Família









Uma pequena notinha antes do capítulo, só para lembrar vocês de que essa fic começou a ser escrita antes do lançamento de Relíquias da Morte, portanto no primeiro capítulo eu escrevi que Carlinhos e Percy Weasley estavam mortos, assim como Alastor Mooddy e Quim Shacklebolt. Por isso vocês não os encontrarão nesta festa de família. Ok? Agora acho que já enrolei vocês demais. Ao capítulo!



~~~~ §§ ~~~~




Mesmo depois de tanto tempo, a Toca ainda continuava muito pequena para abrigar, em sua cozinha, festas que reuniam a família inteira. No jardim, via-se uma mesa comprida, que, na verdade, era a junção de outras três menores. Estava coberta por uma bonita toalha florida, com borboletas que se movimentavam na pintura do tecido. Todas as especialidades culinárias da Sra.Weasley cobriam-na e enchiam ar, já infestado pelo perfume das flores, com o cheiro de boa comida. Para amenizar o sol forte da tarde, uma tenda branca ocupava boa parte do jardim.


A família se espalhava por toda parte: Fred e Jorge divertiam a filhinha de Gui com truques embaixo de uma árvore; Fleur, Sra. Weasley e Gina terminavam de arrumar as coisas sobre a mesa. Harry falava com Hagrid e com o Sr. Weasley a um canto, enquanto Gui, Lupin e Tonks conversavam seriamente logo ao lado.


Quando Hermione e Rony cruzaram o portão abraçados, gritos de “Até que enfim!” e “Bem-vindo de volta Rony!” estouraram por todos os lados, enquanto todos se aproximavam para cumprimentá-los.

- Graças a Deus vocês chegaram! – o grito da Sra. Weasley se sobressaiu, enquanto ela afastava os outros e corria para abraçar o filho.

- Pelas bochechas rosadas da Hermione e as orelhas vermelhas do Rony, acho que eu sei por que eles demoraram, mamãe. – disse Fred, trocando um olhar malicioso com Jorge.

- Você se esqueceu de mencionar os cabelos bagunçados da Mione, Fred – completou Jorge, sorrindo também.

- Parem com isso vocês dois! – gritou a Sra. Weasley, enquanto todos riam e o casal ficava ainda mais envergonhado – Que bom que vocês estão aqui! Eu já estava ficando preocupada.

- Houve alguns contratempos no hospital, Sra. Weasley – respondeu Hermione olhando para o chão e corando ainda mais.

- Tudo bem, Rony? Tudo certo com a sua cabeça? Aquela pancada foi forte... – disse Gui, apertando a mão do irmão mais novo.

- Melhor do que nunca! – disse Rony, tentando ignorar as risadinhas de Fred e Jorge.

- Vem Mione! – disse Gina apressada, puxando Hermione pela mão – Me ajude com os talheres.


As duas desapareceram dentro da casa enquanto Rony continuava a ser cercado de perguntas. Depois de alguns minutos de “Já disse que estou ótimo”, Harry se mostrou um verdadeiro amigo e o salvou, levando-o para rever Hagrid.



~~~~ §§ ~~~~





- O Hagrid vai sufocar o Rony com aquele abraço – disse Gina enquanto espiava, pela janela da sala, o jardim do lado de fora.

- O Hagrid não tem noção da força que tem – disse Hermione, tentando distinguir os cabelos ruivos de Rony por entre os braços do meio-gigante – Mas, não fuja do assunto... Você contou ao Harry?

- Shhhh! Não fale tão alto! Essa casa tem ouvidos, sabia? – disse Gina, aproximando-se de Hermione e baixando a voz – Eu contei a ele ontem.

- E... então?

- Ele adorou... Ficou mais feliz do que eu esperava – disse Gina, tentando esconder o nervosismo com um sorriso.

- Eu disse a você, Gina. O Harry vai ser um ótimo pai. Você vai ver. Mas você continua parecendo ansiosa...

