Segundas intenções



Cap 7: Segundas intenções

Dill ainda achava que era noite quando Melany começou a gritar seu nome.

”Não, não, me deixe! Vai trabalhar!”

- Eu? Ir trabalhar? Dill! Acorde! – a garota ruiva de verdade arrancou os lençóis em que a ruiva de mentira estava deitada. – Nós temos que ir para o Salão! Café, Hogwarts, amigos! Hello! Hoje você vai começar a estudar bruxaria!

A ruiva acordou só com o Hello! que quase furou seus tímpanos. Enquanto se levantava, percebia onde estava, e não era na sua cama, no Brasil, em São Paulo. Era na Inglaterra, com seu pai, longe da mãe. Ao seu redor algumas garotas já estavam todas ajeitadas, arrumadas com as fardas que ela achava ridículas.

- Ta, ta! Só me faz o favor de gritar hello bem longe de mim! – com isso ela levanta e se encaminha para o banheiro que estava sem ninguém.

- Essa é a garota nova, Mel? A filha do Snape? – pergunta uma garota morena com um olhar desconfiado.

- A própria... – ela rebate com um sorriso malicioso nos lábios.

**************

- Den, Den, DEN! – travesseirada na cara.

- Mas que meu...

- Acorda, cara! Já é de manhã.

- E eu com isso? Mas que droga, por que você fez isso? – e lança o travesseiro de volta ao colega de quarto, Jack.

- Acorda, só isso. Se a Mel chegar lá no Salão Comunal primeiro que a gente, vem até aqui te acordar de um jeito muito pior.

- E ela pode vir aqui? – ele se levanta e faz a pergunta de um modo muito interessado.

Jack ri de volta para ele.

- Elas podem entrar aqui, nós lá, não.

- Quem foi o idiota e veado que inventou essa regra? – o outro pergunta já com o chuveiro ligado.

- Não importa, já está morto.

E ouvindo as lamentações de Den sobre a morte precoce do bruxo babaca, ele sentou na cama e esperou-o.

************

Penny havia acordado muito cedo. Mal conseguia acreditar que estava na escola de seus pais, indo estudar as mesmas aulas que eles, se formaria lá e .... não estava na mesma casa que eles. Oh, nada pode ser perfeito.

Ela escovava os cabelos loiros com mechas escuras na frente do espelho quando uma menina muito loira, de nariz empinado se aproximou e a empurrou com o lado do corpo inexistente, ela sentiu apenas osso.

- Ai! – a empurrada se lamentou baixinho e não entendendo o que havia ocorrido.

- Sai daí, sua loira falsa! Eu cheguei aqui primeiro – ela falou com uma voz manhosa e enjoada.

- Hum, desculpe, mas eu acordei primeiro e vim para o espelho.

- Não, sua bobona, eu não me refiro a ordem de banho, e sim à escola. Agora, retire a sua imagem insignificante daqui, eu não gosto que fiquem me olhando enquanto estou me maquiando, mal olhado dá azar... – e ela se vira para mandar um “abanozinho” de dispensa para Pen.

A garota ficou parada no meio do quarto olhando a outra se ajeitar não acreditando na falta de educação dela. Antes que ela pudesse fazer alguma coisa, sentiu alguém puxá-la para trás suavemente.

- Venha, só não perca tempo discutindo com ela. Essa nojenta não se manca mesmo... – Pen olhou a menina que lhe falava. Era sua vizinha de cama, tinha pele alva, cabelos castanhos e olhos da mesma cor. E, curiosamente, não estava falando em inglês, mas sim em português, mas era um português com mais sotaque.

- Hum... oh, não sabia que ela era...

- Venha, vamos logo, sabe. Daqui a pouco aquela outra aparece e aí que o lugar vai ficar realmente ruim!

A garota puxa-a em direção à saída do quarto, dando tempo apenas dela pegar suas coisas.

- Meu nome é Penélope Foster, e o seu?

- Rosamaria Quintana. Sou portuguesa. – ela fala dando um sorriso, enquanto elas desciam as escadas conversando ainda em português.

- Ah! Que bom... bem que o Snape falou que aqui tinha alguns portugueses.

- Sim, nós somos uns dez no total. Eu entrei aqui no terceiro ano e adorei. A única coisa que ainda me incomoda, bem, são aquelas ali. Hunf!

- Mas quem são elas?

Elas já estavam no salão comunal da Sonserina e Pen viu Greg sentado perto da lareira apagada, a esperando. Ele, quando a viu deu um sorriso e seguiu em direção a elas.

- Ah, olá Greg.

- Iai, Rosa? Obrigada por descer com a Pen.

- Ah, que é isso! – ela sorri. – Eu só fiz o necessário. A idiota da Macclegen já estava tentando arranjar confusão com ela, sabia? Mas eu a puxei de lá antes que a Chang chegasse e piorasse a situação.

- Mas que coisa, aquelas duas...

- É... bem, eu vou indo. Combinei de me encontrar com a Carla. Nos vemos nas aulas... e foi bom te conhecer, Penélope. – ela se despede dos dois dando um “tchauzinho”.

- Então, você já estava arranjando confusão? – o garoto pergunta divertido.

- Eu?! Eu não! Ela que me empurrou de lado, e não me deixou terminar de me arrumar. Sinceramente, que falta de educação!

- Hehe. Você vai ter que se acostumar. Cat Chang e Tiffany Maclaggen se acham as maiorais por aqui. E é porque ainda falta a Karoline Smith.

- Só pelos nomes... – ela faz uma careta- ... podemos ir descendo? Eu quero ver como estão Den e Dill.

- Ok, primeiro as damas... – e ele abre a porta da masmorra para a garota.


******************

Jack não tinha conseguido mais esperar Den. Ele já estava no Salão comunal da Grifinória quando viu Mel descendo.

- Hey, cadê a Dill?

- Se arrumando. Ela parece que ainda nem acordou, incrível. E cadê o Den?

- Bem, eu o acordei há séculos. Mas ele continua se arrumando. É pior que uma menina, nossa!

Mel dá uma risadinha.

- Bem, então ele realmente vai combinar muito com você e o Greg. Acho que até poderão trocar umas dicas de beleza, não?

- Há, há, ha, muito engraçado, Mel. – ele fala demonstrando não sentir o menor pingo de graça. – Eu estou morrendo de fome, e estava a fim de falar com o Greg. Será que você não poderia acompanhá-los até o Salão?

- Até poderia, mas a Dill disse que não é para eu esperá-la. Então, acho que vou com você.

- Ok, então. O Den também disse que se virava. E eles ainda estão adiantados, então... arriba! – ele se levanta de um pulo e sai caminhando de forma engraçada até a porta, seguida de perto por Mel, que ria dele.

*******************

Pen e Greg se sentaram à mesa da Sonserina e continuaram conversando e comendo. A garota parecia procurar alguma coisa com os olhos. Greg achou que fossem os dois amigos, mas ela olhava insistentemente para a mesa da Corvinal.

- Você queria mesmo ir para lá?

Ela levanta os olhos e percebe que ele a estava olhando.

- Ah... – ela fala meio constrangida por ter deixado ele perceber. – Não é só isso, sabe? É, que, bem, meus pais queriam muito... e eu tenho um primo aqui.

- Hum, qual o nome dele?

- Rob. Rob Foster.

- Ah, Rob! Gente boa. E muito cdf... – ele ri do jeito de Draco.

A garota devolve o riso no instante em que percebe Jack e Mel entrarem no Salão chamando a atenção de todos os presentes. Eram mesmo um casal chamativo e popular. Jack olha para Greg e lhe dá uma piscadela, mordendo os lábios.

- Esse Jack! Desse jeito todo mundo acaba pensando que a gente é gay. – ele fala se levantando e rindo.- Vamos, vamos até lá. – ele sai em direção à mesa da Grifinória carregando um copo de achocolatado.

- Onde estão Den e Dill? – Penny perguntou na hora em que chegou à mesa com Greg.

- Bem... aparentemente eles têm um sério problema para levantar cedo.

- Sim, sim, disso eu já sabia.

