O Dragão-Serpente-Dourado



Capítulo 5

O Dragão-Serpente-Dourado



- As coisas ficariam mais fáceis se você acordasse, Rony...

Demorou um tempo para Harry perceber que a voz que ouviu foi a de Carlinhos.

- Harry, acorde! Fred, Jorge! – disse Carlinhos. - Rony, afinal você quer ou não quer sair dessa cama?

- Quer que eu seja sincero? – ele gemeu.

Harry pôs os óculos, e vestiu suas calças jeans, com uma camisa. Rony estava realmente cansado.

- Vamos, Rony, acorda! – agora era o próprio Harry que chamava.

- Ahhh, tá bom – ele resmungou.

- Então, Harry, pronto? – Jorge já estava do seu lado.

- Completamente! O Rony que não parece...

- Acho que você ainda conviveu pouco tempo com nós... ele é realmente preguiçoso.

Harry, Fred e Jorge se dirigiram até a cozinha, onde já tinham pratos com ovos mexidos e bacon. Hermione estava já acordada, Gina ao seu lado.

- Vai fotografar, Hermione? – Harry percebeu que sua amiga tinha uma câmera fotográfica pendurada ao pescoço.

- Se formos ao lugar de Twombly e Twiny Hart ainda hoje... receio que não deixam fotografar dragões? – ela perguntou.

- Provavelmente não... ou você vai ofuscar os pobres olhos dos melhores fornecedores de tecido do mundo? Porque eu e Fred já estamos contando os dias para começar a comprar roupas de pele de dragão bem fininha...

- Lógico – completou o irmão. - Afinal, se tudo correr bem, vamos ter um montão de dinheiro, né Harry? – e deu uma grande piscadela para o amigo.

- Usem bem aqueles galeões – Harry cochichou para Fred.

- Pode deixar, e até vamos pagar você – murmurou como resposta Fred.

- Ah, não precisa! – Harry respondeu agora quase sussurrando.

Percebendo que todos olhavam para os dois, eles pararam de conversar e logo mudaram o rumo da conversa, até porque Rony finalmente chegara, junto de Carlinhos.

- Então, é só esperarmos o Rony e eu comermos algo que podemos ir, certo? – falou Carlinhos, estufando o peito de orgulho.

Houve um ''sim'' de concordância geral. Depois de uns quinze minutos, todos pararam em frente à porta.

- Ok, agora procurem agir como trouxas. Receio que vocês não são tão chamativos como o papai, né? – conclui Carlinhos, e todos riram. Me sigam e não teremos problema. Só não façam fila indiana atrás de mim, hein?

Ele abriu a porta e Harry se deparou com um trânsito calmo. Não fazia frio, pelo contrário. Havia até um certo calor hostil.

Harry reparou que tinham muitas torres para tudo que é lugar onde pousavam seus olhos. Ele comentou isso com Rony. O amigo não estava muito preocupado com a paisagem, e apontou Fred e Jorge para Harry. Os gêmeos fizeram exatamente o contrário do que pediu Carlinhos: seguiam o irmão e imitavam todos os gestos que ele fazia.

Passaram por ruas extremamente estreitas, até que Carlinhos parou:
- Façam um círculo em torno de mim. Tenho que realizar um feitiço e nenhum trouxa pode ver.

Todos taparam Carlinhos de vista. Ele mostrou a varinha para os demais.

- É bem simples só temos que ir a uma casa que está entre aqueles dois prédios. É como o Caldeirão Furado, porém é necessário realizar uma ordem para a varinha. Ah, o Ministério teve muita dificuldade com os abortos...

Os ''abortos'' são bruxos que não podem fazer mágicas. Harry começou a ficar ansioso. Então, Carlinhos disse:

- Mostre-me a verdade! – ordenou. A varinha se ergueu, girou levemente, e apontou exatamente entre os dois prédios. A ponta dela tinha ficado azul. – Por ali, então – disse Carlinhos.

Chegando perto, Harry viu um bar, chamado ''Varinha Descascada''. Estava escrito em um letreiro enorme, com letras vermelho-sangue que estavam perdendo a cor. Entraram por uma imponente porta que, como disse Harry para Rony, era parecida com as usadas nos desenhos de terror nas televisões trouxas. Seguindo Carlinhos pelo bar, eles foram até um canto onde tinha, inexplicavelmente, uma cabine telefônica.

- Agora, temos de dar um jeito de todos entrarem aí. – disse Carlinhos.

