Ser corno ou não ser?



- Rony, aula!
Gina o balançava como era o costume da manhã.
- Tudo bem, já estou levantando.
E voltou a dormir.
Naquele dia, tiveram que entrar correndo, pois haviam chegado atrasados.
- Dá próxima vez te jogo da cama! – Gritou Gina, no corredor, indo para sua sala e deixando o irmão na porta da sua.
- Atrasado, Weasley?
Rony parou de girar a maçaneta da porta e olhou à suas costas. Era Shobber.
- Pois é – respondeu sem-graça.
O treinador riu
- Grande jogo ontem, não?
- sim, sim.
- Parabéns pela defesa final e pela idéia que nos salvou
- Obrigado... Desculpe, senhor, mas me parou só para me dar parabéns?
- Não, não. Queria saber se você já sabe...
- Do que?
- Os Victorianos vem treinar hoje aqui, então não teremos treino.
Rony engoliu em seco.
- Ah...
- Não vai me perguntar o nome?
- Nome de quem?
- Do novo jogador deles. Você é sempre o primeiro a perguntar... Weasley, você está estranho.
- Não, senhor... Tenho que confessar uma coisa. Ontem, após o jogo, vim procurar minha namorada aqui no colégio, pois fiquei sabendo que ela tinha vindo aqui pegar uns livros. Foi então que vi o novo jogador, Krum não é?
- Sim, sim. Mas ele estava sozinho?
Rony hesitou. Nem todos precisavam saber dos seus possíveis chifres com o novo jogador do grande rival, muito menos o treinador.
- Não, estava junto com o resto do time.
- Ah! Agora entre na sala, não pode perder aula.
Rony confirmou com a cabeça e abriu a porta. O professor o olhou mal-humorado.
- Não irá entrar atrasado! Vá para diretoria!
- Professor, perdão, mas o Weasley estava comigo. – disse Shobber a suas costas.
- Ah! Tudo bem, mas que isso não se repita! Horário de aula é horário de aula, não de falar sobre futebol!
- Tudo bem, desculpe.
Rony sussurrou um obrigado e sentou em seu lugar.
Durante toda a aula ele tentou ao máximo se concentrar no que o professor dizia e ignorar Harry. Hermione notou que ele não a havia chamado nenhuma vez e que, por mais incrível que parecesse, estava fazendo os deveres de sala. Isso a assustou. Muito. Algo de grave havia acontecido.
No intervalo, quando se virou para chamá-lo, percebeu que não estava mais lá, apenas Harry.
- Harry, o que ta acontecendo com o Rony?
- Ia te fazer a mesma pergunta. Chamei por diversas vezes ele, hoje, mas se recusa a responder e saiu da sala em disparada. Parecia que ia tirar o pai da forca!
A morena rodou toda a escola a procura do namorado, mas nada feito. Quando voltou para sala, ele já estava lá, sozinho.
- Rony
Ele não respondeu, fingiu não ouvir.
- Rony!
Ela tentou, mas ele continuava se recusando a falar.
- Ronald Bilius Weasley! Dá para me responder?
- Pra que? – se limitou a dizer
- Pra que? PRA QUE? To aqui toda preocupada com você, perdi meu intervalo para te procurar, para saber se está tudo bem, e você me trata com esse desprezo? O que está acontecendo?
- Só me responda, como vou ter certeza que era comigo que você estava preocupada? Como vou saber se era eu que você procurava no intervalo?
Hermione o olhou confusa. Ele mantinha a expressão imparcial, encarando-a com firmeza.
- O que? Ronald, não estou entendendo!
- Ah! Não está? Ou está fingindo não entender?
- Ronald! O que eu fiz pra você?
- Pois é bem isso que eu quero saber!
- Dá pra você falar logo e parar de dar voltas?
