Três



Gina o encarou por segundos. Bufou enquanto pegava seu jaleco na cadeira e saia da sala.

Harry maneou a cabeça negativamente indo pegar suas pastas na mesa para ver como estava seus pacientes. Agora com certeza ele teria uma fila duas vezes maior para atender do que antes. Sem condições de chegar cedo em casa.

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Hermione recebeu o prato de Sophie e o pôs na pia junto com o seu. Já passava das nove e Harry ainda não havia chegado em casa. Sophie bocejara três vezes durante o jantar e ela já estava desistindo das chances de espera Harry chegar para dar boa noite a garota.

- Ele costuma demorar tanto? – Sophie perguntou.

Hermione espiou pela janela da cozinha, porém estava como há cinco minutos. Somente o vento fazia com que as folhas das arvores próximas se mexessem. Estava vazio.

- Eu acho que sim. – Hermione disse. Suspirou e tornou-se a sentar na mesa da cozinha. – Ele tem um trabalho realmente difícil.

- Onde ele trabalha? – indagou Sophie após um longo bocejo.

- No hospital. St. Mungos. Se lembra? – perguntou Hermione amorosamente.

- Você me levou lá quando a mamãe torceu o tornozelo e o papai estava trabalhando no ministério. O tio Harry estava jogando um monte de feitiço no pé dela quando a gente entrou naquela sala. Ele trabalha jogando feitiço nos pés dos outros?

Hermione sorriu.

- Ele ajuda as pessoas que estão doentes. Ajudam a ficarem boas. – explicou Hermione.

- Não parece ser um trabalho tão difícil. Somente ajudar e pronto.

- Acontece que existem doenças que precisam de uma ajuda mais demorada. – disse Hermione levantando-se e espiando pela janela novamente. Nada. – Venha. Ela estendeu a mão para Sophie. – Eu vou te por na cama. Deve estar morta de sono e amanhã vai ter que acordar cedo.

Sophie pulou da cadeira e deu a sua mão para Hermione que a conduziu até o quarto.

Hermione a pôs na cama. Arrumou seu edredom e lhe deu um beijo demorado na testa. Acendeu a luz do abajur e apagou a do quarto.

- A porta vai estar entreaberta. – disse Hermione enquanto fechava a cortina. – Qualquer coisa é só levantar.

- Vocês vão dormir na mesma cama? – perguntou Sophie. – Como a mamãe e o papai.

- Bem. – Hermione deu de ombros. – Acho que ele não pediu para que eu levasse as coisas dele para o meu quarto de propósito.

Sophie sorriu. Hermione retribuiu outro e saiu do quarto deixando a porta entreaberta como havia dito.

Passou pela sala e voltou à cozinha espiando novamente esperançosa pela janela. Murchou os ombros ao ver o mesmo de sempre. O vento varrendo as folhas. Suspirou, passou as mãos pelo cabelo e o arrumou num coque mal feito.

Sentiu-se momentaneamente irritada. Afinal, fora Harry que dissera que queria dar a Sophie o que ele não tivera, porém, onde estava ele agora? Teve que escolher uma creche para ela sozinha. Ela teria que ficar sozinha esperando por ele toda noite. Colocá-la na cama sozinha. Seria sempre ela?

Bufou ao ver a louça que ainda teria que lavar. Poderia simplesmente fazer um feitiço e elas ficariam completamente secas e limpas, mas o fato era que realmente não queria ficar sentada na sala esperando que ele chegasse, simplesmente olhando para o relógio.

Abriu a torneira e a água gelada escorreu. Pegou a bucha e logo após passou a esfregar o copo pensando no que diria a Harry quando ele chegasse. Talvez reclamar, ou apenas lembrá-lo de que ele havia prometido que iriam fazer isso juntos.

Foi quando ouviu o barulho da porta se abrindo na sala. Preparou-se já para lhe dar uma bronca por não ter chagado a tempo de dar boa noite a Sophie. Mas quando ele apareceu na porta da cozinha ela teve certeza de que não teria ao menos coragem de lhe dar uma bronca.

