Vinte



- Saiu do meu caminho, Malfoy? – indagou ele num ar falsamente incrédulo. - Isso não é nada gentil a se dizer. Você é uma visita, por favor, comporte-se!

Ela fez um careta e tentou desvencilhar-se dos braços do garoto, entretanto, ele a pressionou mais contra seu corpo a deixando completamente presa.

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- Onde estão os donos dessa casa afinal? – zombou a ruiva com um fino sorriso assim que finalmente conseguiu atingir um comensal que encontrara no caminho que caiu inconsciente no chão com toda a força que batera na parede.

Duelara bravamente com ele e acabara voltando do ponto onde começara, o saguão. Ela já acreditava que do barulho que fizeram quebrando moveis e vidros pelo caminho fora o suficiente para acordar a mansão inteira.

- Que diabos é toda essa barulheira? – alguém vinha gritando enquanto descia a escada central.

Gina ergueu o olhar e direcionou sua varinha assim que avistou Narcisa Malfoy que parou abruptamente no meio da escada ao vê-la.

- Nem tente sacar sua varinha! – ordenou a ruiva. Abriu um sorriso maroto e riu. – Te peguei!

A mulher fez uma careta de ódio.

- Como ousa invadir minha casa sua sujinha? – vociferou descendo lentamente os degraus até chegar ao saguão.

- Sujinha? – indagou Gina e riu incrédula. – Sujinha por um acaso é porque não tenho uma casa com piso de mármore? Pelo menos eu não irei ter uma passagem para Azkaban quando acharmos o que vocês escondem sobre você-sabe-quem aqui!

- DRACO! – berrou a mulher ainda se aproximando da ruiva a passos lentos. – Eu não faço idéia do que está falando, mas sei que quem vai ter passagem para Azkaban é você por invasão! Sua fedelhazinha! DRACO! – tornou a berrar o nome do filho.

- Hei! – ela exclamou. – Pare já aí! – a loira continuou a caminhar lentamente. – Eu mandei parar! – ordenou num tom mais alto e mais ameaçador.

A mulher parou ao olhar o comensal que a menina derrubara jogado de mal jeito próximo a parede da porta de entrada.

- Você se acha muito esperto, não? – indagou a mulher aparentemente inquieta e nervosa.

Gina não fez questão de respondê-la, afinal, ela tinha problemas mais importantes a se preocupar. Não sabia o que faria com a mulher, ela precisava explorar a casa, desejava, e parecia ter sido a primeira a ser atacada e ao menos pode sentir o prazer de fuçar, explorar.

Pensou e tornou a ponderar quando a mulher, a sua frente, parada, falando e murmurando e mais uma vez ela parou de falar para berrar o nome do filho.

A ruiva sorriu assim que decidiu o que fazer com a tal mulher. Aparentemente não havia mais ninguém na casa além daquele comensal, ela e Draco.

- Cale a boca! – ordenou ela e o silêncio logo veio. – Me leve até seja lá o que for que me leve até o esconderijo de você-sabe-quem.

A piscou incrédula a garota e logo depois riu.

- Está ficando louca menina? – indagou ela rindo.

Gina contorceu sua expressão e empunhou mais a varinha.

- Me leve. Até lá. Agora! – vociferou a ruiva pausadamente. – Eu não estou brincando e não vou estar quando te lançar um feitiço e vai ser o mesmo que derrubou aquele dali! – disse apontando com a cabeça para comensal desfalecido as suas costas

Ela viu a mulher engolir a seco e conteve um sorriso satisfeito.

- DRACO! - a mulher tornou a berrar.

Gina revirou os olhos.

- Pare de berrar! – ordenou a ruiva já criando raiva. – Essa casa é enorme, ele não ira te escutar assim. Me leve até o esconderijo. Agora! Eu quero agora!

A loira mexeu-se inquieta e olhou de um lado para o outro. Gina notou o desespero da mulher por ninguém ter aparecido e viu sua respiração se tornar demasiadamente rápida.

- Olhe... – começou ela gaguejante. – Eu vou levar você, certo... Mas por favor, acalme-se...

