O "Novo Velho" Professor



Capítulo 10


O ''Novo Velho'' Professor





Harry não prestara atenção na nota que recebera, e sim na notícia que martelou em seu cérebro: Lupin morreu! Morreu? Mas como? – pensava Harry.


- Não pode ser verdade – disse pra si mesmo. Então ele se virou para Rony: o amigo estava com uma expressão assustada. Virou para o resto da turma: ninguém pareceu ouvir o que a Profª Trelawney disse; pelo jeito ela falara em um tom baixo. Harry tinha que descobrir uma razão lógica para isso ter acontecido.


- Professora... Isso não é verdade! Não pode ser verdade!


- Infelizmente é, querido...


- Mas professora – falou Rony – teríamos de saber isso, não é? Quer dizer, sairia no jornal e tudo...


- Vai sair no jornal de amanhã, querido. Ele morreu em um acidente de trem, pelo que me diz o globo. Eu vejo sangue, muito sangue...


A sineta bateu. Harry e Rony não esperaram mais nem um segundo: pegaram suas mochilas, recolheram seus materiais e saíram correndo em direção à Sala Comunal da Grifinória. Quando finalmente chegaram lá, Hermione estava sentada na poltrona mais próxima da lareira, contemplando o fogo saltar alegremente.


- Olá! – disse ela – Boa aula de Adivinhação?


- Lupin morreu – falou Rony, sem rodeios.


- Quê? Como assim? Quem disse? Como ele morreu? Ele... Morreu?


- Trelawney nos disse isso – falou Harry, desesperado – Ela disse que Lupin morreu em um acidente de trem!


Hermione, que antes demonstrara quase entrar em pânico, agora ria. Na verdade, riu até demais: demorou cerca de dois minutos para faze-la se controlar um pouco. Finalmente, ela disse:


- Trelawney? Haha! Vocês acreditam nela?


Harry e Rony se entreolharam.


- Mas... – começou Rony – Ela estava... Séria. Quer dizer, quem brincaria com a morte? – perguntou. Mas logo se parou para pensar um pouco e se arrependeu do que tinha dito, em seguida soltou uma gargalhada também – Claro!


- Bem... – falou Harry – Ela teria coragem mesmo para brincar com a morte. Mas ela previu isso.


- Ela inventou isso – disse Hermione. – Harry, até parece que você não conhece Trelawney! Ela previa a sua morte também e, vejamos, acho que você ainda consegue respirar, certo?


Rony soltou uma risada longa. Então, Gina surgiu pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, junto com uma garota que parecia escondida na sombra. Ela subiu em direção ao dormitório das meninas.


- E aí pessoal! – cumprimentou Gina, sentando em uma poltrona ao lado de Rony.


- Lupin morreu – falou Rony.


- Você poderia ser menos direto sabia, Rony? Dizer assim desse jeito é de espantar! – ralhou Hermione.


- Ah, cala a boca! – gritou Rony. Ele e Hermione começaram a discutir como duas criancinhas de três anos.


- Harry... Como? Rony disse Lupin? – perguntou Gina.


- Sim, foi Lupin. A Profª Trelawney que me disse: ele morreu em um acidente de trem!


- Nossa... Mas eu não acredito! Como pode? E quando isso aconteceu?


- Não sei, só pode ter sido hoje já que não divulgaram nada no Profeta Diário... Mas o pior de tudo é que talvez Snape seje nosso professor de DCAT agora...


- Snape? Se for ele eu saio da escola! – gritou Gina em meio aos xingamentos de Rony e Hermione.


- Ninguém teve aula de Defesa Contra as Artes das Trevas hoje? – perguntou Harry.


- Não, acho que não. Eu distribuí os horários, mas acho que... Não, definitivamente, nenhuma turma teve aula hoje de DCAT.


Rony se afundou em uma poltrona, Hermione em outra. Bufavam de raiva agora.


- Mas o que eu não entendo – disse Harry para os amigos – é que Trelawney tem fama de errar previsões, mas se Lupin não morreu mesmo e é realmente o novo professor... Lupin vai ficar, no mínimo, furioso com a Trelawney! Quer dizer, ela brincou com coisa séria...


- Lupin é pacífico – falou Gina – E Trelawney é uma vidente errante. Ele vai rir quando souber disso. Eu acho...