- Mas nós não. Eu acordei o Den, mas ele parece um maricas se ajeitando. Não agüentei esperá-lo. – Jack rebate fazendo uma cara de desculpa.

- E eu acordei a Dill, mas ela disse que era para eu vir descendo, que não precisa de mim e tal... bem, eu vim. – Mel encolhe os ombros colocando uma uva na boca.

- Não se preocupe, Pen. Eles não são crianças, qualquer coisa eles perguntam a alguém. Se senta e termina de comer, vai?

- É porque vocês não entendem. – ela fala se sentando ao lado de Greg e mordendo os lábios com gloss rosa, preocupada. – Quando eles estão juntos, sai de baixo. E o que a gente precisa evitar terminantemente nesses primeiros dias é que a Dill arranje problemas com o Snape. E o Den, bem... eles dois juntos, sai de baixo. – ela repete, não sabendo mais o que falar.

Os três ingleses olham para ela como se não acreditassem. O que aqueles dois eram capazes de aprontar sozinhos, numa hora daquelas?

- Não se preocupa, Pen. – Greg repete. – Mas, pelo o que eu saiba, vocês se conheceram agora, não?

- É, nós estudávamos na mesma escola, mas só começamos a nos falar mesmo quinta passada. Quer dizer... Den e Dill já se conheciam, eles já foram até namorados... – ela fala sem prestar muita atenção.

- O Den já namorou com a Dill? – Jack estava interessado. – E agora ele namora com você?

- Hum... vamos dizer que as palavras “Den” e “namorado” não combinam muito uma com a outra numa mesma frase. – ela tenta explicar, agora olhando para os três. – Eu e ele estamos... sei lá... “enrolados”...

Greg e Jack deram sorrisos cúmplices. O loiro parecia ser mesmo da turma deles.

- Ah, então vocês vão se dar muito bem mesmo com ele. – Mel fala com uma cara azeda para os outros dois. – Sério, às vezes acho que a coisa mais fácil de se fazer aqui em Hogwarts é dar uns “pegas” nesses dois. Eu acho isso muito triste. – cara de desprezo.

- Oras, pare com isso. Como se você fosse a Madre Tereza de Calcutá. – Greg fala rindo. – Nós não somos assim, Pen, sério. É que às vezes a Mel é muito exagerada mesmo e ...

Ele se calou. Estava ouvindo alguma coisa como gritos e assobios vindo do lado de fora do Salão. E não era só ele. Todos os presentes, inclusive os professores e o próprio diretor percebiam o movimento. E eis, que surge da porta Dill e Den, ouvindo juntos o famoso iPod da garota.

Não se podia dizer que a estranheza da cena se devia somente a isso. Os dois além de estarem ouvindo o iPod estavam dançando animadamente como se ninguém estivesse olhando, e como se não estivessem em uma escola. Os uniformes dos ditos-cujos ainda estavam quase que totalmente transfigurados: a saia de Dill era a mais curta de toda a Hogwarts, os tênis eram All Star’s pretos, velhos e de cano médio, a blusa estava com as mangas puxadas para cima e a gravata estava amarrada de qualquer jeito no pescoço. Den não ficava para trás: as calças estavam lá embaixo, e a gravata tentava em vão segurá-la como cinto, a blusa também estava um pouco puxada para cima, deixando a mostra os braços um pouco avantajados dele, o cabelo loiro estava bem bagunçado com gel.

Os dois foram se aproximando de acordo com a batida da música, que parecia ser agitada e bem dançante. A essa altura todos os professores da mesa estavam olhando para os dois, fora os alunos. Greg e Jack começaram a rir da cara de Snape, Mel não sabia o que fazer, e Pen cobriu o rosto com as mãos: parecia estar em estado de total decepção, mas era muito engraçado ver a sua expressão.

Quando os dois chegaram à mesa, parando de dançar com umas reboladinhas espetaculares, tiraram os fones do ouvido e olharam o resto dos garotos animados.

- Ah! Nada melhor do que começar o dia ouvindo Fergie! – a garota deixa a pesada mochila cair em uma cadeira ao lado de Jack, sem se importar com os incômodos olhares dos colegas. – E, em homenagem à vocês, London Bridge!

- Bem, eu preferiria ouvir uma de Justin... – Den diz olhando a amiga e fazendo o mesmo ao lado de Pen e dando uma olhada para Greg, que devolveu com um sorriso de camaradagem.

- Por que vocês fizeram isso? – Penny pergunta com uma voz desesperada.

Os dois olham para a loira juntos. Por que ela estava tão assim?

- Ih, o que foi, Pen? A gente só estava tentando se aquecer, sério! – Dill a olha com uma cara inocente e se alisando: lá fora a chuva caia mais intensamente do que era para ser.

- Se queriam se aquecer, bem, que usassem as túnicas! – ela aponta para dentro das bolsas deles, onde estavam metidos de qualquer jeito as famosa túnicas de pano escuro dos alunos de Hogwarts. – Sério, Dill. Você não pode ficar arranjando confusão, pelo menos não nessa primeira semana! Vocês viram se o Snape olhou eles dois? – ela pergunta depressa para os outros.

- Se olhou? Se olhou? O cara quase fuzilou a Dill com os olhos! A cara que ele fez foi... foi... foi... hahahaha – Jack caiu na gargalhada.

- Hilário! Simplesmente isso!! - Greg recomeça a rir com Jack na mesa. Pen parecia que ia cair no choro.

- Penny, não fica assim. O que é que tem eles fazerem isso? O pai não é da Dill? Ela que se entenda com ele! – Mel tenta consolar a garota. Den também tentava fazer isso tentando abraçá-la, mas a garota dava cotoveladas discretas antes que ele conseguisse. Na última Den se irritou.

- Ai! Escute, Pen! A gente estava brincando, “pô”, que coisa! Se acalma, ele não vai mandar a gente ir embora por causa de uma dancinha, né?

- O problema, Den e Dill... é que ele está de olho em nós. E ele é o diretor. Qualquer deslize... então nós estamos fora!

- Por mim, quanto mais cedo, melhor! – ela fala com cara de quem pouco se importa. – Mas não fica assim, Pennyzinha! Se você quer tanto assim que eu me comporte, eu me comporto!

- Sério? – a loira parece se animar.

- NÃO! – ela grita. – Hááá! Pegadinha do malandro! Ihihihih! – ela dá sorrisinhos enquanto se serve de café preto e torradas com manteiga.

Aparentemente, somente Den entendeu a piada da ruiva à sua frente, e começou a rir baixo, mas parou notoriamente quando viu Penny o olhando.

- Você às vezes é podre, Dill! É sério! Se comporte, sim? Pelo menos por enquanto. Depois que estivermos mais estáveis por aqui, te ajudo a fazer qualquer coisa com seu pai, do jeito que eu disse. – golinho de chá.

A ruiva começa a encarar a loira à sua frente. Ela não queria fazer a amiga ser mandada embora, apenas ela queria sair logo daquele lugar, e de maneira bem trágica, para envergonhar Snape o mais que ela pudesse. O que custava ficar quieta pelo menos um dia? Iria tentar...

- Ok, ok, ok. Eu fico na minha, pelo menos por enquanto... mas não garanto nada, você sabe como eu sou.

- Ah, Dill! Eu sabia que você entenderia! – ela sorri satisfeita.

- Tá, só não fica animadinha demais, tá!? Ai, meu saco.

De repente eles ouvem uma zoada estranha, vinda das grandes janelas ao longo do Salão. Eram corujas, milhares de corujas adentrando o Salão e se dirigindo aos donos com pacotes e cartas a serem entregues. Duas corujas se dirigiram em direção à Greg, uma à Penny e outra à Den.

- O que esse bicho quer?

- Pegue a correspondência, Denis, é para você! – Mel explica para o garoto com cara de riso. Ele desamarra a carta que estava na coruja marrom com nojo e começa a lê-la. Ao seu lado, Penny já lia a carta com um sorriso no rosto, parecia estar muito feliz, já Greg se dividia entre as duas cartas: uma hora sorria, na outra, fazia uma cara engraçada de irritação e constrangimento.

- De quem são? – Dill pergunta interessada.

