Miasmas






Um raio muito forte cortou o céu escuro, deixando que alguma luminosidade se filtrasse por uma fresta da cortina, despertando a garota, que dormia como se tivesse passado a noite anterior em claro. E, na realidade, ela praticamente passara. Abriu os olhos, espreguiçou-se lentamente e tentou focalizar o local. Gina e Harry conversavam em um banco, enquanto Draco ajeitava um grande esquema sobre revoluções mágicas no chão. Raymond saíra para patrulhar os corredores do trem em seu lugar. Com um suspiro, Hermione percebeu uma mão sobre seu ventre, segurando-a. Olhou para cima e fiou o rosto sereno e levemente sorridente de Rony.

— Olá, Rony – disse, ainda sonolenta. – Dormi em cima de você?

— Deitada no meu colo, mas isso não vem ao caso. – Ele sorriu. Ficava irresistível quando sorria. – Conseguiu descansar?

— Hum... – Ela desviou os olhos, que subitamente tinham se fixado nos lábios de Rony. – É, sim, sim. Bem melhor que em casa.

— O trem em movimento tem esse poder – afirmou o ruivo, afagando os cabelos da garota com a outra mão e retesando a que pousara sobre seu ventre. – Vai se trocar? Haverá reunião de monitores em pouco tempo.

— Eu realmente preciso ir? – perguntou ela, desanimada.

— A menos que você saiba de algo mais interessante para se fazer...

A letargia e o grave estado de sonolência de Hermione fizeram com que o comentário parecesse um convite quase sugestivo. Piscando algumas vezes e tentando descobrir o que responder, Hermione se sentou. Rony sorriu, e a garota relaxou. Ele era seu amigo. Um amigo deveras aproveitável, charmoso e de mãos quentes, mas, ainda assim, um amigo.

— Sabe de algo melhor para se fazer? – perguntou o rapaz, com um tom de voz que, e dessa vez o sono não tinha nada a ver com a percepção, era realmente sugestivo.

— Nada que possamos fazer em público – replicou ela, repreendendo-se logo em seguida. Ela, Hermione Granger, estava jogando um verde para o irmão de sua melhor amiga?

— Tudo bem, isso foi um fora – disse o ruivo, arrastando o “tu” de uma maneira hilária.

— Bem, acho que isso não foi exatamente um fora...

— É, é? – Ele a fitou, cético. – É porque não foi você quem levou.

Touchè. – Ela riu, levando teatralmente as mãos ao coração, como se ele a tivesse acertado com um florete. – Ponto pra você. Você poderia ter sido mais... hum... um pouco menos certinho, e encarado como uma sugestão.

— Não seja por isso. – Ele fingiu agarrá-la. – Gina, Harry, já voltamos.

— Não! – Hermione riu. – Seu surtado! Você está passando tempo demais com o Draco.

— Ouvi meu santo nome proferido em vão? – intrometeu-se o loiro, erguendo a cabeça.

— Volte para as revoltas, Draco – aconselhou-o a garota.

— Então me responde... A de 1736 foi de quem?

— Dos duendes, na Irlanda, de 30 de Março a 26 de Abril, chamada Revolta da Safira, por causa das taxas absurdas que os bruxos cobravam para desvalorizar a gema.

— Você é melhor que o nosso livro – comentou Draco. – Obrigado.

— Disponha – respondeu ela, sorrindo, mas o sorriso esmaeceu quando ela se lembrou da vez em que dissera isso e Raymond aconselhara Jorge a não dispor demais. Suspirando, ela se ergueu e, murmurando um “Eu vou me trocar”, saiu.

Não demorou muito; cerca de trinta minutos, no máximo. Com um suspiro de alívio por se livrar do tecido levíssimo e gelado e colocar novamente a saia do colégio, ela terminou de se arrumar e se olhou no espelho. Ninguém diria que ela havia dado um tempo com o namorado, e muito menos suporia corretamente a razão pela qual isso teria acontecido. Estava como sempre estivera, os mesmos olhos, mesmo jeito. Ainda era ela.

Chegou novamente à cabine para encontrar um Rony também trocado, de pé, esperando, ao lado de um Draco ainda tentando se lembrar de todas as datas de revoluções de duendes. O loiro parou de murmurar ao avistar a garota, e Rony abriu um largo sorriso. Naquele momento, Raymond chegou à porta.