Alguns minutos depois, Harry, Rony, Hermione e Gina foram juntos até a Salão Principal para o jantar.


- E aí Nick! – cumprimentou Rony, bem mais feliz agora sentando ao lado do fantasma.


- Olá – respondeu Nick, tristemente.


- O que houve, Nick? – perguntou Hermione, preocupada.


- Bem, é um caso estranho. Eu estava andando durante as férias de vocês e, bem, eu achei uma fantasma um tanto triste. Eu a achei interessante, sabem? – Nick cutucou Rony (o cotovelo dele atravessou o braço de Rony).


Harry, Gina e Hermione riram. Pelo jeito, Nick arranjara um caso amoroso.


- Mas então por que você está com essa cara, Nick? Tão triste, quero dizer... – falou Rony, se desvencilhando do cotovelo do fantasma que ainda insistia em cutuca-lo.


- Bem, como ela estava triste, eu decidi alegra-la. Ela até ficou feliz, sabem, mas ainda assim ela tinha menos senso de humor do que Filch.


- Nossa! – exclamou Gina – Deve ter mesmo muito pouco senso de humor!


- É... – continuou o fantasma – Então eu me apaixonei por ela! – Nick corou estranhamente: sua ''pele'' branco-pérola ficou rosada e isso foi muito esquisito – Eu pedi a Dumbledore para leva-la aqui para Hogwarts.


''Claro que ele aceitou. Então desde já eu convivo com ela...''


- Mas... - começou Hermione, se servindo de tortinhas de chocolate – Eu ainda não entendi o porquê dessa cara, Nick.


- É que eu descobri que a tristeza dela era porque... Bem, ela não quer mais ser fantasma, sabem? Quer descansar... Então ela vem se suicidando desde então.


- Uma fantasma suicida? – falou Rony – Desculpe, Nick, mas isso é ridículo!


- Eu também acho, mas ela ainda tem falsas esperanças de morrer.


- E qual é o nome dela? – perguntou Gina.


- Tarya. – respondeu o fantasma, e soltou um longo suspiro. – Bem, tchau. É melhor eu ver o que essa louca está fazendo agora, se é enforcamento ou choque elétrico...


- Tchau Nick... – despediu-se Rony do fantasma que ia se afastando...


Quando ele já estava bem longe, Harry comentou:


- Enforcamento? Choque elétrico? Que coisa...


- Ridícula – repetiu Rony.


- Ei pessoal – chamou Hermione – Olhem, ainda não tem nenhum professor de Defesa Contra as Artes das Trevas ali na mesa deles, olhem...


Realmente, não havia ninguém ocupando a cadeira vazia que ali estava.


- Mas... Se ali tem uma cadeira vazia...! Snape não é o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas! – exclamou Harry.


- Ah, é claro! – Hermione entendeu o que o amigo havia dito. Se Snape realmente fosse o novo professor, não haveria necessidade de mais uma cadeira.


- Mas Trelawney disse que poderia ser Snape ou aquele tal de Cursher... – falou Rony, desanimado.


- É mesmo... – a alegria de Harry murchou rapidamente. Ele agora não acreditava mais em Trelawney e achava que o ''novo velho'' professor seria Lupin. Harry não queria acreditar que ele estava morto; simplesmente não pode ser verdade.


- E aí pessoal! – Neville se aproximara deles, sentando ao lado de Rony, onde Nick estava.


- Hehe, escuta essa Neville! – Rony contou sobre Tarya, a fantasma suicida.


Neville pareceu chocado com a história, mas também a achou estranha.


- Harry – disse o garoto – acho que temos de contar para Simas que eu sou o goleiro... De forma indireta, talvez.


- Indireta? Como assim?


- Bem, você chama ele para dar uma olhada no mural de times aqui na entrada. Diz para ele ver quem é o novo capitão do time da Sonserina, sei lá. Daí ele provavelmente vai dar uma olhada no time da Grifinória.


- É, é bom mesmo terminar logo com isso. Aliás,se pegarmos Malfoy no primeiro jogo, temos que esmaga-lo, hein? – Rony olhou com os olhos brilhando para os amigos.


- Ah... Ok, você vai junto Neville? – perguntou Harry.


- É melhor...


Os dois foram até onde Simas estava e o chamaram. Agora caminhavam em direção ao mural da entrada da escola.