- De minha mãe e do meu pai! Ah, eles estão felizes por eu estar na Sonserina, que bom: tiraram um peso de mim! E estão parabenizando vocês também! – ela suspira enquanto fala. – E a sua, Den?

- Dos meus pais também. Na verdade, mais de papai. Ele também está contente por eu estar na Grifinória, diz que vai me mandar cartas, que mamãe está chorando todo dia e blá, blá blá. – ele termina fazendo uma careta engraçada de tédio.

- Greg, cara, o que foi?

- Tome. A carta também é para você. E tem uma coisa aí também.

Ele estava estendendo a carta em direção à Dill. Ela pega, imaginando o que seria, e dentro do envelope vê uma corrente de prata, reluzente. Ela a pega animada e começa a ler a carta que tinha uma letra que ela não conhecia.


” Hey, Greg

Desculpe ter te metido nessa confusão com a minha afilhada, mas sabe como é, sem isso você não se aproximaria dela. Já entregou o iPod? Espero que sim! Depois me manda uma carta para falar o que houve nessa noite “memorável”. Acredita que até aqui no Ministério estão falando de Snape e de Dill? Agora sobra para eu tentar explicar a situação.

Eu e sua mãe brigamos de novo... novidade! Acho que ela lhe mandará uma carta. Não fique com raiva de mim, não foi minha culpa!

Amelinha está com muitas saudades. Ela não para de perguntar por você, é incrível.

Agora, me faça um favor e passe a carta para Dill, sim?

Afilhada: como vai? Me desculpe por ter “pegado sem pedir “ seu iPod, mas foi por uma boa causa: eu lancei o feitiço que vai fazer com que o aparelho funcione em Hogwarts. Sei que logo, logo você vai perceber que era meio desnecessário eu ter pegado para fazer isso, pois os garotos sabem fazer isso, especialmente a Mel, mas eu não poderia perder a oportunidade de conhecê-la um pouco mais.

Como passei muito tempo sem te mandar presentes, bem, aí vai um: esta jóia de prata é uma das mais caras que encontrei por Londres. É bem bonita, e me senti muito atraído pela peça quando passei pelo lugar. “Magia?”, pensei, “Em plena Londres?” Não me contive e entrei na loja. E como suspeitei, os donos não faziam a menor idéia do poder da peça. Mandei investigá-la mais a fundo, e me parece ter poderes mentais. Então será muito útil para você, e além disso é muito bela, não?

Então use-a, por favor.

Esperando logo nos vermos para conversamos mais.

Draco Malfoy.



Dill não podia crer que o colar era dela! E que história bacana... poderes de concentração? ”Que irado!”

- Nossa, nunca pensei que ia gostar tanto de um cara que tentou roubar meu iPod! – ela fala colocando o colar no pescoço. Apesar de ser bonito, não era exagerado nem nada, era simples, mas belo.

- Ele lhe deu isso?

- Aham! Leia a carta, pode pegar, Mel!

-Hey, Greg. E a outra carta? – era Jack preocupado com a outra carta que não fazia o amigo rir como a que ele entregou à Dill.

- Minha mãe. Brigou com Draco e veio, como sempre, reclamar para mim, como se eu fosse o culpado de ele ser assim.

- Ela está onde? Por aqui mesmo?

- Sim, na casa do McClagen. – ele fala de um modo estranho. O garoto não gostava nada das fofocas que faziam sobre sua mãe ter ficado com o recém nomeado Primeiro-Ministro somente por interesse. Se bem que... conhecendo ela do jeito que ele conhecia... talvez aquilo fosse mesmo verdade...

- Mas, Amelinha não está com ela, não é?

- Não, nossa! Se estivesse, tadinha dela!

- Quem é essa Amelinha?

- Minha irmã mais nova.

- Ela é uma graça, Dill, você precisa conhecê-la. Sério, vocês todos.

- Com certeza logo vocês a verão. Agora ela está com meu pai. Pelo menos por enquanto.

De repente Dill olhou os amigos brasileiros e se deixou cair um pouco na cadeira de madeira.

- O que foi, Dill? – era Jack. Ele parecia perceber as coisas rápido, mas Greg já olhava Dill de frente e coçando o queixo com as mãos envoltas nas luvas há um pouco mais de tempo.

- Nada, é só que... minha mãe não me escreveu, perguntando como foi tudo.

- Ah, Dill. Não se preocupe! Ela com certeza deve estar de plantão, não?

- É, deve ser... deixa pra lá, eu não me importo mesmo! – ela dá de ombros e recomeça a comer.

- Que horas são, Mel?

- Oh, nossa! Já são quase oito! Se não nos apressarmos vamos perder a primeira aula.

Nesse instante eles perceberam que a grande maioria de alunos do Salão já não estavam mais nas suas mesas. Somente alguns alunos mais velhos e que com certeza não teriam aula pela manhã estavam presentes conversando em diversas línguas e dialetos. Enquanto isso, pela mesa dos professores desciam Harry, o tal de Mont'Alverne e o próprio diretor caminhavam em direção aos seis, com uma cara não muito boa. Alguma coisa estava para acontecer.

**************************


Snape estava com olheiras um pouco cinzas devido a falta de sono. Ao contrário da filha, não tivera uma bela noite de sono embalado pelos solos de piano de Chris Martin. Havia passado a noite quase toda se virando, tentando pegar no sono, deitado e tentando imaginar como teria sido sua vida se ele não tivesse sido tão burro de ter aceitado aquele maldito emprego.

”Não, não me arrependo disso. Não me arrependo. Era meu dever, meu dever, eu deveria fazer isso, era o destino. Não importa o quanto eu corresse, tudo acabaria do mesmo jeito. Eu não tive escolha. As coisas tiveram que ser assim. Tiveram. Agora só ajude-os. Ajude-os... “

Pensando nisso ele percebeu que já era de madrugada e resolveu se ajeitar para começar um novo dia como diretor da sua escola tão querida.

Descera bem cedo para ver se tudo estava em ordem no castelo: a limpeza, os fantasmas, as senhas, a segurança, Filch, que a essa altura da vida precisava de cuidados do próprio Snape, as cozinhas.

Depois de dar uma checada geral em tudo, se sentou no seu lugar habitual no Salão Principal e presenciou os primeiros alunos e professores entrarem para o desjejum. Aquele seria o primeiro dia de Dill. O primeiro. Ele mal conseguia agora lembrar de como fora seu primeiro dia em Hogwarts!

- Bom dia, Diretor.

- Bom dia, Prof. Abbot.

- Bom dia, senhor Diretor.

- Bom dia, senhor Poldeck. Acordou cedo, não?

- Ah, bem... dever de transfiguração atrasado, entende? – o garoto polonês meio franzino e de cabelos muito pretos da Corvinal. Geralmente os alunos o cumprimentavam com um pouco de receio, mas os mais novos eram um caso à parte. Principalmente porque não conheciam a antiga história do diretor.

Ele continuou se servindo de panquecas e aveia, o café preto ao lado. Não era seu costume tomar aquilo ao café, até alguns anos, quando teve que se deparar com o estranho gosto da mulher de beber café a cada uma hora.

”Isso é um vício!”, ele dizia. ”Você é muito dramático: é só café, vê?!”, ela passava a xícara colorida na frente do nariz dele. Ele fazia uma careta e afastava a bebida das narinas. ”Você só não gosta dele porque ele é preto!”, ela falava sorrindo. Os dois sabiam muito bem que preconceito na Brasil dava até morte naqueles dias. ”Estudos dizem que isso vicia, querida. E faz um bocado de mal para o coração!”, ele falava rindo do comentário idiota. Aliás, estava louco para saber se era verdade que Dill tinha o mesmp senso de humor anormal. ”Para o meu coração, a única coisa que faz realmente bem é você, não é? Então me deixe tomar meu café!”, ela dava um beijo no marido e começava a rir. Há quanto tempo ele não ouvia realmente aquela gargalhada? Sentia tanto a sua falta...

- Olá, Snape? Como está o melhor pai do ano nesta bela manhã?

Era Mont'Alverne. Só podia ser Mont'Alverne mesmo com aquelas tiradas idiotas logo de manhã.

- Sente-se. E pare de falar asneiras.