- É que... Minha mãe e meu pai... Tenho medo de decepcioná-los, você sabe. Sou a caçula e tudo mais. E o Harry... Sumiu a manhã toda, depois ficou misterioso pelo resto do dia. Quando chegamos aqui, ele ficou esquisito... Calado.

- Olha Gina, foi uma surpresa pra ele também – disse Hermione, no tom mais compreensivo que conseguiu – Acho que ele só precisa digerir a notícia.

- É... Você tem razão – disse a ruiva encostando-se à janela e observando Harry e Rony rindo de alguma coisa que Hagrid contava – Eu quero muito esse filho Mione, muito mesmo. Eu fico imaginando o Harry como pai e... Tenho certeza de que vai dar tudo certo. Eu sei que ele nunca deixaria nada de errado acontecer.

- E sua família vai lhe apoiar. Vocês são Weasley, esqueceu?


As duas riram juntas, enquanto Hermione também se encostava à janela para observar Rony.

- Ok. Mudando completamente de assunto – disse Gina com um sorriso escancarado, dando pulinhos de alegria - Vocês transaram. Assuma.

- Gina! Está... Está tão óbvio assim?

- É claro que está! – disse Gina rindo – Vocês dois chegam juntos, atrasados, com essas caras culpadas.

- Ai! Eu não pude evitar! Foi tão... perfeito.

- Certo. Não quero saber detalhes, iria me dar mais enjôo do que eu já estou sentindo ultimamente. Mas eu fico realmente feliz por vocês.