- Você tem que ver, adivinha quem é o novo capitão da Sonserina? – dizia Harry.


- Hum? Não sei, eu não olhei o mural não...


Agora chegaram. Ali vários avisos estavam afixados, assim como os horários das aulas para cada turma de estudantes. Em um canto, um pergaminho informava os times das casas com os jogadores já escolhidos.


- Malfoy! – exclamou Simas – Não acredito! Vamos ver o time que ele está preparando... Crabbe e Goyle? Os dois retardados vão saber bater em uma goles com os bastões?


Harry soltou uma risadinha nervosa.


- Pansy Parkinson? Ela joga bem? – Harry disse que não sabia – E esses do quarto ano... Ei! Olha só! A Kareen joga no time deles!


- Hã? – Harry estava distraído pensando em que falar quando Simas visse que Neville era o goleiro da Grifinória – Que Kareen? Ah, você tá falando do pessoal do quarto ano que o Malfoy pôs no time?


- É, mas essa Kareen é tão boa quanto sei lá quem! Ela é artilheira e é muito boa já a vi jogar só de brincadeira antes...


- Eu nunca vi ela – falou Neville – É boa mesmo, é?


- Sim, sim, é muito boa. É melhor os nossos artilheiros tomarem cuidado com ela. Aliás, quem você escolheu para o time, Harry? Que já estão confirmados, quero dizer...


- É... É só olhar ali – respondeu Harry, apontando para o time da Grifinória.


- Gina! Não sabia que ela jogava bem! Vejamos, quem mais? Hermione? Hermione? – repetiu Simas – Harry, você está certo de que... Hum... Quero dizer, Hermione vai jogar quadribol?


- É, ela é realmente boa, você tem que vê-la, sabe. Me surpreendeu também.


- Então veremos! – disse Simas, agora rindo levemente – Batedores... Só uma vaga, do Rony! Também, já é de família o sangue de quadribol que ele tem, não é? E goleiro, que futuramente é a minha vaga, está vazi... Neville?


Simas olhou espantado para os dois. Neville mordeu o canto da boca e disse alguma coisa baixinho.


- Escute, Simas, Harry já havia... – Neville tentou começar a falar, mas Simas não prestou muita atenção.


- Harry! Você escolheu Neville! NEVILLE!


- Simas, escute, eu já tinha escalado ele antes para o time. Você... – Harry tomou cuidado com as palavras que usava – Você chegou atrasado...


- Eu me preparei TODO o verão treinando e treinando e treinando para ser goleiro da Grifinória.


- Neville também fez isso! – protestou Harry. Realmente, Neville também treinou todo o verão para se preparar como goleiro.


Simas ficou muito vermelho agora. E surpreendeu Harry e Neville ao pedir desculpas aos dois.


- Desculpa – disse ele e deu um longo e profundo suspiro – Se você não quer nem deixar nós dois nos enfrentarmos é porque você está confiante nele. Parabéns Neville! – falou Simas, sinceramente.


- Então você vai querer se candidatar a algum outro posto? – perguntou Harry, animadamente – Ainda dá tempo de aprender várias coisas, é só se dedicar!


- Não. Eu já sei o que vou fazer. Mas tenho que ler muito... Legal! Neville, espero boas defesas de você! – desejou Simas, dando um tapinha nas costas do amigo.


Simas subiu as escadas que levavam à Torre da Grifinória. Não parecia estar triste; muito pelo contrário, abriu um imenso sorriso.


- Entendeu alguma coisa? – perguntou Neville, quando estavam se dirigindo à mesa da Grifinória no Salão Principal.


- Não. O que ele quis dizer afinal? Já sabe o que vai fazer, mas tem que ler muito?


- Sei lá. Mas em breve descobriremos – respondeu Neville misteriosamente.


- E aí, como foi? – perguntou Rony, quando Harry sentou ao lado dele.


- Beleza – respondeu o garoto – Simas aceitou numa boa e ainda disse que agora que não vai mais concorrer à goleiro da Grifinória, ele quer fazer uma outra coisa... E não me pergunte o quê, porque eu não sei.


- Pobre Neville – comentou Hermione. O menino estava sentado ao lado de Dino bem longe deles. – Malfoy vai falar muito dele.


- Até nem sei porque ele ainda não falou. – disse Harry – Mas amanhã eu tenho certeza, na aula de Poções com a Sonserina.