Depois de um tempo, ele conclui:

- É, não vai dar. Vamos em grupos de três: Eu, Gina e Hermione. Depois, Harry, Fred, Jorge e Rony... são quatro... ok! Escutem, vocês tem que discar esse número: 147963 ouviram?

- Sim – quem respondeu foi só Harry. Rony estava se divertindo com Fred e Jorge, que aparentemente riam de alguém.

- Ei, qual é a graça? – perguntou.

- Olha aquele homem! – respondeu Rony.

De fato, realmente era engraçado.Um homem alto tinha os olhos bem saltados para fora. Aliás, era a única pessoa que estava no bar. Talvez fosse o dono. Fred o imitou e ele deve ter percebido, pois fechou a cara quase instantaneamente.

- Nós vamos indo! Tchau!

- O que? Mas... e nós? – perguntou Jorge.

Carlinhos não escutara. Apertou o dedão nos números e o telefone público subiu! Sua subida foi lenta, e quando chegou no teto, os que estavam dentro subiram para o que Harry supôs fosse a calçada. A cabine desceu com um fortíssimo estrondo, que assustou os garotos.

- Não se preocupe, eu - disse Harry, ao olhar a cara de espanto de Jorge - acho que sei o número. Vocês me distraíram depois... é: 1479... 9... ah esqueci! Vamos ter que perguntar para o cara... – e apontou para o homem de olhos azuis e bem saltados.

Os quatros se entreolharam durante um tempo. Depois, todos disseram: ''Eu não vou''.

- Tudo bem, vamos todos então. – falou Fred.

E foram. Caminhando em passos lentos e metálicos, os gêmeos iam pela frente. Harry e Rony encolhidos no fundo.

- Com licença, senhor. O senhor pode nos informar o número do telefone para podermos ir ao... mundo bruxo da Romênia?

O homem não ouviu. Jorge repetiu as palavras do irmão em tom mais alto. Não adiantou. Então, Rony pegou inesperadamente um bloco que tinha no balcão, junto com uma caneta.

- Vou escrever. Cego que ele não é. Só surdo-mudo, pelo jeito.

E mostrou para o homem. Ele escreveu algo. Rony leu:

- Então peçam todos desculpas. E quero que o ruivo maior que acho que se chama Fred, se ajoelhe diante de mim e peça mais três vezes desculpas. E diga que nunca mais vai zombar da minha cara.

- Não sei por que falar. Já que ele não ouve... e como ele sabe o meu nome? – respondeu Fred, rispidamente.

Mas não tinha outro jeito. Todos falaram desculpas e Fred teve que se ajoelhar e fazer o que foi pedido.

- Então diz agora! Ah é, escreve. – Rony entregou o bloco ao homem.

Ele escreveu ''147936''.

- Vamos logo. – disse Harry.

Foram até o telefone, e apertaram os números pedidos. Nada aconteceu.

- Hmm... que interessante... - falou Fred, a voz mais distante do mundo. Esse nem-vou-dizer-o-quê (Harry demorou a entender; depois se deu por conta que Fred iria dizer um palavrão) nos enganou. É melhor não falarmos nada para parecer mais educado. E deixa que eu escrevo. – Fred lançou um olhar para Rony.

Voltaram até o homem, e Harry percebeu que tinha uma expressão risonha no rosto.

Fred escreveu mais alguma coisa, e mostrou ao homem. Ele também escreveu algo, e passou o bloco para Fred.

- O número, segundo ele é: 147963. Vamos lá, então.

Foram até a cabine, mas antes de chegarem até lá ela começou a subir sozinha. Carlinhos, Hermione e Gina apareceram dentro dela e logo estavam ali, parados.

- O que houve?

- Não lembrávamos do número e íamos agorinha subir. – respondeu Jorge.

- Prestem mais atenção! Já sabem o número? É 147963. E vou subir, e espero vocês lá em cima.

- Tá, tá! – disse Fred, com a voz irritada.

Eles subiram, e restaram os mesmos quatro de antes. Depois da cabine bater com tudo no chão, lá se foram eles.

- Agora, disquem o número. – mandou Fred. Em seguida, quando todos estavam dentro da cabine (ela já estava subindo), Fred gritou: Aí, homem dos olhos saltados! Você cheira a bosta de dragão, cara! – e fez um gesto com um dos dedos, que Hermione certamente já o xingaria.

O homem veio correndo, decidido a pegar Fred, que ainda deixou a porta aberta. Mas foi tarde demais: eles já estavam saindo da cabine e Fred, que ainda não saiu, ficou lá dentro. O homem já voltara do seu lugar.