- Não vai levar ela a lugar algum, mamãe! – Draco a interrompeu aparecendo pela porta da pequena saleta a direita.

A mãe do garoto arregalou os olhos assim que o viu. Ele os braços envolta de Hermione deixando completamente imóvel. Sua varinha estava apontada para a parte debaixo do queixo da garota e ela empinava a cabeça a fim de evitar que a ponta da varinho dele ultrapassasse sua pele.

Ambos caminharam lentamente até chegarem próximos a Gina e Narcisa. Do lado de fora, um trovão soou displicente, o primeiro de uma longa noite de tempestade.

Gina estava atordoada. Ele não podia ter esperado um pouco mais para aparecer? Ou podia pelo menos ter aparecido sem Hermione. Agora a situação estava mais complicada. Gina Tinha a Narcisa. Draco tinha a Hermione. Onde estaria Rony para livrá-los dessa? Harry precisava ficar debaixo da capa, haviam combinado que Harry ficaria debaixo da capa, sempre debaixo da capa! Ele era a quem Voldemort queria e justamente por isso, ele deveria sempre estar debaixo da capa, para ninguém ter conhecimento de sua presença ali. Onde estaria Rony?

- Deixe minha mãe ir, Weasley! – ordenou Draco. – Deixe-a ir ou sua amiga vai ficar em situação pior do que está.

- Eu não cedo a chantagens de um sonserino boboca, Malfoy! – urrou Gina. – E Hermione sequer tem um arranhão!

- Desembucha logo onde estão os outros dois. – falou Draco ignorando o comentário anterior da garota. – O Potter e o frangote Weasley.

Gina sorriu.

- Nós estamos sozinhas seu idiota! – ela disse e Draco riu alto. – O que foi? – indagou fazendo uma careta. – Pensa que por sermos do sexo feminino não somos capazes de invadir uma casa, ou porque somos somente garotas?

- Draco! – Narcisa exclamou repentinamente. – Não dê ouvido a ela. Não perca tempo comigo. Você tem alguém importante nas mãos, leve-a ao castelo agora! Sabe como ir.

Draco olhou para a mãe e fechou sua expressão.

- Não vou agora! – ele disse como se não fosse óbvio. – Sei que o Potter e aquele ruivo estão aqui!

- Vá logo! – ordenou a mãe seriamente.

- Hei! – exclamou Gina – Parem de falar.

- Eu não vou agora, mamãe. Ela não ira fugir...

- Vá agora, Draco Malfoy! – ordenou a mãe .

Gina aproximou-se perigosamente e deixou a ponta de sua varinha na garganta da mulher.

- Parem de conversar! – quase gritou.

- Mas você está sozinha...

- DRACO! – gritou a mãe por fim. – Leve-a ao castelo agora! Leve-a!

- CALEM A BOCA! – berrou Gina – Você não vai a lugar algum, Malfoy.

- Mamãe...

- Você sempre quis o prestigio do mestre! Vai tê-lo se entregá-la. Tem ela em mãos, meu filho, vá!

Draco hesitou focando a mãe enquanto a respiração de Hermione começou a ficar estranhamente descompassada e ofegante.

- Ele não vai a lugar algum sem antes soltar Hermione! – a voz de Harry soou enquanto ele despia-se da capa logo atrás de Draco com a varinha já apontada para o mesmo.

- Harry, não! – exclamou Gina indignada finalmente desviando seu olhar da mulher a sua frente.

- Não... – Hermione gemeu baixo e Draco a apertou abrindo um sorriso largo.

- Olha quem apareceu! – zombou o loiro.

- Harry, mas que inferno! – exclamou Gina lançando a ele um olhar completamente aborrecido. – O que havíamos combinado?

- Fique quieta Gina e trate de olhar para quem você ameaça! – urrou Harry – Por que ainda não soltou Hermione, Malfoy? Não deveria estar indo para um tal castelo?

- Deveria e vou! Só não soltei sua queridinha porque vou levá-la comigo. – respondeu Draco calmamente.