- Me desculpe, Ok? – sua voz saiu baixa enquanto ele se jogava na cadeira da mesa e enfiava as mãos nos cabelos soltando a bufada mais cansada que conseguira no momento.

Hermione apenas o observou sem saber o que dizer, sentiu-se uma idiota por pensar em dar uma bronca nele. Desligou a torneira e largou o copo secando as mãos no pano de prato ao lado da pia.

- Não é assim, quero dizer... Eu não costumo demorar sempre. Eu estava vindo para cá. Só ia passar na minha sala antes e organizar tudo que eu tinha para fazer amanhã e então quando eu estava de volta aos corredores surgiu uma emergência. Uma mulher... Havia caído da vassouras, uns cinco metros. Fraturou a coluna e estava com quase todos os membros quebrados, mas estava viva.

- Você parece realmente cansado. – Hermione disse observando sua fisionomia cerrada. – Eu guardei sopa para você.

- Obrigada. – Harry agradeceu.

Hermione foi até o fogão e com uma colher de concha encheu um prato de sopa de frango e deu ao amigo sentando-se a sua frente.

- Acho que sua aparência está pior que a dela. – Hermione tentou dizer num tom divertido.

Harry engoliu uma colher da sopa de Hermione e disse:

- Ela morreu.

Hermione sentiu-se envergonhada por ter feito o comentário.

- Ah... – ela gaguejou. – Eu sinto muito... mesmo.

Harry apenas olhava para sopa e vez ou outra colocava uma colher na boca.

- Sabe. – ele disse depois de uma longa pausa onde apenas o silêncio predominou entre eles. – Ela se parecia muito com você. – Hermione não soube o que dizer diante do comentário de Harry. – Ela tinha os cabelos enrolados e bem castanhos. Como os seus. Tinha uma pele alva como a sua. Só não pude ver seus olhos. Mas deviam ser castanhos também. Como os seus. – ele fez uma pausa e passou a colher pela sopa umas duas vezes. – Quando ela estava quase morrendo... – ele continuou. – Era como se eu pudesse ver você ali. Morrendo. Então de repente, eu simplesmente parei de fazer tudo que eu estava fazendo. Eu estava concertando a coluna dela. Ela ia ficar bem. Mas eu parei e eu realmente acreditei que era você, mas estava morrendo. Eu escutei as pessoas em volta de mim falarem “O que você está fazendo, Harry?”. – ele ergueu os olhos e a focou. Foi quando Hermione viu que ele não estava mal somente fisicamente - Eu tive medo. Não porque ela estava morrendo, mas porque eu estava mesmo acreditando que era você quem eu estava perdendo.

Hermione lhe lançou um olhar terno. Estendeu sua mão e pegou na mais próxima de Harry.

- Eu estou aqui. – ela sussurrou.

Harry assentiu com a cabeça e voltou a olhar para a sopa.

- Eu não soube o que fazer na hora. Foi como se eu nunca tivesse estudado para chegar onde eu estava e eu simplesmente perdi a noção do que eu estava fazendo. Eu a matei. E eu imagino que se um dia você estiver na mesma situação que ela. Se um dia estivesse morrendo e dependesse de mim. Eu já passei por muitos pacientes como ela, mas, tudo sempre ocorreu tranqüilo. O fato dela se parecer com você não deveria ter tornado as coisas diferentes.

- Harry, o que me mataria? – ela indagou. – E você estava cansado. Não deveria trabalhar o tanto que trabalha. Tudo que aconteceu também deve ter te abalado, a morte de Rony, ter que assumir a responsabilidade por Sophie agora.

Harry recuou suas mãos e empurrou a prato de sopa.

- Desculpe, Mione. Mesmo. – ele se levantou. – Você não vai entender nunca. Eu só... Preciso de um banho e de uma cama.

Hermione suspirou tristemente abaixando a cabeça.