O professor se sentou. O jovem senhor Jacob Mont'Alverne era um francês muito bem apessoado. Loiro, de cabelos grandes e de lado, olhos verdes, rosto típico dos franceses, com aquela pele que dá até pena de você encostar, mas o gênio e a personalidade desse incomum professor de Adivinhação contrariavam e muito a sua aparência quase angelical. Sempre irônico, ele nunca deixava ninguém em paz com seus comentários afiados. Apesar de jovem, era um dos únicos verdadeiros videntes que surgiram durante o século, e devia toda a sua fama e fortuna a Snape. Apesar de todo o respeito que tinha por ele, isso não o impedia de mexer muito com o seu “descobridor”: Mont'Alverne sabia que Snape precisava dele, e por isso aproveitava e muito da posição que ocupava. Era bem pago, bem visto na sociedade bruxa, quase uma celebridade, além de possuir bons contatos. Bem, ele tinha que se divertir de outro jeito, não? Snape era a sua piada preferida, e Harry Potter o seu fãn número um. De carteirinha até.

- Agora, diga-me! Diga-me, por favor: eu estava certo, não é?

Snape quase o mata com o olhar, o professor não se importa, continua parecer se divertir.

- Sim! Estava! Contente, seu... – ele suspira, tentando se acalmar novamente. Mont'Alverne era uma benção e uma desgraça na sua vida. Como isso era possível?!

- Oh! Adoro quando me dizem isso! – ele bate palmas animado como uma criança de cinco anos e começa a se servir com os olhares assassinos de Snape em cima dele.

- Por que diabos você gosta tanto de me torturar com isso? Aliás, você e o imprestável do Potter.

- Porque nós sabemos que isso irá irritá-lo. – ele fala comendo um morango com cara de inocente. – Hum! E por que você bem que merece, não é?

- Não, você sabe muito bem que eu não tive escolha! Você mais do que todos, Jacob. Por isso, não me venha com historinhas! Algum dia eu ainda...

- Você ainda nos despede, nos bota no olho da rua, nos humilha perante a sociedade bruxa, nos esfola com visgo-do-diabo e patati patatá. Sei, sei, eu e o Harry nos cansamos de ouvir isso. Vê se muda a LP, Severo! Credo! Você sabe que nós só gostamos de chateá-lo. Se você se importa de mais, não é culpa nossa! E se acalme. Hoje ainda vai ter um longo dia... – ele termina de maneira misteriosa.

- O que você quer...

- Ah, olhe! Lá vem Gregory e Penélope! Fazem um bonito casal, não?

Os dois assistem ao casal sonserino sentar-se. Seguiu-se um breve momento em que mais estudantes e professores chegavam e se reuniam aos demais no Salão. Mas logo Jack Potter e Melany Weasley adentraram o Salão como se fossem os verdadeiros donos do lugar.

- Ah, esses dois não tomam jeito mesmo.

- Onde está Dill? E o Cavalcante?

- Quem é que sabe?! Oh, acho que Penélope vai perguntar a mesma coisa, olhe!

E Penny e Greg cruzaram o Salão para irem se juntar à massa compacta vermelha e dourada de grifinórios. Por alguns minutos conversaram, e Snape via que a garota loira perguntava pelos outros brasileiros e depois começaram a conversar sobre coisas banais.

Até que ele percebe um movimento totalmente anormal para àquela hora. Alguns alunos aplaudiam, outros riam e gritavam piadas. O que seria aquilo? Ele teve a nítida impressão de que Jacob não levou nenhum choque ao ver Denis e Dill adentrando o Salão Principal como se fosse uma boate em horário de lotação. Eles dançavam animados, faziam caras e bocas, rebolavam e cantavam algumas partes da música alto.

Snape ficou sem palavras ou reação. Só conseguia olhar a cena que para ele era totalmente bizarra e sem noção. Quando a filha e o garoto chegaram à mesa, ele percebeu que não era o único escandalizado com a cena. Penny pareceu muito preocupada com a reação do Diretor, mas os outros jovens pareciam se divertir. Jack e Greg estavam gargalhando a quase quinze minutos.

- Eu com certeza vou querer que a sua filha me dê umas aulas de dança, Severo!

- Sem comentários com essa cena, ou eu vou...

- Olá, bom dia! – era Harry que acabara de chegar no Salão por uma outra entrada sem ser a principal. – Nossa, acordei um pouco cansado demais, fique conversando com Rony, Hermione e Gina. Agora, onde tem bacon? – ele se senta distraído, e como não recebesse resposta, acrescentou desconfiado. – Eu perdi alguma coisa?

- Está atrasado, Potter. – Severo fala simplesmente e abaixa a vista para o prato.

- E perdeu sim! A Dill e o Den fizeram uma entrada digna de clips trouxas! Haha!

- É mesmo! Nossa, que pena! E, desculpe, Snape, da próxima eu acordo mais cedo. - E dá uma piscadela pra o diretor.

”Por que?!”, ele se perguntava, olhando para o céu chuvoso que aparecia no teto magnificamente, ”Por que eu deixei as coisas chegarem a esse ponto? Porque?!”

*********************************

Os professores iam se aproximando rapidamente, até que chegaram do lado de Dill, Mel e Jack.

- Bom dia, garotos. Como passaram a noite?

- Ah, bem, obrigada por perguntar, Professor! – Penny era mesmo educada demais.

- Que bom! Agora quero lhes apresentar o senhor Jacob Mont'Alverne, ele é o professor de Adivinhação da escola e foi eleito o melhor vidente deste século pelo profeta Diário.

O homem loiro e de cabelos longos e de lado que eles viram no dia anterior e agora fez uma leve reverência, contente com os elogios de Harry. Dill achou que ele aparentava ser metido, mas que no fundo ela iria gostar demais dele. Só não sabia muito bem o porquê.

- É, e não se esqueça o título de “Cabelo Mais Sedoso Do Ano” dado pela revista “Bruxas da Moda”. É um dos títulos que ele mais se orgulha! – Snape falara, somente para alfinetar o homem. Conseguiu. Jacob olho-o de maneira feroz com um ”Ah, tem volta!”.no rosto.

Greg, Jack e Mel começam a abafar risos.

Jacob! O da visão! Os brasileiros trocam olhares significativos e desejando que fossem discretos. Penny estava com a razão, existia um Jacob e ele era mesmo famoso.

- Mas, o que vocês ainda estão fazendo aqui, garotos?! Mel, vocês não tem aula de Transfiguração agora?

- Ah! Sim, sim, nós já estávamos indo embora Tio Harry!

- É, pai. Mas queríamos saber se...

- Não. – ele responde categoricamente. – Depois os garotos contam como foi. Só quero que vocês consigam entrar na sala agora. Vamos, já estão atrasados demais. E a Tonks não amolece nada com ninguém, vocês bem sabem. Greg, que coisa! Pensava que você tivesse nos dito que iria tentar colocá-los na linha, não?

- Bem, eu tento. – ele fala se desculpando, mas Harry não pareceu acreditar muito nele.

- Ok, ok. Vamos logo, antes que meu pai tente dar uma de pai-de-todo-mundo de novo! Até mais, nos vemos no almoço.

Os jovens se despedem com acenos. Logo os três sextanistas saiam do Salão, deixando os três brasileiros mais Harry, Jacob e Severo sozinhos lá.

- Enfim sós! – Harry se senta no lugar do filho, ao lado de Dill. – Hey, Dill, será que você poderia passar para o outro lado?

Sem falar nada, a garota simplesmente levanta com a xícara de café, atravessa a mesa por cima e se senta ao lado dos outros dois. Pen a olhou severamente, den parecia querer rir. Jacob e Harry também esboçam um sorriso olhando em direção ao chefe. Snape torce a boca.

- Obrigado! Agora acho que podemos começar.

- Começar o que exatamente? – Den pergunta preocupado.

- O teste de vocês, oras! – Jacob fala animado.

- Testes?! Nós nem começamos a estudar! E já vamos fazer testes! Que tipo de escola é essa mesmo?!

- Ãn... senhor Cavalcante...

- Pode me chamar de Den, beleza?

