O (não) Final Feliz



Assim que saiu da sala de Robert, Hermione sentiu o sangue ferver na cabeça. Então havia sido Robert. Todo o sofrimento, toda a dor, a separação... Tudo culpa dele, tudo planejado por ele. Ele a havia visto chorar inúmeras vezes. Ele havia dito a ela que Ron era um imprestável desprezível e, no entanto, o único imprestável desprezível que ela conhecia era ele. Sentiu uma raiva imensa apoderar-se dela. Não conseguia sentir os pés ou as mãos: eles formigavam incrivelmente. Sentou-se em uma cadeira colocada no corredor e respirou fundo. Ela odiava Robert mais do que podia imaginar odiar alguém um dia. Ela respirou fundo mais algumas vezes. O oxigênio parecia faltar nos pulmões, mas parecia estar em excesso no cérebro. Ela sentiu a cabeça pesar e o corredor começar a se apagar diante dos olhos, mas ela não ia desmaiar, não, não ia mesmo. Colocou a cabeça para baixo, apertando os olhos fortemente, respirando devagar. A escuridão e a tontura foram se dissipando. Abriu-os e sentiu que havia melhorado, mas as mãos e pés ainda formigavam. O formigamento passou para as pernas e braços, chegando a todo o corpo. Ela nunca havia se sentido daquela maneira, mas sabia que só podia ser ódio. Robert se atrevera; mexera com as únicas coisas que ela não permitia que fossem mexidas: Ronald Billius Weasley e a relação dos dois. Ela sentiu os olhos quentes, lágrimas vindo à tona, um aperto no peito. Dessa vez, ela não estava chorando de tristeza ou pela falta que sentia de Ron. Estava chorando de raiva de Robert, de vontade de socá-lo, de enfeitiçá-lo, de amaldiçoá-lo e depois curá-lo e depois amaldiçoá-lo de novo e assim até que ele implorasse, que ele retirasse o voto perpétuo... Mas ele não podia retirá-lo.

“É um voto perpétuo, Hermione, não tem como!” - ela pensou.

E então ela sentiu medo. Medo de nunca mais poder ficar com Ron, medo de não poderem se casar e medo por não poderem ter a família que começaria com a criança que ela carregava na barriga. Ela sentiu medo pela criança e medo por si mesma. Por causa da criança ela não enfeitiçara Robert, por causa daquela criança ela não havia se deixado descontrolar e era por causa daquela criança que ela estava com medo. Respirou de novo, lembrando-se que não podia ficar nervosa, lembrando-se que tinha que falar com Ron, dizer que sabia de tudo, dizer que ele era quem ela sempre tinha amado e que ela continuaria amando, que eles teriam um filho, mas não o fez. Ela se lembrou de algo que a desesperou. Ela olhou para a porta do escritório de Robert no fim do corredor em que estava e arregalou os olhos. Levantou da cadeira e correu até a porta, abrindo-a sem bater.

Jogado no chão, respirando com dificuldade encontrava-se Robert. Os olhos reviravam nas órbitas e ele tentava soltar o nó da gravata. Tremia compulsivamente. A garota ficou estarrecida com a cena por alguns instantes, mas se recompôs e saiu correndo da sala, gritando por um curandeiro. Uma curandeira de cabelos negros e olhos escuros apareceu, correndo até a sala de Robert com Hermione, que assistiu em silêncio todas as tentativas da medibruxa para reverter a situação. Nada adiantou. Robert guinchava, tentando soltar a gravada, sem conseguir respirar. Alguns momentos depois, sem mais nem menos, ele simplesmente parou, caindo no chão. Os olhos ficaram abertos e sem vida, olhando para Hermione. A medibruxa se levantou e a encarou com pesar, dizendo:

_Nunca vi um caso assim. A senhora sabe o que aconteceu?

Antes de responder, Hermione sentiu uma lágrima correr pelo rosto, aflita. Num fio de voz, ela respondeu:

_Ele quebrou um voto. Um voto perpétuo.

A enfermeira encarou o chão e disse:

_Então eu realmente não podia fazer nada. Eu sinto muito.

_Eu também. – ela respondeu na mesma voz fraca. – Eu não queria que tivesse sido assim.