PAM!

A cabine caiu no chão, com Fred junto! O homem não perdeu a chance: veio correndo de encontro ao garoto. Fred saiu da cabine:

- Expelliarmus!

E o homem voou longe. Fred discou os números e subiu de encontro aos demais.
Se encontraram junto de Carlinhos, Hermione e Gina finalmente. Estavam em uma rua de pedra bem larga, onde tinham várias tendas amarelas. Ali se via tudo que é tipo de produto. Harry reparou que uma era de material das trevas; era extremamente pequena e discreta. Havia tantas coisas que os olhos dos garotos giravam, de lugar em lugar. Uma ou duas vezes Carlinhos parou para comprar alguma coisa. Primeiramente ele comprou carne de dragão, e depois algumas luvas feitas de uma pele muito resistente, que eram parecidas com as dos Testrálios (Carlinhos explicou que esses eram animais de uma pele muito valiosa, quando Harry e Rony fizeram caras interrogativas). Finalmente fizeram sua primeira curva; andavam até ali somente em linha reta. Mais duas curvas depois, e chegaram em um lugar sem saída. Ali Harry avistou um pequeno arco de madeira, onde estava escrito: ''Lar dos Dragões''.

- Pessoal, chegamos ao lugar. É aqui que eu estudo os diferentes dragões. Conory, um amigo meu, me disse que chegaram dois dragões-serpente-dourado. Nunca vi um desses, somente em foto. Por isso, tomem muito cuidado. – avisou Carlinhos.

Eles atravessaram o arco, e Harry, que imaginava que parariam em uma rua parecida com as anteriores, se surpreendeu. Chegaram em uma floresta cheia de imensas árvores. Tinha desde carvalhos até mognos. Um homem que não aparentava ter mais de vinte e cinco anos veio até eles:

- Ah, olá Carlinhos! Tudo bem, cara? – e cumprimentou-o – Vejo que finalmente trouxe o grupo para nos visitar, hein? Quem me dera estar de folga que nem você, só vou ganhar daqui a dois meses.

- E eu provavelmente vou cobrir o seu horário... – respondeu Carlinhos.

Os dois soltaram deliciosas gargalhadas.

- E então, Conory, chegaram os dragões-serpente-dourado?

- Ah... bem, só veio um: o mais perigoso.

- O que aconteceu?

Para a surpresa de Harry, quem perguntou isso foi Rony.

- Você... você deve ser Ronald... Ronald Weasley, não? O seu irmão sempre chama você de Roniquinho na minha frente. Não entendo: é seu apelido? – perguntou Conory.

- Não! Não, meu apelido é Rony. E me chame de Rony. E então, o que aconteceu com o outro dragão-serpente-dourado? – Rony ficou ofendido com o irmão e lhe lançou um olhar maldoso.

- O que acontece é que este que sobrou estava com muita fome. Então houve canibalização: um comeu o outro. Levou um tempão para retirar o sangue dele. É venenoso.

- Uau! – Fred, Jorge, Harry e Hermione soltaram exclamações.

- Vocês não permitem tirar fotografias aqui, não? – perguntou Mione.

- Você pode tirar de alguns dragões menores. Os outros são mais... hum... furiosos, por assim dizer. E qual é seu nome? – quis saber Conory.

- Hermione. Hermione Granger.

- Podemos ir, então? Conory? – Carlinhos precisou chamar a atenção do amigo, pois ele pusera seus olhos em Harry. Começou a percorrer a testa dele. Harry percebeu: estava olhando para sua cicatriz.

- Você só pode ser Potter! Harry Potter, o que destruiu Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado!

- É, sou eu.

- Hãã... Acho... Acho que podemos começar, né Conory? – perguntou Carlinhos.

- Claro, claro. Sigam-me e vou lhes mostrar os nossos trabalhos e os diferentes dragões que temos alojado aqui.

Eles seguiram Conory pela floresta, e pararam em um círculo de terra. Ali tinham portas para tudo que é direção. Entraram pela primeira, que era feita de uma madeira extremamente descascada de mogno. Parecia ter sido modelada há uma hora atrás.

Estavam em mais uma parte da floresta, e se depararam com uma imensa jaula de ferro, maiores que as árvores. Ela abrigava um dragão muito grande. Não tinha pupilas nos olhos, que eram cinza-claros. Era de cor vermelho-vivo, assim como as chamas que ele soltava em direção ao teto da jaula. Suas garras eram finas e não muito grandes, pelo padrão dos dragões que Harry conhecia.

