Cartas








Gina olhava atônita para a mulher de cabelos roxos sentada a sua frente. Tonks, sua chefe, estava lhe convocando para uma missão de extrema importância e super-secreta, se ela fizesse tudo certo poderia ser promovida, e olha que só tinha dois anos de carreira.


Tonks apostava todas suas fichas, queria Gina, sabia que ela era perfeita para o trabalho. Mas uma coisa ainda incomodava Gina.

- Por que o Harry? – perguntou ela desconfiada.

- Você sabe que ele é experiente e sabe lidar com essas situações. Coisas inesperadas acontecem nesse tipo de missão – explicou Tonks – e além do mais, nós não corremos o risco de você brigar com ele, ou dele se apaixonar perdidamente por você, como acontece com todos seus parceiros – completou ela em um tom divertido e cúmplice – como vocês mesmos dizem, são praticamente irmãos. Quis dar um presente! – finalizou sorrindo, mas, vendo que Gina continuava com uma expressão indecifrável, perguntou – Qual é Gina? Não gostou?

- Não... Não é isso... Eu gostei, mas...

- Mas... O que? – insistiu a Tonks com sua conhecida curiosidade.

- Nada, tudo bem – Gina se apressou a dizer – Obrigada Tonks, muito obrigada pela oportunidade.


Antes que a chefe dissesse mais nada, Gina pegou a pasta com o dossiê encima da mesa e saiu apressada da sala. Suspeitava que não fosse por simples coincidência que ela e Harry, de repente, formavam uma ótima dupla. Talvez tivesse o dedo de sua mãe e Hermione nessa estória também, elas viviam tentando reaproximá-los.


“Nós somos amigos, amigos” pensou Gina. Sentia um frio na barriga quando pensava na proximidade que teria com Harry, mas não havia com o que se preocupar, eles realmente eram praticamente irmãos. Iria realizar essa missão e provar para todo mundo, principalmente aquelas duas, que não havia mais nada entre eles, talvez fosse até bom, assim elas parariam de se iludir com isso.


Sentou-se em sua mesa e começou a estudar o dossiê sobre o caso. Não conseguia se concentrar direito, uma sensação estranha a incomodava, aquele frio na barriga...



~~~~ §§ ~~~~




Também em sua mesa, mas do outro lado do escritório, bem longe de Gina, Harry lia uma carta que acabara de receber.


Harry,

Recebi uma proposta de duzentos mil galeões anuais para jogar!
Fiquei sabendo ontem e já assinei o contrato. Vou jogar pelo União de Puddlemere agora, você sabe, o time da Inglaterra. Vou voltar!

Preciso de um favor seu. O centro de treinamento do time fica perto de Londres e eles queriam que eu morasse por ai. Você sempre reclama que aquela casa é muito grande, que se sente sozinho... O que você acha de eu ir morar com você?

Sei lá, eu também não quero mais morar sozinho, como a gente sempre se deu bem, eu pensei que você também fosse gostar, mas se você não quiser não tem problema, com a grana que eu vou ganhar dá pra alugar uns dez apartamentos.

Me responda o mais rápido possível, ainda tenho que arrumar minhas coisas e dar a notícia pra mamãe, se você aceitar ela não vai me encher pra eu voltar a morar com ela. Vou me mudar sexta.

Até semana que vem!

Rony

Ps.: Não conte nada pra ninguém ainda, você é o primeiro a saber.



Harry terminou de ler com um sorriso enorme nos lábios, estava com muita saudade do amigo, isso era a melhor coisa que podia acontecer. Precisava de Rony pra alegrar sua casa, dar um pouco de humor a sua vida de novo.


- Feliz Harry? – perguntou Tonks se aproximando da mesa dele e o surpreendendo – espero que seja por causa do trabalho, recebeu minha carta ontem?

- Recebi sim – respondeu Harry saindo de seus devaneios e escondendo a carta de Rony.

- Que bom! Acabei de falar com a Gina, vamos fazer uma reunião hoje às três horas na minha sala. Espero você lá! – disse ela entregando uma pasta a ele e sumindo pelos outros cubículos do escritório.


A alegria que a carta de Rony tinha despertado nele não foi suficiente para enganar a confusão que sua mente se encontrava, ainda mais agora, depois da notícia da tal reunião. Olhou a pasta que Tonks havia lhe entregado, havia um bilhete pregado: “ler para a reunião Harry”.


Ele pegou um pergaminho limpo e escreveu uma resposta positiva para Rony e vendo que já não tinha mais saída, abriu a pasta e começou a ler o dossiê do caso.