A curandeira tirou o jaleco branco que vestia e cobriu Robert. Olhou para Hermione e ofereceu para a garota uma cadeira e uma poção tranqüilizante. Hermione aceitou a cadeira e então observou um relógio que estava em cima da mesa antes de tomar a poção. Oito e cinqüenta. Se ela não saísse do hospital naquele instante poderia perder a chance de falar com Ron antes que ele partisse. Olhou da curandeira para Robert e então para a porta. Tinha que sair dali. Murmurou qualquer desculpa e disse que voltaria mais tarde. Disse também para que Estela fosse avisada. Correu para fora do St. Mungus, pensando não em aparatar no Largo Grimmauld, mas no ministério. Gina só havia prometido segurar Ron em casa até vinte para as nove. Aparatou na entrada de visitantes e entrou rapidamente na cabine vermelha, teclando 62442. Uma voz calma de mulher disse:

_“Bem-vinda ao Ministério da Magia. Por favor, informe seu nome e o objetivo da visita.”

_Hermione Granger. Vim salvar meu relacionamento.

_“Obrigada” - disse a voz tranqüila. – “Visitante, por favor, apanhe seu crachá e prenda-o no peito das vestes.”

Hermione colocou o crachá sem nem olhar o que estava escrito. Contorcia as mãos geladas. A mulher disse:

_“Visitante do Ministério, a senhora deve se submeter a uma revista e apresentar sua varinha para registro na mesa de segurança, localizada no fundo do Átrio.”

Hermione sentiu o coração pular quando o chão estremeceu de leve e a cabine começou a afundar na terra. Ela já havia passado inúmeras vezes por aquele processo, mas daquela vez era diferente. A razão por ela estar ali era diferente. A mulher disse, quando chegaram ao fundo:

_“O Ministério da Magia deseja a senhora uma noite agradável.” – e a porta da cabine se abriu.

Hermione saiu da cabine e se dirigiu ao elevador. Àquela hora não havia nenhum funcionário no Átrio. Provavelmente Ron já estava perto da chave de portal, era quase a hora de partir e, provavelmente, ela não chegaria a tempo. Olhou no relógio de pulso e viu que faltavam apenas cinco minutos para as nove. Ela tinha que impedir que ele pegasse a chave de portal. Desceu com o elevador até o Nível 6 (Departamento de Transportes Mágicos) e saiu correndo assim que as portas se abriram. Ouvia algumas vozes, e tentou acompanhar seu som para encontrá-las.

_Até logo, meu filho. – dizia a voz chorosa da Sra. Weasley. – Cuide-se e escreva... Cuidado para não se perder e não esqueça da sua família!

_Senhora Weasley. – disse a voz retumbante de Kingsley. – Sinto muito, mas a senhora tem que se afastar. A chave de portal agora vai funcionar a qualquer momento...

Virando a direita no corredor em que estava, Hermione pôde ver uma luz acesa atrás de uma porta semicerrada. Ela abriu a porta rapidamente e todos viraram as atenções para ela. Na hora em que entrou, ela pôde ver a chave de portal começar a brilhar levemente, e sem pensar, sem calcular, sem planejar, correu até a pedaço de jornal que Ron segurava e tocou-o também. No mesmo momento sentiu o conhecido puxão no umbigo e sorriu. Tinha conseguido; havia chegado a tempo.




Caíram em uma sala oval com as paredes pintadas em um vermelho intenso. Quatro bruxos e duas bruxas estavam próximos ao local e todos olhavam Hermione com curiosidade. Provavelmente se perguntavam o que a garota fazia ali. Uma das bruxas, uma grisalha e de aparência impecável, precipitou-se e estendeu a mão para Ron. Ron apertou a mão da mulher silenciosamente.

_Ronald Weasley? – perguntou a mulher com um sotaque francês forte.

_Sim senhora. – respondeu Ron com um semblante completamente sério.

_Seja bem vindo. – continuou. – Sou Renné Marie Waterloo, Ministra da Magia. O senhor fala francês?

_Não fluentemente, mas compreendo.

_Será necessário aprender. – ela disse num tom duro. – Mas quanto a isso o tempo de vivência aqui ajudará. – ela sorriu e Ron se lembrou irresistivelmente de quando a Professora Minerva sorria. – A senhorita é? – ela perguntou, virando-se para Hermione.