- Se é assim que você quer. – ele começou a andar entre as carteiras – Imagina só, um cara escapa da comemoração dos amigos, logo depois do primeiro jogo ganho do campeonato, para poder encontrar a namorada e passar o resto da tarde com ela, ou seja, escolheu a companhia dela ao invés dos amigos. Sobe a arquibancadas a procura sua e acaba encontrando a irmã, que anteriormente estava com ela. A irmã informa que a namorada não estava mais lá, não o esperara porque precisava pegar uns livros muito importantes na escola. Sentido, mas conformado, o namorado anda até sua escola para encontrar com a garota, e a vê saindo do local com um cara, do time adversário, dando altas risadas, e, olha! Sem nenhum livro na mão. – Rony havia parado na janela da sala, virou-se para encarar Hermione, que permanecia imóvel, sucumbida às lágrimas – E ai, gostou da minha história? Pena que não tem um final feliz, não é?
- Rony, não...não é isso que você está pensando.
- Não? Ah! Claro, como eu sou burro não é? Tapado! Afinal, você estava apenas fazendo novas amizades...
- É...Os campeonatos servem para isso, conhecer novas pessoas, fazer amizades...
- AH! Poupe-me Hermione! Já ouvi esse blá blá blá antes! O que você estava fazendo era confraternizar com o inimigo, para não dizer coisa pior!
- Ronald! Não deixarei você me tratar como uma qualquer!
- Não estou te tratando como uma qualquer, de jeito nenhum! Mas é você que está se comportando como uma!
Hermione sentiu a raiva apertar seu coração, e tentou-a descarregá-la chorando, mas não adiantava.
- Então... é o fim? – perguntou, juntando suas forças.
Rony não conseguiu responder porque a sala foi tomada por uma onda de alunos, juntamente com a professora McGonagall, que ordenou que todos sentassem.
Ele sentia sua cabeça girar, ficar dentro daquela sala, naqueles últimos horários, estava sendo uma tortura. Harry o chamava o tempo todo. Se segurava para não o mandar calar a boca. Mas tinha que entender o lado do amigo, estava preocupado, não trocaram nem um oi naquele dia.
Para ele demorou uma eternidade, mas, finalmente, o sinal tocou. Ele se apressou para que ninguém o alcança-se mas foi inútil.
- Rony! – Harry já estava ao seu lado – O que está acontecendo com você hoje?
- Não é nada.
O moreno soltou uma risada irônica.
- Sim, agora já estou tranqüilo.
- Olha, eu só não to afim de conversar ok?
- Ah sim, claro. Rony! Eu passei a aula todo preocupado com você, e nem contar o que aconteceu você quer? Caramba! Sou seu amigo. Estou aqui para as horas boas e ruins.
Rony sorriu
- Tudo bem, mas não quer que eu fale aqui não é? Não no meio do corredor.
- É... Melhor não. Vamos.
Harry foi guiando-o. O ruivo não tinha a mínima idéia pra onde estava indo, nunca havia passado por lá. Quando chegou, conseguiu, finalmente, ver um lugar familiar.
- O campo? Harry, você ta sabendo que vai ter um treino do Victoriano hoje?
- Estou sim – respondeu sorrindo triunfante
- Então! Não podemos entrar lá!
- Claro que podemos.
- Ah sim, se quisermos ser mortos por aqueles brutamontes!
- Não, eles nem nos verão.
Rony estava confuso. Como entrariam sem ser vistos?
Mas o amigo não respondeu, o levou até um agrupado de madeira onde logo à frente havia a arquibancada com um grande buraco na lateral.
- Genial! – exclamou
Harry abriu mais o sorriso.
Eles caminharam por toda extensão da arquibancada pela parte de dentro com o máximo de silêncio possível para que ninguém que estivesse sentado pudesse escutar, e só voltaram a se comunicar quando tiveram certeza que era seguro.
- Agora pode falar, aproveita que o treino ainda não começou.
- Bem... Foi o seguinte. Depois da nossa vitória em cima do Carvalho, eu sai primeiro da comemoração do vestiário e fui atrás da Hermione para passarmos a tarde juntos, mas só encontrei a Gina, que me informou que a ela havia voltado ao colégio para pegar uns livros que eram muito importantes. Então fui atrás dela, mas quando cheguei lá a vi saindo com o ... KRUM!
