foram reprimidas e escondidas quando Sophie entrou no quarto com os olhos vermelhos e o rosto cheio de lágrimas.

A menina correu até a maca e Hermione a ajudou a subir.

- Hei, minha pequena! Por que chora? – indagou Hermione carinhosamente limpando o rosto de Sophie.

A menina começou a falar soluçante, sem dar pausas, e uma palavra em cima da outra. Harry apenas observava as duas. Hermione olhava Sophie de uma forma compreensiva e Sophie apenas falava, falava e falava. Desviou o olhar para a porta pode ver, no corredor, Gina, que o observava com as mãos dentro do bolso do jaleco.

Ele verificou se Hermione estava entretida com Sophie e sem muita demora saiu calmamente do quarto preocupando-se em fechar a porta.

Gina veio ao seu encontro e ele esperou que ela tomasse a palavra.

- Ben mentiu para você. – apressou-se ela a dizer.

- Eu sei que mentiu. – respondeu ele calmamente ainda com a mão na maçaneta da porta.

- Ela lhe contou? – perguntou a ruiva.

- Não. – Harry continuou em seu tom passivo, voltando seu olhar para ela.

- Como sabe então que...

- Gina. – Harry a cortou ainda sereno. – Sou um medibruxo, os sintomas de Hermione, sem duvida alguma, mostram que ela...

- Está grávida. – completou Gina.

Harry assentiu.

- Não preciso que ninguém me diga isso. – ele falou.

- Mas ela pediu para que mentisse para você...

- Talvez ela acredite que eu ainda não esteja pronto para saber, ou talvez ela ainda não esteja pronta para me contar. – retrucou Harry.

Gina respirou fundo e desviou o olhar batendo o pé no chão.

- Por que a defende tanto? – indagou incrédula.

- Eu defendo quem merece ser defendido. – respondeu ele.

- Ela esta mantendo uma mentira! – exclamou Gina. – Vai defender alguém que mente?

Harry pareceu aborrecer-se dessa vez com o comentário de Gina.

- Ponha-se no lugar dela, Gina! – exclamou ele incrédulo. – Ela deve estar tão confusa quanto qualquer outra pessoa aqui dentro desse lugar. O que você faria?

Gina bateu novamente o pé no chão impaciente. Harry maneou negativamente a cabeça e voltou-se para a porta.

- Harry. – a ruiva o chamou logo quando ele tornou a por a mão na maçaneta. Harry parou e a olhou. Gina pareceu hesitar, mas sem muito ponderar ela disse – Sei que você é o pai desse filho.

Harry manteve seu olhar sobre ela por um longo minuto, não havia expressão em sua face, e não mudava, ele sequer piscava. Desviou o olhar e somente abriu a porta entrou e a fechou na cara da ruiva.

_****_



Uma mansão se erguia por entre uma densa floresta silenciosa. Era feita de pedras escuras e decorada por dezenas de janelas de madeira. As velas acendiam-se sozinhas a medida que o sol ia se escondendo e a escuridão da noite vinha chegando.

Era exatamente na floresta, próximo ao grandioso portão de ferro escuro onde quatro adolescentes permaneciam escondidos num silêncio extremamente agonizante e tenso.

- Eu acho que não foi uma boa idéia. – gemeu Rony baixo focando o chão cheio de folhas secas.

Gina fechou a cara para o irmão.

- Não é uma questão de achar bom ou não Rony. É necessário. A mansão dos Malfoy pode esconder muitos segredos importantes. Não sabemos onde Voldemort está se escondendo, ir a mansão pode nos revelar, ou, este lugar pode até mesmo ser o esconderijo dele. – disse Gina em tom baixo, porém, certa de suas palavras.

Rony focou por entre as folhas o portão guardado por três bruxos de uma expressão não muito amigável.

- Nós estamos ferrados. Com todas as letras! Ferrados! – cochichou ele consigo mesmo.

O silêncio continuou sobre eles até que o laranja do céu estivesse totalmente azul escuro que chegava a causar medo. Rony tremia sentado sobre um monte de folhas secas que ele havia feito. Hermione tinha o olhar baixo desde que haviam chegado, apenas ficara recostada no tronco de uma arvore gigantesca. Harry tinha um olhar sério e fixo em um ponto distante. Estava sentado sobre a raiz de uma arvore, ao seu lado estava Gina que tinha a cabeça no ombro do namorado e desfrutava da mão dele que estava distraidamente em sua cintura.