- Droga, tô com um sonooo – Rony bocejou. – Ah, vamos subir logo para a Sala Comunal.


- Ok – disse Harry. Logo depois, Hermione juntou-se aos garotos.


Subiram as escadas o mais rápido que puderam e finalmente chegaram ao quadro da Mulher Gorda.


- Trasgo idiota! – respondeu Hermione antes que a Mulher Gorda perguntasse a senha.


Ela revelou um buraco por onde Harry, Rony e Hermione passaram, chegando finalmente à Sala Comunal da Grifinória.


- Vocês não tinham que praticar o Feitiço da Anulação que Flitwick passou hoje? – perguntou Hermione aos garotos.


- Hermione – começou Rony – hoje é o primeiro dia de aula. E somente você não recebeu o dever de praticar o Feitiço de Anulação. Então somos eu, Harry, Neville, Simas, Dino, Lilá e Parvati para a sua informação.


- Tá, desculpe. Bem, amanhã só temos Poção dupla, Defesa Contra as Artes das Trevas e Trato das Criaturas Mágicas... E ainda temos um período livre! – exclamou Hermione, animada.


- Não me lembre que amanhã temos Poções com Sonserina, Hermione! – pediu Harry à amiga.


- Ah! Eu me lembrei de uma coisa! – Hermione deu um salto da poltrona de onde estava sentada – Profª McGonagall me contou que trocaram os horários entre as turmas! Teremos Trato das Criaturas Mágicas com Corvinal agora! Porém, Defesa Contra as Artes das Trevas será com Sonserina...


- Que bom! Hagrid não precisa mais aturar Malfoy! E como DCAT é uma aula... Hmm... Séria, eu diria... Ele não vai falar de ninguém! – Rony deu um soco no ar.


- É... – disse Hermione – Bem, eu vou dormir. Aliás, amanhã tenho que pegar um livro de quadribol na biblioteca...


Hermione subiu para o dormitório das meninas e Harry e Rony se entreolharam.

- Sabe, ainda não acredito que Hermione está jogando quadribol – comentou Rony. Depois convidou Harry para irem dormir.


O dormitório estava vazio. Harry, que não estava com sono, se aproximou da janela. Ela lhe dava uma vista perfeita da Floresta Proibida. Um vento forte passou pelas folhas secas da floresta. Os troncos grossos das árvores centrais pareciam iluminados. Harry teve uma nítida impressão de que já havia visto essa imagem em algum lugar antes.





O dia seguinte amanheceu com muito vento também. As nuvens se esgotaram da chuva de ontem. Harry se vestiu rapidamente e encontrou Rony na Sala Comunal sentado em uma poltrona.


- Estava esperando você – disse – Finalmente hoje descobriremos quem é o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas... E teremos nossa primeira aula com Hagrid este ano!


- Só espero que ele não nos mostre vermes de novo... – Hermione apareceu por trás de Harry, muito sorridente.


Os três desceram até o Saguão de Entrada e seguiram para o Salão Principal. Estava muito estranho, pois não se ouvia ninguém falando propriamente; todos cochichavam com voz acelerada.


- O que houve? – perguntou Harry a Parvati que estava sentada do seu lado.


- Olhe só o nosso novo professor de DCAT! – Harry receou que fosse Snape, mas pelo tom de alegria de Parvati, só poderia ser...


- Lupin! – exclamou Hermione e vários olhares se viraram para ela – Eu disse, Harry! Ele não está morto!


- Morto? Como assim? – perguntou Neville.


- Trelawney fez uma previsão dizendo que ele tinha morrido – explicou Rony, agora aos risos – Ah, ela realmente não passa de uma charlatona mesmo.


Harry, que ria junto com Ronny, nem prestara atenção a Edwiges que pousou do seu lado, em meio a uma multidão de corujas que voavam no Salão Principal.


- Harry, tem uma carta para você. – disse Gina.


- Quê? Ah...


Harry puxou o pedaço de pergaminho preso à perna da coruja e leu:





Caro Harry





Olá! Tudo bem aí em Hogwarts? Espero que sim... Bem, parabéns por ter se tornado o novo capitão do time, isso é ótimo! Sobre os jogadores, você esqueceu da Katie Bell, lembra dela? Você talvez pensou que ela já tinha se formado...