~~~~ §§ ~~~~





Hermione andava por um corredor do St. Mungos. Estava na ala em que era coordenadora. Ela mesma projetou e fez uma campanha de conscientização, para os outros bruxos se darem conta da necessidade de se ter um setor no hospital específico para isso, Injúrias Dignas de Trouxas, ou seja, ferimentos e males que não são causados por magia, desde machucados comuns do dia-a-dia, até doenças como AIDS e câncer, que eram recentes no mundo bruxo e que a maioria deles não tinha idéia de como tratar.


Para sorte de Hermione a ala se tornara a mais importante e com maior número de pacientes. Ela se tornou respeitada por isso e vários de seus estagiários estavam cursando universidades trouxas de medicina incentivados por ela, a própria tinha esse sonho, mas a coordenação ocupava todo seu tempo.


Entrou em sua sala, a última porta no fundo do corredor. A limpeza e organização impecáveis tomavam conta de todos os cantos dando ao lugar a cara de sua ocupante. Sentou em sua cadeira e suspirou de cansaço, começou a abrir a correspondência que seu assistente provavelmente deixara ali de manhã. Já estava quase no fim do expediente, mas ela esteve ocupada com pacientes o dia todo e não teve tempo nem de entrar na própria sala. A maioria das cartas tinha um aspecto oficial, mas uma delas chamou sua atenção, um envelope comum e pequeno, com uma caligrafia muito conhecida. Ela não esperava receber uma carta de Rony tão cedo. Ainda faltava uma semana para seu aniversário.


Hermione,

Eu sei que não costumo escrever muito pra você, na verdade nem sei por que resolvi escrever agora.

É que estou voltando para a Inglaterra e, bom, pensei em te avisar. É só isso. A gente se vê ai.

Espero que você esteja bem.

Um abraço,

Ronald



As mãos de Hermione começaram a tremer, “como assim ‘voltando para a Inglaterra’? Será que é só uma viagem ou é definitivo?”. Apesar das poucas palavras ali escritas, Hermione ficou feliz, uma sensação gostosa que ela não sentia há muito tempo veio à tona, uma mistura de euforia e nervosismo, um comichão gostoso na barriga. Teve vontade de pular e gritar.


Para muitas pessoas aquela pareceria uma carta comum, até mesmo fria, mas para ela Rony escrever avisando que viria e dizendo que esperava que ela estivesse bem, era, com toda certeza, um ótimo sinal. Um sinal de que as coisas começavam a voltar ao normal entre eles, e que aquele orgulhoso estava começando a dar o braço a torcer.


Se acalmando novamente, recostou-se na cadeira, e a lembrança dos motivos que levaram Rony a agir assim tomou conta de seus pensamentos mais uma vez, talvez não tenha tido um dia nesses últimos três anos em que ela não pensasse nisso, algumas vezes morria de remorso, por saber que a culpa era toda sua, a culpa pelo fim do relacionamento mais bonito e sincero de toda sua vida.


Ela leu a carta novamente, “ele vai estar aqui para o meu aniversário. O que eu falo com ele? Conto toda a verdade?”, essa era a única chance que Hermione tinha de esclarecer as coisas “não, nunca vou ter coragem de contar, ele iria me odiar mais ainda”.


Olhou para o relógio e viu que já passara quase meia hora de seu horário normal de trabalho. Levantou-se, guardou a carta de Rony na bolsa e saiu. Ainda tinha que resolver sua festa hoje.