Hermione, repentinamente, desviou o olhar do chão e focou o céu que já mostrava suas estrelas por entre as nuvens. Seus olhos se perderam no céu por alguns minutos até que sua voz soasse rouca e baixa.

- O vento vem do norte. – comentou ela.

Rony desviou o olhar para ela e fez uma careta.

- O que tem a ver? – indagou.

- O norte mostrava nuvens pesadas antes do sol se por. – ela pausou e suspirou sem desviar o olhar do céu. – Vai chover. Significa que está na hora de irmos.

Harry moveu seus olhos e os focou em Hermione que continuava focando o céu. Havia algo estranho nela, ele sabia que havia assim como também sabia que era o único que estava notando que havia algo de estranho nela.

Respirou fundo e se levantou obrigando que Gina ajeitasse sua postura sobre a raiz da árvore.

- Preciso repassar novamente...

- Não, Harry. – apressou-se a ruiva a dizer.

Harry suspirou e viu Hermione se levantar calmamente. Ela ajeitou seus cachos enquanto parava de frente para Harry que acabara de pegar a capa da invisibilidade que Gina lhe entregara.

Eles apenas trocaram olhares por um segundo até que ela se aproximou e passou os braços em torno do tronco dele e ele a trouxe mais para perto de si, como em um abraço.

- Treinou o feitiço, não treinou? – indagou Gina a ela. Hermione assentiu. – Está certa de que pode executá-lo com sucesso, não está? – Hermione tornou a assentir. – Bem... – ela pausou e mordeu os lábios nervosamente. – Está na hora.

Rony ajudou Gina a cobrir Harry e Hermione com a capa da invisibilidade e não demorou muito para que os dois estivessem cuidadosamente caminhando em direção ao enorme portão da mansão debaixo da capa.

Harry direcionava Hermione enquanto ela procurava sempre verificar se a capa estava os cobrindo totalmente ou se precisava que eles estivessem mais juntos.

Pararam próximo a um dos guardar que estava do lado direito do portão. Tentaram ao máximo não se mexer enquanto estavam ali parados.

- Tem certeza de que pode fazer o feitiço funcionar? – indagou Harry num sussurro ao pé do ouvido da amiga.

- Não sei. Eu pratiquei. Vou ver agora. – respondeu ela no mesmo tom que ele.

Eles caminharam lentamente e cuidadosamente para trás do guarda tomando cuidado para não encostar no muro, afinal, não sabiam que tipo de feitiço de proteção havia naquela casa.

- Pode ir quando quiser. – sussurrou Harry a ela.

Hermione respirou fundo duas vezes até levantar um tanto a blusa de Harry e tatear suas costas até achar sua varinha presa no cós da calça do garoto. A puxou calmamente e com o braço ainda em torno de Harry mirou a varinha no guarda permitindo com que sua ponta ficasse do lado de fora da capa.

- Precisamos girar um pouco. – disse ela baixo.

Harry a guiou cauteloso. Giraram um pouco até que a ponta da varinha estivesse completamente mirada no guarda. Hermione murmurou algo baixo em sinal de que deviam parar de girar e estão ambos pararam.

Houve um completo silêncio.

- Não se mecha... Eu... Vou tentar agora. – cochichou ela. Harry murmurou algo afirmando que sim.

Ela fechou os olhos e deixou sua respiração ficar tranqüila e calma. Engoliu à seco e concentrou-se. Pensou no feitiço e deixou que ele fosse falado diversas vezes em sua mente. Enquanto o feitiço era passado sua concentração aumentava a cada segundo ao ponto dela chegar a parar de respirar, mas... Nada mudava.

Ofegou e recolheu a varinha para dentro da capa.

- Droga! – exclamou ela num sussurro baixo e quase inaudível a Harry que estava tão próximo a ela. – Não consigo! – disse enquanto descansava sua testa sobre o peito do amigo.

- O que há com você? – indagou ele afastando-se calmamente do guarda.