Sobre batedores, eu sugiro que você escolha alguém forte... Não reparei em ninguém, mas o ideal seria escolher alguém do sexto, sétimo ano... E com os artilheiros, eu sugiro alguém veloz e de muita boa mira e técnica, que é importante para essa posição.


É isso, então! Muita sorte com os jogos!





Olívio Wood






- Não acredito! Eu esqueci da Katie! – exclamou Harry.


- Katie? – repetiu Rony, com tom de indagação – Mas... Ela não está formada já? Mas de quem é essa carta afinal?


Harry passou o pergaminho para Rony.


- É mesmo! Harry é melhor você ir procurar ela logo!


- O que houve? – perguntou Hermione, que falava com Gina e não prestara atenção em Rony e Harry.


- Depois eu te conto – responderam Harry e Rony ao mesmo tempo.


Quando a sineta bateu, Harry e Rony (que tinham Poções agora) saíram para procurar Katie. Logo a acharam, nas escadarias do Saguão de Entrada.


- Katie! – falou Harry.


A garota se virou para ele, com uma expressão de preocupação.


- Harry! Rony! Eu queria mesmo falar com vocês! – disse ela, com uma voz esganiçada.


- Ah... Bem, eu... Eu... – como ele poderia dizer que simplesmente esqueceu que Katie existia?


- Acho melhor eu falar primeiro, certo? – disse a garota e Harry concordou com ela – Bem, esse ano será o dos N.I.E.M's, sabe, e eu acho que vou sair da equipe de quadribol... Minha mãe e meu pai só estão pedindo para eu tirar boas notas e então eu acho melhor ter uma preocupação a menos! Eu sei que você é o novo capitão, Harry, então se quiser alguma ajuda, eu estou aí... Mas o que era mesmo que você queria falar?


- Eu? Eu não... – Rony pisou no pé dele – Ah! Era o treino de quadribol, eu queria só de avisar... Mas tudo bem, então! Torça por nós!


- Claro! Agora eu tenho que ir, Harry! Tchau!


Ela soltou um imenso sorriso e desapareceu na multidão, caminhando apressada.


- Nossa, que sorte – falou Rony, quando eles se juntaram com Hermione nas masmorras em direção à sala de Poções.


- É mesmo, eu não saberia o que dizer...


- O que houve afinal? – perguntou Hermione, irritada.


- Olívio me mandou a resposta da carta, lembra? Então ele falou em Katie Bell, que ela poderia ser a artilheira que faltava... E eu esqueci dela!


- Ah, Harry, isso foi realmente um grande erro... – comentou Hermione – Mas você foi falar com ela?


- Sim – respondeu o garoto, parando em frente à porta da sala de Poções – Por sorte, ela desistiu de fazer parte da equipe. Ela quer se dedicar aos NIEM's.


Draco Malfoy chegou com seus comparsas Crabbe e Goyle. Ainda estava acompanhado de Pansy Parkinson, que sorria sem parar com sua cara de buldogue.


- E aí, capitão Cicatriz! – disse ele, em voz alta para todos ouvirem – Acabei de ver que você escolheu Neville para o seu time! Neville, pessoal!


Crabbe e Goyle riram como dois retardados, e Pansy como um ratinho, a voz esganiçada e histérica. Os demais sonserinos se juntaram às gargalhadas. Harry sentiu que Neville olhava para ele.


- E eu vi você escolher Crabbe e Goyle para seu time, Malfoy – desdenhou Harry – Será que eles têm capacidade de saber diferenciar esquerda e direita?


Agora era vez dos grifinorianos rirem sem parar. Malfoy amarrou a cara.


- Força, Potter. Sabe o que é isso? Crabbe e Goyle podem mostrar para você.


Draco estalou os dedos e os dois amigos dele rumaram contra Harry, os punhos levantados. Harry não estava a fim de ser surrado; dane-se se ele fosse cumprir detenções.


- Expelliarmus! – gritou Harry, apontando a varinha para Goyle, o mais próximo dele. O garoto voou longe e bateu fortemente na parede das masmorras.


Para surpresa de Harry, um segundo ''Expelliarmus!'' foi ouvido e Crabbe foi jogado para longe também: Rony executara o feitiço.


- Valeu.


- Tínhamos que dar uma lição nesses idiotas, não é mesmo?


- Será mesmo, Sr. Weasley? – disse uma voz fria.