Quando Hermione chegou em casa encontrou Gina na cozinha, com a cara fechada, preparando algo que cheirava muito bem.


- Hummm... É por isso que eu amo você Gi! – disse Hermione jogando a bolsa no sofá da sala e seguindo o cheiro até a cozinha. Gina apenas olhou para ela e continuou calada – que foi? Dia ruim?

- Foi você? – perguntou Gina sem olhar para a amiga e enfeitiçando uma faca para cortar dois tomates.

- Eu o que? – perguntou Hermione sem entender o que a amiga estava falando e se sentou na bancada da cozinha observando Gina cozinhar.

- Você falou com a Tonks – disse Gina, não era uma pergunta e sim uma acusação – eu não preciso de ninguém se intrometendo na minha vida amorosa, ok?

- O que? Continuo sem te entender, o que foi que eu fiz?

- Você pediu pra ela colocar eu e Harry juntos na missão!

- Você e Harry vão fazer uma missão juntos? – perguntou Hermione se excitando com essa perspectiva.

Gina parou o que estava fazendo e olhou para ela com uma expressão incrédula e inquisitiva ao mesmo tempo:

- Jura que não sabia?

- Claro que eu não sabia! – respondeu Hermione indignada, Gina se voltou novamente para o fogão, depositando o tomate picado na panela, enquanto Hermione sorria pensativa – não acredito que fui tão burra, como não pensei nisso antes?

- O que? – perguntou Gina, que não ouviu direito o que Hermione disse.

- Nada não, só pensei em voz alta. Mas o que é mesmo que vocês vão fazer nessa missão?

- Nós... Er... – Gina hesitou.

- Vocês?

- Vamos fingir que somos casados – disse Gina baixinho.

Hermione sorriu satisfeita, mas não fez nenhum comentário, sabia que só pioraria o humor da amiga.

- E para que vocês têm que fazer isso? – perguntou tomando cuidado para não parecer interessada demais.

- O Harry tem que se aproximar de um velho rico e provavelmente corrupto. O problema é que a mulher desse homem é que parece mandar nos negócios, então eu vou ter que me aproximar da mulher. Eles vêm de uma família antiga e tradicional, por isso vamos fingir um casamento feliz de dois bruxos puro-sangue, para podermos tomar um chá, jantar, seja lá o que for, na casa deles. Não se esquecendo que Harry se tornará um ricaço querendo investir nos negócios deles – disse Gina numa voz falsamente animada.

- Pensei que o Harry preferisse invadir casas sem permissão a fingir, não me parece que ele seria um bom ator – comentou Hermione.

- Ele realmente prefere, mas nós não temos nenhuma pista contra o velho, se a gente invadir lá e não encontrar nada, eles podem até processar o ministério, ia dar um problema danado – explicou Gina – por isso eu e ele temos que procurar pistas primeiro, pra depois invadir.

- Entendi – Hermione começou a analisar as possibilidades dessa missão em silêncio – mas o Harry não é puro-sangue e pelo que sei, sua família é traidora do sangue.

- Não importa, vamos nos tornar Sr. e Sra. Black. Harry tem o anel com o brasão da família, Monstro escondeu daquela limpeza do Sirius – continuou explicando Gina.

- Mas o Harry é conhecido, o rosto dele esteve em todos os jornais quatro anos atrás – continuou observando Hermione, que tentava, mas não conseguia parar de ver furos nessa missão.

- A Tonks, é claro, é ótima em disfarces – continuou Gina que parecia se empolgar a cada palavra, mesmo sem perceber, mas Hermione notou – ela colocou uma barba no Harry hoje na reunião – Gina começou a rir, como se tivesse sido uma cena realmente hilária – depois colocou umas roupas de aristocrata velho, ficou irreconhecível! – ela continuava rindo.

- E você?