Snape faz uma cara de poucos amigos.

- Sim, Den. Então, não sei se já lhes falaram, mas vocês são os primeiros sextanistas que entram em Hogwarts sem fazer os N.O.M.’s.

- É, e nós tínhamos que saber que cursos vocês fariam à tarde, porque se fôssemos esperar até próximo semestre para inseri-los nas matérias de N.I.E.M’s, vocês ficariam muitos atrasados. – Jacob tenta explicar.

- Então, criamos um teste para poder saber em quais matérias vocês passariam se fizessem os N.O.M’s, deu realmente muito trabalho, mas nós conseguimos! – Harry fala satisfeito.

- Graças ao Severo. Ele nos inspira tanto! – Jacob de maneira bem irônica.

- É, certo. – o Diretor o interrompeu antes que aquilo virasse palhaçada. – Nesta pequena seleção, vocês não precisarão... ããn... pensar muito, nem forçar muito a mente. Fiquem calmos. São perguntas simples, rápidas e que só requerem uma resposta. O Professor Jacob, com a ajuda daquele instrumento e de muita lógica e concentração vai tentar “adivinhar” ou, como eu prefiro, “deduzir” os cursos mais prováveis para vocês. Isso tudo com noventa e oito por cento de acerto.

- Peraí! Noventa e oito por cento? Onde estão os outros dois por cento?

- Aprenda uma coisa Den: nada nessa vida é cem por cento, nem mesmo os acertos do senhor Mont'Alverne, apesar de ele gostar muito de se gabar e dizer que quase nunca erra. Mas, esse quase ainda existe. – ele fala olhando para Jacob de maneira maliciosa, mas dessa vez o Professor não parece se importar muito, só sorri cinicamente e alisa os cabelos. – Vamos começar logo de uma vez, antes que sirvam o almoço.

- Bem, é como o Snape disse, garotos. Eu vou fazer uma pergunta que tem alternativas e vocês tem que responder, olhando para mim e com sinceridade, apenas uma resposta. Alguma pergunta? Não? Ótimo! Vamos lá.

Penny ajeita os óculos no rosto e se senta mais ereta, estava segura, mas também um pouco ansiosa. Den não parecia nem saber o que era magia e Dill ainda tentava tomar os últimos goles de café: até parece que ia se preocupar com uma besteira dessas!

Harry começa a mexer em alguns pergaminhos à sua frente, e quando finamente levanta a vista, ele encara os três de uma maneira estranha, mais concentrada, mais séria.

- Garotos, primeira pergunta: entre uma xícara de chá e um copo de suco, o que vocês preferem?

Momento de silêncio... então...

- Ah! Depende!

Harry olha para a garota, confuso.

- Como assim “depende”, Dill?

- Depende de quem está oferecendo essas coisas. Se for você, é claro que eu vou aceitar, e com muito prazer o suco, mas se for um estranho, bem, então a resposta é não para os dois. Não concordam?

- Claro! Com toda certeza. E eu prefiro o suco também. Se for de uva, perfeito!

- Idem! – Dill, feliz.

- EU prefiro chá, com muito leite quente.

Harry dá um sorriso muito parecido com os de Jack, ou seriam os de Jack parecidos com os dele?! Bem, não dá de saber agora.

- Muito bem, Dill. Certo, agora... – ele anota alguma coisa nos papéis e dá um belo olhar para Mont’ Alverne. Ele compreende o olhar e acena com a cabeça, mexendo no estranho objeto de madeira.

- E, se vocês estivessem em um quarto escuro, e pudessem escolher um objeto, o que escolheriam?

- Uma lanterna. – Penny, a lógica.

- Um travesseiro. – Den, o que dorme até demais.

- Um iPod. – Dill, a viciada em música.

- Se estivesse chovendo, que guarda-chuva vocês escolheriam: um rosa, um dourado ou um preto?

- Um rosa, claro! Haha. – Dill.

- Concordo com a ruiva! – ele cumprimenta a garota.

- O dourado. – Penny.

Os outros dois olharam para ela não entendendo.

- Por que?

- Porque lembra o sol... sei lá, eu gosto de dourado. – ela fala dando os ombros.

- Pelo menos não é o preto. Toca aqui!

- Qual é o mais interessante, para vocês, um unicórnio ou dragão?

- Dragão! A minha varinha tem alguma coisa dentro desse bicho aí! – a ruiva fala feliz.

- Unicórnio. Apesar de eu achar as harpias mais interessantes.

- Dragão, é claro! Se eu falasse unicórnio, acho que vocês poderiam me internar!

- Mas na sua varinha tem um pêlo de unicórnio, Den.

- E aí? É só uma varinha, com um pêlo, nada demais.

- Ta, ta. Esquece senhor “eu-sou-o-mais-macho-daqui”.

A manhã toda correu desse jeito com perguntas parecidas e que pareciam não ter nenhum significado ou sentido aparente. Mas, toda vez que eles respondiam, Harry olhava para Jacob e Snape com algo mais no olhar. E sempre que um dos três desviava o olhar dos olhos estupidamente verdes do professor, ele chamava a atenção e fazia o olhar voltar. Ele também chamava a atenção para a sinceridade nas respostas.

No fim, eles obtiveram os resultados das mãos de Jacob.

- Aqui estão seus novos horários. Parabéns, são mesmo ótimas matérias! – ele entregou um pedaço de pergaminho a cada um.

No horário de Penny havia escrito com uma letra caprichada ”Defesa Contra as Artes da Trevas, Astrologia, Aritmancia, Adivinhação e Poções”, no de Den havia ” Defesa Contra as Artes da Trevas, Feitiços, Runas Antigas, Transfiguração e Poções”[/i], já no de Dill havia ” Defesa Contra as Artes da Trevas, Feitiços, Herbologia, Transfiguração e Poções”.

Comparando os horários, eles perceberam, que, felizmente, iriam ficar juntos quase todos os dias da semana.

- Mas, não se esqueçam, esse é apenas o horário à tarde. De manhã vocês ainda terão aulas repositórias. E essas aulas começam a partir de hoje!
- Ah, fala sério! Até que horas mesmo?

- Das oito até as doze da manhã, a tarde das duas até as seis, de noite das 8 até as onze. Como qualquer aluno daqui de Hogwarts, ou quase. Mas no segundo semestre, achamos que essa situação pode ser extinta.

- Ah, menos mal. – o loiro fala como se resolvesse tudo.

- Den, seu “loiro”, é só no próximo semestre! Está mais longe do que o Brasil!

- Mas, pelo menos a gente não vai ter que ficar estudando de dia, de tarde e de noite o ano todo, né? Te aquieta, Dill. – ele dá língua para a garota. Quando parecia que ela estava preste a dar uma resposta mais petulante ainda, Snape vê a carta esquecida de Draco e a pega.

- Mas olhe só, Draco escreveu para você! O que ele queria?

- Somente se desculpar por ter seqüestrado meu iPod. E ele também me deu isso. – ela pega a carta das mãos do pai e decide mostra o cordão prateado no pescoço. – Ele disse que tem propriedades de concentração, mentais, algo assim. Isso existe mesmo na magia?

- Pode ocorrer, sim! Já li algo sobre isso na Academia de Aurores, eu me lembro. Mas são realmente muito raros. Só que, pela força que ele emana, deve ser mesmo verdadeiro. E Draco não é daqueles de comprar coisas falsas. Não o senhor Draco Malfoy, não estou certo, Snape?

- Sim, ele nunca daria nada falso à própria afilhada, não se preocupe. É realmente muito bonito, espero que você o guarde com cuidado.

- Pode deixar, eu não sou tão distraída quanto Cris. – ela fala recolocando o colar no decote das vestes. Isso chamou a atenção de Snape para os uniformes dos garotos.

- E por falar em distração, já lhe falaram que a sua saia está muito acima dos joelhos? E que a sua gravata não está amarrada direito? E que a sua calça está muito abaixo das suas nádegas? – ele fala apontando cada erro das vestimentas.

- Bem, nós só quisemos dar uma incrementada no visual, saca, ex-sogrinho?