- O que? Quem? Onde? – assustou-se Harry
- Olha lá Harry! Ela está com ele de novo! E parece que estão indo para algum lugar...
- Onde Rony? Tem certeza que não ta tendo uma alucinação? Porque alunos daqui não podem entrar no treino, e você sabe.
- Sim, tenho certeza! Olha lá!
Harry olhou por entre a greta da arquibancada, na direção em que o amigo apontava.
- Não é possível... Rony. Rony! Onde você pensa que vai?
- Onde você acha? Vou atrás dele, lógico!
- Você é louco ou o que? Os victorianos vão te matar se você colocar essa sua cabeleira vermelha pra fora!
- Prefiro arriscar. Preciso saber o que está acontecendo. E você vai comigo! – Rony segurou firme no punho do amigo e começou a puxá-lo.
- Eu?
- Sim! “Amigos nas horas boas e ruins” lembra-se?
Harry gemeu
- Eu e minha boca grande.
Rony juntou toda coragem que tinha e saiu de debaixo da arquibancada. Entrou no campo em meio a reclamações e ameaças dos adversário, mas os ignorou. Conseguiu ouvir Harry dizer “Estamos só de passagem!” por diversas vezes em resposta.
Quando finalmente saíram do campo, ele se viu em um espaço aberto e avisou Hermione e Krum a alguns passos dali. Se escondeu atrás de um arbusto, junto com o amigo, prestando atenção em tudo que diziam e faziam.
- Bom, agora você pode falar Victor. Estamos à sós.
- Acho que é meio óbvio não é? Já que sei que concorda sobre isso, sobre tudo.
- O que? Não estou entendendo o que quer dizer.
- Vai entender.
Krum foi se aproximando do rosto de Hermione sem cerimônias, até selar seus lábios ao dela. O beijo era meio violento, mas não se esperava menos de um homem daquele tamanho.
Rony sentiu seu estomago debater-se, seu rosto ruborizar-se e seus olhos enxerem de lágrimas. Ele encarou o amigo
- Eu... eu sinto muito. – Foi a única coisa que Harry conseguiu dizer.
O ruivo saiu em disparada, sendo seguido pelo moreno.
Hermione se soltou com dificuldade.
- O que é isso? – perguntou, limpando a boca com as costas das mãos.
- Um beijo.
Ela o olhou feio
- Eu sei que é um beijo, mas quero saber o por quê dele! Por algum acaso você lembra que eu tenho namorado?
- Hermione, eu gosto de você, você gosta de mim, então não enten...
- Para! Como assim? Eu nunca disse que gostava de você.
- Sim, mas uma amiga sua me contou...
Um rebuliço no campo e a voz de Rony gritando um ‘cala a boca!’ chamou a atenção dos dois.
- O que será que esta acontecendo? – questionou Krum
Hermione não sabia, mas com certeza suspeitava. E não era uma boa suspeita.
- Não, não pode ser...
Ela foi em direção ao campo, e viu sua suspeita se confirmar. Era realmente seu namorado aparentemente nervoso e magoado.
- Rony! O que está fazendo aqui? –Ela gritou, o que fez o ruivo voltar alguns passos e ficar a sua frente. Harry apenas assistia tudo, junto com o time.
- Pois eu te faço a mesma pergunta. O que está fazendo aqui com ele? – perguntou, apontando para Krum, que estava ao lado de Hermione.
- Ele me chamou. Ahm... disse que tinha algo para falar comigo.
- Hermione! Não precisa mentir! Nós vimos tudo!
A morena sentiu seus olhos marejarem e abriu a boca mas não saia som.
- Sabe aquela pergunta que me fez mais cedo, se era o fim? Pois agora eu te respondo. Como já tinha te dito, pena que essa história não tem um final feliz. Adeus.
- Rony! – ela gritou, já em prantos. Mas o ruivo não voltou dessa vez e ela temia que ele nunca mais voltasse, pelo menos não para ela.
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N/A: por enquanto é isso gente :)
espero que gostem viiu?
beeijos e comentem!

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