- Eu... – ela hesitou. – Eu estou bem, digo, Não sei o que há comigo...

- Sabe sim, mione! Sei que algo não esta certo para você. Eu consigo ver isso e sei que sou o único que consigo ver. – cochichou ele próximo ao ouvido dela.

Ela suspirou e escondeu o rosto na curva de seu pescoço. Mordeu os lábios e prendeu a respiração fechando os olhos. Harry a envolveu mais firmemente procurando lhe dar conforto e soube que conseguiu assim que sentiu os músculos dela relaxarem sobre seu corpo.

- Eu estou com medo. – ela confessou de uma vez. – Digo... Sei que não deveria estar, mas... Não consigo evitar. Eu tentei, mesmo, eu juro que tentei enquanto estávamos sentados esperando o sol sumir. Eu me concentrei e tentei, mas o medo não se foi!

Ele sorriu.

- Hei, Mione... – começou ele num tom carinhoso. – É normal que tenhamos medo. Rony também está com medo...

- Não! – ela o cortou decidida tirando seu rosto da curva do pescoço do garoto e passando a focar seus olhos incrivelmente verdes que destacavam com o escuro da noite – É normal ficar apreensiva. Eu sempre fico apreensiva em casos como este, deveria estar apreensiva, mas não! Eu estou definitivamente com medo, Harry. – seu tom tinha um ar de desespero. – Talvez eu saia correndo de pavor daqui a alguns segundos.

- Talvez esteja apreensiva demais e esteja acreditando que está com medo...

- Não! – ela tornou a cortá-lo e seu tom pareceu intensificar no ar de desespero. Ele pode ver os olhos delas brilhares de lágrimas por um momento e sentiu algo apertar seu coração lá no fundo. – Eu estou com medo do que pode acontecer lá dentro, Harry. Eu sinto que pode ser um aviso e... – ela pausou hesitante quando sua foz falou. – Harry, - sussurrou. – Se eu nunca mais voltar a ver você...

- Hei! – ele logo a cortou num tom ríspido. – Não torne a dizer isso! – ela soltou um grande suspiro. – Hermione... Se quiser desistir de entrar na casa tudo bem.

Ela negou com a cabeça.

- Não vamos desistir agora. Eu sei que é importante, eu só... Não queria estar com medo isso me atrapalha.

Ele desviou o olhar dela e pareceu ponderar por um minuto. Hermione deixou-se ser levada quando ele tornou a andar fazendo com que eles ficassem perto do guarda.

- Aponte a varinha para ele. – ele ordenou num baixo cochicho.

Hermione estendeu a mão e a ponta de as varinha saiu para fora da capa novamente. Harry girou juntamente com ela até que a varinha estivesse apontada para o guarda e então focou Hermione que fez o mesmo.

Seus rostos estavam pertos e os olhos de ambos pareciam bilhar incondicionalmente com o escuro da noite. Ele deu um sorriso de canto e aproximou-se mais do rosto dela recostando sua testa a dela. Os olhos dos dois se fecharam espontaneamente.

Hermione pode sentir a respiração quente do amigo bater em seu rosto assim como também soube que Harry sentia a sua. Seus músculos relaxaram novamente e permitiu-se lembrar de que jamais havia se sentido tão à vontade próximo ao belo rosto de alguém do sexo aposto. Foi então que percebeu que seus corpos se encaixavam perfeitamente, como se tivessem sido feitos juntos e alguém tivesse os separado.

- Pense no feitiço. – a voz dele soou profunda e baixa. A tranqüilidade do tom dele lhe trouxe um alento e ela sentiu uma paz chegar ao centro de sua concentração. – Concentre-se e pense no feitiço. Você já fez isso, já treinou, sabe que é capaz.

Por mais que quisesse ficar somente ali, esperando que o amigo falasse mais algo, qualquer que fosse, que pudesse lhe gerar toda aquela paz que estava sentindo ela precisava fazer aquele feitiço. Respirou fundo e prendeu o ar. As mãos quente de Harry lhe traziam para perto de si e ela podia ouvir o sussurro dele que para ela não fazia sentido agora que somente concentrava-se no seu dever.

Por mais que não estivesse distinguindo o que ele estava sussurrando, aquilo lhe espantava e lhe fazia esquecer o medo que antes a afligia e percebeu o quão fundamental Harry estava sendo para a realização daquele feitiço.