Snape tinha o dom de aparecer do nada atrás das pessoas e surpreendê-las.


- O que os Sr. Crabbe e Goyle fizeram para o Sr. Weasley e o Sr. Potter usarem feitiços aqui nas masmorras? – perguntou o professor. Mas ele não esperou resposta nenhuma; não queria saber que Malfoy era o culpado de tudo isso – Acho que um castigo faria bem para os senhores. Aliás, um castigo coletivo, para se dizer melhor, não? Afinal, o Sr. Potter é o novo capitão do time da Grifinória, e como tal tem que ter responsabilidade suficiente para esse cargo. As notícias aqui em Hogwarts correm muito rápido, então nada de treinos até a escolha de seus novos jogadores, Sr. Potter. E entrem nessa sala, afinal! – disse o professor, por fim.


Harry, Rony e Hermione, como de costume, sentaram nos últimos lugares da sala, bem no fundo. Quando começaram a armar seus caldeirões, Neville chegou até eles.


- Desculpa, Harry. Eu... Acho que eu não deveria ter entrado na equipe de quadribol mesmo. Vou sair...


- Não! Vai deixar Malfoy te derrubar, Neville? Não lembra, no primeiro ano, que eu e Rony falamos para você enfrentar ele? Pois agora é a oportunidade, Neville. Mostre a ele que você...


- Mas Snape suspendeu nosso treino de sexta feira!- falou Neville, interrompendo Harry.


- Em seus lugares, Longbottom! – disse Snape, em alto tom. O garoto se afastou de Harry. – Hoje, nosso primeiro dia de aula, será muito cansativo. Me admiro que vocês tenham algumas notas boas nos NOM's, porque em minhas provas a maioria de vocês são deploráveis. – Malfoy, sentado lá na frente com o pessoal da Sonserina, deu um sorriso. – Bem, hoje aprenderemos como fazer uma Poção de Média Cura, para ferimentos leves. E logo em seguida, vocês vão aprender o conceito e o preparo da Poção da Verdade – me admiraria se alguém aqui conseguisse produzi-la corretamente – pois ela leva três meses para estar pronta.


O Professor Snape passou no quadro o modo de preparo da Poção de Média Cura. Era muito fácil de fazer. No fim, até Neville a preparara corretamente. A poção deveria ficar verde-limão, a de Neville ficou um verde-claro, mas muito parecida. Hermione, como sempre, fez a poção perfeita e Rony se saiu tão bem quanto Harry.


Após colocar um pouco do líquido de sua poção em uma garrafa pequena e entregar para Snape, Harry e Rony saíram da sala de aula seguidos de Hermione e Neville, que exclamou para quem quisesse ouvir:


- Finalmente acabou essa aula! Período duplo de Poções cansa muito...
Como a aula durou duas horas, agora já era o almoço.


- E aí Gina! Como vai o Raziel? – perguntou Hermione, sentando-se ao lado da garota, no Salão Principal.


- Bem, mas ele é muito calmo. Não faz nenhum barulho...


- Provavelmente escutando e guardando as suas palavras para o dia em que ele morrer. É o Som da Morte dele, ou Palavras da Morte...


- Oh! Que aterrorizante esse Som da Morte! – falou Rony – Não vejo utilidade nisso.


Harry agora só pensava no quadribol: não poderiam mais treinar sexta-feira, então ele não conseguiria ver se Neville jogava bem ou não. Tentando esquecer o assunto, ele resolveu lembrar a si mesmo que finalmente teria uma aula boa: Defesa Contra as Artes das Trevas.


- O que será que o Lupin vai mostrar para nós na primeira aula? – perguntou Rony para Harry, parecendo adivinhar seus pensamentos – Aqueles bichos-papões foram realmente legais, espero que seje algo à altura disso...


- Mas eu não entendi uma coisa... – disse Hermione – Nenhum pai de aluno queria que Lupin fosse professor, ele próprio não queria mais ser! Como então...


- Sei lá – respondeu Harry e baixou o tom de voz – Temos que conversar com ele para saber onde Sirius está!


