O Que Há Por Trás das Máscaras



Capítulo 07

O Que Há Por Trás das Máscaras



A chuva caía com imensa força aquela manhã, e Rose acordou muito cedo graças ao barulho que as gotas faziam ao bater nas janelas do dormitório. Ela tentou voltar para seus sonhos, mas não conseguiu, então com muito pesar, levantou-se e foi direto para o banheiro. Ao sair de lá, já tinha tomado seu banho e vestido as vestes da escola, desceu para o salão comunal pensando no que iria fazer durante aquele tempo, já que não havia ninguém acordado ainda.

- Quer saber? Nada melhor do que aproveitar esse tempo vago para ler! Vou a biblioteca. - dizendo isso, ela passou pelo buraco do retrato, e se encaminhou para lá. O castelo parecia deserto, o único som que se ouvia pelos corredores era dos passos da menina.

Ao chegar à biblioteca, aparentemente vazia, ela pegou seu livro "Hogwarts, uma história", e foi ler pela... Bom, ela já havia perdido a conta de quantas vezes leu aquele livro desde que ganhou de sua mãe, mas ela não se importava com isso, e voltou toda sua atenção para ele.

Scorpius não tinha dormido bem a noite inteira, pra piorar, a chuva não o deixava tentar pegar no sono, pois batia com muita força nas janelas. Então ele levantou cedo, se vestiu e foi para a biblioteca ler. Quando estava escolhendo seu livro, ouviu passos, e por trás da estante mesmo ele conseguiu ver quem era, Rose. “Bem, parece que não sou o único que não consegue dormir.” – Pensou. Ele achou maravilhoso ver Rose ali, assim podia encher o saco da menina mais uma vez, e foi em direção a ela.

- Weasley, você acordada tão cedo? – Scorpius falou, puxando uma cadeira e sentando-se na frente da ruiva.

Ao ouvir a voz do menino, ela ergueu os olhos por cima do livro e teve uma grande surpresa ao perceber que ele estava bem a sua frente, a encarando com aquele olhar de sempre. Sentiu seu coração disparar, mas não ia deixar seu plano de ignorá-lo, então simplesmente virou os olhos, e voltou a sua leitura, que naquele momento não a interessava nem um pouco.

Ao perceber que a ruiva não ia falar nada Scorpius falou:
- Ah, você ainda tá muda... – Scorpius puxou o livro das mãos da garota – Vamos ver o que você está lendo... Ah, esse livro é muito antigo! Você devia se atualizar um pouco... – Ao falar isso o loiro sorriu, mas a ruiva parecia não se importar com ele.

Rose sentiu a raiva crescer dentro dela, teve vontade de voar no pescoço do garoto e puxar seu livro de volta, mas respirou fundo, e ao invés disso, levantou-se, pegou outro exemplar na estante e voltou a ler, como se nada tivesse acontecido.

Scorpius ficou aborrecido porque Rose não revidou sua provocação, mas não deixou a menina perceber. Então ele se debruçou sobre a mesa, abaixou o livro que Rose estava lendo, e ficou olhando pra ruiva com um sorriso inocente no rosto.

A menina se assustou ao ver a ação do garoto, estavam muito próximos e ela não tinha a mínima idéia do que fazer ou dizer, estava hipnotizada com aquele sorriso, que por mais forçado que fosse, era lindo. Resolveu encará-lo por alguns minutos, para ver se ele saía de cima do livro, mas ao perceber que não, ela simplesmente disse:

- Fique com esse também, Malfoy! Vejo que você também está se interessando por leitura, o que é realmente bom! Depois eu termino de ler o capítulo que você interrompeu. - sorrindo da mesma maneira inocente que ele, a menina se levantou e saiu da biblioteca, deixando Scorpius para trás, ainda mais irritado.


****************


O clima na mais famosa Escola de Magia e Bruxaria era de expectativa, já que no sábado haveria a primeira visita do semestre a Hogsmeade.