- Fim do corredor. – ela disse. – Levei suas coisas para lá. Não faça muito barulho, eu deixei a porta do quarto de Sophie entreaberta novamente.

Ele saiu sem dar boa noite. Hermione levantou-se pegando o prato dele e deixou em cima da pia. Murmurou um feitiço e os pratos começaram a se lavarem sozinhos.

Quando chegou ao quarto Harry já havia se deitado. Parecia fingir dormir ou então estava apenas tentando. Com cautela ela tomou um banho e foi dormir sentindo-se como se o mundo tivesse novamente em sua costas.

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”Nós vamos conseguir fazer isso juntos, cara. Confie em mim. Não vai ser fácil, mas não temos mais dezessete anos!”

Fora a última coisa que Harry ouvira de Rony antes de receber a noticia de que o amigo havia morrido.

Descobriu no momento em que ouvira isso da boca de quem sempre recebera as piores noticias de que na verdade ele teria sempre de resolver isso sozinho.

Sentado ali numa pequena poltrona de descanso próximo a lareira do quarto de Hermione ele focava a janela esperando ver os primeiros raios solares surgirem imaginando tudo que teria que fazer.

Suspirou apoiando os cotovelos em cada joelho e cobrindo a face com as mãos. Queria somente saber onde conseguiria coragem e força para enfrentar tudo que teria de passar. Amanhã voltaria lá e prestaria contas a ele e o que diria? Que até a agora a única coisa que fez foi destratá-la durante a noite porque deixara uma de suas pacientes morrer? Ótimo, estaria mesmo jogando tudo no lixo.

Ele desviou o olhar lentamente para a cama que estava dividindo com Hermione. Lá estava ela dormindo tranquilamente abraçada a Sophie. Sua respiração estava tranqüila e ele sentiu-se um idiota por saber que teria que passar pelo pior dos imbecis para ela, mas se não fosse dessa forma de qual outra seria? Sacrificara-se uma vez por ela e agora ele estava preso aquela marca em seu pulso.

Somente precisava ser menos idiota que a última vez. Não seria tão difícil, afinal, Hermione era extremamente linda. Tinha um belo corpo, seus cachos eram perfeitos e seu rosto era angelical. Era sua melhor amiga, a pessoa que mais amara e que mais cuidara durante todos esses últimos anos.

Talvez ela o odiasse pra sempre, mas isso teria que ser feito. Ela seria o sacrifício agora.

Levantou-se, respirou fundo e fez a melhor cara que pode. Sentou-se na cama cuidadosamente devido ao sono profundo de Sophie. Levou uma de suas mãos ao rosto de Hermione e tirou alguns cachos que lhe cobria o rosto.

Como presumira, Hermione mexeu-se incomodada e abriu os olhos levantando-os lentamente para Harry. Ele sorriu para ela.

- Hei. O dia está começando. – ele sussurrou amorosamente. Sophie se mexeu e Harry pensou ter falado alto.

Hermione apertou os olhos e olhou em, volta do quarto que estava agora sendo iluminado pelos raios fracos de sol que entravam pelo vidro da janela. Cuidadosamente ela tirou os que envolviam Sophie e sentou-se na cama passando as mãos pelo rosto.

- Que horas são? – ela indagou sonolenta em tom baixo.

- Seis e dez. – ele respondeu no mesmo tom.

Ela o encarou.

- Você não vai trabalhar hoje, vai? – perguntou. Harry sorriu e disse que sim. – Deus, Harry! Você precisa descansar! – ela se levantou e ajeitou a coberta sobre Sophie.

- É o meu trabalho, Mione. Eu não posso simplesmente largar as pessoas doentes em um hospital quando elas precisam de mim. – Harry disse enquanto passeava seus olhos pelo corpo da amiga coberto por uma justa camisola.

Ela pegou um roupão num dos pilares do dossel da cama e o vestiu sem ao menos reparar no olhar do homem. Caminhou em direção ao enorme espelho na parede e se olhou. Sua face numa expressão sonolenta. Suas bochechas rosadas e quentes. Suspirou cruzando os braços e voltando seu olhar para Harry.