- É, Sev, mas nós, bem, não vamos ficar discutindo isso com você, sabe? Nós já vamos indo, esperar os ingleses. A gente se vê, Tio Harry! Até Tio Já-já!

- Valeu, paz aí! – e Den sai correndo com Dill, as bolsas nas costas, e ainda carregando Pen pela mão.

- Ela me chamou do que mesmo?

- Acho que de “Tio Já-já”- Snape de modo muito irônico.

Harry abafa uma risadinha vendo a expressão de confusão no rosto do colega.

**************************

Os três correram até a um local aberto que parecia ser um pátio. Pararam lá, olhando para trás e massageando os pulmões. Não, o Diretor não tinha corrido atrás deles. Dessa vez conseguiram escapar. Dessa vez.

- Por que nós fizemos isso?

- Não, ta na cara?! Ele ia dar um carão na gente!

- E bem merecido, Den! Por que vocês fizeram isso com os uniformes?


- Ah, só para dar uma incrementada neles! O que é que tem? Ficaram legais, não?

- Ficaram meio... espalhafatosos, mas, é até que... bem, vocês escaparam de uma boa. – ela se enrola toda.

Dill dá um risinho de quem percebe as coisas.

- Você até que conversou com ele numa boa, não?

- Bem, eu tentei seguir o que a senhorita Foster pediu. Mas foi um pouco difícil. Foi só eu ou vocês também sentiram uma pontada na cabeça quando ele nos encarava?

- Eu senti algo estranho, mas acho que não foi bem isso.

- Eu não senti nada, nem quando o Harry encarava a gente.

- Como você poderia sentir se é oclumente?- Dill revira os olhos delineados. – Bem, então foi só eu? Que máximo! E eu achando que as coisas estavam ruins o suficiente!

- É como você disse ontem, não? As coisas nunca são ruins o bastante para não poderem piorar.

Era Jack. Ele chegou de mansinho por trás dos brasileiros junto com Greg e agora falava com eles.

- Então, como foi a seleção?

- Sem comentários. Aliás, vou comentar sim uma coisa. As perguntas que ele fez até que eram meio razoáveis, agora chegou um certo ponto que... se ele começasse a pergunta coisas do tipo ”Jacaré no seco anda?” ou ” Quando o sol ta mais quente”, aí sim, as coisas iam ficar muito estranhas!

Risos muito estrondosos de Dill. Risinhos tímidos e educados de Pen, que, aliás, ainda bateu de leve no braço dele. Mas os garotos não entenderam a piada de Den: ele havia falado as frases de duplo sentido em português.

- Bem, depois dessa que eu não entendi, acho que vou indo!

- Ah, por que, Jack? E cadê a Mel?

- Ela está na aula de Transfiguração. E eu tenho que ir para a de Feitiços. Sério, já estou até atrasado. Vejo vocês no almoço, Pen. Tchau para quem fica! – ele manda um beijo.

- Então, ok, nos vemos lá.

- E você, não vai para a aula também?

- Eu? – Greg olha para os lados.

- Não, a minha mãe que também ta aqui na escola comigo. É claro que é você, cara! – Den com expressão de “Dããn!”

- Ah, não. Horário livre, graças a Merlim.

- Então você pode nos fazer companhia, né?

- Claro. Quer dizer, se vocês quiserem.

Den ia responder algo mal-educado, mas Penny interferiu.

- Ah, claro, vamos, nos mostre o castelo.

- Com todo prazer. – sorriso meio aberto.

Eles saem do pátio ensopado de água de chuva, conversando sobre o que realmente tinha acontecido na seleção. Greg segurando os livros com as luvas pretas, Dill ao seu lado e Den e Penny abraçados.

No fim os quatro até que se divertiram. Greg não era nada mesmo como o pai: alegre e brincalhão, exceto nas horas que parava e ficava pensando em algo, perdido nas suas idéias e coçando o queixo com o olhar vago. Dill gostava de observá-lo nessas horas e tentar saber no que exatamente ele estava pensando, mas nada conseguia na maioria das vezes, e se perguntava se isso se devia à atenção demasiada que ela estava empregando em olhar para a cor dos olhos dele, e não para a mente dele. Den e Penny não poderiam estar melhor, mas sempre que alguma outra garota passava, o loiro dava os seus olhares de esguelha, sem a menina perceber.

Já estava quase na hora do almoço quando eles resolveram descansar um pouco em alguns bancos de algum corredor do quinto andar. Den começou logo a beijar Penny. Já Dill, sentou ao lado do garoto de cabelo preto sem nenhum constrangimento da cena que ocorria a seu lado. Momentos de silêncio até que...

- Eu posso perguntar o que você achou do colar? – encontro com olhos cinzas.

- Eu adorei! – sorriso aberto. – Ele tem mesmo muito bom gosto, não é, seu pai?

- Ele é daqueles caras que gostam de se arrumar e sempre parecer que saíram de uma capa de revista. Mas ele bem que precisa: é ajudante do Ministro, ou algo assim.

- Você não sabe nem o que ele faz?

- É alguma coisa que, antes para ele, era motivo de orgulho, mas hoje, para mim e para ele, pouco importa. – ele fala balançando a cabeça com indiferença.

- Entendo. Você gosta muito dele, não?

- Eu... por que? – ele pergunta meio espantado.

- Dá de ver, sabe. E os seus olhos são muito parecidos com os dele. Mas só que são mais... sei lá, abertos, sinceros.

- Você é boa nisso, não? – ele a olha de novo nos olhos e ela sente algo estranho dentro de si. Estava muito perto, mas ela só ri em resposta. Para ele, os olhos negros dela eram portas abertas demais.

- Dill. Vamos indo?

Era Penny, ela havia se separado de Den e agora chamava os amigos para irem para o Salão Principal. Os dois se levantam e seguem o casal de “enrolados” de volta.

**********************

- Onde vocês estavam?

- Por aí, só dando uma olhada pelos cantos do castelo. – Den se sentando com Pen.

- Ah, bom! É melhor mesmo vocês aprenderem muitas passagens secretas, pode ser útil! – Mel.

- Não pode ser, era
. Se não fosse por essas benditas passagens! – ele levanta o olhara para o céu ainda nublado do castelo.

- E a seleção?

Eles começaram novamente a explicar para a ruiva como havia sido a seleção com Harry, Jacob e Severo, quando Penny percebe que alguém cobre seus olhos.

- Quem é?

- Você não consegue reconhecer minhas mãos? As mãos do seu primo mais querido?

Era uma voz que ela conhecia bem, e que esperou tempo demais para ouvir hoje. Ela retira as mãos dele do seus óculos e se vira. Era Rob!

- Rob! – ela fala abraçando o primo mais velho.

- Ah, Penélope, como estou feliz! Como estou feliz!

Alguns segundos se passaram até que ela o largasse e o olhasse nos olhos. Estava na cara que os dois eram muito próximos, pois logo começaram a conversar coisas de família. Os amigos não pareceram se importar muito. Só quem encarava o casal abertamente era Den. E não era exagero.

Rob Foster era muito atraente. Loiro, olhos azuis, alto, musculoso, tinha um ‘quê’ de quem sabia das coisas, era mais velho que Penny um ano, ou seja, estava no sétimo ano de Hogwarts e na Corvinal. Era um dos melhores alunos de toda a escola e ainda era Monitor-chefe.

- Desculpe por não ter falado com você ontem. É que você saiu tão rápido!

- Não, também foi culpa minha. Eu deveria tê-lo procurado. Foi a primeira coisa que que a minha mãe me falou para fazer.

Ela era todo sorrisos para ele.

- Será que eu posso roubar ela de vocês só por alguns momentos, pessoal?

- Claro, cara. Pode ir! Pelo o que a gente ta vendo, vocês tem muito o que conversar. – Jack com um sorriso nos lábios.

Os dois saem em direção à mesa do centro, que era a da Corvinal.

- Quem é aquele deus anglo-saxão? – Dill.

- Quem aquele idiota pensa que é? Tirou a minha garota de mim! – Den.

- Pelo que pareceu, eles são primos.

- E de primeiríssima grau. – Greg.

- Com ciúmes, anjinho?

- Não, eu não sinto ciúmes, de ninguém. E você sabe muito bem, Dill.