Sem muito esforçar-se, logo sentiu um formigamento passar por todo seu braço, chegar aos seus dedos e passar para sua varinha que vibrou por um breve instante e então, parou.

Hermione sorriu.

- Consegui! – exclamou num cochicho e Harry parou de sussurrar.

Abriram os olhos, mas suas testas continuaram grudadas. Engraçado como ficarem tão perto pela primeira vez não havia gerado constrangimento de nenhuma das partes. Ao contrario. Acharam engraçado terem acabado de descobrir mais uma forma das diversas que já haviam encontrado de como se sentirem confortáveis um perto do outro.

Ele abriu um pequeno sorriso.

- Acha que pode fazer isso novamente? – indagou ele.

- Creio que posso fazer isso milhares de vezes! – disse ela animada.

- Certo, porque agora temos o do lado esquerdo e logo que Gina aparecer vai ter que tomar conta do que esta na guarita. – disse Harry afastando-se da amiga e conduzindo-a cuidadosamente para o lado esquerdo do portão.

Hermione não teve dificuldades em lançar o feitiço no guarda do outro lado do portão. Harry lhe lançou um grande sorriso como premio pelo seu bom desempenho.

Ela estava um tanto relaxada, embora Harry soubesse que ainda existia nela um certo receio quando a entrada deles na casa dos Malfoy. Desde que haviam feito todo o plano Harry sabia que ela não estava confiante que daria certo. Podia confessar que também não acreditava que fora a melhor idéia deles, mas a entrada na casa parecia necessário ou não sairiam do mesmo lugar nunca.

Harry olhou por cima dos ombros e por entre dois arbustos ele viu o rosto de Gina. Ela se levantou de repente e ele soube que Hermione havia feito o sinal de positivo para ela.

- Certo. O que vem daqui para frente é o mais fácil. – sussurrou Harry num ar descontraído. Harry percebeu os músculos da garota se contraírem. – Hei, tudo bem. É só mais um você sabe que consegue.

- Vamos ter que ser mais rápidos! – ela disse.

Ele sorriu para fazê-la relaxar.

- Você é a melhor bruxa que eu já conheci! Isso não é nada para você.

Ela revirou os olhos e seus músculos pareceram relaxar um tanto, mas não o suficiente.

- Veja só Gina. Ela vem vindo aí, acho que o feitiço deu certo. – comentou ela animada.

Gina parou frente aos guardas.

- Hei! Olá! – a ruiva disse sorridente. Os guardas a olharam como se só tivessem notado a garota por ela ter falado com eles.

- Quem é você? – um dos guardas apressou-se a perguntar.

Gina teatralmente franziu o cenho numa expressão intrigada e indignada.

- Como assim, quem sou eu? – indagou ela num ar irritado e prepotente. – Sou Holly! Holly Wood! Abrem o portão pra mim quase todas as noites! O que há com vocês? – os guardas continuaram em silêncio. Gina revirou os olhos e soltou um grande suspiro de impaciência. – Draco Malfoy! Chamem Draco Malfoy! Quero falar com ele agora. Será que vocês ao menos tem essa capacidade já que se lembrar de mim está difícil?! – os guardas continuaram em silêncio olhando para Gina que tal foi sua teatral impaciência que começou a estralar os dedos num ar mandão. – Andem! Movam-se! Eu mandei chamarem Draco Malfoy para que eu possa lhe dizer pessoalmente a estupidez de vocês!

O guardas “acordaram” repentinamente e um deles apressou-se a desculpar-se:

- Mil perdões srta. Wood! É que são muitas pessoas. Por um segundo nos confundimos. Não é preciso chamar o senhor Malfoy. Está tudo sobre controle.

Hermione vibrou debaixo da capa. Seu feitiço havia dado certo, mas logo ali estava o mais difícil. Quando o guarda chegou próximo ao portão e chamou alguém que estava dentro da guarita. Sentiu Harry a girar e ela deixou ser levada. Ele havia a colocado na posição certa para que o novo guarda fosse um alvo fácil.

Não deixou de sorrir ao ver o quanto ele poderia ser rápido. Concentrou-se e mesmo de olhos fechados pode perceber o olhar de Harry sobre si.