— Vamos de uma vez? – Ele sorriu. Hermione estremeceu. Amava aquele sorriso.

Os três concordaram com a cabeça, e, enquanto Rony e Draco andavam um pouquinho à frente, Ray perguntou, suave, a Hermione:

— Conseguiu dormir, ontem à noite?

— Não – confessou ela. – Estava perturbada demais para isso. Eu não quero que você deixe de gostar de mim apenas porque eu quis um tempo. Quero dizer, nós não terminamos, nem nada, e...

Ela foi calada pelo indicador do rapaz em seus lábios. Tinham parado no meio do corredor, a alguns passos da cabine dos monitores, que tinha as portas fechadas e cortinas, idem, para evitar que algum aluno curioso soubesse de informções “confidenciais”.

— Eu não preciso de desculpas, Mione. – Ele tirou o dedo de sobre os lábios da garota, que se sentiu tentada a beijar o namorado, apesar do “tempo”. – Se você não está preparada para alguma coisa, é melhor que dê a si mesma um tempo sozinha para pensar, para não se arrepender depois.

Hermione não entendia. Como ele sabia? Ela não contara para ele, contara? Porque ela jurava para si mesma que não contara o motivo. Ele a entendia tanto assim, a ponto de não cobrar explicações porque podia lê-las em seus atos?

— Ray... – Ela o abraçou com força. – Você sabe o quanto eu gosto de você, não sabe?

— Sei, minha linda. – O rapaz beijou-lhe o topo da cabeça, sorrindo levemente. – Sei também que esse período em que estaremos separados vai doer tanto em você quanto em mim.

— Estou começando a me arrepender...

Raymond ergueu o rosto da garota e perscrutou seus olhos com aqueles orbes claros e cintilantes. Hermione sabia que ele a estava preparando para alguma coisa.

— Você não pode se arrepender de algo que faz por si mesma – disse ele, sério.

E, quando ela pensou que ele a estivesse soltando, o rapaz colou seus lábios aos dela em um beijo seguro e cúmplice, longo, apaixonado. Depois, fitou-a e deu uma piscadela.

— Essa pequena trangressão das leis do “tempo” fica só entre nós – disse, abrindo a porta em seguida e entrando junto à garota.

Todos os monitores já estavam estacionados no meio da cabine, dispostos em um semicírculo em frente a McGonnagall, que parecia estar apenas esperando que Ray e Hermione aparecessem para começar a reunião.

— Antes tarde do que nunca, senhor Jones, senhorita Granger. – Ela recobrou toda a austeridade e impassibilidade que podia e se empertigou em frente ao grupo.

Hermione foi para um lugar entre Rony e Draco e Ray se acomodou entre Draco e a monitora da Sonserina, Mariah Shore, que assumira quando Pansy Parkinson atacara uma aluna no ano anterior. Mariah era loira, de olhos negros e pele menos pálida que as européias. Viera estudar em Hogwarts, transferida de uma academia de magia norte-americana. Até aquele momento, Hermione nunca a notara, realmente. Até aquele momento.

Foi McGonnagall começar a falar para que, involuntariamente, a atenção de alguns se dispersassem. Mariah certamente estava dispersa, mas dissimulava muito bem. Estava conversando com um compenetrado Raymond que, Hermione tinha certeza, nunca mandaria a loira calar a boca simplesmente porque era o homem mais gentil do mundo. Rony, a seu lado, e também disfarçando, conversava com Susan Farris, a monitora da Corvinal, uma morena de olhos azuis muito profundos e riso claro. Subitamente, Hermione sentiu uma pontada do que ela reconheceu ser ciúmes, tanto por Rony quanto por Ray. Sem muita discrição, ela empurrou Malfoy para trás e puxou Raymond para junto de si, deixando na face de Mariah um olhar assassino. Depois, deu um cutucão nas costelas do ruivo, para que ele percebesse a professora falando e prestasse atenção.

— Você não pode ter os dois – sussurrou Draco, bem baixinho, no ouvido da garota.

Ela fingiu não ter ouvido, mas se empertigou. Qual é, ela estava querendo evitar que o amigo levasse uma advertência ou, pior, uma detenção, e que uma oxigenada desse em cima de seu namorado; não queria se agarrar com ambos e sair pelos corredores gritando por ter dois!