- O que vocês duas estão fazendo ai? – a voz da Sra. Weasley chegou aos seus ouvidos, interrompendo a conversa – O almoço já vai ser servido. Vamos, vamos!




~~~~ §§ ~~~~





Hagrid já ocupava sozinho uma das cabeceiras da mesa, sentado em um banco feito com o pedaço do tronco de uma árvore. Hermione se sentou entre Gina e Rony, enquanto Harry se acomodou do outro lado de Gina.

- Eu fiquei sabendo sobre sucesso de vocês dois na captura daqueles dois criminosos, Harry – disse o Sr. Weasley parecendo satisfeito – Espero ter ajudado.

- Ajudou muito, Sr. Weasley. Na verdade, não teríamos conseguido sem você. E eu nem agradeci direito...

- Não precisa agradecer.

- Mas eles têm razão, Arthur – disse Tonks sorrindo – Sem a ajuda do seu departamento eles não teriam solucionado o caso. E a Gina, claro, foi o máximo! Ela conseguiu uma posição no nosso grupo especial.

- Bom... O Harry me ajudou muito... – disse Gina encabulada.


Harry sacudiu a cabeça, resmungando algo como “Não foi nada”.

- E nós não teríamos uma festa se não fosse pelo cabeçudo do Rony! – interrompeu Jorge – Um brinde à cabeça mais dura do mundo bruxo! – completou, levantando seu copo de vinho e sendo acompanhado por todos, em meio a risadas.


Durante alguns minutos em que todos comiam, o silêncio tomou conta da mesa, sendo quebrado apenas por barulhos de talheres e copos. Rony continuava emburrado e com as orelhas vermelhas, lançando, a cada cinco minutos, olhares mortíferos na direção de Jorge, já que havia entendido a ambigüidade da frase.


- E lá vem a sobremesa! – disse a Sra. Weasley, vindo da cozinha, com a varinha em punho, fazendo flutuar uma enorme torta.

- Uau! Ainda bem que não é sempre que temos um jantar desses! – disse Tonks espantada – Você quer nos deixar gordos, Molly!

- Na verdade todos estão um pouco magrinhos demais – disse a Sra. Weasley enquanto servia generosos pedaços de torta a todos, e um, com o triplo do tamanho, no prato de Hagrid – Tenho que aproveitar para cuidar de vocês todos enquanto estão aqui.


Rony devorou seu próprio pedaço de torta em um minuto e ainda se apoderou da metade de Hermione que, de qualquer maneira, não iria conseguir comer tudo.


Quando os pratos começaram a se tornar limpos novamente e a conversa ressurgiu junto a novas risadas e fofocas, Hermione percebeu que a única pessoa alheia a tudo era Harry. O tom do rosto dele estava se tornando ligeiramente verde, e o amigo engolia em seco, parecendo ansioso. Lembrava-lhe os momentos de concentração antes de alguma coisa importante que fossem fazer...


De repente, Harry se levantou parecendo totalmente encabulado. Ele encarava a mesa, aparentemente incapaz de produzir algum som. Ninguém pareceu entender o motivo, até que ele clareou a garganta e começou a dizer, inseguro:

- Me desculpem por interromper o almoço... Mas eu e Gina temos uma coisa importante para... É... Acho que todos aqui merecem saber.


Ele estendeu a mão para ajudar uma Gina, totalmente perplexa e surpresa, a se levantar também.

- Harry, eu acho melhor não... – ela sussurrou no ouvido dele.


Ele encarou o Sr. Weasley por um segundo, tentando se lembrar do que tinha a dizer, depois voltou seu olhar para a mesa novamente.

- Primeiro, eu tenho que me desculpar, eu acho – disse ele ignorando o pedido de Gina – Por não ter contado sobre nós dois... Reatamos o namoro – completou com um sorriso tímido.


Hagrid e Tonks bateram palmas, felizes, enquanto os outros encaravam Harry, perplexos. Hermione tentou lançar um olhar encorajador e confiante ao amigo, mas ele parecia envergonhado demais para olhar diretamente para alguém. “Meu Deus! Isso deve estar sendo realmente desafiador pro Harry” pensou ela.

- Acho que você prefere contar – disse Harry para a ruiva – É um direito seu.

- Eu não queria contar assim mãe – disse Gina, encarando Molly, decidida – Mas eu quero que saiba que estou muito, muito, muito feliz e sei o que estou fazendo, ok? Eu e o Harry vamos ter um bebê.


Rony, o Sr. Weasley e Lupin se engasgaram no mesmo instante como efeito da surpresa, mas todos continuavam a encarar Harry e Gina, não conseguindo processar o que ouviam.