Os dois concordaram com Harry e eles decidiram que iriam falar com Lupin na aula livre que eles tinham depois de Trato das Criaturas Mágicas. Enquanto Rony e Hermione conversavam sobre a primeira aula de Hagrid do ano, Harry deixou seus olhos pararem na mesa dos professores e em seguida no Prof. Lupin. Continuava usando roupas surradas, mas parecia menos cansado da última vez que Harry o viu. Ele ainda tinha mais alguns fios grisalhos do que antes. Os olhos de Harry passaram para Snape. Seu nariz em forma de gancho parecia ameaçador: ele olhava para Lupin com uma cara de nojo. Mas isso não era novidade para Harry e ele pensava que Lupin não se importava nem um pouco com isso.


Após Harry, Rony e Hermione terminarem seu almoço, eles foram em direção à sala de DCAT, com seus colegas da Grifinória. Lilá Brown e Parvati Patil ficaram irritadíssimas quando Hermione contou para elas que teriam que dividir as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas com os sonserinos a partir desse ano.


- Pelo menos teremos Trato das Criaturas Mágicas com a Corvinal agora – falou Dino.


- É... – disse Neville – Como será que vai ser nossa primeira aula com o Prof. Lupin, hein? Espero que seje tão legal quanto aquela do bicho-papão!


Neville teve uma aula inesquecível no terceiro ano de Harry em Hogwarts. O garoto foi a estrela principal da aula, ajudando o professor a combater um bicho-papão.


Quando finalmente chegaram na sala (com um tanque de kappas para os alunos do terceiro ano e uma imagem de um vampiro colado na parede com suas partes especificadas para os aluno do primeiro ano) eles ouviram pela segunda vez no mesmo dia aquela voz arrastada...


- Mas afinal aquele monte de trapo velho não vem dar aula hoje? Ah, mas o meu pai vai ficar sabendo disso... Haha! – ouviu-se mais gargalhadas...


Harry entendeu na mesma hora que entrou na sala que Draco falava de Lupin. Ele puxou sua varinha, mas não foi necessário.


- Desculpem o meu atraso! – disse o Prof. Lupin, entrando mais ou menos uns sete segundos depois dos alunos da Grifinória – Eu tive que dar uma palavrinha com o Prof. Dumbledore, mas agora já podemos começar nossa aula. Sentem-se, por favor...


Os alunos sentaram-se. Harry, Rony e Hermione dessa vez foram parar ali na frente da classe.


- Hmm... Pelo jeito mudaram as turmas, agora é Grifinória com Sonserina... – falou o professor – Bem, a última vez que eu estive aqui foi no terceiro ano de vocês, lembr...


- Seria impossível esquecer, nããooooooooooooouuuuuuuuuuuuum! – interrompeu Draco, imitando um uivo. Os sonserinos gargalharam com gosto.


- É... – Lupin ficou sem jeito – Bem, no terceiro ano, vocês estudaram criaturas das trevas. Esse ano será diferente, pois com aproximação dos NIEM's vocês aprenderão vários feitiços defensivos. Quase todas as aulas vocês usarão suas varinhas e organizaremos pequenos duelos também...


Harry e Rony se entreolharam: as aulas, pelo jeito, seriam o máximo.


- E se quiserem algo mais complementar, vocês podem assistir e participar do Clube de Duelos. – acrescentou o professor - Dumbledore me disse que vocês já tiveram aulas de duelos, mas parece que o Clube foi fechado, não?


Alguns alunos da Grifinória acenaram com a cabeça. Os sonserinos estavam todos afastados na sombra, cochichando em grupinhos.


- Bem, o que vamos começar primeiramente serão os feitiços mais básicos de proteção. Acredito que o Protecto vocês já conhecem da aula de feitiços não é? Então o que vocês aprenderão hoje serão os feitiços de Reversão Colateral. Isso exigirá um bom preparo físico de vocês, então como aqui nessa turma são todos magros acredito que não haverá dificuldade... Agora, podem levantar-se das cadeiras.


Após todos os alunos estarem de pé, Lupin fez um movimento brusco com a mão como se fosse um mastro. Ao mesmo tempo, todas as mesas e cadeiras flutuaram uns dez centímetros do chão e se afastaram para o canto. Depois o professor pediu que os alunos formassem trios.


- Bom, primeiro vou ensinar o feitiço de Reversão Colateral e o conceito dele. Alguém faz idéia do que essa magia faz? – perguntou Lupin.