_Her... Hermione Granger. – ela respondeu meio gaguejante.

_É uma das bruxas mais inteligentes que eu conheço. – Ron interveio. – Pensei que ela talvez pudesse ajudar no caso, mas se a senhora achar que não há possibili...

_Não, muito me agrada alguém que possa ajudar. Esses assassinatos estão nos preocupando muito, toda a ajuda é necessária. Veremos isso tudo amanhã. Hoje era só uma recepção, não estamos com a papelada aqui, portanto o senhor pode se direcionar ao seu hotel, onde reservamos uma suíte para que possa ter onde ficar até se estabelecer no país. Amanhã espero que esteja aqui pontualmente às oito para ler os relatórios e começar o trabalho.

_Sim senhora. – ele disse, encarando Hermione. – Estaremos aqui.

_E cuidaremos de sua contratação, senhorita. – a ministra sorriu mais uma vez e virou-se para os outros cinco bruxos. – Apenas para que o senhor saiba a quem tem que se dirigir: estes serão seus parceiros nesse caso. Dominick, Gabriely, John e Andrew. – ela apontou um homem loiro e alto, com traços fortes, a mulher de cabelos e olhos castanhos, bastante sorridente, um homem negro e forte e um outro de cabelos pretos extremamente lisos e compridos, amarrados em um rabo de cavalo, os olhos azuis. Ela continuou falando. – Dominick é auror alemão, Gabriely veio do Brasil, John veio da África do Sul e Andrew veio do Canadá. São os melhores e vieram para trabalhar exclusivamente nessa missão. Aquele ali – ela apontou para um homem alto e de aparência mais madura, olhos fundos cor de mel e cabelos castanho-claro. – É Louis. Ele está chefiando a missão, portanto todas as dúvidas devem ser direcionadas a ele. Isso serve para todos. – ela abrangeu os aurores com um olhar e continuou: - Há carros do ministério na porta de saída para que os senhores possam ir para os respectivos hotéis hoje e também por uma semana, até acostumarem a aparatar por aqui. Sejam bem-vindos!

Todos murmuraram ‘obrigado’ e começaram a se retirar. Hermione ficou encarando Ron com apreensão por alguns momentos. Ele a olhou profundamente e balançou a cabeça negativamente. Virou-se e começou a sair junto com os outros. Ela o segurou pelo pulso e fez com que ele a encarasse:

_Ron, eu preciso falar com você.

_Hermione, eu não sei porque você veio até aqui, mas era melhor que nós não tivéssemos nos visto mais... Amanhã nós acertaremos tudo para que você volte e...

_Você quer fazer o favor de me ouvir?

_Não, eu não vou fazer favor nenhum! Eu já disse, era melhor que você e eu não tivéssemos nos visto nunca mais. – ele disse secamente, virando as costas e começando a sair da sala em que estavam.

Hermione encarou as costas largas do ruivo com tristeza. Ele não ia ouvi-la... A menos que...

_Você tem cinco sorrisos, Ronald.

O efeito que a garota esperava ocorreu. Ron girou nos calcanhares e a encarou, estupefato. Ela continuou, contando nos dedos enquanto falava:

_Um quando você está realmente feliz. Um quando você quer impressionar as pessoas. Um quando você acha que alguém é idiota. – ele viu o garoto sorrir quando ela disse isso – Um quando você está com os seus amigos. E um... – ela abaixou a cabeça, envergonhada. – Bem... Um quando você olha pra mim depois que eu te chamo de Ron.

Ron parecia extremamente chocado. Parecia estar entre chorar e sorrir, entre correr e ficar ali, parado. Hermione não tirou os olhos dos dele por um instante sequer. Após alguns segundos em silêncio ele secou uma lágrima solitária que desceu pelo rosto e respirou fundo.

_Eu tenho que ir agora, Hermione... Provavelmente você poderá ficar na casa dos seus pais e até usar a lareira deles pra... – ele não terminou de falar. Hermione revirou os olhos e se aproximou dele, tacando-lhe um beijo na boca. No início o garoto parecia assustado e tentou resistir, fazendo força para que ela se afastasse dele. Não adiantou. Quando a garota aprofundou o beijo, as mãos tocando os cabelos dele, ele se entregou, apaixonado. Quando se soltaram, ela sorriu e disse:

_Será que todas as vezes sou eu que tenho que tomar a iniciativa?