- Esse – começou Conory – é o Dragão Olho-de-Opala. Reparem que foi dado esse nome, por sua falta de pupilas nos olhos. Este que vocês vêem é da espécie fêmea. As fêmeas são, geralmente, mais agressivas e maiores que o macho. Essa aí foi encontrada na Austrália, porém normalmente se origina na Nova Zelândia. Ali tem uma placa – Conory apontou para uma – com informações sobre ele.

Ali na placa tinha o peso do dragão e sua altura. Junto havia uma foto em miniatura dele, que se movia soltando labaredas para tudo que é lado.

- Eles normalmente vivem em vales, ao contrário dos demais, que geralmente se encontram nas montanhas. – explicou Carlinhos.

- Se vocês quiserem chegar mais perto... esse é o mais inofensivo, se alimenta de carneiros.

Na verdade, ninguém queria se aproximar. Então, de repente, Fred, Jorge e – inexplicavelmente – Gina deram mais alguns passos para frente.Encorajados, Harry, Rony e Hermione também se juntaram. Carlinhos e Conory ficaram conversando.

- Se esse é o mais inofensivo... – disse Harry.

- Olhem só! Tem algumas ovelhas mortas ali! – apontou Rony para um montinho desses animais.

- Legal esse lugar, não acham? Esperem só até ver Twom... – começou Hermione, mas foi interrompida por Harry e Rony.

- CALA A BOCA! – eles gritaram.

Isso pareceu chamar um pouco da atenção do dragão, pois ele olhou diretamente para os três.

- Vou tirar uma foto dele e saímos correndo, ok? – murmurou Hermione, como se estivessem fazendo um plano de fuga de uma guerra.

Ela bateu uma foto na cara do Olho-de-Opala, e os três desabaram-se a correr. Gina, Fred e Jorge em sua cola.

- Deu! – disse Jorge, ofegante. – Acho que já vimos esse, não é?

Todos concordaram frenéticamente. Eles saíram e voltaram ao círculo de terra. Conory foi à frente, entre a porta que levava ao Dragão Olho-de-Opala, e uma que eles não visitaram.

- Mostre-me o ovo do Dragão Olho-de-Opala! – murmurou ele, com a varinha apontada entre as portas.

E do nada. surgiu uma porta que empurrou outra mais para o lado; assim ela ficava do exato tamanho das demais.

- Temos alguns lugares escondidos para guardar os ovos dos dragões. – explicou Carlinhos.

Eles entraram. Estavam em um lugar muito menor que o de antes, com várias árvores ainda em fase de crescimento. Ao centro, mais uma jaula, da altura de Rony.

- Aqui temos o ovo do Opala. Ele pôs dois, um é aquele bebezinho ali. – disse Conory, e desatou a conversar com Carlinhos.

Harry, Gina e Fred se aproximaram do bebê; os outros observavam o ovo. O bebê era relativamente parecido com Norberto. Tinha um corpo pelado, pernas bem finas.

- Esse só deve suportar um carneiro por dia. – falou Fred.

- Deve ter só uma semana, senão já estaria bem maior. – conclui Harry.

- É. Hagrid iria gostar de um desses. – disse Gina.

- Ah... Você nem imagina, Gina! – respondeu Harry.

Eles foram até Rony, Hermione e Jorge, que observavam o ovo. Era de cor cinza-claro, assim como os olhos do Opala.

- Parece que está prestes a rachar, não é? – disse Rony.

- Hum-hum. – concordou Harry.

Eles voltaram até Carlinhos.

- Harry, já contamos para você que sabemos aparatar? – perguntou Fred e Jorge juntos, enquanto caminhavam em direção a Conory.

- Não! Passaram no teste, é? – ele disse.

- Sim! Vê só! – foi a resposta dos gêmeos.

Eles tentaram aparatar.

- Tsc tsc. Aqui vocês não podem aparatar. – falou Conory, que os observava. Temos vários feitiços que protegem este local.

Com uma cara ofendida, Jorge murmurou algo que Harry não ouviu. Voltaram ao círculo de terra. Depois foram ver o meteoro-chinês, em seguida olharam o Dente-de-Víbora Peruano. Veio então o Chifres-Longos-Romeno, e daí o Barriga-de-Ferro Ucraniano. Até que chegaram ao Rabo-Córneo-Húngaro.

- Já enfrentei um desses – disse Harry para Conory.