— Senhorita Granger, se não está interessada, peço que ao menos finja – disse a professora McGonnagall que, pelo visto, a estivera observando. – Deixe seus devaneios para a Sala Comunal ou as cabines ordinárias do trem, não para a cabine dos monitores, na presença de um professor.

— Sim, senhora. – Hermione baixou a cabeça, mas ergueu-a em seguida. – Não vai mais acontecer.

— O mesmo vale para as senhoritas Shore e Farris e os senhores Weasley, Malfoy e Jones. – Ela voltou a se empertigar. – Sou uma professora e, admito, já não tenha meus vinte e cinco anos, mas ainda ouço e enxergo muito bem.

Depois da advertência, tanto os rapazes quanto as garotas se aquietaram. Mariah era uma incansável, e continuou murmurando, vez por outra, alguma coisa para Raymond, mas era patente que o rapaz estava dividindo sua atenção quase que integralmente entre a professora e a namorada. Rony e Susan conversavam muito baixo, quase inaudivelmente, prestando atenção quase total em McGonnagall. Hermione era, de fato, a única realmente dispersa no grupo, instigada, obviamente, por Draco, que não parava de sugerir e constatar fatos pouco públicos ao ouvido da garota.

— Cuidado para não se descontrolar e ir para cima de Ray, Mione – sussurrou ele, muito baixo, praticamente grudando seus lábios ao ouvido da garota. – McGonnagall não ficaria satisfeita por isso.

Como, se ela retrucasse, para que apenas ele ouvisse, seria necessário dar as costas, nem que por apenas um momento, à professora, Hermione sequer considerava essa idéia. Em compensação, ficava ouvindo o rapaz, respirando fundo e fingindo que ele não se encontrava ali.

— Eu sei que você me ouve, querida. – Draco esgueirou as mãos geladas para dentro da blusa da garota e envolveu sua cintura, puxando-a para junto de si e apoiando o queixo no ombro de Hermione. – E, se você não se pronunciar, eu não vou parar.

Gina já avisara a garota, e Hermione sabia, portanto, que aquele era um dos passatempos preferidos de Draco: escolher a hora mais inconveniente do mundo para provocar alguém e fazê-lo sem dó ou piedade, de preferência testando os limites máximos da pessoa. Ela estava disposta a não ceder à provocação do loiro, mas era praticamente impossível, com aqueles dedos passeando por seu ventre e os arrepios incontroláveis que lhe subiam à espinha e que, ela tinha certeza absoluta disso, eram tão fortes que podiam ser vistos por qualquer um que a fitasse. O rapaz não ajudava muito quando sussurrava no ouvido dela, aquele tom de voz eternamente malicioso e frio, quase rouco, sugestivo.

— Então, quem se voluntaria para o primeiro turno nos corredores? – perguntou a professora, encarando os alunos, a primeira vez desde o chamado de atenção em que Hermione realmente ouvia a voz da mulher.

— Nós! – exclamou Mariah, parecendo excitadíssima, agarrando o braço de Raymond. Draco abriu um meio-sorriso e balançou a cabeça em negação. Mariah era infantil de dar pena.

— Bem, senhorita Shore, senhor Jones, podem começar, então. Os próximos serão o senhor Weasley e a senhorita Farris e, por fim, o senhor Malfoy e a senhorita Granger. O trem não deve mesmo demorar mais de três horas para chegar à escola. Os senhores, do sexto e quinto anos, façam o favor de prestar atenção na conduta de seus companheiros de cabine e transeuntes, e informem qualquer irregularidade de comportamento a um dos monitores em ronda. – McGonnagall bateu palmas e entrelaçou os dedos em seguida. – A reunião está encerrada. Estarei nesse vagão caso necessitem de alguma coisa.

Mariah e Ray saíram para a ronda nos corredores, enquanto Rony levava Susan à cabine que ocupava com Harry, Gina, Draco e Hermione, sendo que os dois últimos iam atrás, o loiro sem largar a garota, ainda provocando-a e se perguntando até quando ela resistiria antes de lhe ameaçar, como fizera no terceiro ano.