Ele a encarou interrogativamente.

_Como assim todas as vezes? O que você quer dizer com... – e ele fez uma careta espantada.

_Nós temos muito o que conversar, Ronald Billius Weasley.

Hermione pegou a mão de Ron e começou a puxá-lo na mesma direção que os outros aurores. Ron se deixava guiar, boquiaberto. Parecia não saber o que dizer. Seguiram sem trocar uma palavra até chegarem ao hotel. Assim que o carro partiu, Ron virou-se para Hermione e perguntou:

_Você... Sabe aparatar para a casa dos seus pais?

_Eu não vou para a casa dos meus pais, Ronald. – ela disse, séria. – Eu vou entrar com você e nós vamos conversar.

_Hermione, por favor... Nós não temos mais nada o que conversar... Eu já lhe disse isso e...

_Eu não estou perguntando o que você disse. Agora é a sua vez de me ouvir. – ela tomou novamente a mão do garoto e entrou no hotel.

_Por favor, o quarto reservado em nome de Ronald Billius Weasley? – ela perguntou em francês.

_Quarto 306, senhorita. – a recepcionista disse sorrindo, enquanto conferia os documentos de Ron. – Tenham uma boa estadia.

_Obrigada. – ela respondeu, e continuou puxando o ruivo até entrarem no elevador.

Os segundos que se passavam dentro do elevador pareciam não acabar mais. Ron encarava o chão, a mão já solta da de Hermione. Ela, por sua vez, encarava o garoto de relance algumas vezes, pensando em tudo que haviam passado. Eles mereciam uma segunda chance. A porta se abriu com um estalido e Ron pareceu voltar de seus devaneios, olhando pra cima e encontrando o olhar de Hermione. Os olhos se desviaram e os dois saíram do elevador, encontrando o quarto ao fim do corredor. Ron entrou primeiro e Hermione entrou logo depois dele, fechando a porta e colocando o pequeno cartãozinho em uma mesinha de cabeceira, ao lado da cama de casal. Ela encarou Ron um pouco aflita. Não sabia por onde começar.

_Eu... Eu... – ela começou gaguejando. – Bem... – ela deu um sorriso tímido, sem graça. – Eu não sei por onde começar. – e ela o encarou com o sorriso pequeno ainda nos lábios.

_Comece por onde você parou lá no ministério. Você quis dizer o que eu acho que você quis dizer lá?

_Na verdade eu quis, Ronald.

_Mas... Como? Você não tinha... Você não... ? – ele a encarou com o mesmo olhar que havia encarado no ministério, e ela ficou com vontade de rir.

_Eu me lembrei, Ron.

_Você se lembrou? Como das outras vezes? Espasmos de memória?

_Não, não... Eu me lembrei de tudo, tudo mesmo. – ela sorriu. – Lembro que você me defendeu de Malfoy quando ele me chamou de sangue-ruim, lembro que brigamos no dia do baile de inverno, lembro que lancei pássaros em você e na Lilá, lembro que te bati quando você voltou para o acampamento na época das horcruxes, lembro que me pediu em casamento no dia do nosso aniversário de dois anos de namoro. Lembro também - apesar de que isso eu nunca esqueci - que eu amo você mais do que eu já pude imaginar.

O garoto não dizia nada, apenas a encarava atônito. Sentou-se na ponta da cama e encarou o chão.

_Hermione, isso é... Isso é tudo que eu... – ele a encarou nos olhos – Tudo que eu gostaria de ouvir, mas... Mas eu não posso. Eu realmente não posso voltar com você, eu...

_Eu não estou pedindo pra você voltar comigo, estou? Eu preciso falar algumas coisas e depois que eu terminar você decide o que você quiser. Eu não vou te pedir nada.

_Hermione, eu acho melhor você não...

_Ron, eu sei de tudo.

_Você sabe tudo o que, Hermione?

_Sei porque você não está comigo.

_Não, você não sabe. Se você pensa que eu não estou com você porque...

_Ron, você quer aprender a me escutar?