Dessa vez tudo ocorreu de uma forma tão rápido que ela mal sentiu direito o formigamento em seu braço, mas ficou impressionada por ter conseguido executar o feitiço rápido.

O novo guarda parou próximo ao portão já sobre o efeito do feitiço lançado por Hermione.

- Pode abrir o Portão para a Srta. Wood? – indagou o guarda ao da guarita.

- Srta. Wood? Quem é Wood?

- Holly Wood! Abrimos os portões a ela quase todas as noites! Como não se lembra dela? – cochichou o guarda.

- Ah, sim! – exclamou o homem balançando a cabeça como se fosse um crime esquecer dela. – Claro que sim. Só um segundo.

O guarda voltou a guarita e não levou muito tempo para que os portões rangessem enquanto se abriam lentamente.

- Quer que eu a acompanhe? – indagou o guarda.

- Nós sabemos o caminho e... Draco está nos esperando na sala.

- Com licença. – o guarda da esquerda lhe interrompeu pigarreando levemente. – Nos?

Gina revirou os olhos.

- Pelos céus! – exclamou ela. – Vocês estão péssimos hoje! Será que não se lembram do meu irmão Sam? – ela virou em direção a densa floresta. – Sam! – gritou pelo menino.

Rony saiu cambaleando por dentre as folhas grandes.

- Hei! Consegui aparatar sem esquecer as sobrancelhas hoje! – exclamou teatralmente o ruivo aproximando-se de Gina. – O que faz parada aí chamando meu nome? Pensei que estivéssemos atrasados com o negocio do Draco. Ele não estava nos esperando na sala.

Harry sorriu debaixo da capa.

- Eles estão indo bem. – comentou com Hermione que apenas sorriu em resposta.

- Pensei que ele não tivesse vindo hoje! - apressou-se a comentar o guarda da direita.

Gina tornou a revirar os olhos. Pegou o irmão pela mão e cruzou o portão. Harry e Hermione apressaram-se a passar junto com eles. Apressaram-se a andar, mas...

- Hei! – exclamou o guarda da guarita repentinamente fazendo os quatro pararem. – Aqui diz que passaram quatro!

Hermione gelou e Harry contraiu os músculos.

- O que? – indagou Gina virando-se aborrecida.

- O sistema está informando que passaram quatro pessoas e não duas!

Gina ficou sem fala por um momento enquanto o silêncio predominou. Rony tomou a frente num ar irritado.

- Escuta, cara! Você por um acaso está vendo quatro pessoas aqui?

O guarda não disse nada, apenas observou o ambiente. Havia somente duas pessoas. Ele só podia ver duas pessoas.

- N-Não. – respondeu.

- Então é melhor rever o sistema desse feitiço! – falou Rony indignado dando as costas.

Eles seguiram dessa vez sem interrupções deixando para trás os guardas confusos.

Hermione riu sapecamente debaixo da capa e Gina abriu um sorriso para o irmão.

- Tentando acabar com a fama de idiota, Rony?

Rony soltou um riso fraco e forçado.

- Você poderia tentar acabar com a sua de insuportável. – retrucou ele.

- Sabe, Rony. Luna até admiraria seu fato heróico de hoje. – ironizou a ruiva enquanto atravessava uma curta ponta que cruzava um lago em meio ao jardim da frente da mansão.

- Será que dava para vocês calarem a boca. – resmungou Harry de dentro da capa e Gina sorriu ao ouvir a voz do namorado.

Hermione bufou.

- Como podem estar tão tranqüilos? – indagou logo que tomaram um caminho de pedras que dava a grande porta dupla da entrada da mansão. – Nós estamos em plena... – ela pausou hesitante. – missão.

- Isso soa bem auror do ministério. – comentou Rony.

- Será que dava para vocês todos calarem a boca! – tornou a dizer Harry. – Ficar em silêncio é, de fato, o melhor que temos a fazer.

Realmente ficar em silêncio foi o melhor que tiveram a fazer.

O caminho de pedra acabou assim que chegaram a varanda de frente casa. Pararam e Rony verificou se não havia muita gente por perto.