- Se você diz, mas que pareceu, pareceu!

- Ah, vai comer feijão. – e ele se cala, comendo também um pouco de torta de carne.

No final do almoço, que foi pontuado por várias temas de conversas que foram desde feijão à Snape, os cinco da mesa resolveram se levantar e ir em direção às respectivas aulas. Eles estavam cruzando o a porta de madeira, comparando os horários, quando viram a loira de mechas correndo apressadamente em direção a eles.

- Aê! Finalmente, hein, Pen? – Dill.

- Desculpem ,mas eu e o Rob não nos vemos desde o fim das férias dele. Desde... ããn... semana retrasada!

- É, com certeza era muito papo para pôr em dia: as férias dele acabaram semana retrasada! – Jack, que parecia se divertir com a situação.

- Oras, nós somos muito íntimos, Jack! Ele é muito meu amigo e...

- E? – Den, levantando uma sobrancelha.

- E nada, Den! Vamos, nós temos de ir. Quer dizer, eu vou para a minha aula de Aritmancia!

- Eu também! Vamos juntas, é por ali, Penny! – e Mel e Penélope saem andando com a saia enfanando atrás delas.

- Vocês ouviram o que ela me falou? – o loiro pergunta com cara de quem não ouviu direito.

- Algo como: E nada, Den! – Dill responde com cara de riso, tentando imitar a voz fria e inglesa da garota.

- Foi! Eu sabia que não tinha ouvido direito. Quem ela pensa que é? Eu sou Denis Cavalcante, e só quem pode esfregar alguém na cara de alguém aqui sou eu!

- Nossa, eu sabia que você se achava, Den, mas a esse ponto... acho que não tem mais salvação!

- Ei, cara, qual é? Deixa ela, você não ouviu que eles são só primos? Venha, vamos indo para a nossa aula. Agora nós temos Poções.

- Isso me inclui? – Dill, tentando desvendar a caligrafia meio rebuscada de Jacob.

- Sim, vamos.

Os quatro saem andando em direção às masmorras do castelo. Enquanto iam, Greg e Jack explicavam aos novatos que o professor de Poções era um cara mais ou menos da idade de Harry chamado Rod Luckner. Além de professor, ele era o diretor da Sonserina. Cabelos e cavanhaque acajus, jeitão de rico... apesar disso, segundo Greg, ele era gente boa.

Eles chegaram na porta da sala a tempo de ver mais uns dez alunos do lado de fora se acotovelando para conseguirem os melhores lugares para assistir à aula, mas os lugares ao lado da mesa do Professor Luckner já tinham donos.

- Olá, vocês aí! Os brasileiros, não? Podem se sentar aqui perto de mim, sim? Hoje a aula para vocês será só de reconhecimento.

Den e Dill concordaram com acenos e se postaram ao lado dele. Já os outros dois garotos que os acompanhavam foram para uma mesa bem no final da sala com um ar meio contrariado.

Eles ouviram quando o Professor começou a falar sobre o assunto da aula do dia, algo a ver com Poção do Vivo-morto e depois, ele se virou para os estrangeiros na mesa.

- Então, não sei já ouviram por aí, mas sou Rod Luckner, mestre de Poções de Hogwarts e diretor da amada Sonserina. Bem, hoje, como não tivemos aula durante a manhã, vocês terão agora sua primeira aula representativa de Poções. Estou muito feliz que sejam tão qualificados a ponto de fazerem a matéria. Pois bem, hoje vocês só trabalharão identificando os principais ingredientes. Também picarão isto aqui para mim e farão um relatório para a próxima aula, falando tudo o que fizeram e também pesquisarão as propriedades de todos esses ingredientes. Tudo certo? Ótimo! Podem começar, se tiverem alguma dúvida, me chamem.

O homem se vira para a sala e começa a caminhar pelos alunos, inspecionando-os. Den e Dill dão de ombros e começam a analisar os vidrinhos com diferentes coisas dentro. Pelo que se percebeu, o sobrinho do Velho Slugh é muito diferente dele. Aprendeu com os erros do tio.

***************************

Jack e Greg se dirigiram para a costumeira mesa do fundos, Jack um pouco mais decepcionado do que Greg com o fato de que não poderia ficar perto da filha de Snape por mais aquelas horas.

- Que saco! Por que aquele velho pomposo não deixou ela se sentar conosco?

- Hum... aparentemente, o Luckner quer que eles tenham uma aula de Poções um pouco menos pesada. E ele está certo: nem a aula de estréia eles tiveram, passaram a manhã toda naquela seleção.

- Que seja! Mas ela deveria estar aqui, do meu lado. – ele fala, não prestando atenção no que o amigo falou.

- Você está mesmo afim dela? – o outro pergunta com os olhos faiscando.

- Você sabe que sim. – ele fala com um sorriso seu. – Mas, por quê? Está afim dela também? – a expressão mudara totalmente de alegre a desconfiada.

- Quem não está? – ele tenta desconversar encarando ele corajosamente. - Olhe ao seu redor, cara! Ela agora, junto com a Penny são as garotas mais cobiçadas da escola. Mas acho que ela é mais ainda, já que tem todo esse lance de ser filha do Snape e tal.

E, realmente, todos os garotos da sala de repente encaravam a ruiva, que estava absorta em tentar desvendar o que estava dentro de um vidro dourado.

- Certo. Bem, eu pensei nisso, e acabei concordando que isso só fazia a conquista ser bem mais interessante, e valiosa.

- Se você acha isso... mas para mim isso só torna a parada toda mais perigosa. Quem é que vai querer namorar a filha do diretor?

- Bem, eu. Jack Tiago Potter, muito prazer! Ah, e não se esqueça que Perigo é meu sobrenome.

- É, só se estiver entre Tiago e Potter, e eu nunca percebi. – ele fala rindo do amigo e picando umas raízes para a poção do dia.

- Sério, cara! Nós até deveríamos...

- Não! Simplesmente não, Jack. Onde você ta com a droga da cabeça? – ele pergunta sério, até demais.

- Credo, cara. Sabe, acho que você ta andando demais com a Mel: ta falando igualzinho a ela!

- Eu peguei o hábito de falar como ela depois que percebi que ela estava certa sobre algumas coisas que nós fazemos. E uma delas é essa aí!

- Ah, não seja estraga-prazeres, cara. Qual o problema se nós...

- Todos, todos, Jack. Agora deixa eu terminar de fazer essa poção, depois nós conversamos. – e ele se vira totalmente para o caldeirão de cobre na sua frente, concentrando-se em nada mais além de acrescentar corretamente os ingredientes. Jack pareceu ficar zangado por um momento, mas depois abriu um sorriso: sempre que Greg tinha esses ataques à la Mel, ele saiu com o que queria.

*********************

Na mesa do Professor reinava um silêncio que mal se podia acreditar que era de Dill e Den. Ambos pareciam estar compenetrados na tarefa de analisar e copiar todos os nomes dos ingredientes da mesa, mas na verdade estavam era muito longe dali. Até que Den resolve quebrar o gelo.

- Você já consegue ler a minha mente, não é?

A pergunta pegou a ruiva de surpresa. Depois de analisá-lo ela responde.

- Não. Por que?

- Como você sabia que eu estava com ciúmes? – ele falava sem encará-la, observando e anotando algo no pergaminho caro à sua frente.

- Só deduzi. Você sabe muito bem que só sou Legilimens. Oclumência para mim ainda é um mistério.

- Huum.

Mais um momento de silêncio. Ela podia até sentir, mesmo que fracamente que ele estava preste a fazer mais uma pergunta, mas essa pergunta era muito difícil de ser feita por ele, Denis Cavalcante.

- Você pode me ajudar?

Olhos se encontram.

- O que é dessa vez?

- Você não viu? Ela! Ela está com aquele cara, ta na cara que eles já ficaram, não?

- Bem, se você percebeu isso, o mundo ainda tem salvação! – ela abre os braços para agradecer aos céus.

- Deixe de bancar a engraçada, não é hora para isso. Você tem de me ajudar, e dessa vez é bom que me ajude mesmo! Não como da última vez.