- Se não reparou, Malfoy, é mais fácil eu te azarar do que você sair correndo com ela. – apressou-se Harry a retrucar.

O que se seguiu após as palavras de Harry foram uma seqüência de fatos acabados e inacabados que aconteceram tão rapidamente quanto, ao que pareceu Harry, flashes.

Rony surgiu correndo escada abaixo e gritando algo como “Não acreditem neles...”. A mãe de Draco deu um salto para trás no mesmo instante, sacou sua varinha e lançou um feitiço em direção a Rony que desviou, desequilibrou e rolou os diversos degraus que ainda faltavam.

Gina gritou o nome do irmão assustada e no segundo seguinte ela urrava alto e jogava milhões de azarações em cima da Sra. Malfoy. Harry havia perdido sua atenção em Draco quando viu o amigo desfalecido ao pé da escada e somente tornou a olhar para eles quando Hermione gritou seu nome, alto, claro e num ar desesperado. Mas já era tarde, num “crack” Draco e Hermione sumiram.

Harry ficou estático, ofegante e de olhos arregalados. A voz de Hermione gritando por seu nome ainda ecoava em sua cabeça. Haviam a levado. Haviam a tirado dele. O que iriam fazer com ela? E ela havia gritado seu nome.
Seu nome!

Ele acordou de seu transe quando sentiu a ponta de uma varinha ser pressionada contra seu tórax. Piscou duas vezes e visualizou um homem a sua frente. Era o comensal que surgira atrás de Rony logo que ele havia desabado da escada.

- Vamos rapaz, já era para você. – o homem disse calmamente abrindo um sorrido de canto.

Haviam levado Hermione. Era culpa dele. Não havia feito nada. Ele devia protegê-la. Prometera isso a si quando ela lhe disse que estava com medo do lado de fora. Mas não, ele havia falhado a sua própria promessa. O sangue começou a fluir e a pulsar em sua veias. Sua respiração ofegante se tornou uma raivosa e no instante seguinte seu punho se ergueu e com uma violência brutal ele atingiu o meio do rosto do comensal a sua frente que caiu inconsciente no chão.

Tal feito fez com que Gina parasse de ordenar feitiços e mais feitiços seguidos e lançasse um olhar surpreso a Harry. Seu queixo caiu ao ver o homem inconsciente no chão com o sangue lhe escorrendo o nariz e a boca.

Ele passou por cima do corpo e com a varinha em punho apontava diretamente para a mãe de Draco que estava ofegante e sem a varinha que a muito Gina havia a repelido.

Gina era rápida e despreocupada, Hermione era capaz de lembrar-se de feitiços inimagináveis durante uma batalha e sua mira era completamente certeira. Ambas num duelo faziam com que qualquer comensal fosse ao chão inconsciente em segundos sem hesitação.

- Me leve até esse castelo, agora! – vociferou Harry com um olhar assustador que fez Gina ter certeza de que ele tomaria conta de tudo sozinho. Num ato inesperado ela guardou sua varinha e correu até Rony ainda desacordado ao pé da escada.

A mulher a frente de Harry continuou somente ofegante. Sem nenhuma palavras, no momento, a declarar. Harry empunhou mais firmemente a varinha e respirou fundo tentando conter toda a sua culpa. O “Harry” que Hermione gritara ainda ecoava em sua mente. Ele poderia a perder. Para sempre? Não, por Deus, NÃO! Sentia como se estivesse caindo de um grande penhasco onde não tinha conhecimento de que quando se estatelaria no fim.

- Olhe a sua volta! – Harry proferiu. - Nós derrubamos dois do seu time, podemos derrubar você e mais quem apareceu aqui.

- Vocês precisam de mim! – exclamou a mulher na defensiva.

Harry forçou um riso alto.

- Precisamos de você? – indagou incrédulo. – Essa casa é enorme, mas posso me virar sozinho! Eu sempre aprendi a me virar sozinho...

- VOCÊ MATOU MEU IRMÃO SUA VADIA! – a voz de Gina soou num berro quando ela se levantou imponentemente lançando uma olhar feroz ao qual Harry nunca vira a ruiva lançar a alguém antes.