O garoto se manteve em silêncio, observando Hermione atentamente. Ela sentou-se na cama ao lado dele e levou a mão direita até a face do garoto, tocando-a levemente e acariciando toda a sua extensão.

_Eu sei tudo, Ron. Eu realmente sei. Sei sobre o voto.

Ele a encarou, assustado. Pegou a mão dela que ainda repousava sobre seu rosto e colocou-a sobre a cama.

_Hermione, eu não estou brincando com você. Se você quer tirar alguma coisa de mim, sinto muito. Eu não posso te contar.

_Ronald será que você não entende? Eu não estou tentando tirar alguma coisa de você! Eu realmente já sei de tudo, eu sei o que você...

_Então por que você está aqui? Por que você estaria aqui se soubesse? – ele perguntou com a voz rouca – Por que você não está com raiva de mim? Por que você não está me odiando com todas as suas forças?

_E porque eu deveria te odiar com todas as minhas forças, Ron? – ela se aproximou mais dele na cama, deixando a boca a poucos centímetros da dele, encarando-o com muita vontade de beijá-lo. Ele encarou os olhos de Hermione e depois a boca e, como se aquilo fosse tentador demais pra ele, levantou-se da cama em um salto. Afastou-se da garota e entrou em uma porta que levava a um banheiro bem decorado e espaçoso. Abriu a torneira da pia e jogou água no rosto e no pescoço. Secou-se levemente na toalha e encarou Hermione que estava encostada no vão da porta, observando-o.

_Eu não quero falar sobre isso, está bem? Se você realmente soubesse o que aconteceu, você ia me odiar! Não me faça essas perguntas, eu não posso responder!

_Ron, eu fiz o Robert me contar tudo! – ela viu o garoto boquiabrir-se. – Eu sei tudo! Eu sei que você não se casou comigo pra proteger a minha mãe, eu sei que você fez um voto perpétuo e eu sei que é por isso que você não podia casar comigo! Agora eu quero saber...

_Como você conseguiu que ele te contasse? – o ruivo perguntou extremamente pasmo.

_Veritaserum. Ele me contou tudo, inclusive que me traia com uma recepcionista do hospital. – a garota revirou os olhos e bufou.

_Ele te traía? – Ron parecia não conseguir acreditar no que a garota lhe contava. – Aquele maldito, filho de uma...

_Ron, calma! – a garota disse, chegando mais perto dele e tocando um de seus braços.

_Tudo por causa dele... E ele te traía? Ele... Aquele maldito, aquele verme, aquele filhote de testrálio... Eu vou amaldiçoar ele com todas as maldições que eu conheço, eu vou fazer ele ficar dentro de uma caixinha de fósforos naquele hospital!

_Ron, acalme-se! – ela pediu, tentando conter o garoto com os braços ao redor dos dele. – Isso não é mais possível, portanto não se altere!

_O que você quer dizer com isso? – ele perguntou, desvencilhando-se dos braços da garota e sentando-se no vaso, que tinha a tampa fechada.

_Ele traiu um voto perpétuo, Ron. – ela baixou os olhos. – Robert está morto.

_Você quer dizer que... – ele encarou a garota, os olhos brilhando – Você quer dizer que... Eu estou livre?

Hermione balançou a cabeça afirmativamente. O sorriso de Ron murchou um pouco e ele disse:

_Mesmo assim é triste saber que alguém morreu... Por minha causa, eu digo. – e ele baixou os olhos para o chão do banheiro. Hermione aproximou-se dele, ajoelhou-se no chão na frente dele e levantou o rosto sardento do ruivo até seus olhos se encontrarem.

_Não foi sua culpa, Ron. Foi culpa exclusivamente dele. Eu sinto muito pela morte. Não porque ele se foi, mas porque mortes sempre deixam marcas. Nesse caso pelo menos, a marca da morte de Robert acabou sendo melhor que a que ele deixou em vida. Agora ele está indo, como diria Dumbledore, para o nível seguinte... Espero que ele faça lá coisas melhores do que as que ele fez aqui. – ela sorriu para Ron, que sorriu de volta.

_Então se... Se ele está morto... Isso quer dizer que...

_Quer dizer que se você quiser, nós podemos ficar juntos.