Entraram na cabine e Rony e Susan sentaram-se em uma das poltronas, sorrindo e conversando como amigos de longa data. A mão do ruivo pousara sobre a da morena, e eles estavam bem próximos. Hermione, por causa da aliciação de Draco, fora obrigada a ficar de pé, e ouviu quando Mariah e Ray passaram pelo corredor, parando na porta da cabine defronte, conversando, também. A loira flertava abertamente, e isso enlouquecia Hermione, mesmo porque Raymond não se importava de ser o centro das atenções da sonserina. Para completar a situação frustrante, Gina e Harry estavam ocupados demais para proferir qualquer palavra, sem sequer se preocupar com discrição, e Draco ainda queria tirar a garota do sério.

Com o coração latejando tanto que parecia querer explodir, tanto de raiva e desespero quanto de ciúmes e constrangimento, ela voltou os olhos para as revoluções dos duendes que Draco tão fervorosamente anotara no pergaminho, a tinta já seca, e procurou por qualquer coisa que desviasse sua atenção dos “casaizinhos” que pareciam querer sufocá-la. Encontrou uma falha em uma data e, aliviada, curvou-se para se abaixar e repará-la, mas os braços de Draco travaram o movimento, e ela sentiu um solavanco puxá-la para cima. Perdeu a paciência.

— Que droga, Draco, me larga! – exclamou, fitando-o de soslaio, sibilante, para não perturbar os outros.

— Eu sabia que você não suportaria por muito mais tempo. – Ele a virou, e Hermione sentiu os batimentos de seu coração se acelerarem e o órgão se depositar no fundo do estômago. O loiro estava muito perto. – Agora que você se pronunciou, eu posso te soltar... – O rapaz beijou-lhe o canto da boca, ainda provocando-a. – Ou não.

Não havia algo certo a fazer, e a garota tinha plena consciência disso. Draco ainda perseguia sua pele com as mãos, dessa vez nas costas, e aproximava-a tanto dele que o perfume cítrico inconfundível do loiro invadia suas narinas e entorpecia-a cada vez mais.

— O que você está fazendo? – perguntou ela, respirando rasa e fortemente.

— Brincando – respondeu o rapaz. – Você é ótima nessa brincadeira. Vamos ver quem cede primeiro.

Assim que sentiu todo o seu corpo pulsar, frenético, a garota soube que perdera o jogo. Como uma vingancinha particular em cima de Ray e Rony pela atenção que eles tão ferozmente dedicavam a outras garotas, e também em cima de Gina pela falta de atenção que ela dava a seu estepe e à amiga, Hermione envolveu o pescoço de Draco com os braços e sentiu a respiração acelerar, até que o loiro finalmente pressionou os lábios contra os da garota, puxando-a para si, sentindo-a latejar em seus braços. Não importava nem um pouco que eles estivessem em uma cabine já ocupada por outros dois casais, defronte um outro, com metros de revolução se estendendo sob seus pés e de porta aberta. Os dois haviam sido provocados. Implacavelmente.

O cheiro de Draco era definitivamente entorpecente, e Hermione não precisou de mais que alguns segundos para entender por que Gina o escolhera para seu estepe: ele era bom no que fazia. Muito bom. Com perícia, o loiro atravessou a cabine, pisando sem piedade no pegaminho, tinteiro e penas, e travou-a contra a janela fechada, de cortinas idem – estava excepcionalmente frio para um 1º de Setembro – e percorreu cada centímetro da pele das costas da garota com as mãos, desviando os lábios para o pescoço de Hermione, sem se importar com as primeiras interjeições que começavam a pontuar o ambiente. Ela, por sua vez, esgueirou a mão para a nuca de Draco e aventurou-se a entreabrir os olhos por um momento. Susan desviara os olhos, corada, enquanto Rony fitava a cena, perplexo, bem como Ray, que estava ao lado de uma Mariah plenamente satisfeita. Gina tinha um olhar de quem poderia matar o casal, e Harry reprimia um riso de satisfação com toda a força que possuía. Sentindo-se tão vingada quanto possível, Hermione fechou os olhos novamente e apertou com satisfação a nuca do loiro, fazendo-o estemecer e voltar os lábios para os da garota, prensando-a contra a janela o máximo que podia, mal deixando que ela respirasse.