- GINA! – Harry gritou quando ela avançou num passo perigoso em direção a mulher.

A garota parou e olhou para Harry.

- Harry, ela fez Rony rolar escada abaixo! – protestou a ruiva.

- Ele vai ficar bem. – disse Harry ainda revoltado olhando para a mulher loira.

- Ele não acorda quando eu o chamo e bato nele! – falou Gina.

- Ele vai ficar bem! - tornou a repetir Harry com mais veemência. – Ela vai nos levar até o castelo.

A mulher se ergueu prepotente, empinou o nariz e tomou ar dizendo claramente:

- Não vou levá-los a lugar algum.

Harry riu, suas mãos tremiam enquanto ele segurava sua varinha como quem estaria segurando o pescoço de seu pior inimigo.

- Pare de provocar o meu ódio que já está bastante incomodado com toda essa situação. – rugiu Harry com todo ódio que o consumia por dentro.

A mulher ajeitou sua postura novamente e começou num voz pausada e firme.

- Eu. Não. Vou. Levá-los... – mas parou assim que viu o garoto abrir a boca, puxar ar e começar a pronunciar um feitiço ao qual ela conhecia, não era exatamente uma maldição imperdoável, mas aquela azaração era horrível, sim ela conhecia, e não, ela não queria ser atingida por aquilo. Onde diabo de livros aquele garoto andara fuçando para encontrar tal azaração. – CERTO! – ela berrou e o viu parar quase no fim do feitiço. Respirou aliviada e sentiu seus músculos relaxarem. Estava na hora de se render. – Eu os levarei.

Harry finalmente abriu um sorriso vencedor.

- O que espera? – indagou ele tornando a fechar sua expressão ao perceber o quanto a mulher tinha uma expressão de alivio.

Ela hesitou e então finalmente começou.

- No segundo andar, bem para o fim da casa, há um aposento onde meu marido guarda as chaves de portais que levam ao castelo. Eu não quero acompanhá-los, por favor, vão sozinhos! Agora, abaixe essa varinha! – disse de uma vez só.

- Não. - disse Harry calmamente. – Você vai nos acompanhar e eu não vou abaixar a varinha. Onde está Lucius Malfoy?

- Ele não está em casa, ele está no castelo do Mestre, todos os comensais ficam por lá. Agora, por favor, não me faça levar vocês até lá, não me force a trair o que meu marido confiou a mim!

Harry riu sarcástico.

- Não seja hipócrita! Você já o traiu nos levando até lá ou não. E eu quero que nos leve e assim será! – disse Harry com a voz firme e os olhos faiscantes.

Gina levou um olhar incrédulo ao namorado. Ele cederia! Ao que bem conhecia sobre Harry ele teria cedido. Ele teria um pingo de compaixão pela mulher, era da natureza de Harry Potter. Nos olhos dele ela via faíscas, algo possessivo emanava dele, um poder? Talvez! Mas ele estava diferente, ela podia perceber ao longe alguém dentro dele gritar pelo nome de... Hermione? Ela deveria estar pirando!

A loira murchou os ombros diante das palavras de Harry. Não haveria como lutar. Estava desarmada e sim, já estava passando da hora de se entregar e acabar logo com toda aquela cena.

- Certo. – cedeu ela num tom um tanto depreciador.

Deu as costas e começou a caminhar em direção a escadaria. Ao lado, jogado no chão, ela lançou um olhar a sua bela varinha bem polida e brilhosa.

- Nem tente... – Harry vociferou atrás dela e pode sentir a ponta da varinha dele cutucar suas costas.

Ela bufou e desviou o olhar de sua varinha. Subiu as escadas e os conduziu.