Não foi surpresa nenhuma quando somente Hermione levantou a mão. Harry que estava mais afastado dela ouviu alguém falar algo por trás dele. Se virou e deu de cara com Neville, porém mais atrás dele estava o grupo da Sonserina que, aparentemente, sufocava risadinhas desdenhosas.


- Sim, Hermione?


- Professor, o feitiço de Reversão Colateral é uma magia que se projeta em forma vertical ao lado do corpo que a produz. Ela reverte feitiços, porém este ganha o dobro de força.


- Muito bem! Cinco pontos para Grifinória e serão menos dez para Sonserina se vocês não pararem de rir – advertiu o professor. Não ouviu-se mais nenhuma risada a partir daí. – Agora, a fórmula do feitiço é simples, basta dizer Reversa!. Se concentrem também no feitiço que vão reverter. Agora, eu preciso da ajuda de um aluno. Alguém aqui sabe como se produz o feitiço Petrificus Totalus?


Harry, Rony e Hermione levantaram rapidamente as mãos mas não foram os únicos. Outros alunos como Dino e Lilá se puseram à disposição do professor. Talvez pelo fato de Harry ser o mais próximo de Lupin que ele resolveu lhe escolher.


- Ok Harry. Agora, espere um pouco que vou mostrar à vocês somente como é o feitiço. Reversa! – uma energia vermelha, vertical e de aparência rasgante se projetou no lado direito de Lupin, começava desde seus pés até sua cabeça. – Se o feitiço de Harry encostar essa energia vermelha ele será redirecionado contra Harry. E seu efeito será dobrado. No caso, o petrificamento durará mais tempo, mas se fosse um Feitiço Estuporante ele dobraria sua força.


''Mas como vocês podem perceber, essa energia aparece ao lado do meu corpo e Harry provavelmente lançaria o feitiço no meu tronco, na minha barriga, no meu centro, certo? Então a grande sacada é vocês se movimentarem rapidamente para o lado para que o feitiço bata no escudo, entendem? Bruxos mais experientes se arriscam e jogam o seu corpo de lado para mais chances de acertos. Mas eu vou praticar com vocês somente o mais simples que é inclinar o seu corpo para o lado.''


O professor fez uma rápida inclinação curva para o lado o que fez Parvati Patil levar a mão à boca quando deu um gritinho. Ela obviamente imaginara que Lupin já não conseguiria mais fazer isso. Voltando à postura normal, o professor falou:


- Harry, primeiro quero que me atinja com o feitiço. Não farei nada. Depois eu usar a reversão contra você. Reversa!


Uma luz vermelha apareceu ao lado do corpo do professor, e quando ele deu o sinal, Harry gritou:


- Petrificus Totalus! – e apontou o feitiço diretamente no peito do professor. Ele foi imobilizado, enrijecera, mas sua varinha estava apontada para ele mesmo, e disse com muita dificuldade:


- Fi...ni...te... Finite Incantatem! – e voltou ao normal. – Muito bem, Harry. Agora não se assuste, mas você será petrificado. Lógico que depois vou curar você. Pronto?


- Sim – respondeu Harry. Respirou profundamente...


''Reversa! – disse o professor''. Com tudo pronto, Harry lançou mais um Petrificus Totalus contra Lupin mas ele fez um movimento muito rápido e simples: deu apenas um longo passo para o lado, fazendo com que o feitiço atingisse o campo de reversão. Ele voltou contra Harry e o menino caiu duro no chão.


- Finite Incantatem! – Lupin ajudou Harry a se levantar e a turma prorrompeu em aplausos, exceto os sonserinos, é claro.


O resto da aula foi muito prazerosa: divididos em trios, um usava o feitiço Petrificus Totalus contra o outro que rebatia para um terceiro responsável por faze-lo desaparecer.


Exceto por Malfoy que rebateu o feitiço, segundo ele ''sem querer'' contra Hermione, a aula foi muito tranqüila. No final, quando a sineta bateu para a aula de Trato das Criaturas Mágicas Harry, Rony e Hermione se atrasaram para falar com Lupin.


- Professor, podemos conversar com o senhor no fim da aula? – pediu Rony – A nossa é livre...


- Claro, eu não tenho nenhuma. Mas por...


- Sirius – sussurrou Harry – E... Outras coisas...


Ele se lembrou da Prof. Trelawney e não pôde deixar de rir quando desciam as escadas rumo à aula de Trato das Criaturas Mágicas.

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