Abruptamente, como se ela tivesse acordado de um sonho, tudo cessou. A violência do “amasso” podia ser constatada nas cortinas amarfanhadas, bem como nas roupas de Hermione e do loiro, no pergaminho pisoteado e estraçalhado e no tinteiro e penas atirados ao chão, esmigalhados. Fora Rony quem puxara Draco de Hermione, ajudado por Gina. Harry parara de reprimir e ria abertamente. Era a primeira vez que Gina via seu estepe com outra garota, e isso o revigorava. Raymond saíra havia muito tempo dali, Mariah a tiracolo, antes de o circo realmente começar a pegar fogo.

— Você sabe que eu posso te dar uma detenção – sibilou Rony para o loiro, segurando-o pelo colarinho da camisa.

— É a minha palavra contra a sua – disse Draco, sorrindo, sarcástico. – O que eu fiz não foi ilegal, Weasley. – Ele se desvencilhou das mãos do ruivo e agarrou Hermione por trás, no que a garota sorriu e sentiu um beijo estalar em seu pescoço. – Ela nem ao menos é sua.

— Mas você também não é dela! – gritou Gina, furiosa. – Pombas, Draco! Você sabe que isso não faz parte do contrato!

— Mas não está excluído, Ginny. – O sorriso se alargou. – Foi só uma farra, não é, Hermione?

— Com certeza – concordou ela, completamente entregue nos braços do loiro e comprovando o estrago que sua vingança fizera. – Uma excelente farra, mas não passa disso. Nós sabemos disso. Vocês não precisam acreditar. É apenas a verdade.

Com um “Limpar!”, a garota rearrumou as penas, pergaminho e tinteiro, e desamassou as próprias roupas, as de Draco e a cortina. Depois, sentou-se no chão com o rapaz a seu lado e começou a refazer a cronologia das revoltas, sem dispensar mais atenção aos outros. Que eles fizessem o que quisessem. Não era mais problema dela. Por enquanto, ao menos.

O trem demorou pouco tempo depois daquilo para chegar à estação. Como sempre, os alunos desembarcaram e alguns monitores inspecionaram o trem para ver se todos o haviam deixado. Hermione e Draco foram os escolhidos, e empreenderam a tarefa rapidamente. Depois, com o compridíssimo pergaminho sobre as revoltas nas mãos, os dois foram até o Salão Principal para a cerimônia de seleção. Havia menos alunos esse ano, a garota reparou, sem dispensar muita atenção ao fato. Do jeito como Voldemort estava acabando com as famílias nascidas trouxas, apesar de todo o trabalho da Ordem, não era de se surpreender que muitas famílias preferissem não expor os filhos.

Gina estava intragável. Parecia prestes a avançar sobre Hermione e literalmente tirar a pele da amiga. Estava furiosa por Draco, ou ao menos assim parecia à outra. A garota resolveu que pediria desculpas para a ruiva tão logo pudesse. Querendo ou não, emburrada ou não, com muita raiva ou não, Gina ainda era sua melhor amiga.

Conseguiu falar com ela depois da festa de seleção. A ruiva mal a percebia, mas Hermione arranjou uma maneira de interceptá-la no corredor que dava para Sala Comunal.

— Desculpa pelo Draco – pediu ela, sinceramente. – Estava realmente difícil controlar os ânimos com casais para todos os lados em que olhávamos. Apenas... aconteceu.

— Eu sei. – Gina sorriu. – Eu entendo. Estava só esperando você vir pedir desculpas para te dizer uma coisa. Duas, aliás. Primeiro: você não precisa me pedir desculpas. Draco é o reserva, não o titular. E não é justo eu guardar algo tão bom só para mim. Pode usar, de vez em quando. Agora que você está sem o Ray, vai precisar mais do que eu. Segundo: vai haver uma festa nesse domingo, e eu a-do-ra-ri-a que você viesse. É claro que eu vou precisar fazer uns ajustes em você, mas eu realmente quero que você venha.

— ‘Tá – concordou Hermione, sorrindo. – Vai... É, vai ser legal.

— Você não faz idéia... – replicou Gina, desaparecendo pelo buraco do retrato e deixando que a amiga o atravessasse sozinha.

Festa, pensou Hermione, sentando-se na poltrona da Sala Comunal. Eu, Hermione Granger, em uma festa, em pleno início de ano de N.I.E.M.’s. Estou ficando louca.