- Ah, finalmente um dia livre disso aqui! Vou poder me divertir como nunca!!! - disse Tiago, na sexta à noite, quando se juntou aos amigos e primos em volta da lareira do salão comunal da Grifinória.

- Francamente viu, eu realmente não acredito no que ouço - Rose olhou pro primo com olhar de desdém e voltou a ler o livro.

- Sabe Rose, às vezes eu mando corujas pra mamãe só pra confirmar que ela tá viva! - disse Hugo encarando a irmã.

- Ahn? Não entendi. Por que você precisa mandar corujas pra mamãe querendo saber se ela tá viva? - disse a menina confusa.

- Simplesmente porque tem momentos que você é idêntica a ela! Até o jeito de ler Ro, vocês duas tem a mesma ruga de concentração na testa, e isso realmente me assusta!

- Vou encarar essa sua "crítica" a minha personalidade como um elogio, maninho! - Rose fechou o livro que estava lendo e foi se juntar aos demais, em volta da lareira - Então, já pensaram aonde vão amanhã? Estou pensando em ir a Loja de Penas Escriba, quero uma pena nova, e...

- Rose, é final de semana, você realmente vai perder o seu tempo olhando loja de penas e livros, e não sei mais o que? Pelas Barbas Brancas de Merlin, você precisa esquecer de todo esse material e se divertir! - Lily olhava a prima com uma expressão de censura.

- Se você esperasse eu terminar a frase, teria ficado bastante agradecida. - Rose a respondeu com a mesma expressão no rosto - Conforme eu ia dizendo, após ir a Loja de Penas, vou à Dedosdemel, a loja do tio Jorge e é claro ao Três Vassouras.

- Ah, eu vou à Dedosdemel com certeza! – Tiago falou entusiasmado - Preciso comprar mais doces, meu estoque acabou.

- Também, comendo desse jeito é impossível não acabar! Me diga Tiago, alguma vez você já pensou em outra coisa a não ser comer ou dormir? – Rose encarou o primo esperando uma resposta.

- Acho que não existe algo melhor pra pensar, melhor do que ficar atolada em livros... – Tiago encarou a prima – Pelo menos eu sei me divertir.

- É melhor ser uma "atolada" nos livros, do que ser uma esfomeada sem limites!... E outra, quem disse a você que não sei me divertir?

- Se diversão pra você é ficar presa dentro daquela biblioteca... - Tiago olhou pro chão sem muita vontade de continuar a 'briga' com a prima.

- Você sabia que se pode viajar lendo um único livro? - ela olhava pro primo com uma expressão incrédula, não conseguia acreditar que ele não entendesse a importância da leitura - Eu me divirto bastante com eles! E eu não passo o dia todo, presa dentro da biblioteca, eu sei me divertir fora dela...

- Ah, sabe? E como você se diverte fora dela?

- Eu me divirto fazendo... Bom, eu me divirto muito quando estou... Er... Eu me divirto... - ela parou para pensar em como se divertia e veio em sua mente a imagem de Scorpius - AHHHHHHHH não interessa o que eu faço ou deixo de fazer fora da biblioteca ok?! O importante é que eu me divirto mesmo que não acreditem! - ela não reparou, mais já estava de pé e encarando todos com uma expressão de fúria - Chega dessa briga inútil, vou me deitar! E Lily - ela agora olhou diretamente pra prima - acho bom você vir também, não vou ficar batalhando pra te acordar amanhã! - ela se virou e foi andando, e sem olhar pra trás disse - BOA NOITE! - e a única coisa que os outros ouviram depois disso, foi a porta do dormitório das meninas batendo.

Quando todos voltaram a si, Lily reparou que Hugo estava com lágrimas nos olhos e disse preocupada:

- O que houve Hugo?

- Minha mãe morreu! Agora tenho certeza, morreu e encarnou na Rose... - ele estava parado olhando para escada com uma expressão irreconhecível - Preciso mandar uma coruja, papai deve nos querer no funeral! - o garoto tentou parecer sério, mas logo em seguida riu do próprio comentário contagiando todos da sala comunal, que agora só abrigava os Weasley e os Potter.