- Ok, Hermione. Você pode sair de debaixo da capa agora. – cochichou Gina focando a porta dupla imensa que dava ao interior da casa.

Harry tirou a capa dos dois e todos pararam em silêncio por um segundo somente observando a porta dupla.

- Uau. Deve ser realmente legal morar em uma casa desse tamanho. – sussurrou Rony abobalhado.

- Cala a boca. – resmungou Gina e quando se virou tomou uma expressão ríspida e série. – Você não, Harry. Só Hermione.

- Eu sei, mas só estou observando melhor...

- Não! – ela disse confiante. – Cubra-se já. Pode ser perigoso você se expor.

Harry fez uma careta e seus olhos pararam sobre os de Hermione que murmurou um “Ela tem razão”. Revirou os olhos e tornou a se cobrir com a capa.

- Certo. E agora? – perguntou Rony.

- E agora nós vamos entrar. – respondeu Gina. – Como havíamos pensado certo?

Os três acenaram com a cabeça e puderam escutar Harry:

- Certo, eu estou indo então. Melhor vocês se esconderem logo.

Ele subiu os largos degraus que davam a varanda. Parou frente a enorme porta. Virou-se e certificou-se de que todos seus amigos estivessem fora de vista e sim, eles realmente estavam. Soltou um longo suspiro e bateu três vezes na grande porta.

Esperou e somente esperou por um longo minuto. Não veio ninguém. Murchou os olhos e quando ergueu a mão para bater novamente a porta Rangel e se abriu.

Uma mulher apareceu. Era de baixa estatura e rechonchuda. Vinha acompanhada de um elfo com uma cara não muito boa. Harry procurou um espaço para passar e rapidamente ele já estava dentro da casa.

Ela espiou e pôs a cabeça para fora da porta em busca de alguém, mas simplesmente ela não podia ver. O elfo disse algo relacionado a sua idade e ela fechou sua expressão. Fechou a porta e simplesmente foi embora resmungando.

Harry deu um giro completo em torno de si devagar avaliando cada centímetro do que ele podia ver.

Estava num saguão de piso de mármore escuro e paredes alvas como a neve bem trabalhada com detalhes de gesso. A sua frente uma gigantesca escada se erguia com seu imponente corrimão de ouro polido e reluzente. A sua esquerda havia uma pequena sala se ele descesse dois curtos degraus e uma porta de correr atrás da pequena sala lhe informava que havia muito mais cômodos depois daquele. A sua direita dois arcos davam a um cômodo onde ele pode ver uma gigantesca mesa de jantar repleta de cadeiras acolchoadas. A decoração era rústica e a iluminação vinha de lugar nenhum. Simplesmente havia.

Tudo estava solitário e quieto, ou pelo menos aparentava. Harry voltou-se para a porta e se certificou se estava realmente tudo quieto ali dentro. Com cuidado ele abriu a porta e sem demora Hermione, Gina e Rony estavam passando por ela.

Os ruivos avaliaram cada centímetro do que estava em seus perímetros de vista. Cada detalhe rústico, cada móvel caro, era realmente uma mansão, e que mansão!

Hermione, entretanto, tinha seus olhos cheios de receio. Aparentava estar nervosa pelo modo como seus dedos esquerdos cutucavam a unha de seu dedão direito e a forma como ela mordia levemente o canto dos lábios. Harry podia ver, sim, e ele aparentava ser o único capaz de perceber o que ela estava sentindo.

- Certo povo. – cochichou Gina. – Vocês sabem o que fazer de agora em diante. Sabem que essa calmaria toda não vai durar por muito tempo e nós só vamos sair daqui com alguma informação. Entenderam? Só vamos sair quando tivermos alguma coisa importante em mãos, ou o que seja!

Rony assentiu. Hermione suspirou. Gina somente estava esperando por outra resposta. Um minuto de silêncio até que Harry murmurasse algo concordando e Gina finalmente se moveu fazendo com que os outros se movessem.

- Harry...? - Hermione sussurrou.

- Shiiii! – Gina voltou-se para ela num ar ríspido. – Não diga o nome dele! – vociferou e Hermione abriu os olhos assustada. – Sabe que pode ser perigoso.