- Eu sei que é uma surpresa – disse Harry abraçando Gina, que agora encarava todos da mesa, orgulhosa, como se quisesse desafiar qualquer um a repreendê-la – E... Eu preferiria mil vezes não ter que chamar toda essa atenção – ele sorriu meio desajeitado – Mas eu tenho que ser sincero com todos vocês. E eu sou responsável por ela e pelo bebê a partir de agora. E eu não poderia imaginar nada melhor.


A ruiva escondeu o rosto no ombro de Harry, enxugando uma lágrima – Eu juro que te mato Potter – sussurrou para que só ele ouvisse.


Ele a afastou ligeiramente, grato por todos terem continuado calados, principalmente Fred e Jorge. Retirou uma pequena caixinha de veludo roxo, enrolada numa fida de seda lilás, do bolso da calça. Desamarrou a fita com as mãos tremulas e abriu a caixinha, revelando um anel de ouro com um rubi incrustado. Era a jóia mais linda que Gina já havia visto.


“Ohhhh” foi o que todas as mulheres conseguiram dizer ao avistar o anel, principalmente Fleur, que se levantou para ver melhor, parecendo impressionada.

- Quer... hu-hum... Quer casar comigo? – perguntou ele encarando a ruiva, que tinha lágrimas nos olhos e as mãos cobrindo a boca.


Antes que Gina pudesse responder, os soluços de Hagrid irromperam no canto da mesa, enquanto ele pedia desculpas e tirava seu enorme lenço do bolso para limpar as lágrimas e assoar o nariz. Molly também não agüentou e desatou a chorar nos ombros de Arthur. “Minha flhinha! Ah! Minha Gininha!”. Fleur soltou uma exclamação de “Que grracinha!” e abraçou o marido, enxugando uma lágrima.

- Isso é golpe baixo, eu ainda não perdoei você por me fazer passar essa vergonha – disse Gina emocionada, sem conseguir conter um sorriso – Claro que eu quero Harry! Sempre quis! Eu amo você!


Ela pulou no pescoço dele, chorando de felicidade e enchendo cada pedaço do rosto vermelho de Harry com beijinhos. Ele parecia um menininho que acabara de ganhar sua primeira vassoura, com um sorriso enorme no rosto.

- O... O senhor me permite, Sr. Weasley – disse ele segurando o anel e a mão direita de Gina.

- Ela é sua – respondeu Arthur, tentando disfarçar os olhos cheios d’água.


Harry colocou a aliança com delicadeza e puxou Gina para um beijo carinhoso, enxugando as lágrimas dos olhos dela. A mesa irrompeu em palmas, enquanto os dois se abraçavam sorrindo. Até Fred e Jorge pareciam temporariamente mudos diante da “audácia” de Harry em tomar posse de sua irmãzinha desse jeito.

- Isso foi difícil – sussurrou ele no ouvido de Gina.


Nesse exato momento, Tonks se levantou e correu para abraçar e parabenizar os dois, Lupin logo atrás dela, visivelmente emocionado.

- Obrigado, Tonks. Queria sua aprovação também, Remo – disse Harry, apertando a mão de Lupin – Você é como se fosse... Você sabe... Sirius, meu pai, minha mãe... Só me resta você.

- Eles iam ficar muito felizes Harry – disse Lupin, dando tapinhas no ombro do rapaz.


Harry esteve tão concentrado em Lupin e Tonks que não se deu conta da pequena confusão que se formava do outro lado da mesa. Rony, Jorge, Fred e Gui vinham em sua direção, com as caras fechadas. Os quatro tinham os braços cruzados parecendo gângsteres, daqueles em que toda uma família é mafiosa e vingativa, enquanto Hermione tentava impedi-los dizendo “Não sejam ridículos” e Gina, enfurecida, fuzilava os irmãos com o olhar.

- Não seja histérica, Mione – disse Fred, parando na frente de Harry – Nós só queremos ter uma conversinha com o cabeça de porco-espinho aqui.


Harry encarou aqueles quatro ruivos altos, sem ter certeza de que aquilo era ou não uma brincadeira. Gina começou a avançar como uma fera em direção a eles. Mas, antes que pudesse alcançá-los, Hagrid apareceu atrás dos quatro, pegando-os de surpresa, abraçando todos eles de uma vez e apertando-os, enquanto soluçava.

- Os tios! Todos vocês... – dizia ele, entre os soluços – Eu não acredito... Família! Tudo se resume em família.

- Certo Hagrid! – disse Jorge mal-humorado, afastando a barba de Hagrid que lhe roçava a bochecha – Você acabou de estragar a peça que a gente ia pregar no Harry.