Ron sorriu e puxou Hermione para mais perto de si. Com a garota na altura de seu próprio rosto, ele começou a beijá-la. Ela afastou-se um pouco do garoto, levantou do chão e passou as pernas por cima das dele, sentando-se de frente pra ele em seu colo. O garoto sorriu e voltou a beijá-la apaixonadamente. Sentindo Ron descer a língua para seu pescoço, Hermione suspirou baixo. Puxou a camisa do ruivo pra cima tendo, mais uma vez, a visão daquele tórax bem definido. Voltou a beijá-lo e empurrou-o lentamente pra trás, enquanto as bocas ainda estavam coladas. Hermione sentiu quando Ron encostou a cabeça na parede, e continuou a beijá-lo com paixão. De repente, ela ouviu um som de descarga começando a ser acionada. Descolou os lábios dos de Ron rindo. Eles estavam se beijando no banheiro, em cima do vaso sanitário e acionaram a descarga com a parte traseira da cabeça do ruivo. Não podia haver uma cena mais estranha. O ruivo pareceu pensar a mesma coisa, pois levantou – ainda com a garota em seu colo, as pernas presas em suas costas – e levou-a até a cama. Deitou-a lá e começou a beijar todo o seu rosto, a orelha, o pescoço, e ia descendo para o colo. Ela estava completamente entregue, mas empurrou-o para trás. O ruivo respirou fundo após essa atitude.

_Nós ainda temos que terminar de conversar, Ron. Vamos nos acertar antes de tudo. – ela o encarou e viu que ele não estava entendendo direito. – Eu tenho uma última pergunta: Por que você achou que eu iria te odiar?

_Porque eu fui um fraco, Hermione! – ele disse, depois de se recompor um pouco. – Eu cedi à chantagem dele! Eu tinha um milhão de alternativas naquele dia: eu podia ter paralisado aquele momento, eu poderia ter estuporado Robert e os capangas! Eu sou um auror do ministério, enfrentei a batalha com Voldemort! Robert não seria difícil! Eu não sei o que eu devia ter feito, mas eu não podia ter desistido de você eu... Eu fui um babaca, um podre, um fraco...

_Eu não acho que você foi nada disso. – ela disse. – Você tem esse complexo de inferioridade, mas se esquece que você geralmente faz coisas maravilhosas. Ron, você não se casou comigo pra poupar a vida da minha mãe! Você não se casou comigo pra me proteger! Você não se casou comigo por amor a mim! Como eu poderia te odiar, como eu conseguiria sentir qualquer outra coisa por você, se essa coisa não fosse amor, paixão, saudade ou orgulho?

_Você... Você sente orgulho de mim? – ele sorriu fraco.

_Ron essa é a segunda coisa que eu mais sinto por você!

_E qual a primeira? – ele perguntou com um olhar curioso.

_São duas coisas misturadas, na verdade... – ela disse, e chegando bem perto dele, disse em seu ouvido: - amor e desejo.

_Hermione, se você quer “terminar de conversar” não me provoque.

_Eu só tenho mais uma coisa pra te falar. – ele a encarava, curioso.

_Então fale logo... – ele disse, o olhar caindo sobre a boca da garota.

_Ron... Eu... – ela gaguejou. – Isso é um pouco mais difícil de dizer e... Eu não queria que você pensasse que... Eu... Eu não sei como contar. – e ela abaixou a cabeça, sem graça, começando a brincar com a ponta do lençol.

_Mione... – ele disse, se aproximando dela e beijando o ombro dela. – Seja o que for, é só dizer. Nada, nada mais pode estragar o nosso amor.

_Eu realmente espero que isso não estrague, porque se você disser que isso estraga... – ela olhou pra cima e respirou fundo. – Bem, se você disser que isso estragará nossa relação... Eu acho que não vou saber o que fazer.

_Então diga logo, Mione!

_Eu... Ron... – ela encarou o garoto nos olhos. Pegou a mão dele e colocou-a sobre a própria barriga, na altura do umbigo.

_Que foi? Você está passando... – e ele arregalou os olhos antes de completar a frase. – Hermione, você... Você...? – ele falava em tom de pergunta, balançando a cabeça e sorrindo, mas não estava realmente perguntando nada. Ela o encarou e balançou a cabeça afirmativamente, sorrindo também.