- Eu vou só usar vestes de dama da sociedade – explicou Gina sem achar muita graça agora – echarpes, jóias, essas coisas. Eles são de Nottingham, raramente vêm a Londres, não vão perceber nada.


- Humm – Hermione olhava Gina, mas sem realmente percebê-la, sua mente estava trabalhando – entendo... Boa sorte pra vocês então, tenho certeza que vão se dar bem.

- Espero que sim. Se a gente conseguir pelo menos eu vou ser promovida.

Cinco minutos depois Gina colocou uma travessa cheia de macarronada na bancada, em frente à Hermione, o que despertou a amiga de seus devaneios. As duas se serviram e começaram a comer sem pressa. Hermione se lembrou que tinha que falar com Gina sobre a festa de aniversário.

- Eu estava pensando em fazer uma festa de aniversário sábado que vem. O que você acha?

- Ótima idéia! Você está mesmo precisando se distrair, a gente podia chamar o pessoal das antigas de Hogwarts, o pessoal do St. Mungos...

- Não, nada disso Gina – cortou Hermione – quero só nossa família e os mais chegados.

- Eu adoro quando você chama os Weasley de sua família – disse Gina olhando a amiga nos olhos e sorrindo sinceramente.

- É o que vocês são desde que meus pais morreram – Hermione sacudiu os ombros – ou melhor, desde que entrei para Hogwarts.

As duas sorriram e Hermione continuou o assunto da festa.

- Será que você não poderia me ajudar com a comida? Você sabe que sou péssima cozinheira.

- Claro! Você vai querer um jantar, ou uma festinha com aperitivos? – perguntou Gina.

- Eu gostaria de um jantar, como na época em que eu morava lá, todos comendo juntos na mesa...

- Ok. Vou pensar em algo bem gostoso! – disse Gina.


Ela parou de comer e ficou observando seu prato, brincando com a comida, aparentemente com o pensamento longe dali. Como se estivesse procurando a melhor maneira de começar um assunto, ela olhava Hermione, então resolveu perguntar – você vai convidar o Rony?


Hermione ficou quieta, Gina imaginou por um instante que não tinha ouvido a pergunta, mas então ela respondeu:

- Sim, ele é meu amigo não é?

- Você sabe muito bem do que eu estou falando Mione, vocês estão afastados desde que você...

- Olha Gina, isso já passou. Ele até me enviou uma carta hoje – disse Hermione séria.

- O que ele queria?

- Ele falou que vai voltar.

- Como assim voltar? Vai morar aqui de novo? – perguntou Gina pasma.

- Não sei, ele não falou, parecia mais um bilhete que uma carta.

Gina hesitou um momento, mas decidiu que tinha que tinha que ajudar seu irmão e sua amiga:

– Olha Mione, talvez fosse melhor você contar pra ele, esclarecer as coisas...

- Esquece, ele não iria me perdoar nunca, e as coisas estão bem assim.

- Você ainda ama ele, e sabe disso – insistiu Gina.

- Olha, você mesma acabou de me pedir pra não me intrometer na sua vida amorosa, não se intromete na minha.

Hermione se levantou e saiu em direção a seu quarto.


~~~~ §§ ~~~~



N/A: Agradecer, só o que eu tenho que fazer.

Quando eu comecei essa fic, foi com o objetivo de fazer algo que eu mesma gostasse de ler. Essa fic é bem meu estilo.

E eu fiquei muito, mas muito feliz com o sucesso que a fic teve!
*autora dando pulos de alegria*
Muito obrigada a todos que comentaram, votaram, até mesmo aqueles que somente leram!

E principalmente, muito obrigada a quem me deu força e acreditou no meu trabalho!

Mil vezes obrigada!

E a quem teve paciência de ler até aqui, eu peço que comente, critique, faça suas sugestões, me ajude.
E eu percebi que muitas pessoas que comentaram não votaram. =/
Quem quiser votar eu agradecerei muito!

È isso aí pessoal, até o próximo capítulo!

Bjuss

Ana Fuchs

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