Mas Hagrid pareceu não ouvir e soltou todos os quatro – que se afastaram logo, com medo de outro abraço – para depois dar dois passos cambaleantes e abraçar Harry, quase separando sua cabeça do corpo. Harry sentia a lágrimas grossas de Hagrid empaparem sua camisa e um cheiro de uísque barato, que ele provavelmente bebera escondido.

- Se Dumbledore pudesse ver, Harry – dizia Hagrid entre os soluços – Você sabe que sempre foi o preferido dele, Harry... Você sabe... O amor venceu! Tão orgulhoso! É... Orgulhoso!

- Já Chega! Já chega, Hagrid – a voz da Sra. Weasley se aproximou – Não ouse sufocar meu genro! Se meu neto nascer sem pai... Oh! Harry, querido!


E Harry sentiu, pela segunda vez, depois de um breve alivio, sua cabeça lutando para não ser separada do pescoço. Mas, retribuiu satisfeito, pois sua preocupação durante todo esse tempo era o que a Sra. Weasley iria pensar. Ela que cuidou dele desde que era um menino... Quase como uma mãe. Não suportaria a desaprovação dela, nem sua tristeza. Sentir-se-ia um traidor dos mais imundos.

- Vocês dois foram muito apressadinhos pro meu gosto. Mas, o que está feito, está feito. Cuide dela, Harry – disse Molly emocionada – Sejam felizes! Vocês merecem, querido.

- Muito obrigado, Sra. Weasley – disse Harry, assim que conseguiu tomar fôlego.

- Você nos pegou de surpresa, Harry – disse o Sr. Weasley, que se aproximara antes que Harry tivesse percebido – Ela é meu tesouro. E eu a entrego para você porque sei que não existe ninguém melhor pra cuidar dela. Só lhes peço muito netos! Uma penca deles!

- Vou fazer o possível!


Os dois homens se abraçaram brevemente, antes que Fleur avançasse na direção dele com os braços estendidos, assustando-o. Harry viu, por entre a cabeleira prateada dela, que, na confusão de abraços e choros, Gina já estava bem distante dele, mostrando seu anel à Tonks e Hermione do outro lado da mesa.

- Foi suberbe! Magnific! – dizia Fleur, enquanto beijava suas duas bochechas – Parrabéns!


Mas Harry sabia que o pior ainda estava por vir, quando avistou Hermione vindo em sua direção com os braços já abertos, tentando engolir o choro. Abraçou-a com um sorriso, pois sabia que, se havia alguém tão realizado quanto ele e Gina, esse alguém era Hermione. Assim que a soltou, ela começou a bater em cada parte do seu corpo que alcançava.

- Como se atreve a fazer uma coisa dessas sem me avisar, Harry Potter? – gritava ela de uma maneira que ele não conseguia saber se estava realmente brava ou não – Eu ainda sou sua melhor amiga! Te ajudei nisso desde o princípio!

- Eu me decidi ontem, Hermione! Juro! – gritou ele, levantando os braços para cima, como se alegasse inocência.


Mas ela já o havia abraçado de novo neste instante, soltando o choro nos ombros dele.

- Você vai ser perfeito! Eu sempre soube que seria – disse ela, tentando disfarçar as lágrimas – Vá viver sua vida agora, Harry.


Harry já se sentia tonto com tantos abraços e gritos quando uma mão empurrou seu ombro com força. Ele se virou para trás e viu a gangue de ruivos mais uma vez, só que sorridentes, agora.

- O Hagrid te livrou de uma, cara! – disse Fred

- Mas Gina ainda é nossa irmã caçula – completou Jorge.

- E nós estamos de olho em você – disse Gui com uma piscadela.

- Toma cuidado, cara – finalizou Rony, dando mais uns tapas no ombro de Harry, que sorriu.


Os quatro se cumprimentaram e Harry se virou, tentando encontrar Gina. Tinha que conversar com ela... Precisava abraçá-la e ter certeza de que era verdade. E precisava também de uma boa dose de uíque de fogo para parar de tremer.


Seus dois desejos foram atendidos imediatamente, quando Gina surgiu por trás de Hagrid e correu radiante para os seus braços e o Sr. Weasley apareceu na porta da toca com uma garrafa na mão, distribuindo várias taças pelo ar.

- Eu ainda não acredito que você fez isso – disse Gina feliz.

- Era pra ser uma surpresa – disse ele sorrindo antes de pegar uma taça cheia de uísque de fogo que lhe era oferecida.

- Aos noivos! – gritou o Sr. Weasley, erguendo a taça no ar.

- Aos noivos!