- Posso fazer uma pergunta a você? – indagou.

Harry deu de ombros e cruzou os braços como ela.

- Acabou de fazer uma.

Hermione revirou os olhos caminhando em direção a uma das poltronas próximas a lareira.

- Outra. – disse.

- À-vontade. – murmurou ele.

Ela sentou-se sobre as pernas na confortável poltrona e o encarou.

- Por que medibruxo?

Harry ergueu as sobrancelhas surpreso.

- Apenas... Quis. – respondeu como se não fosse óbvio.

Hermione balançou a cabeça negativamente.

- Não era isso que queria. Queria ser auror. Sempre quis. Disse que quando derrotasse Voldemort seria auror. Voldemort está morto, por que é medibruxo e não auror? Suas notas de N.I.E.Ns e N.O.Ms firam ótimas. Você recebeu milhares de intimações e por que medibruxo?

Harry franziu o cenho.

- Eu só... Mudei de idéia. Do mesmo modo que você queria ser professora e hoje é colunista mais bem remunerada do ;Profeta Diário eu queria ser auror e hoje sou medibruxo.

- Mas eu gosto do meu trabalho. Você não parece realmente estar feliz com o seu.

Ambos voltaram o olhar para Sophie quando ela se mexeu incomodada com o barulho. Harry voltou a focar Hermione.

- Talvez devêssemos sair. – sugeriu tornando a sussurrar.

Hermione o olhou e suspirou deixando seus ombros murcharem.

- Eu vou tomar um banho. – ela disse ao se levantar.

Harry ergueu a sobrancelha.

- E o que aconteceu com as panquecas hoje? – indagou ele.

Ela sorriu enquanto pegava cuidadosamente uma toalha e rumava para o banheiro.

- Se quiser posso fazer umas para você, só tem que me esperar.

- Umas pra mim e outras para Sophie. - Frisou Harry quase num cochicho antes dela se trancar no banheiro.

Suspirou enquanto observava a madeira lisa e a sombra dos pés dela se mexendo no banheiro pela fresta de baixo da porta.

Assim ele não teria evolução alguma. Fizera isso milhares de vezes, por que com ela teria que ser diferente? Mecânico... Somente pelo fato dela ser sua melhor amiga? Isso não influenciaria em nada ou talvez em muito. Mas quem sabe o mal de todo o seu fracasso estivesse no simples fato das coisas não acontecerem naturalmente e sim contra a sua vontade.

Seria sua simples tarefa, ou melhor, seu novo sacrifício. Seria tudo mais complicado, mais difícil, mais impossível de ser suportado, porém, isso tudo acorreria pelo fato de não querer abrir mão dela, pelo fato de abrir mão de literalmente tudo, menos dela. E o pacote inclui a dor, o sofrimento, não só por parte dele, mas sim por parte dela também. Mas estava pronto, era sua decisão, nada o faria mudar.

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com ela teria que ser diferente? Mecânico... Somente pelo fato dela ser sua melhor amiga? Isso não influenciaria em nada ou talvez em muito. Mas quem sabe o mal de todo o seu fracasso estivesse no simples fato das coisas não acontecerem naturalmente e sim contra a sua vontade.

Seria sua simples tarefa, ou melhor, seu novo sacrifício. Seria tudo mais complicado, mais difícil, mais impossível de ser suportado, porém, isso tudo acorreria pelo fato de não querer abrir mão dela, pelo fato de abrir mão de literalmente tudo, menos dela. E o pacote inclui a dor, o sofrimento, não só por parte dele, mas sim por parte dela também. Mas estava pronto, era sua decisão, nada o faria mudar.

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- Un, deux, trois, quatre, cinq, six, sept, huit... – Harry dizia num francês perfeito enquanto avançava por uma pequena e estreita trilha de terra batida - ...dix-sept, dix-huit, dix-neuf, vingt, vingt et un, vingt-deux, vingt-trois, vingt Quatre, vingt-cinq, vingt-six, vingt-sept, vingt-huit, vingt-neuf, trente.