*******************


Enquanto na Grifinória os primos se divertiam, na Sonserina, especificando mais, no dormitório dos meninos, encontrava-se um garoto, sentado na janela, observando as estrelas, com o pensamento bem longe dali... Quem o olhasse podia imaginar que estava pensando em viagens ou presentes, já que era um menino muito rico. Mas o que Scorpius realmente pensava, era em uma ruivinha, uma ruivinha que havia parado de falar com ele há três semanas (desde o primeiro gelo que levou de Rose, ele passou a contar), e isso o deixava completamente perdido...

- Ah Scorpius, você tem que reagir cara! Não pode ficar pensando nessa garota toda hora, aliás, você não pode pensar em hora nenhuma! Pare com isso, levante-se dessa janela e esqueça essa sujeitinha sabe-tudo! – ele dizia isso pra si mesmo, tentando convencer-se de que era o certo, mais logo em seguida vinha o pensamento:

“Ela é irritante, é chata, mandona, sabe demais, mais cara, é a única menina que mexe com você! E não adianta negar Scorpius, você sabe que é verdade. Mesmo não querendo, mesmo lutando contra, o que você sente por essa ruiva, vai muito além de raiva ou implicância... Scorpius, você tá apaixonado!” – ao pensar nisso, ele reviu na memória todas as vezes que esteve com Rose, e em como se sentia...

*

Enquanto todos riam, Rose estava parada na janela do quarto, sozinha, observando o jardim da escola enquanto pensava.

“Porque eu pensei nele? Eu não me divirto com ele... ora, eu nem o conheço...” – Ela pensou nisso, mas logo após ela se lembrou de como se sentia todas as vezes que brigava com ele, quer dizer, ela realmente gostava da implicância do garoto, e ficar ignorando ele não era nada bom pra ela. “Eu preciso parar de fazer isso... Vai que ele decide parar de brigar comigo de vez... Porque eu to preocupada com isso? Se ele parar é ótimo, não é?” – Rose estava muito confusa, na verdade ela não sabia o que sentia por Scorpius, tinha certeza que não era ódio, afinal ela gostava de brigar com ele, Rose sentia seu coração acelerar sempre que o garoto se aproximava pra mais uma briga, mas não era só por isso, ela gostava de observar Scorpius, ele era muito bonito... Talvez fosse o menino mais bonito da escola, e ela tinha certeza que ele era muito mais do que os outros alunos achavam que era, um ‘filhinho de papai’, que filhinho de papai teria um olhar daqueles? Sem superioridade ou desdém, ela não via nada disso no olhar dele. “Ah, mas o que eu sinto por ele afinal?!”

*

“Não, não pode ser, será que eu gosto mesmo dela?” – Scorpius fez essa pergunta, saiu da janela e deitou-se em sua cama, ainda com o mesmo pensamento. - "Não, definitivamente não!" - Scorpius sentou-se na cama e começou a dar socos no colchão - "Eu nunca gostaria de uma garotinha como ela! Não merece minha atenção..." - ele abaixou a cabeça e começou a encarar as mãos com um ar triste - "... Então por que será que eu tô tão mal?"

*

Rose se levantou e foi para a sua cama, agarrou um travesseiro e deitou-se ainda olhando a janela. - Eu não quero parar de brigar com ele... Porque eu... ai... Eu amo o Scorpius! – Ela disse isso pra si mesma e depois fechou os olhos, imaginou o menino que tanto pensava e finalmente se sentiu mais leve, não estava mais confusa. “É... eu o amo”.

*

Scorpius deitou-se novamente, encarou o teto e disse: - "Pra que eu vou ficar tentando esconder o que tá na cara?!... Eu a amo mesmo..." - Ele suspirou, virou-se de lado e fechou os olhos para contemplar a imagem da menina em seus pensamentos, e dessa maneira, adormeceu.



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