~~~~ §§ ~~~~





- Eu ainda não sei como escapamos daquela confusão toda que você armou lá – disse Gina aconchegando melhor a cabeça no ombro de Harry.

- Agora você é minha, te levo pra onde eu quiser – disse ele se fingindo de machão e depois rindo junto com ela.


Os dois estavam deitados na grama fofa logo atrás da Toca, embaixo de um salgueiro cujas folhas pareciam franjas enormes e verdes que caiam em cascatas até o chão, formando uma espécie de tenda, onde os dois se escondiam, sem se importar com mais nada. Era a hora do crepúsculo e o céu se tingia de um violeta escuro, riscado de rosa no horizonte.


Harry pegou a mão direita e pequena de Gina e a levantou para que pudesse ver o anel. Era delicado e lindo como a mão, cintilando, ali, como prova de um amor muito mais valioso que ele.

- É lindo. Eu adorei – disse ela.

- Fui comprar hoje de manhã. Ainda bem que encontrei exatamente o que queria sem precisar procurar muito – e, surpreendendo Gina pela milésima vez naquele dia, ele tirou outra caixinha de veludo lilás do bolso, só que maior um pouco que a última – E achei que você iria gostar disso aqui também.


Ele tirou uma medalha, exatamente igual a que tinha dado a Rony e Hermione, e a pendurou no pescoço dela, meio desajeitado pela posição em que estavam.

- Agora, quando eu precisar de você, eu chamo – disse ele sorrindo – E você vem me salvar. E você pode falar com o Rony e a Hermione se quiser também.


Ela sorriu, sem mais palavras para dizer o quanto ele a estava fazendo feliz naquele dia. Ela nunca se sentira tão importante e tão amada em toda vida.

- Eu fiquei muito brava com você quando se levantou e começou a falar – disse ela com calma – Mas, te perdoei assim que vi você tirando aquela caixinha do bolso.

- Eu queria que fosse tudo do jeito certo. Porque é muito importante pra mim – disse ele, passando uma mão com carinho na barriga de Gina e imaginando quando poderia sentir seu filho ali dentro.


Os dois se calaram novamente, apenas apreciando como era bom, apenas estarem deitados ali, juntos, e sentirem o amor que os envolvia e inebriava.

- Me dá um beijo – disse ela se afastando um pouco para poder vê-lo – Um beijo de verdade. Eu preciso saber que é real.


Sem esperar que ela pedisse duas vezes, Harry se virou, colocando-se por cima dela, com cuidado. Arrumou os cabelos vermelhos e sedosos dela com delicadeza, espalhando-os por cima da grama verde e admirando o efeito. Ela parecia um anjo malicioso e sedutor. Um rosto completamente inocente, com um olhar de cigana apaixonada. Olhou para a boca, tão vermelha e bem desenhada, que era impossível não sentir vontade de beijá-la. Ele esticou com delicadeza o braço direito dela para o lado, deslizando sua mão por toda extensão de pele macia e, finalmente entrelaçando-a na dela e sentindo o anel. O compromisso. Pro resto da vida. Beijou-a com tanta vontade e tanto amor, que não queria parar nunca mais, poderia passar dias ali, só beijando Gina.

Ela o empurrou de leve, parecendo incomodada com alguma coisa.

- Você não fez tudo isso só por causa do bebê, fez?

- O bebê só aumentou minha vontade de casar com você. E me deu uma boa desculpa para convencer seus pais – respondeu ele, com um sorriso maroto.