Ele ergueu as vistas e logo a sua frente já não havia mais o largo campo de plantação de trigo e sim um gigantesco castelo de pedras desgastado pelo tempo.

- Comment allez-vous, Jacques? Je ne suis pas le temps, mais il attend de moi. – Harry disse para bruxo ao qual o rosto estava oculto pela sombra do capuz de sua capa escura.

- On devrait probablement être dans la salle. – respondeu o homem de capuz abrindo o pesado e enorme portão de ferro que dava ao jardim mal cuidado dos terrenos do castelo. - Soyez prudent avec les plantes carnivoras fermer la porte, ils sont énormes. Midge sera dans le hall d'entrée, il peut vous accompagner à lui.

- Sûr... Merci. Je vais parler avec Midge. – respondeu Harry entrando pelo portão e seguindo por um caminho de pedras.

Passou pela porta tomando cuidado com as plantas carnivoras, assim como o Jacques havia lhe dito, e entrou no enorme saguão luxuoso onde avistou uma bela jovem negra aproximando-se dele.

- Como vai Harry? – ela disse animadamente. – Fico realmente feliz por te ver aqui.

- Somente me diga onde ele esta, Midge. – disse Harry friamente.

Midge transformou instantaneamente seu sorriso sincero para um falso.

- Dans la quatrième. – ela respondeu no mesmo tom que ele.

Harry passou pela mulher e seguiu pelos luxuosos andares e corredores do castelo até entrar em um corredor onde ao fim se via uma enorme porta dupla de madeira bem desenhada. Ele deu duas batidas e esperou que a porta fosse aberta lentamente. Entrou sem hesitar e logo o viu contemplando a paisagem de uma imensa janela por onde entrava a luz solar que refletia na quantidade exorbitante de ouro existente no quarto fazendo com que fosse desnecessária a luz artificial para iluminar o cômodo.

- Je vous ai vu entrer dans la porte. – a voz fria veio do homem da janela. - Je pensais qu'il ne le serait pas.

- Não me importo se me viu ou não entrando pelo portão. Estou aqui, não estou? – disse Harry usando o tom do homem.

- Pratique seu francês, Potter, ele está péssimo! – o homem se virou.

- Onde está o seu patriotismo, Voldemort? – indagou Harry.

Voldemort riu.

- Vou virar Joana D’ark. – disse sarcasticamente enquanto atravessava o enorme quarto em direção a um pequeno local próximo a lareira sentando se numa das poltronas e apontando a outra para Harry que soltou um suspiro de impaciência e sentou-se. – Não parece muito feliz de estar aqui.

Ele lhe lançou um sorriso falsamente amigável.

- Eu nunca estive realmente feliz de estar aqui, Voldemort. – falou ele. - Eu apenas quero me mostrar fiel a você e olha só o que eu vou ter que passar para que possa acreditar em mim.

- Ah, Potter. – lamentou-se Voldemort numa expressão de pouco caso. – Você está escolhendo o caminho mais difícil. Eu pedi somente a sangue-ruim, mas fico feliz pelo que sugeriu. Talvez seja mais duro.

Harry fez uma cara de desprezo.

- Eu não sugeri isso. Você sugeriu isso.

- Potter, para quem diz estar sendo realmente sincero com relação a querer ser fiel a mim daqui em diante você não parece muito animado. A começar pelo respeito. É o único de meus comensais que me chama pelo nome, algo que eu desaprovo por completo, e o tom com que você se dirige a mim não esta sendo nem um pouco devoto.

Harry soltou outro suspiro impaciente.

- Você acabou de matar meu melhor amigo e a mulher dele. – disse friamente.

- Alto! – exclamou Voldemort erguendo a palma da mão num sorriso vitorioso. – Negativo. Você matou seu melhor amigo e a mulher dele. – o corrigiu.