Ela olhou para os lados, sorrindo para a ruiva, que fora ficar junto a Harry. Fossem quais fossem os “ajustes”, ela suportaria. Afinal, era a primeira festa a que iria depois do Baile de Inverno. E, conhecendo as festas que Gina organizava, ela podia apostar que aquela não teria sequer hora para acabar.

— Você vai na piração que a minha irmã está organizando? – perguntou Rony, aproximando-se dela por trás.

— E por que não? – Ela riu. – Não vou morrer por isso.

— Bom, eu estarei lá, também – disse o rapaz. – Vai ser divertido, se eles conseguirem o Salão Principal. Nem sempre dá; a McGonnagall é severa nesse aspecto. Garanto que presenciaremos uma das maiores mentiras institucionais quando Gina acatar as condições dela para fazer a festa. Pode acreditar que tudo estará trocado. É sempre assim.

Ele se voltou para as escadas do dormitório masculino e colocou o pé no primeiro degrau, antes de voltar-se para Hermione e dizer:

— A propósito, Raymond estará lá, também.

O coração de Hermione deu uma cambalhota. Ela não tivera que encarar Ray depois do incidente no trem. Havia um pequeno problema nisso: ela ainda era namorada dele, e fora pega em flagrante com outro. Situação levemente complicada. Para dizer o mínimo. Mas Rony agiu como se não percebesse e subiu as escadas, sentindo-se um pouquinho vingado pelo comportamento de Hermione, sem entender direito de onde vinha esse sentimento de vingança. Após algum tempo tentando inventar algo para fazer com que Ray não a quisesse matar, sem sucesso, Hermione acabou se erguendo, indo até o dormitório e desabando na cama depois de uma chuveirada e um pijama confortável. Pensaria em Ray pela manhã. No momento, estava com muito sono, mesmo para isso.

*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *

— Você fica realmente entretida demais quando está procurando alguma coisa nessa biblioteca – disse o rapaz que a amparou, e ela, por uma fração de segundo, não reconheceu a voz de Brian.

[...]

— Ah, sim, claro, oi, Gina... – Ela ergueu os olhos, hesitando por um instante a mais. – Ahm... Terminaram?

— Sim, terminamos – respondeu a outra, desconfiada. – Que avoada, você, hein? Até parece que recebeu uma carta de amor...

— Gina, não viaja... – começou ela, desconcertada.

— Então presumo que esse pergaminho contém informações confidenciais que você resolveu ocultar de nós para que não copiássemos toda a pesquisa que você fez em nossos trabalhos... – Rápida, a ruiva pegou o pergaminho do colo da amiga.

— Me devolve – pediu Hermione, aflita.

*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *



*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *

*Escrevendo feito uma condenada e postando o capítulo no meio de um surto inspirativo* Oi! Pois é, aqui está o três. Bom? Ruim? Mais ou menos? Curto? Fraquinho? Lálàlá... Serjam sinceros e educados, por favor! Espero que tenham gostado da prévia. Virou hábito.

Agradecimentos:

A Naty, que eu não ia agradecer hoje mas resolvi voltar atrás porque eu gosto da minha pele;

A Lili N. (Liz), pelo elogio e por captar o veio de comédia nessa fic;

A Carol Cardilli, cujo pedido eu infelizmente não posso atender: os Dracos não ficam mais em estoque. *Ouço um “Aaahh...!” decepcionado* Mas não se preocupe, ele ainda estará por aí por muuuito tempo. E, sim, eles chegaram depois do “quase”. Ai². O subtítulo do capítulo é dessa música mesmo, dessa versão. Também adoro!

A Manu Riddle, que compartilha da minha opinião de que os meninos foram muito burros e que espero que tenha vindo ler a fic;

A Raysa Aride Coimbra Bicalho, que eu espero que não tenha morrido (!!) depois desse capítulo, e que eu espero ainda que não queira matar o Rony dentro de alguns capítulos... Ooops, informação confidencial. Tudo bem, vocês são de confiança.

Quem não comenta, fica – sim, hoje eu serei uma simples e implorante autora – a súplica para que vocês comentem e façam uma autora feliz!

Lálàlá
Be Huper Happy!
Luv ya and See ya soon!
=*** & o/

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