_Hermione, eu não acredito! – ele se levantou da cama, um sorriso extremamente grande estampado no rosto. – Como... Como aconteceu? Como? – ele pegou a mão dela e a puxou, deixando-a de pé também, ao lado dele.

Ele a abraçou forte, beijou-a novamente e levantou-a do chão, rodando com ela por um momento. Voltou a beijá-la com os olhos completamente cheios de água. Deitou a garota na cama de novo, e baixou a cabeça até a altura da barriga dela; colocou o ouvido lá, como se pudesse ouvir alguma coisa, e beijou a barriga dela carinhosamente. Subiu lentamente, beijando todas as partes do corpo da garota que estavam no caminho. Chegou a boca, mas antes de beijá-la, ele disse:

_Você não tem idéia do quanto eu te amo.

_E nem você. – ela sorriu. – Então... Esse é o nosso final feliz? – ela perguntou.

_Não.

_Não?

_Não. – ele respondeu simplesmente. – Não é um final feliz simplesmente porque não é um final. Nosso amor nunca vai ter final, Mione.

Ela sorriu e beijou-o. Ele sorriu depois de beijá-la, e colocou um fio do cabelo dela atrás da orelha, enquanto sorria.

_Você quer saber mais ou menos o quanto eu te amo? – ele perguntou, levando-a até a janela do quarto do hotel.

_Hm... – ela fingiu pensar, enquanto era levada por ele. – Quero sim.

_Se algum dia você duvidar do quanto eu te amo, olhe as estrelas do céu a noite. – ele apontou o céu completamente estralado. – Enquanto elas estiverem lá brilhando, é porque o meu amor não vai ter um fim. – e beijou-a mais uma vez. – Você, finalmente, quer casar comigo, Hermione?

A garota estava sem fala, o coração batia acelerado no peito, parecia uma adolescente de novo, parecia uma boba apaixonada. Afinal, era isso mesmo que ela era. Uma boba apaixonada. Uma boba completamente apaixonada por aquele ruivo. Encostou o peito no tórax descoberto dele e abraçou-o forte. Encarou-o nos olhos e disse, pegando a estrela que brilhava no seu pescoço:

_Essa estrela nunca deixou de brilhar desde o dia em que você me deu. E a resposta pro seu pedido é exatamente a mesma que eu te dei anos atrás, quando você pediu pela primeira vez. – ela sorriu de novo. – Sim, sim, sim, sim!

Ele a puxou até a cama e beijou-a mais uma vez. A estrela na mão da garota foi tomada por ele e colocada no chão. Acabou ficando por baixo da roupa dos dois, mas seu brilho não foi abafado; pelo contrário, brilhou mais ainda. E assim como a estrela, o amor dos dois brilhava sempre, brilhava, pois não havia nada que pudesse passar por cima do sentimento de Ron e Hermione.




N.A:

Heeeeeey, pessoas *___*

Então... é isso aí! x_x

*chora*

Espero que vocês tenham gostado do capítulo e da fic, no geral...

Eu não sei nem como explicar e agradecer o quanto vocês esperaram, o quanto vcs me ajudaram a terminar e o quanto vcs me deixaram feliz todo esse tempo que eu venho postando!

Muito, muito, muito³ obrigada MESMO!

Agradeço imensamente todos os comentários, todos e cada um, agradeço imensamente o apoio q vcs me deram {principalmente com o nome alterado}, agradeço tudo, tudo *___*

Espero que tenham gostado e... É isso ai!

Obrigada mesmo³¹²³³¹²³!

Até a próxima fic, então! =D

Beijos ;*
Lau

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Comentários (2)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    NÃO ME CANSO DE LER ESSE CAPITULO *.*SEMPRE #CHOROROMIONE PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOS <3 <3 <3 

    2012-12-21
  • Mariana Berlese Rodrigues

    #MORRI  A-M-E-I <3 <3 <3  MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.* CHOREI AQUI :) Owwwwwwwwwwwwwwwwwwwwnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn RONALD PERFEITO WEASLEY <3 <3 <3  LINDOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO... <3 <3 <3  SIMPLISMENTE PERFEITAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ESSA FIC!!!!!!!

    2012-12-20
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