- Ei! Eu ajudei, só que indiretamente. Mas ajudei!

Olhada de raiva azul.

- Ok, ok. Vou pensar em alguma coisa.

- Ótimo, quero acabar com essa maldita dor na cabeça. Sinceramente eu não consigo me lembrar quando comecei a me importer tanto com uma garota.

- Eu acho que você sempre se importava. Só que não podia e não queria admitir isso a si mesmo, já que não teria com quem compartilhar isso. Aqueles seus amigos eram todos uns idiotas. – ela fala olhando um vidro cheio de língua de boi e anotando no pergaminho.

- É, talvez... tem certeza de que não está penetrando na minha mente?

- Sim! – ela fala com cara de riso, e subitamente muda a expressão. – Já sei! Den, quando queremos chamar a atenção de nossas mães quando pequenos, o que fazemos?

- Ãããn... eu aprontava alguma com as empregadas ou quebrava algo. Sempre.

- Exatamente! Então, não sei se você percebeu, mas, aquela escada que fica perto do Salão Principal, é muito grande, não acha?

- É, acho, mas... o que isso tem a ver comigo e com a ... – ele não termina a frase.

Sorrisos maliciosos nas expressões de ambos. A idéia viria bem a calhar aos dois.

- Eu vou pegar o meu skate no fim do horário. E você, o seu “in lane”, e não se fala mais nada.

***************************

O horário bateu sem nenhuma novidade nas poções, só que Greg conseguira fazer a melhor e Luckner rasgara elogios para o garoto, adicionando para ele também dez pontos para a casa. Logo os quatro se encontraram do lado de fora da masmorra e estavam caminhando em direção ao Salão.

- Credo, aquela sala é sempre tão fedida assim?

- Tem dias que está pior, acredite! – Jack se pronta a responder para Dill.

- Então, vamos para o Salão encontrar as meninas?

- É, até que vamos mesmo em direção ao Salão, mas eu e o Den aqui estávamos pensando em algo bem melhor para fazer perto de lá.

- O que, exatamente?

- Eu e ele estávamos pensando em descer aquela escada enorme. De patins e skate.

Silêncio. Os dois garotos haviam parado no meio do corredor de subida para o térreo. Eles se olharam sérios, Dill temeu que eles não gostassem da idéia, mas...

- Caraça, como é que a gente não pensou nisso antes? – Jack.

- Ai, sabia que eu havia me esquecido de algo, de algo! Nossa, que idéia perfeita!

- Adorei! Tamos dentro!

Eles sorriram de uma maneira tão calorosa que Dill sentiu que conseguiria fazer tudo ao lado dos novos amigos. Realmente tudo.

***********************

Já era mais de seis e quinze quando eles se reuniram os quatro na frente da escada repleta de alunos. Ainda não tinham feito nada para tirar os alunos com medo de algum professor desconfiar de algo.

- Trouxe as coisas?

- Trouxe! Pegue os patins! – a garota passa os patins de última geração à Den. Eram perfeitos. E além disso eram dourados com detalhes vermelhos. Parece que adivinharam a entrada do dono na lendária casa.

- Este é o seu skate?

- O próprio! – ela mostra o skate usado, mas de última ponta para os garotos: era preto com alguns detalhes roxos, cheio de adesivos de bandas. Muito bom.

- E agora, o que faremos?

- Bem, acho que a pergunta certa a se fazer agora é: vocês querem mesmo continuar com isso? – sussurro quase apelativo.

- Claro! Dill Andrade nunca anda para trás, nunca.

- Idem para Denis Cavalcante.

- Tudo bem, isso para mim bastou. – Greg dá de ombros. – Ok, agora eu e o Jack vamos chamar a atenção da galera e fazer o combinado. Boa sorte.

- Boa até demais!

Sorriso maroto, que fazia os olhos da ruiva se estreitarem. Os garotos sentiram algo no ar que não tinha nada a ver com o nervosismo da brincadeira.

****************

- Sonorus... – eles sussurram ao mesmo tempo.

- Hey, atenção, cambada de desocupados! Eu sei que vocês estão por aqui porque estão com fome, com vontade de se matar de tédio, tristes porque nada nessa vida é tão bom aqui quanto estar lá fora, nas casas de vocês! – Greg.

- Mas agora, isso vai mudar! Sim, meus amigos! Hoje, a partir de hoje! Porque aqui, com vocês, está morando ninguém menos que a senhorita Dill Andrade!

A essa altura todos os transausentes daquela região do castelo estavam prestando a máxima atenção: Greg e Jack eram assim, se duvidar, até sem o feitiço sonorus eles chamariam a atenção. Sem contar naquele papinho de vendedor de sorvete ruim.

Dill aparece ao pé da escada elegantemente, trajada ainda com o uniforme, mas com tênis de skatista no lugar dos All Star’s e com um capacete. Os garotos do Salão vão ao delírio.

- E, para deleitar os olhos das moçoilas do castelo mais mágico da Grã-Bretanha, eu chamo o senhor Den Cavalcante.

Den aparece com os patins metidos dentro da calça e com uma cara que traduzida seria:”eu sou gostoso, e vocês meros mortais nunca chegaram aos meus pés! Hahahaha!”. Tanto, que Dill tenta abaixar a bola dele dando-lhe um tapinha no braço. Mas as garotas continuavam a gritar.

- E no nosso ”gran” espetáculo de hoje, eles farão uma coisa jamais tentado por outro ser vivente neste castelo a não ser pelo nosso queridíssimo amigo Pirraça aqui. Palmas para ele!

E os alunos começaram a aplaudir e a vaiar Pirraça ao mesmo tempo. Ele assistia a tudo sentado como um ser mágico decente digno de respeito: havia concordado com a trama e estava até patrocinando-os com alguns truques.

- Hoje, nosso bravo casal, irá descer, sem nenhuma ajuda mágica, a grande escada de Hogwarts! E, sem mais porra de enrrolação! Que rufem os tambores!

E Pirraça estalou os dedos, fazendo aparecer uma pequena tábua que iria proporcionar a subida de Den e Dill pelos corrimãos da escada. Cada um teria de subir em um dos lados da escada e desce-lô em cima do patins e do skate, de preferência chegando ao final vivo. Um barulho de tambores rufando surgiu ao fundo.

- E vai! – os dois maestros gritam juntos do fim da escada. Den vai primeiro, seguido de Dill. Parecia que ambos logo iriam perder o controle, iriam cair, tombar para os lados e irem de encontro ao chão. A velocidade aumenta, o nível de inclinação também. Os cabelos dos dois passavam pelos seus rostos, eles gritavam animados. Eles deslizavam pelo mármore do corremão como se estivessem deslizando por um simples cano de aço, como se estivessem realmente em um parque de patinação somente se divertindo. E quando o fim da escada estava para chegar, Den sente um repentino solavanco, que quase o faz cair.

”Agüenta, agüenta, agüenta!

O fim do corrimão chegara. Os dois saltaram magistralmente e caíram no chão, intactos. Nem Jack e Greg acreditaram que eles conseguiram chegar ao chão sem quebrar nada.

- E sim! Den e Dill, senhoras e senhores! Eles conseguiram!

Os alunos começaram a gritar e a comemorar. Os dois brasileiros também. Havia sido muita adrenalina. Eles mal podiam crer, havia conseguido! Os vivas pareciam não ter fim, gargalhadas à toa era o que mais havia. Os dois maestros agora estavam rodeados de garotos e garotas querendo conhecer os dois corajosos. Só Pirraça parecia estar um pouco chateado por não ter ocorrido nenhuma desgraça.

Mas, de repente, o barulho e pulos ao redor deles cessaram. Só Den e Dill estavam comemorando com risadas e pulos. Alguém estava surgindo na frente deles...

Cabelos negros, olhos também, vestes iguais. Severo Snape surgia da aglomeração de alunos, vindo direto do Salão, e acompanhado por Harry, Jacob e Rob. Caras sérias, passos calmos, voz arrastada.

- Eu posso saber... o que está acontecendo aqui?

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mesma coisa do cap. 6...
to esperando mais comentários de vcs!!
bjos!!!
até o próx. capítulo!!!!
=^.^=

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