Ela tomou o rumo da escada e Rony entrou pela sala de jantar. Hermione ficou somente parada no hall de entrada sabendo que deveria ir para onde havia a pequena sala, mas simplesmente não se movia.

Sentiu uma mão sobre sua cintura e sobressaltou-se até escutar a voz de Harry em seu ouvido, baixa e profunda.

- Tudo bem. – sussurrou ele. – Vai ficar tudo bem. Pode ir.

Hermione mordeu os lábios e respirou fundo. Oras, Hermione Granger não sente medo! Engoliu a seco e tomou o rumo as pequena sala. Desceu os dois degraus e diminuiu o ritmo ao cruzar a sala e para analisá-la melhor antes de se dirigiu a pesada porta de correr ao fim da sala.

Ali não aparentava ter nada de interessante, além de dois sofás rústicos realmente exóticos. Sem muito demorar ela chegou a porta de madeira onde havia simplesmente um encaixe de mão. Hermione encaixou a sua ali e a puxou. A porta correu para o lado e ela viu o primeiro cômodo sem luz da casa.

Preparou sua varinha e entrou olhando de um lado parar o outro. Sua visão foi se acostumando e a cada segundo ela se maravilhava mais com o cômodo.

Estava em um biblioteca gigantesca de dois andares onde havia uma escada em espiral logo no meio que dava a dois corredores opostos levando quem quer que fosse a ala direita e a ala esquerda do segundo andar. Hermione abriu um sorriso e abaixou a varinha.

- Bem vinda ao lar, Hermione. – cochichou ela para si mesma e riu baixo.

Correu para a estante mais próxima e percebeu que os andares de cada estante eram dividias por autor e que cada uma delas tinha um tema especifico. A que estava vendo não era nada mais do que runas. Eram três estantes somente para livros de runas. Calculou que fossem mais de cinqüenta autores diferentes. Céus, como ela queria tudo aquilo para ela.

Caminhou e contou dez estantes só de livros sobre história da magia. Caminhou para o centro e parou em uma plataforma de mármore escura próximo a escada em espiral e olhou uma delas onde havia em cima o mapa de todos os lugares bruxos existentes no mundo. Em outra plataforma havia a arvore genealógica da família Malfoy e na última havia simplesmente o brasão da família.

Hermione seguiu para o outro lado da biblioteca e verificou as estantes. Poções, cálculos bruxos, varinhas, animais mágicos até que ela parou em uma ala de quaro estantes com o tema “Magia avançada”. Um sorriso malicioso perpassou suas linhas de expressões e ela começou a verificar os autores e os títulos de cada livro. A falta de iluminação era ruim, mas ela apertava os olhos e tudo estava bem.

Puxou um livro e simplesmente começou a folheá-lo passando a ficar totalmente entretida com o assunto abordado e então... Algo de estranho parecia estar acontecendo fora dali.

Ela escutou algo como uma completa desordem do lado de fora, discussões e... gritos. Seus olhos pararam sobre uma palavra e ela desviou sua atenção do texto para os sons abafados que ela era capaz de escutar dali.

Seu coração saltou ao escutar a voz de Gina ordenar um feitiço e deixou o livro de qualquer jeito na estante. Virou-se com tudo e esbarrou em algo que antes não estava ali.

Sentiu uma mão envolver a parte de baixo de seu queixo com brutalidade e os dedos apertarem o fim de seu maxilar. Uma respiração quente bateu contra seu rosto até que ela pudesse ver um prr de olhos cinzas a observando com... desejo?

Um braço a envolveu pela cintura e notou que havia sido puxada para junto de um corpo quente.

- Boa Noite, Granger. – ela reconheceu a voz de Draco Malfoy, mas certamente nunca havia a escutado naquele tom tão... profundo. – Jamais havia imaginado que seu vicio por livro iria te levar a invadir minha biblioteca.

- Sai do meu caminho, Malfoy! – ela vociferou.

Ele riu.

- Saiu do meu caminho, Malfoy? – indagou ele num ar falsamente incrédulo. - Isso não é nada gentil a se dizer. Você é uma visita, por favor, comporte-se!

Ela fez um careta e tentou desvencilhar-se dos braços do garoto, entretanto, ele a pressionou mais contra seu corpo a deixando completamente presa.

/
/


continua...

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