A casa era mal iluminada. As tochas nas paredes eram a única fonte de iluminação. Os trovões já soavam sem parar. Harry sentia-se ansioso a cada passo que dava. Finalmente, ele estaria no esconderijo de Voldemort. Mas ao ponderar no caminho percebera que preferia nunca estar lá e ter Hermione ao seu lado agora. Sua mão que empunhava a varinha vacilou por um momento quando a ficha de que nunca mais poderia voltar a sentir um abraço de sua melhor amiga caiu, e assim conseqüentemente foram caindo as fichas seguintes e ele estava começando a cogitar se conseguiria ser capaz de sobreviver sem sua doce Hermione.

Sentiu a mão de Gina sobre a sua que estava erguida e... trêmula. Ela segurou firme sua mão e depois a soltou como se fosse uma forma de mostrar a ele que ele estava vacilando.

Harry a olhou e ela tinha um intrigante sobre ele enquanto apontava sua varinha para o corpo de Rony que flutuava e os seguia ao lado.

- O que foi? – ela sussurrou quase inaudível.

Ele somente maneou a cabeça de um lado para o outro e empunhou firme a varinha tentando afastar pensamentos ruins de sua cabeça. Hermione sabia se virar sozinha, ela era boa, ela conseguiria se livrar dessa... Ele já a vira derrubar tantos. Não seria diferente dessa vez. Esperava que não.

A mulher a sua frente parou abruptamente quase fazendo o colidir-se com ela, mas ele conseguiu parar a tempo de somente fazer a ponta de sua varinha cutucar as costas dela.

- Por que paramos? – apressou-se Harry a indagar.

- Shiiiiii! – fez a mulher num nervoso. Ela chegou a esquina do corredor espiou o fim do outro que era congruente ao que estavam. – Há um guarda comensal ao lado da porta. Esperem aqui enquanto eu irei falar com ele para que os deixem passar...

- Não! – Gina exclamou baixo passando por ela e entrando no outro corredor enquanto apanhava a varinha. Ela entrou com tudo, pronta para atacar, mas suas feições mudaram-se para uma divertida assim que avistou a porta ao fim do outro corredor.

O guarda comensal estava escorado na parede com a boca levemente entreaberta. Roncava baixo e estava prestes a deslizar pela parede.

- Vocês tem um ótimo sistema de guarda aqui nessa casa, hein! – brincou Gina irônica e divertindo-se. – HEI! – ela gritou alto o suficiente para que fizesse o guarda sobressaltar e focar Gina assustado enquanto apalpava suas vestes atrás da varinha. Mas para ele tudo aconteceu de forma simples.

Gina abriu a boca, soltou uma azaração qualquer que logo atingiu o pobre homem que tornou a cair em sono profundo, dessa vez preocupando-se em deslizar até o chão.

- Vamos! – exclamou Gina abrindo um sorriso vitoriosos. – Esse aí não ira acordar nem com um bom banho de água gelada!

Harry cutucou as costas da mulher com a varinha q ela logo passou a andar. O corpo de Rony os seguia equilibrando-se a centímetros do chão. Gina parou em frente a porta e tocou sua maçaneta dourada, porém, hesitou em girá-la.

- O que está esperando? – perguntou Harry grossamente ao ver a ruiva hesitar.

Ela abriu a boca certa de duas vezes, mas em todas as vezes a fechou sem nada a pronunciar. Ponderou por mais um minuto e quando Harry tomou a frente para fazer o que há tempos ela deveria ter feito, a garota o deteve pelo braço.

- Harry, isso foi fácil demais? – sussurrou ela quase inaudível.

- O que? – indagou ele confuso.

- Chegar até aqui! – respondeu ela. – Encontrar logo de cara uma chave de portal que leva a você-sabe-quem!

Harry fechou sua expressão de imediato.

- Claro que não, Gina! – a raiva apossou-se dele. – Levaram Hermione! Nos tiraram Hermione! Se chegar até aqui foi fácil é porque somos bons, mas não bons o suficiente ao ponto de protegermos todos nós! Gina, não importa o que há do outro lado dessa porta. Seja lá o que for, seja lá o que nos aguarda, se for me levar até a droga daquele castelo eu não hesitarei. Preciso trazer Hermione de volta. Preciso, dela, você não entende, isso?

Gina deixou que segundos se seguisse em silêncio para que pudesse notar em Harry, seu olhar de desespero por Hermione.