- Já mesmo? Foi... foi naquela competição do Torneio Tribruxo, não? Carlinhos me contou que você voa muito bem na sua Firebolt. Eu ainda tenho uma Comet 260! – respondeu Conory.

Voltaram e entraram pela última porta. Antes Conory disse:

- Pessoal, aqui está o Dragão-Serpente-Dourado. Temos apenas um, que é macho.

E entraram. O dragão estava preso em uma jaula não tão grande, nem pequena. Tinha um corpo fino, parecendo aqueles dragões japoneses antigos. Não caminha, flutuava. Não tinha perna, somente gigantescos braços. Seu corpo estava enrolado em zigue-zague, fazendo ele parecer muito com uma cobra. Tinha o corpo dourado, lógico. Uma cabeça triangular, em uma ameaçadora posição de bote. Seus olhos verdes, e um ''nariz'' pronto para soltar chamas.

- Ai! – Harry levou a mão até a cicatriz. Sentiu uma pontada de dor, como se uma fina flecha tivesse de repente penetrado em sua cabeça.

Harry olhou novamente para o dragão. Seus olhos mudaram: agora eram vermelhos, muito escuros, e tinha um nariz bem diferente. Parecia o de uma cobra. Como isso foi possível? Será que somente Harry percebeu? Ele agora estava do lado de Carlinhos. Olhava para o dragão. O dragão olhava para ele. E os olhos verdes, voltaram à tona. Aqueles olhos... eles encaravam Harry. O Dragão-Serpente-Dourado chegou mais perto do ferro da jaula. Mostrou sua língua. Era como a das serpentes, repartida em duas, com aquela bifurcação...

Aconteceu muito rápido. O Dragão-Serpente-Dourado cuspiu um líquido verde da língua. Harry, que parecia ser o único que olhava para o dragão (todos os outros estavam conversando; pareciam achar o dragão muito monótono) gritou.

- Cuidado!

Todos se viraram e o tiro pegou no braço direito de Carlinhos. Penetrou na sua pele, que instantaneamente virou carne viva. E se espalhava por toda a extensão do braço.

- Ah! Ahhhh! Socorro! Conory!

Conory, que assistiu a cena pasmo, se virou:

- Vou pegar ervas produzidas por elfos. Tem efeitos mágicos, e pegamos especialmente para esse caso, apesar de achar que nunca precisaríamos usar, mas mesmo assim...

- VÁ LOGO E FALE POUCO!

Todos se aproximaram de Carlinhos.

- O que fez isso? Não vi nada! – disse Gina.

- O Dragão-Serpente-Dourado! Ele cuspiu um líquido verde contra mim! Só que desviei e tentei avisar vocês! Então pegou no Carlinhos! Por que ninguém estava prestando atenção no Dragão? – perguntou Harry.

- Sei lá! Parecia que... sei lá... uma coisa em mim não queria ver o Dragão... sabe... ele realmente não era interessante... – respondeu Mione. Todos confirmaram com a cabeça que sentiam a mesma coisa.

Harry se virou para ver o Dragão. Os olhos vermelhos, parecidos com fendas desapareceram. Deram lugar novamente aos olhos verdes, muito escuros.
Conory voltou segundos depois, trazendo ervas verdes, vermelhas e azuis.
- Vou colocar no seu braço. Vai arder.

Ele pôs, e Carlinhos berrou de dor.

- Vai tem que ficar com as três, espalhadas pelo braço até ficar bom. Repouso é essencial, óbvio. Vamos, eu acompanho vocês para casa.

Saíram do local de estudos de dragões, Carlinhos com o outro braço apoiado em Conory. Harry ainda arriscou uma última espiada no Dragão: ele agora virara de lado e parecia prestar atenção nas sombras da parede... mas a parede... ela tinha a sombra de uma pessoa... Harry tentou esquecer o que viu.

Passaram pelas tendas. Pegaram a cabine telefônica e desceram. Gina, Conory, Carlinhos e Hermione iam à frente. Rony, Harry, Fred e Jorge atrás. Avistaram o homem de olhos saltados nas sombras do bar. Já saindo do ''Varinha Descascada'', os meninos, e somente os meninos, ouviram uma voz, que foi uma surpresa, só havia uma pessoa no bar:

- Ei Fred! Você cheira a bosta de dragão.

Viraram-se e encontraram o homem de olhos saltados com sua boca torta aberta, e um caneco de cerveja amanteigada levantado, com a cara mais risonha do mundo.





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