Harry engoliu as palavras que estavam presas em sua garganta. Não adiantaria retrucar, nunca adiantou. Talvez aquilo fosse um teste. Respirou fundo e disse:

- Certo, mestre. Matei meu melhor amigo e a mulher dele, afinal, quem era eu para me meter com seus preciosos objetos, não? Peço-lhe meus sinceros perdões, e, mereci o castigo que recebi. – disse de má vontade.

Voldemort gargalhou com aquela sua voz rouca.

- Vamos, Harry. Eu sei que você nunca será um comensal realmente devoto a mim, Potter, afinal, matei seus pais, mandei que matassem sem melhor amigo e a mulher dele, obriguei você a seguir uma vida que não queria e mantenho sua melhor amiga sobre ameaça constante. O que te leva a pensar que eu não deixaria que passasse por uma prova antes de aceitar suas lindas palavras sobre querer realmente entrar para o ciclo do mal?

- Eu estou na chuva, não estou? Vou me molhar querendo ou não. Só estou querendo que as coisas não ocorram mais na base da pressão como vem ocorrendo há quase dez anos. Eu nunca vou sair dessa vida, Voldemort. Preciso simplesmente me entregar a ela e quem sabe dessa forma posso ser menos infeliz do que já sou.

Voldemort riu pelo nariz de uma forma sinistra.

- Eu te tornei uma pessoa frustrada, Harry. Não vou acreditar em suas palavras, até porque da ultima vez em que acreditei tive vários desprazeres. Se quiser mesmo ser um comensal de verdade terá que passar por sua prova. – disse e soltou um longo suspiro de impaciência. - Eu ainda a aceito, Harry. Não precisa complicar tanto as coisas.

Ele negou com a cabeça focando a lareira apagada.

- Eu estou decidido a seguir pelo outro caminho que sugeriu. – murmurou.

- Isso será perfeito. Talvez mais duro para você. – disse Voldemort. – Vai merecer um belo cargo aqui nesse castelo se conseguir passar por ela. Alias, como anda? Está progredindo?

Harry respirou impaciente ainda focando a lareira.

- Ela é minha melhor amiga, como acredita que teria algum progresso? – murmurou. – Ontem cheguei atrasado do trabalho e mal agradeci pelo prato de comida que ela havia separado para mim. Matei uma de minhas pacientes.

Voldemort soltou um bufo baixo.

- Lamento ter que informar, Potter, mas, mesmo sendo imortal eu não tenho tempo o suficiente para esperar que você espere que as coisas aconteçam naturalmente. – resmungou – Eu estou começando a achar que o fato que montei de terem nascido um para o outro foi uma completa falha minha. Quase dez anos que espero algum tipo de relação plus entre os dois e nada além de uma simples amizade. As coisas não vão acontecer assim de repente, Harry. Mesmo que se sinta mal por isso, vai acontecer mecanicamente. Tem dois meses para me trazer aqui um daqueles palitinhos trouxas com uma marquinha vermelha na ponta.

- Dois meses? – indagou Harry voltando seu olhar aborrecido para Voldemort. – Você não disse nada sobre estipular tempo quando sugeriu...

- Pois agora eu digo. – Voldemort o interrompeu. – Vou estipular tempo caso necessário. Tem dois meses, Potter. É o suficiente. Se não me aparecer com o palitinho vermelho em dois meses eu vou desistir de te dar esse voto de confiança.

Harry suspirou relutante e de má vontade assentiu com a cabeça. Levantou-se e seguiu em direção a porta passando por ela sem ao menos bater a continência como todos os outros comensais.

Voldemort acomodou-se em sua poltrona começando a sentir a brisa fria da noite contra sua pele branca e áspera. A lareira acendeu do nada iluminando o quarto que há minutos atrás era iluminado pelos últimos vestígios de sol do dia e ele pensou “Você é tolo como uma pedra, Potter. Desistirá disso tão cedo quanto imagina.”.

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N/A:

Obrigada pelos comentsss!!!
Eu realmente axei q naum chegaria a receber nenhum!!!
*-*
=**

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