- E todos pensando que você é um bom moço, Potter – disse ela sarcástica antes de puxá-lo pelo colarinho e beijá-lo mais uma vez.




~~~~ §§ ~~~~





- Não se atreva a ir lá incomodar sua irmã, Ronald – dizia a Sra. Weasley a Rony, que estava prestes a sair para o jardim – Deixe os dois em paz um pouco.

- Isso mesmo – disse Hermione abraçando-o pela cintura – E nós temos que ir embora Rony, só sobrou nós dois aqui e você é o que mais precisa de repouso.


Ele pareceu finalmente convencido de que seu destino era obedecer àquelas mulheres mandonas que ele amava tanto. Abraçou Hermione, cansado, e se virou para a mãe.

- Nós vamos indo então, mãe.


Molly deu um beijo estalado na bochecha de cada um, satisfeita por ter convencido o filho teimoso, e se virou cantarolando para terminar de arrumar as coisas na cozinha.


Cansados demais para dizer mais alguma coisa, Rony e Hermione saíram pelo jardim, aparatando abraçados no portão. Apareceram novamente na porta do apartamento dela.

- Mione – disse Rony entrando e se jogando no sofá – Hum... Eu tenho que te perguntar uma coisa.

- Pergunte – disse ela, distraída, jogando-se ao lado dele no sofá e o abraçando.

- Bom... A Gina contando que estava grávida, sabe...

- O que tem isso? Você não está com ciúme de novo, está?

- Não, não é bem isso que eu queria dizer...


Rony parecia definitivamente estranho. Hermione se afastou um pouco para prestar mais atenção à conversa, percebendo que havia alguma coisa errada ali.

- O que foi Rony?

- É que... A gente não se preocupou com isso hoje... Quando a gente... Você sabe – as orelhas dele se avermelharam instantaneamente.


Percebendo o que ele queria dizer, Hermione não conseguiu segurar uma risada alta, que só pareceu confundi-lo mais ainda. Será que ele era sempre tão bonitinho assim? Ela resolveu que era melhor explicar.

- Sabe Rony – começou ela, levantando-se de joelhos no sofá e sentando-se no colo dele, frente a frente – Eu acho que você não tem noção do quanto é irresistível.


Nesse ponto, apesar de ainda confuso, ele sorriu um pouco, orgulhoso, e segurou a cintura dela com as duas mãos.

- E digamos que eu sou bem prevenida... Então assim que eu soube que você iria estar por perto – ela o provocou falando bem perto da orelha dele – Eu comecei a tomar a poção anticoncepcional.

- Hum... Certo – foi a única coisa que ele conseguiu responder enquanto ela começava a beijar seu pescoço.

- Está com medo de ser papai? – perguntou Hermione, rindo.


Ele a segurou pelos braços e afastou-a um pouco, talvez ciente de que só assim poderiam conversa a sério.

- Na verdade era mais uma esperança...


Agora foi a vez de Hermione ficar confusa e abobada. Ela olhou para ele, tentando encontrar algum vestígio de brincadeira, mas ele estava sério.

- E eu estou muito cansado e precisando de um banho – continuou ele, fazendo sua melhor cara de malandro – Talvez a gente possa cuidar disso lá no banheiro. Quanto tempo dura o efeito da poção mesmo?


Sem esperar resposta ele se levantou com ela no colo e os dois subiram, rindo, as escadas até o quarto dela.

- Eu estive com vontade de fazer isso durante toda a tarde – sussurrou ela no ouvido dele enquanto eles entravam no banheiro e fechavam a porta.





~~~~ §§ ~~~~






N/A: Voltei!

E estou de férias agora! A não ser pelo cursinho...

Gostaria de encontrar uma palavra maior do que obrigada para mostrar meu sentimento em relação a todos vocês, mas não achei.
Então muito, muito, muito, muito obrigada!

A compreensão e a paciência de vocês significaram muito pra mim. Fiquei sem computador do dia 08/03 ao dia 02/04 e isso atrasou mais ainda a postagem. Por isso não respondi alguns de vocês no Orkut também, me desculpem. Entrei de férias semana passada e venho me dedicando ao capítulo desde então. Devo postar pelo menos mais um capítulo antes de voltar às aulas no fim de abril.

Temos uma nova beta oficial: Julianne Cavalcanti!
Muito bem vinda Ju! Você salva meus capítulos com certeza, sua opinião é muito importante! Assim como suas correções!


BEM VINDOS NOVOS LEITORES!

Vocês não têm idéia de como eu fiquei feliz ao entrar na fic depois de quase um mês e ver mais de trezentos e cinqüenta votos!

Espero que tenham gostado desse pedido de casamento, porque, na minha opinião, o maior desafio para o Harry seria se expor, e ele fez isso como uma prova de amor à Gina, e de respeito aos Weasley.

E daqui pra frente serão só coisas lindas nessa estória e eu estou super-ansiosa pra escrever!

Me desculpem de verdade por sumir assim, mas os estudos me apertaram de verdade. Não poderei avisar sobre as atualizações por e-mail como tinha planejado, nem responder aos comentários, que foram muitos mesmo. Mas eu li todos com muito carinho, especialmente aqueles que tomaram quase quatro posts... hum-hum.

Espero que se sintam abraçados e recompensados!

Beijos, beijos e mais beijos!


Ana Fuchs

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