- Harry... – ela começou. – Seja lá o que diz essa tal profecia... – ela hesitou, porém tomou ar e continuou confiante. – vai atrás de cumpri-la e não de Hermione.

Gina se arrependeu de suas próprias palavras assim que viu os olhos de Harry faiscarem de ódio sobre si. Talvez seu tom tivesse sido possessivo demais, ríspido demais e ciumento demais.

Ele desvencilhou-se da mão da ruiva sobre seu braço e a tirou de seu caminho tocando a maçaneta e a girando.

Não seria conveniente que a porta estivesse trancada? Foi a indagação que veio a mente de Harry quando a porta se abriu num ar quase convidativo.

Harry viu a sua frente, um cômodo um tanto pequeno, sua iluminação vinha de um simples candelabro a cima de um prato de cerâmica sobre uma bancada bem ao centro do cômodo. De fundo ao prato, a bancada e ao candelabro uma estante de tralhas e objetos tomava conta de toda a parede. Ele não hesitou a dar um passo a frente. Gina disse seu nome apreensiva as suas costas, mas ele não deu atenção.

Aquele prato seria a chave de portal? Certamente que seria o mais óbvio que fosse. Aproximou-se e avaliou bem a peça que era cheio de desenhos que lhe lembrava de longe o artesanato grego. Uma bela peça para o enfeite da sala de estar dos Malfoy estava condenado a uma sala escura e isolada.

Esquecendo-se completamente de Gina, da mulher Malfoy e do corpo de Rony ele estendeu a mão, lembrando-se de que aquela peça o levaria até Hermione e até Voldemort, mas antes que pudesse tocá-la uma voz soou, uma grossa e máscula que ele bem conhecia e que até então ele não havia escutado desde que chegara ali.

- Você não ira sozinho, Potter. – disse a voz.

Harry virou-se num solavanco e se assustou a encontrar, do outro lado da porta, a Sra. Malfoy com uma das mãos sobre a boca de Gina e a outra com a varinha em punhos sobre a têmpora da Garota. Dentro do cômodo, Lucius saia das sobras de detrás da porta com um fino sorriso nos lábios.

- Levem os dois para as masmorras, Narcisa. – o homem pronunciava enquanto caminhava na direção de Harry.

Gina tentou gritar algo pro entre a mão da mulher, mas tal feito fez com que ela fosse desacordada imediatamente. A loira a pegou em seus braços quando ela amoleceu pelo feitiço que havia lhe lançado.

Harry, ainda com um semblante um tanto assustado tentou avançar, mas sentiu um feitiço o deter, lançando-o para o chão. Sentiu que avançara algum tipo de feitiço protetor que cobria a bancada com o prato assim que a dor de um corte que se abria em sua cocha lentamente e de forma agonizante veio a tona. Ele reprimiu um grito de dor e afastou-se imediatamente da bancada ofegante.

Um riso de Lucio ecoou pelo cômodo. Harry ergueu os olhos enquanto sentia o sangue marcar seu jeans e a dor lacrimante lhe tomar as forças.

- Foi muito ousado ao invadir minha casa, Potter. Mas tudo foi muito fácil para você não? Passar pelos seguranças da frente, entrar na casa, abordar minha esposa. Ninguém consegue apontar uma varinha para Narcisa por mais de dez minutos a não ser que ela deixe, Potter. Seja mais esperto da próxima vez. Se é que ela for acontecer. Creio que seu futuro não esta muito longe agora que eu sei que tem hora marcada com meu mestre. – disse o homem estendendo a mão para a porta e a trancando. – E então? Pronto para uma sessão de tortura antes de visitar o maior bruxo das trevas que já existiu?

Harry o focava do chão. Ofegante e com os olhos faiscantes de ódio. Algo lhe apertava o coração, algo que o fazia somente lembrar-se de Hermione.

- Desde que me leve até o castelo passo pelo que for preciso. – simplesmente disse antes de ver o sorriso de Lucio se abrir e a varinha dele se erguer em sua direção.

Ele não teve medo.



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